Por Honório de
Medeiros
Para Anderson Tavares de Lyra, Kiko Monteiro, Geraldo Ferraz, Laélio Ferreira,
José Tavares de Araújo Neto e Sérgio Dantas.
Meu amigo
Anderson Tavares de Lyra, cascavilhando na Biblioteca Nacional (Hemeroteca
Digital Brasileira) encontrou essa preciosidade nos arquivos da histórica
revista “O Malho”, e houve por bem com ela me presentear:
A fotografia
de Antônio Silvino é por demais conhecida. As outras, não. Principalmente a da
mulher, que imediatamente me chamou a atenção, em primeiro lugar por sua
beleza, seu ar assustado, sua presença na reportagem; e, em segundo lugar por
provocar, em mim, o desejo de saber mais acerca do seu destino.
Leiam o que a
reportagem da revista diz a seu respeito:
"Antônia
de Arruda, amante de Antônio Silvino, tendo ao peito uma medalha com o retrato
do amante."
E nada mais.
Imediatamente
postei a fotografei nessa imensa praça virtual que é o Facebook, mais
precisamente em "Cangaceirólogos" e "Cariri Cangaço", com o
seguinte texto:
"Alguém
sabe algo acerca dessa senhora que está na fotografia abaixo?"
Pesquisador Kiko Monteiro
Individualmente
pedi a ajuda do meu compadre e amigo Kiko Monteiro, homem forte do
lampiaoaceso.blogspot.com, músico e pesquisador da cultura sertaneja
nordestina, entre outras qualidades.
As respostas
foram interessantes, muito embora o mistério continue. O próprio Kiko Monteiro,
por exemplo, observou o seguinte:
"Compadre
Honorio de
Medeiros deste conjunto de fotos eu já tinha três, mas a legenda não
informava o nome da cabocla.
Escritor e pesquisador Sérgio Dantas
Outro dia consultando rapidamente o livro de
Sergio Dantas nós identificamos outra paixão do cangaceiro que foi "Maria
Anunciada" mas não continha foto para comparação. Agora temos e enfim o
que não faltou foi mulé pra este homem.
Escritor e pesquisador Alcino Alves Costa
Seria nosso saudoso Alcino acometido do
mesmo Gene sedutor de Silvino? Já a foto do Theopanhes avô de nosso confrade Geraldo
Ferraz é inédita para mim. Obrigado pelo toque e por compartilhar no
grupo."
Instigado por
mim a se manifestar acerca da beleza de Antônia, o compadre Kiko Monteiro
disse:
"Sim Honorio de
Medeiros a beleza dela é evidente, só não mais porque esta foto é de
momento de prisão ou interrogatório e certamente a bichinha não estava nada a
vontade. Envie para Sergio, para sabermos mais sobre este envolvimento. Se foi
passageiro ou se durou e se de repente veio a gerar filhos etc."
Entrou, então,
no vai-e-vem nosso amigo Geraldo Ferraz, neto do então Alfere Teophanes Ferraz,
à época Delegado de Taquaratinga, que prendeu Antônio Silvino e, imediatamente,
foi promovido a Tenente. Teophanes é um dos pilares sobre o quais se sustenta a
história do cangaço. Geraldo se pronunciou:
"Parabéns,
bravos vaqueiros da história. Que belo conjunto foi disponibilizado. Até este
momento desconhecia as duas últimas fotos. São, simplesmente, fantásticas.
Mostram o "arroucho" da chegada ao Recife, mencionado em minha obra.
Vide folha 113, Volume I - 'Na manhã de 2 de dezembro, aguardavam a chegada do
trem, no largo da Estação Great Western, uma imensa multidão. Essas pessoas
haviam chegado ao Recife, vindos de todos os pontos do interior, de trem, a
cavalo, em cabriolés, carros de bois ou em lombos de burros, para ver de perto
e enxergar com os próprios olhos, o desembarque do famoso bandido'."
Aproveito para
recomendar a leitura de seu livro "Pernambuco no Tempo do Cangaço",
em dois volumes, uma obra fundamental:
Então entrou
em cena o poeta, glosador e ensaísta, Laélio Ferreira. Dele transcrevo as seguintes
interessantes e argutas observações:
"Será
essa senhora a mãe do General?
