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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O porquê dos "urubus" terem sido mortos em 1938 na Grota de Angico

Cabeças dos cangaceiros expostas em Santana do Ipanema/AL
Fonte: Livro " Lampião e as Cabeças Cortadas, pg. 204, Antonio Amaury e Luiz Ruben.

O porquê dos "urubus" terem sido mortos, após comerem os corpos de Lampião, Maria Bonita, 9 cangaceiros e o volante policial Adrião Pedro da Silva.

A revista "O Cruzeiro de 26 de Setembro de 1953". página 83, com reportagem de Luciano Carneiro tenta explicar o não envenenamento dos cangaceiro lá na Grota de Angico, no Estado de Sergipe, em 1938, dizendo o seguinte:


Fonte: facebook

Página: Voltaseca Volta

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NEGROS EM SANTANA

Por Clerisvaldo B. Chagas, 9 de outubro de 2014 - Crônica Nº 1.275

Situado a 210 quilômetros de Maceió e a 300 da serra da Barriga, palco de luta do Quilombo dos Palmares, o município foi colonizado pelos arrendatários de terras e sesmeiros descendentes de portugueses. Pelo primeiro documento encontrado sobre Santana do Ipanema, datado de 1771, vê-se claramente que a região sertaneja já estava semeada de proprietários rurais instalados em léguas de terras selvagens que caracterizam o início do povoamento branco. A área era ocupada pelos índios Fulni-ô ou Carnijós que habitavam o território da vizinha Águas Belas, Pernambuco. Os Fulni-ô foram acessíveis àqueles diferentes, formando o mestiço curiboca, mameluco ou caboclo, sendo esta última, a expressão mais usada até hoje. O caldeamento branco mais índio formou assim um novo tipo humano resistente de pele branca, queimada: o caboclo nordestino.


O gado já havia invadido o Rio dos Currais e as pequenas ribeiras do semiárido alagoano, surgindo à figura destemida do vaqueiro, caboclo tratador do gado por excelência e que ao boi dedicou a sua vida. Foram assim formadas a origem e a descendência do povo santanense com a aristocracia rural branca de sangue português e a coragem bravia dos índios da caatinga.

(...) Os negros em Santana, todavia, possuem um elo que tentamos descobrir com os quilombolas da serra da Barriga. É bem possível que Martinho Rodrigues Gaia, fazendeiro vindo da Bahia, tenha trazido escravos que ajudaram no abrir de picadas até Santana, em 1787, data da fundação da cidade.

Entre 1640 e 1695 (morte de Zumbi) ocorreu o auge e as guerras dos negros refugiados na Barriga. Levando-se em conta a data de 1687e a chegada de Martinho, em Santana, 1787, apenas 100 anos separaria o espaço entre os acontecimentos. É de se supor, contudo, que, tanto pela extensão do quilombo de Zumbi que ia até a foz do rio São Francisco, quanto pelos desertores das várias batalhas com os brancos, tivessem chegado por aqui os primeiros e esporádicos elementos ou representantes da raça negra.

·        Extraído do livro “Negros em Santana”, editado em 2012, páginas 5 e 6.


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APRESENTO AOS AMIGO UM TEXTO DE ADOLFO GOES

Por Antonio Corrêa Sobrinho

São textos como este do senhor Adolfo Goes, que abaixo apresento aos amigos, publicado há 80 anos no extinto jornal sergipano, “O Estado de Sergipe”, na edição de 02/03/1934, escrito no tempo que eu mais aprecio o do cangaço ainda vivo, persistente, presente no corpo e na alma dos nordestinos, em que personagens que hoje, compreensivamente, muitos de nós tratamos como seres míticos, sobre-humanos, sobrenaturais, a saber, por um lado, bandoleiros afamados, como Lampião, Zé Sereno, Corisco, Zé Baiano, e por outro, não menos temíveis e implacáveis, militares como Zé Rufino, Deluz, João Bezerra, Mané Neto, como disse, andavam por aqui fazendo das suas, correndo e percorrendo nossos cantos e recantos, espreitando-se, escondendo-se, divertindo-se, fugindo, matando, roubando, extorquindo, destruindo propriedades privadas, encarcerando, prendendo, numa palavra, promovendo e espalhando o terror no nosso querido e ínfimo território, no nordeste seco e sofrido, numa verdadeira guerra fratricida, sem tréguas, alimentada, como sabemos, pela violência promovida, em última análise, pelo coronelismo ainda reinante naqueles dias, embora já findante. Como eu disse, artigo como este do senhor Adolfo Goes, nascido sob a sombra tenebrosa do banditismo, bem provido de palavras que dizem do seu tempo, expresso de forma serena, imparcial, contextual, é motivo suficiente para não se deixar, este e outros textos, morrerem nas velhas gazetas, à espera, quando em vez, do olhar nem sempre sensível e acautelado de algum pesquisador, relatos, análises, exposições, muitos deles tão ricos, que os vejo como constitutivos e formatadores da história do cangaço, este fascinante fenômeno que tanto buscamos compreender. Pois, ao contrário, texto como este deve chegar a todos, para conhecimento, interpretação e deleite.

observação: o então distrito de São Paulo, no Estado de Sergipe, passou a denominar-se Frei Paulo por força do decreto nº 533, de 07.12.1944,

“O ESTADO DE SERGIPE” – 02/03/1934
VARIAÇÕES SOBRE O BANDITISMO NO SERTÃO
Adolfo Goes (acadêmico de Medicina)
(Exclusividade para “O Estado de Sergipe”)

SÃO PAULO, março – Muito criança era eu, mas bem me lembro ainda dos longos serões na porta da rua, nos quais tomavam parte sempre as mesmas pessoas, a repetir sempre as mesmas histórias.

Ora em São Paulo, em casa de uma tia materna, onde estava eu residindo, para cursar as primeiras letras numa escola pública.

Longas e enfadonhas eram aquelas palestras, que o medo que eu tinha de almas do outro mundo me obrigava a ouvir cabeceando de sono e enfado, ao mesmo tempo. Sozinho, porém, é que não iria me deitar. Não conseguiria adormecer, porque as visões macabras, filhas de meu medo, não me permitiriam transpor as fronteiras do reino de Morfeu. Falavam invariavelmente da falta de caráter dos adversários na política local; depois conversavam sobre preço de bois, cavalos, algodão, chuva, seca, etc.

Como os ouvisse sempre sonolento, pouco assimilava daquela salada indigesta.

Nítida, nitidíssima mesmo, ficou-me somente a lembrança das narrações das proezas dos cangaceiros célebres. Então as do Antonio Silvino...

Quando algum dos presentes começava a narrar os feitos façanhudos, incríveis, medonhos, de arrepiar cabelos, praticados por aquele herói portento, lá dos sertões longínquos de Pernambuco e de Paraíba, eis-me de olhos abertos, bem abertos, orelhas alertas, para não perder uma só palavra, narinas acesas, como cão que fareja, possuído de grande pasmo e enorme interesse, a escutar o mais atentamente possível as mais circunstanciadas minucias requintadas do narrador.

É verdade que cria naquilo, estão, como creio hoje nas aventuras do barão Munchausen e nas viagens de Gulliver.

Ouvia pronunciar a palavra “norte”, nome com que no interior de Sergipe designam-se todas as terras além do São Francisco, quer sejam as próximas alagoanas, quer os remotos acreanos.

Para minha ignorância infantil aquela expressão queria dizer algo de misterioso, distante, inacessível como o mundo da lua; direi melhor, quase não significava nada, porque, na minha nenhuma compreensão, “norte” tinha a equivalência do mundo das fadas.

Quantos folhetos comprei por aquela época, desses pequenos folhetos que se editam quase sempre no Recife, escritos invariavelmente por um Ataíde de tal e que se vendem nas feiras do nosso sertão de mistura com molhos de alhos, cebola da terra, raiz de gengibre, noz moscada, pimenta da costa e várias outras especiarias e raízes medicamentosas vendidas por mercadores ambulantes, que se não sabe donde vêm, nem para onde vão.

Constituíram semelhantes folhetos minha primeira leitura extraescolar.
Eram as histórias romanceadas, escritas em mal português, em forma de poemetos heroicos, de versos quebrados, miseravelmente rimados, as histórias tétricas dos bandoleiros famosos.

O Cabeleira, o Antonio Silvino, o Lampião e tantos outros, cujos nomes se apagaram da minha memória.

Tudo aquilo me parecia conto da carochinha.

Demais, dizia-me a gente crescida que tudo aquilo era invencionice dos fabricantes daquelas brochuras. Era seu meio de vida.

Não conhecíamos o banditismo dos sertões nordestinos. Também o Nordeste era tão longe...

Não havia quase estradas que nos aproximassem.

Vivia-se feliz, burguesamente feliz, despreocupado, dormindo o sossegado sono reparador das fadigas do árduo labor camponês.

Ainda não se pensava em dormir no mato, no recesso da caatinga, ao lado das cascavéis e das onças.

O campo no sertão sergipano, era ainda a liberdade, a segurança, a garantia de vida.

Passaram-se anos. Chegou-me o entendimento das coisas.

Aprendi a relatividade das distâncias. Penetrei no problema do banditismo no Nordeste e, por fim, senti o concreto em meu estado, em meu município natal, em minha própria casa.