No final dos
anos 20, afastando-se da magistratura potiguar e transferindo-se para
Pernambuco, como Delegado-Regional de Polícia e depois Juiz da Comarca de
Pesqueira, o Bacharel (de Olinda e Recife) FRANCISCO MENEZES DE MELO, meu tio,
ao lado do Coronel THEOPHANES FERRAZ chefiava a tropa (volantes) que procurava
impor a ordem na região do Pajeú. A amizade entre os dois ficaria marcada pelo
batismo de um filho do advogado potiguar, de nome ALUÍSIO MENEZES - hoje aos 84
anos, vivinho da silva. Aluísio, também Bacharel, é figura conhecidíssima nos
meios desportivos do RN.
Doei, há algum
tempo, toda a minha biblioteca, inclusive os livros sobre o cangaço. Mas, tenho
certeza de ter lido sobre um filho de Antônio Silvino GENERAL do Exército
Brasileiro. Daí a minha indagação sobre ter sido o militar filho dessa senhora,
Da. Antônia de Arruda.
Para alegria
de nós todos, da Potiguarânia, saibam Vossas Mercês que, numa entrevista, o 'Rifle
de Ouro', sem citar nomes, falou muito bem, sim senhores, de uns 'amigos' e
'compadres' do Rio Grande do Norte - que, mesmo depois da sua prisão, não
tinham se apropriado dos dinheiros e bens (gado) que lhes havia confiado 'para
guardar'. Por outro lado, esculhambava (sempre sem nomear ninguém) as 'mizades'
paraibanas e pernambucanas... Arre égua!
Francisco
Menezes de Melo, Bacharel de Olinda e Recife, Professor, Advogado, Juiz de
Direito no RN e em PE, Delegado-Regional de Polícia naquele Estado, irmão de
Othoniel Menezes, primogênito do casal João Felismino Ribeiro Dantas de
Melo/Maria Clementina Menezes de Melo.
Theophanes
Ferraz, amigo e companheiro do bacharel e magistrado natalense - que muitas
vezes, montados ambos, à frente das volantes, fustigaram os cangaceiros -
apadrinhou um dos filhos pernambucanos do Dr. Menezes, o também advogado
ALUÍZIO MENEZES DE MELO, hoje com 84 anos, residente nesta Capital.(Natal).
Uma das
legendas do cangaço teve fama não somente por ser um bom atirador - ganhando o
apelido de 'O Rifle de Ouro', inclusive, mas também por ser um grande
conquistador. 'O cangaceiro flechou o coração de várias mulheres, tendo filhos
com cerca de 40 com quem manteve relações durante a sua vida', conta o
pesquisador Frederico Pernambucano de Mello.
'Mas muitos desses filhos foram ilegítimos, pois as mulheres não revelavam a
verdadeira identidade do pai de seus filhos com medo deles serem arrastados por
Silvino para a vida do cangaço', revela Severino Baptista de Morais, um dos
quatro filhos reconhecidos por Manuel Baptista de Morais, verdadeiro nome de
Antonio Silvino. Um dos filhos ilegítimos de Silvino, citado por Assis
Chateaubriand, teria sido o empresário José Ermírio de Morais.
Chatô citou José Ermírio de Morais como filho espúrio de Antonio Silvino num
artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 1956, intitulado 'O Vira
Lata da Avenida Paulista', conta Severino de Morais, que adianta: 'isto poderia
ser apenas uma briga entre grandes empresários não tivesse José Ermírio se utilizado
desse fato para sair dizendo que era filho de cangaceiro no sertão de
Pernambuco quando fez sua campanha para o senado. Porém, de, pois que ganhou a
eleição, José Ermírio não tocou mais no assunto'.
Laélio
Ferreira enriquece qualquer debate quando se faz presente. De sua lavra é a
obra prima:
Como se pode
depreender, o mistério aumentou.
Lá de Pombal,
na Paraíba, o professor José Tavares de Araújo Neto também tentou nos ajudar:
"Vi
referência a uma amante de Antonio Silvino, chamada Antonia F. de Arruda, em um
dissertação de mestrado, intitulado “De Governador dos Sertões a Governador da
Detenção”, de autoria de Rômulo José Francisco de Oliveira Júnior.
Mas fala pouca coisa. Diz que ela foi presa sob a acusação de acoitar o
cangaceiro.
Mesmo assim
não conseguimos avançar. Minha última esperança é o grande pesquisador do
cangaço Sérgio Dantas, autor de várias obras fundamentais, dentre elas:
É aguardar
http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2013/11/o-misterio-acerca-da-amante-do.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/