Na minha infância, já um tanto remota, nunca senti tão de perto e tão duramente aquilo que ouvira referir minudentemente pelos frequentadores costumeiros dos serões da minha tia, e que lera nos folhetins do Ataíde.

Veio o movimento militar de 1924, em São Paulo, com suas ramificações.

Organizaram-se aqui em Sergipe, e, certamente em outros estados, os célebres batalhões patrióticos.

Era a escória da sociedade arregimentada, bem armada e bem municiada, sob a proteção oficial.

Aqui reunimos todos os criminosos foragidos e os protegidos pelos potentados e políticos do interior.

Importamos de Alagoas, Bahia e outros estados boa quantidade de indivíduos habituados à prática do crime, práticos, no manejo do rifle e do bacamarte.

Diz-se que estados do extremo norte os governos estaduais, de parceria com autoridades federais, assalariaram os bandidos mais conhecidos para perseguir a coluna Prestes.

Afirma-se mesmo que Virgulino Ferreira da Silva conseguira desta feita a patente de capitão honorário do Exército, patente que se impôs a seus homens e a todas as populações sertanejas.

Era a quase legalidade do banditismo, que por si só já se impunha como uma instituição, na sociedade nordestina.

Capitão honorário do Exército, por serviços prestados à legalidade, ou simplesmente capitão de seus asseclas, seja como for, o certo é que Lampião, aureolado da grande fama de bandido covarde e cruel, que justamente granjeara na trajetória de suas correrias nefastas, através dos sertões alagoanos, pernambucano, paraibano, potiguar e cearense, veio um dia surgir na fronteira sergipana, no povoado Carira, inesperadamente, causando-nos a maior surpresa, a nós que nunca poderíamos supor que nosso pequenino estado fosse um dia alvejado por tão terrível praga.

Sempre mantivéramos a vã esperança de que a pequenez de Sergipe amedrontasse a insolência de Virgulino Ferreira. Julgávamos, com a mais firme convicção, que Sergipe seria a perdição do bandido audaz.

Incorríamos em erro, porque Lampião, por qualquer motivo que talvez ninguém saiba, possivelmente desejoso de presas mais gordas e mais fáceis de depenar, senão era curiosidade de novos conhecimentos ou mesmo a perseguição por parte de seus antigos aliados.

Em abril de 1929, tinha Sergipe, na pessoa do município de São Paulo, a visita indesejável de Lampião com seus companheiros.

Pasmo geral. Ninguém poderia crer.

Numa grande arrancada, conseguiu em menos de um dia percorrer a maior parte, e a mais importante, do município de São Paulo, assaltando fazendas.

Foi uma gorda arrecadação.

Uma marcha triunfal, sem uma única oposição.

Depois indignação geral, distribuição de força policial por todas as povoações do interior.

Garantia-se que Sergipe seria a Rússia de Lampião. Nele se daria o ocaso da estrela do bandido temerário.

Um estado pequeno, cujos pontos extremos podem ser alcançados em poucas horas; um estado quase todo cortado de estradas; um estado de população relativamente densa; enfim um estado de polícia disciplinada; repetiam todos em coro.

Contou-se muita léria. 

Repetiram-se, porém, as incursões de Lampião, de Corisco, de “relâmpago”, de “trovoada”, etc.

Todas elas à vista da polícia disciplinada mas medrosa, mais medrosa ainda que o sertanejo, porque este ainda teima em viver no sertão sob a ameaça constante, de todos os instantes, sem a menor garantia.

Assim foi assaltado Capela, saqueado Aquidabã, invadido Nossa Senhora das Dores.

Chegaram a fixar residência no estado pequeno, cruzado de estradas, defendido por tropa regular.

Decorridos são quase cinco anos e continuam os bandidos a ser a maior calamidade do sertão.

Para quem, nascido e criado no município de São Paulo, conhecendo-lhe a vida pacata e próspera das fazendas de gado, é verdadeiramente acabrunhador o aspecto que apresenta de quatro anos para cá.

Fazendas abandonadas, em ruína, eis a que se resume, na verdade, o desgraçado município.

Toda sua vida está atualmente na sede, onde vivem aglomeradas as famílias dos fazendeiros, acossadas pelas façanhas dos bandidos.

O campo está despovoado.

Acusa-se muito a seca.

Sim, a seca tem contribuído grandemente para o despovoamento e o empobrecimento do município de São Paulo.

Mas o verdadeiro, o grande fator é o banditismo.

Há quatro anos que o camponês não tem a menor garantia.

Ora, o município vive exclusivamente da lavoura e do criatório.

Como bem lavrar a terra ou cuidar do gado sob a ameaça constante, de todos os momentos, dos bandidos?

O fazendeiro não mais dirige de perto os trabalhos de sua fazenda. Viu-se obrigado a viver miseravelmente nos centros urbanos, nas vilas, nos povoados.

Fugiu à sanha dos bandidos, quando não da própria polícia.

Quantas vezes o acusam de coiteiro!

Perseguem-no, prendem-no, recolhem-no à penitenciária com criminosos vulgares.

Nas fazendas abandonadas pelos proprietários moram somente aqueles que nada têm a dar, senão o lombo ao relho do bandido insolente e ao “rabo de galo” do policial.

O sertanejo, cioso da honra da família, prefere a ruina financeira à desonra. Para quem conhece de perto a situação aflitiva do fazendeiro sertanejo, não há injustiça mais clamorosa que acoimá-lo de coiteiro de tal ou qual grupo de bandidos.

Pilhado de surpresa, a visitar ou a dirigir os trabalhos de sua fazenda abandonada, que dista quilômetros da povoação mais próxima, e às vezes léguas, faz o desgraçado da necessidade virtude ou vício, de acordo com o conceito de cada qual, e recebe com bom semblante o grupo de Lampião ou de Corisco.

É simples defesa da prole.

Nada mais...

Parece a todos que não conhecem o sertão brasileiro, há aqueles que nunca trocaram as avenidas asfaltadas e arborizadas das cidades litorâneas pelos caminhos ásperos do interior brasileiro, parece ridículo, tão fácil se lhe afigura a solução, o problema do banditismo.

Pobre ilusão, louca ignorância.

O banditismo nordestino é filho legítimo do aspecto social do Nordeste.
Não depende sua solução simplesmente de repressão policial.

Está muito na contingência do lento penetrar da civilização por aquelas paragens.

É curiosa a origem do amofinamento que se nota no sertanejo em relação aos bandidos. Nasceu de uma mera sugestão.

Surgiu Lampião, temível, façanhudo, ousando atacar cidades do porte de Mossoró. Lampião, não é mais uma personalidade. Tornou-se nome de guerra, de que lançam mãos todos aqueles que se requerem fazer temidos como bandidos.

Só o nome é um prestígio. O indivíduo pouco importa que seja raquítico e covarde.

Basta o nome. Paralisa, hipnotiza. Ninguém tem mais coragem de lhe opor a menor resistência.

Entrega-lhe tudo – dinheiro, mulher e filhos. Um pavor.

E, hoje, qualquer vagabundo, dono de um pouco de atrevimento, arma-se, reúne dois ou três companheiros e eis mais outro grupo de Lampião.
Não invento, não fantasio.

É fato que acontece constantemente, nos últimos tempos, em vários pontos do município de São Paulo, a menos de vinte léguas de nossa bela capital.


Fonte: facebook

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Lampião em Juazeiro do Norte


Chegando Lampião e seus cabras em Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, no dia 04 de Março de 1926, hospedou-se no sobrado do poeta popular João Mendes Oliveira, à Rua Boa Vista (foto acima).

IDENTIDADES: 1- Zé Paulo, primo; 2 -Venâncio Ferreira, tio; 3 - Sebastião Paulo, primo; 4 - Ezequiel, irmão; 5 João Ferreira, irmão; 6 -Pedro Queiroz, cunhado (casado com Maria Mocinha, que está à sua frente, sentada); 7- Francisco Paulo, primo; 8- Virgínio Fortunato da Silva, cunhado (casado com Angélica) 9 - ZÉ DANDÃO, agregado da família. SENTADOS, da esquerda para direita: 10 - Antônio, irmão; 11-Anália, irmã; 12 - Joaninha, cunhada (casada com João Ferreira); 13 -Maria Mocinha, ou Maria Queiroz ,irmã; 14-Angélica, irmã e 15 - Lampião.

No outro lado da rua, em frente ao sobrado, morava João Ferreira (irmão de Lampião), com sua mulher Joaninha, a quem desposara em Propiá, no Estado de Sergipe.


Em outra casa, na mesma calçada, residia Ezequiel Ferreira, acompanhado de Mocinha Ferreira e seu marido Pedro Queirós, e Anália Ferreira, que era a caçula.

Maria Ferreira, dona Mocinha, irmã de Lampião faleceu aos 102 anos

Ocupavam uma casa vizinha a outra irmã, Angélica Ferreira e seu marido Virgínio Fortunato da Silva, que futuramente ficaria viúvo, entrando no bando do cunhado Lampião, com o nome de Moderno.

Fonte: facebook

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SEDIÇÃO DE JUAZEIRO

Jagunços de Floro Bartolomeu em Juazeiro do Norte

A Revolta ou Sedição de Juazeiro foi um confronto ocorrido em 1914 entre as oligarquias cearenses e o governo federal provocado pela interferência do poder central na política estadual nas primeiras décadas do século XX. Ocorreu no sertão do Cariri, interior do Ceará, em reação à interferência do poder central contra a política do coronelismo. Sob a liderança de Floro Bartolomeu e do padre Cícero Romão Batista1 ., um exército de jagunços derrotou as forças do governo federal, depondo Franco Rabelo.

Deputado Floro Bartolomeu e Padre Cícero

Após a revolta, padre Cícero sofreu retaliações políticas e foi excomungado pela Igreja Católica no fim da década de 1920[carece de fontes]. Entretanto, permaneceu como eminência parda da política cearense por mais de uma década e não perdeu sua influência sobre a população camponesa, que passou a venerá-lo como santo e profeta. Em Juazeiro do Norte, um enorme monumento erguido em sua homenagem atrai, todos os anos, multidões de peregrinos.

Origem:

Com o intuito de conter seus opositores, o presidente Hermes da Fonseca criou a política das salvações que consistia em promover intervenção federal nos estados evitando que oposicionistas fossem eleitos para o governo estadual. O marechal Hermes da Fonseca decidiu intervir no estado do Ceará com objetivo de neutralizar o poder das oligarquias mais poderosas da região, que estavam sob controle do senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado, um político com muita influência sobre os coronéis do Norte e Nordeste brasileiro.

Eleito intendente (prefeito) de Juazeiro em 1911, padre Cícero envolveu-se na disputa com o presidente Hermes da Fonseca para manter no poder regional a família Acioly. Em 1912, a intervenção federal no Ceará derrubou do poder a família Acioly, sendo nomeado interventor o coronel Marcos Franco Rabelo, havendo eleição apenas para o cargo de vice-governador, na qual padre Cícero Romão Batista foi eleito, acumulando também o cargo de intendente de Juazeiro do Norte. Naquela época, o padre Cícero já era conhecido no sertão nordestino por ser considerado um homem santo e "fazedor de milagres". Chamavam-no de "Padim Ciço".

Em 1914 Franco Rabelo rompeu com o Partido Republicano Conservador (PRC), e iniciou uma perseguição a Padre Cícero, destituindo-o dos cargos que exercia e ordenando a prisão do sacerdote.
O deputado federal Floro Bartolomeu, aliado de Pinheiro Machado, montou um batalhão para defender Padre Cícero, seu amigo pessoal. O grupo era formado por jagunços e romeiros, era a união da força de Floro com o carisma de Cícero.

Conflitos:

Quando os soldados de Franco Rabelo chegaram a Juazeiro do Norte se depararam com uma situação inusitada: em apenas uma semana, os romeiros cavaram um valado de nove quilômetros de extensão cercando toda a cidade e ergueram uma muralha de pedra na colina do Horto. A fortificação recebeu o nome de "Círculo da Mãe de Deus". O batalhão, ao ver que seria impossível romper o círculo, recuou e pediu reforços.

As forças estaduais retornaram à cidade do Crato e pediram reforços para destruir o Círculo. Franco Rabelo enviou mais soldados e um canhão para invadir Juazeiro do Norte. No entanto, o canhão falhou e as forças rabelistas foram facilmente derrotadas pelos revoltosos.

Após expulsar os invasores, Floro Bartolomeu parte para o Rio de Janeiro a fim de conseguir aliados. Os revoltosos seguem paraFortaleza com o objetivo de derrubar o governador.

Na capital federal, Floro consegue o apoio do senador Pinheiro Machado. Quando as forças juazeirenses chegam a Fortaleza, uma esquadrilha da Marinha impôs um bloqueio marítimo na orla fortalezense. Cercado, Franco Rabelo não teve como reagir e foi deposto.

Hermes da Fonseca nomeou interinamente Fernando Setembrino de Carvalho, enquanto novas eleições foram convocadas.Benjamin Liberato Barroso foi eleito governador e Padre Cícero vice novamente.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sedi%C3%A7%C3%A3o_de_Juazeiro

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Floro Bartolomeu, a Eminência Parda de Padre Cícero: Quem foi esse Homem?

 Por Gilmar Teixeira
Padre Cícero em Juazeiro do Norte

Floro Bartolomeu da Costa, natural da Bahia, faleceu a 08.03.1926, no Rio de Janeiro-RJ, com as honras de General do Exército. Médico clinicou durante muito tempo, nos sertões de seu estado natal.

Em 1908 veio para Juazeiro do Norte-CE, atraído pela fama das minas da área Coxá. Foi um dos defensores do Padre Cícero na questão judiciária que esse moveu contra outros pretendentes às referidas minas. Dr. Floro, com seu tato e inteligência foi o orientador político do Padre Cícero, quando esse se envolveu nas malhas da política partidária. Foi o único que soube inspirar-lhe absoluta confiança. Os diretores do Partido Republicano Conservador, do Rio de Janeiro, encontraram nele o chefe supremo da rebelião de Juazeiro. Ao chegar ao Cariri, o Dr. Floro era amável, conversador, gostava de contar e ouvir boas anedotas. Com as lutas, foi aos poucos se transformando, até tornar-se extremamente irascível.

 
 Floro Bartolomeu nas trincheiras da "Sedição" 

Rompeu com o Presidente Franco Rabelo, e convocou a Assembleia Legislativa, instalando-a em Juazeiro e elegendo-se seu presidente, fazendo-se reconhecer como Chefe do Governo; depois, marchando sobre a capital, de vitória em vitória, chegou à intervenção federal. A façanha aumentou-lhe o prestígio, que só declinou um pouco no governo do Coronel Benjamim Barroso, com quem também rompeu, mas sem resultado político prático. Foi eleito Deputado Federal em mais de uma legislatura, pronunciando na Câmara diversos discursos de caráter político, em defesa do Padre Cícero, enfeixando-os em volume.

 
Floro e jagunços em visita ao Coxá

Desde que voltou ao Ceará, os seus dias estavam contados, pois ele não era mais aquele homem tranquilo, porém forte, de palavra serena e veemente na tribuna. Transformou-se, outrossim, numa pilha de nervos. Por ocasião da marcha da Coluna Prestes pelo Nordeste, ele foi incumbido pelo Governo Federal de defender o sul do Ceará, e, seu papel, bem ou mal desempenhado, evitou a invasão do Cariri pelos revoltosos. Naquele tempo, todos foram testemunhas do quanto a fama de Juazeiro do Norte calou no ânimo de Carlos Prestes e seus companheiros. Obteve como recompensa, por este feito, as honras de General do Exército, com as quais morreu.

Gilmar Teixeira - Pesquisador, escritor
Paulo Afonso, Bahia

Fontes:
Zaluar, Alba (1986), "Os Movimentos 'Messiânicos' Brasileiros: Uma Leitura", in Anpocs, O Que se Deve Ler em Ciências Sociais no Brasil. São Paulo, Cortez/Anpocs.
Monteiro, Duglas Teixeira (1977), "Um Confronto entre Juazeiro, Canudos e Contestado", in S. B. de Holanda (dir.), História Geral da Civilização Brasileira. Tomo III, vol. 2. Rio de Janeiro/São Paulo, DIFEL.
DELLA CAVA, Ralph. (1975), "Messianismo Brasileiro e Instituições Nacionais: Uma Reavaliação de Canudos e Juazeiro". Revista de Ciências Sociais - UFC, vol. VI, nº 1 e 2.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. (1980), Os Deuses do Povo. São Paulo, Brasiliense.

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O rei do cangaço antes de Lampião

Por Paulo Goethe


No dia 16 de janeiro de 1907, o Diário registrou que os cangaceiros estavam preocupando as autoridades. Aterrorizando os sertões estava o bando de Antonio Silvino. Forças policiais da Paraíba e do Rio Grande do Norte foram mobilizadas para perseguir o grupo.  O capitão Carlos Formel informou, através de carta, que estava no encalço dos cangaceiros. Durante todo o mês, o jornal divulgou notícias sobre a atuação das volantes. Ao longo das décadas seguintes, o combate ao cangaço seria um tema comum no cardápio de assuntos oferecidos ao leitor.


No primeiro registro do ano, o Diário sinalizava que um dos companheiros de Antonio Silvino havia sido preso no interior de Pernambuco. “Perseguido pela força volante, apresentou-se, ha poucos dias, ao delegado de Bom Jardim, o celebre cangaceiro Barra Nova. Durante o tempo em que fez parte do grupo desse facinora, tornou-se celebre pelas suas perversidades. Em São Vicente, na ocasião de um ataque do grupo, foi Barra Nova quem atirou no sargento José Pedro, subdelegado local. Actualmente ele está recolhido á cadeia de Bom Jardim, devendo ser em breve transportado para a casa de detenção”.


Antes de Lampião, ele era o cangaceiro mais famoso e seu apelido mais conhecido foi “Rifle de Ouro”. Nascido no dia 2 de dezembro de 1875, em Afogados da Ingazeira, Manoel Batista de Morais entrou para a história como Antonio Silvino. Durante 16 anos, driblou a polícia, praticou saques e assassinou inimigos, mas era tratado pelos poetas populares como um “herói” por respeitar as famílias.

Ainda jovem, integrou o bando liderado por seu tio, Silvino Aires Cavalcanti de Albuquerque. Com a prisão deste em Custódia, assume o comando e muda o nome e sobrenome, homenageando o parente.

Antônio Silvino entrou para o cangaço aos 21 anos de idade, com o irmão, Zeferino, depois da morte do pai, Batistão do Pajeú, em plena feira de Afogados da Ingazeira, em dia 3 de janeiro de 1897. Procurado pela polícia, Batistão ousou entrar na cidade no dia mais movimentado da semana e foi alvejado por um tiro de bacamarte disparado por Desidério Ramos, desafeto e contratado pelo coronel Luís Antônio Chaves Campos, chefe político local.

Silvino e o irmão juraram vingar a morte do pai, assaltando e matando todos os que colaboraram com o mandante do crime. “Para o sertanejo não havia Justiça. Se um parente era morto, de imediato lhe sobrevinha o ‘direito’ de pôr termo à vida do assassino. Por vezes, essa vingança implicava em cruzar um punhal à cintura, portar rifle e munição, usar um chapéu de couro de aba batida. A cada crime não punido pelas instituições policiais e judiciárias, em regra, lançava-se a semente de um futuro bandoleiro profissional”, narra Sérgio Augusto de Souza Dantas em Antonio Silvino: o cangaceiro, o homem, o mito, uma das mais completas biografias sobre o “Rifle de Ouro”.

Mesmo tendo participado de um ataque à usina Filonila, em 1899, no qual resultou na morte de uma menina de 13 anos, filha do coronel Antônio dos Santos Dias, a fama de Antonio Silvino apenas cresceu como “bandido cavalheiro”. Em 1903, o Jornal Pequeno, do Recife, publica a sua foto. No ano seguinte, Francisco das Chagas Batista lança o cordel A canção de Antônio Silvino, que teve grande vendagem.

A invencibilidade de Silvino terminou no dia 28 de novembro de 1914, quando ocorreu o seu último tiroteio com a polícia. Atingido no pulmão direito, conseguiu se refugiar na casa de um amigo e disse que ia se entregar. Da cadeia de Taquaritinga seguiu, dentro de uma rede, até a estação ferroviária de Caruaru, onde um trem especial da Great Western o levou para o Recife. Uma multidão o aguardava na Casa de Detenção, atual Casa da Cultura.


Antonio Silvino tornou-se o detento número 1.122, condenado a 239 anos e oito meses de prisão. Em 4 de fevereiro de 1937, depois de vinte e três anos, dois meses e 18 dias de reclusão, foi indultado pelo presidente Getúlio Vargas. Na foto acima, ele é o de chapéu e bengala. O ex-rei do cangaço morreu em 30 de julho de 1944, em Campina Grande, na casa de uma prima.

Sobre o autor
Paulo Goethe, 44 anos, no Diário de 1990 a 1997 e desde 2001

http://blogs.diariodepernambuco.com.br/diretodaredacao/2012/10/02/o-rei-do-cangaco-antes-de-lampiao/

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Uma visão sobre Virgolino Ferreira da Silva: O capitão Lampião.

Por Arthur Antunes Cruz Vasconcelos*

No inicio do século XX, o Brasil vivia o inicio de sua modernização político-econômica. Os estados sulistas se deleitavam nos avanços que chegavam a seus cidadãos, num período que estabelece uma enormidade de fatores positivos para construção das potências econômicas da atual República centrada no eixo sudeste-sul. Já no Nordeste do país a situação era completamente inversa; as mesmas tendências que insistiam em ser incorporadas no sudeste do país não chegariam devidamente à outra ponta do mapa.

A partir desses princípios movimentos populares de pequeno porte vão surgindo no Nordeste brasileiro, dentre estes podemos elevar um dos principais que sem dúvida seria o cangaço, que ganhou nome com a figura de Virgolino Ferreira da Silva, o lampião; o eterno “rei do Cangaço”.

O cangaço surgiu em meio à seca, em meio ao sofrimento onde segundo alguns estudiosos o movimento seguiria nos problemas da pobreza do povo nordestino, cercados de injustiças causadas pelos coronéis grandes detentores da maioria das terras do sertão brasileiro e da carência de seu povo sofrido por melhores condições de vida.

Virgolino Ferreira da Silva nascera em 1898 no município de Vila Bela, atual Serra Talhada no alto sertão Pernambucano. Filho de José Ferreira da Silva e Maria Lopes desde cedo teve nos pais seu principal ponto de apoio em termos de educação e honestidade. Inicia sua vida trabalhando para o próprio pai como almocreve, profissão que consistia em levar mercadorias pelo nordeste afora nos lombos de burros e cavalos para abastecimento de mercados de toda a região.

O garoto franzino se tornaria um dos personagens mais conhecidos do lendário imaginário nordestino quando entrou para o cangaço em 1918 e em (1922), substitui Sinhô Pereira, outro grande personagem que se afasta da ocupação de cangaceiro por motivos de saúde, deixando o comando nas mãos de Lampião. Antes de atuar diretamente no movimento, Virgolino e sua família sofreriam com o abuso de autoridade de proprietários de grandes fazendas do interior Pernambucano, o que tornaria o antes educado garoto em um justiceiro que até hoje é lembrado tanto pelos crimes quanto pelos atos de bravura cometidos pelo sertão nordestino.

Iniciaria sua intrínseca sede de vingança procurando vingar a morte do pai, emboscado e morto por homens da família dos Saturninos, levando consigo alguns de seus irmãos na busca de justiça. Sua jornada de cangaceiro seguiria além das fronteiras de Pernambuco, seu grupo atuaria por vários outros estados do Nordeste brasileiro, com saques, mortes e alguns outros relatos que são narrados nos diversos autores que estudam o tema sendo estes atos parte do dia-a-dia destes homens.

Virgolino sempre fora um jovem esperto, tinha medo da morte, usava dos punhais e colheres de prata para identificar se a alimentação estava com substâncias de cunho duvidoso; seus conhecimentos sobre a caatinga o fizeram um grande estrategista nas emboscadas feitas em defesa contra a ação das volantes das quais chamava seus componentes de macacos; este fator ligado às estratégias de combate faria com que fosse caçado em um período de vinte anos sem sucesso, vindo a ser pego somente em 1938 no estado de Sergipe.

Pouco se sabia da vida de Lampião, muitos diziam que era um ser tranquilo, que fazia o certo pelo certo, gostava do comando, das armas, do respeito aos mais necessitados; outras opiniões já relatam um homem com características de “monstro”, aterrorizando as cidades onde passava. Deixando estas observações Virgolino sempre teve fé um de seus maiores princípios, era devoto de Padre Cícero do Juazeiro, seu padrinho, pessoa da qual tinha respeito e carinho, certa vez foi convidado por este para comparecer em Juazeiro, onde seguiu viagem e seria bem recebido pela população da cidade. Todo esse acontecimento teria uma razão, a Coluna Prestes vinha em direção ao norte do país, e padre Cícero queria contar com o apoio do bando de Lampião para combater os rebeldes é neste momento que recebe o titulo de capitão espécie de condecoração para realizar os interesses do padre.

Com o não cumprimento de alguns acordos o famoso afilhado do padre Cícero voltaria a sua vida de crimes, carregando consigo todo o arsenal que lhe fora dado para combate e ignorando a Coluna que nem chegaria a entrar em conflito com seu bando. A vida de Virgulino foi cercada de perseguições, casou-se com a baiana Maria Bonita, que segue o marido nas aventuras pelo sertão nordestino, com esta teria somente uma filha Expedita, que foi criada com ajuda de coiteiros devido ao perigo que correria em meio à vida de constantes combates que habitavam a rotina dos pais.

A vida deste grande personagem da história brasileira terminaria em julho de 1938 na Grota de Angico na cidade de Poço Redondo em Sergipe, com ele se foi também Maria Bonita sua companheira, ambos seriam pegos por uma emboscada da volante alagoana comandada pelo capitão João Bezerra. Com a morte de Virgolino o cangaço perderia seu maior representante, e acabou levando também um personagem de comportamento diferente, cumpridor de suas palavras; de fato sua vida foi marcada por lutas seguindo até o fim de seus dias combatendo em busca de uma vida digna tirando dos ricos um pouco de suas grandes fortunas para em certos momentos dar aos pobres pela simples causa da sobrevivência, em um nordeste que até os dias de hoje necessita de ajuda em períodos de longa seca e descaso por parte das autoridades.

*Arthur Antunes Cruz Vasconcelos é graduando no curso de Licenciatura Plena em História pela Universidade Tiradentes e estagiário no Memorial de Sergipe-UNIT.
Referências Bibliográficas:
FERREIRA, Vera; AMAURY, Antônio. O Espinho do Quipá: Lampião, a História. São Paulo, Buonfiglio, 1997.
FILHO, Rubem Wanderley. Lampião em Quadrinhos. s/ed, Alagoas, 1997.
www.brasilescola.com/brasil/cangaco.htm       acessado em 12/05/2013 às 15:00
www.unificado.com.br/calendário/07/lampiao.htm  acessado em 13/05/2013 às 16:35

http://ww3.unit.br/memorialdesergipe/2013/06/04/uma-visao-sobre-virgolino-ferreira-da-silva-o-capitao-lampiao/

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