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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

DOIS LIVROS DO ESCRITOR LUIZ RUBEN BONFIM

Autor Luiz Ruben Bonfim

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Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Economista e Turismólogo
Pesquisador do Cangaço e Ferrovia

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

GRITOS DO SILÊNCIO

Por Rangel Alves da Costa*

O silêncio quer apenas silenciar, mas a pessoa em silêncio não deixa. Sua voz emana do pensamento, vem da recordação, grita na tristeza e na aflição.

Ao entardecer, sem pessoas ao redor, com tudo parecendo deserto e distante, a janela é aberta para que entre alguma luz e um perfume na brisa. E logo chegam as vozes do silêncio.

O vento sopra, passa carregando folhas mortas, e no seu passo um livro antigo guardando recordações. Relembranças amareladas, envelhecidas, mas ainda tão presentes.

Então o silêncio é entrecortado pela palavra. E esta vindo de um baú antigo que é reaberto para dele surgir a revivência de tudo. E surgem as vozes a e as palavras.

É triste o diálogo entre o presente e o passado. A voz que emerge na estrada do tempo outra coisa não traz senão o desejo do reencontro. Doloroso porque impossível de acontecer.

“Minha mãe, minha mãe, como a senhora está bela nesta fotografia. Não tão bela quanto a presença e quando vestia aqueles vestidos rendados para a missa dominical”.

Diante da fotografia retirada do baú da memória, é esta a voz que surge perante muitos outros diálogos que vão surgindo. E sempre afligindo por dentro, dilacerando a alma.

“Ainda hoje guardo na boca o gosto daquele bolo de ovos e daquele doce de leite que a senhora fazia para tomar minhas rédeas. Ou faz assim ou não ganha bolo nem doce de leite”.

Ao redor o silêncio, mas a voz interior. Enquanto o vento sopra e canta sua canção da tarde, a memória vai buscar relíquias e a saudade insiste em chegar ao olhar.

“Ainda hoje recordo desse rosário de contas. E também do oratório no canto do quarto e a Bíblia na banquinha ao lado da cabeceira da cama. E suas mãos procurando um Salmo”.

Imagina que fechando o baú e caminhando um pouco pelos cantos do quarto, as memórias se dissiparão e enfim retomará apenas o seu instante de silêncio e solidão.


Mas não consegue. Fecha os olhos, cai um fio de lágrima, e as páginas do passado se abrem ainda mais visíveis diante de si. Álbuns, retratos, escritos, fotografias, relíquias.

“Mamãe, mamãe, por Deus como eu preciso encontrar aquela corrente dourada que um dia a senhora me presenteou. Tão belo o meu retrato descendo na pequena moldura”.

O cortinado se agita pela ventania que passou a soprar. As folhagens murmurejam ao redor, as árvores parecem gemer, mas nada disso percebe. Apenas a recordação tem voz.

“Um retrato que encontrei muito tempo depois, muito tempo depois da partida, daquele adeus tão próximo um do outro. Meu pai partiu de saudade, minha mãe, bem sei”.

Cai ao chão um jarro com flores de plástico. Uma folha seca avança pelo quarto e vai repousar bem acima do colo. Mas é como se nada acontecesse além da recordação.

“Meu pai nunca mais mostrou alegria depois de sua partida. Fingia felicidade, mas a tristeza o consumia por dentro. Chorava escondido, sofria escondido. E foi ao seu encontro”.

Depois de uma lufada de vento mais forte, então uma chuva começou a cair. Os pingos entravam pela janela como num açoite, molhando tudo ao redor. Mas nada era percebido.

“Depois disso a minha solidão. Por mais que a vida me chame a viver, sei que não posso me distanciar do passado. Ali toda a minha felicidade, ali o verdadeiro viver”.

Não sentia os pingos chegando até onde estava nem as lágrimas descendo em rios pelo seu rosto. Não sentia sequer que a escuridão agora tomava conta de tudo.

“Hoje somente retratos, somente lembranças, somente os retratos da parede. Minhas alegrias estão nos reencontros de todo dia e minhas tristezas também. E tudo dói demais”.

Tudo parecia noite fechada. Mas a noite havia chegado mesmo. Passou a mão pelo rosto e se percebeu chorando. Não era para chorar, não tenho motivos para chorar, disse.

E ao dizer sua voz cortou o silêncio. Em seguida levantou para guardar sua caixa de tristezas e recordações. Tudo dentro de um coração sofrido e amargurado.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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OS CABRAS DE MOSSORÓ/RN SE PREPARAVAM PARA DAR AS BOAS VINDAS A LAMPIÃO E SEU BANDO.


Diante das ameaças e do perigo iminente o Prefeito/Intendente Rodolfo Fernandez não se curvou e resolveu convocar a população para organizar a defesa da cidade para defrontar o temido ataque cangaceiro que estava prestes a acontecer.

O ataque cangaceiro à Mossoró/RN aconteceu no dia 13 de junho de 1927 e Lampião encontrou ali uma das maiores derrotas de toda sua vida.

Na fotografia abaixo registrada por José Otávio Maia em Mossoró/RN em junho de 1927, vemos um grupo de resistentes da cidade que participaram do combate contra Lampião e seus comandados.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)
Grupo: O Cangaço

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MUSEU DO SERTÃO EM MOSSORÓ ABRIRÁ SUAS POSTAS PARA VISITAS DIA 26-03-2016

Por Benedito Vasconcelos Mendes

O professor e proprietário do Museu do Sertão em Mossoró comunica a todas as escolas de Mossoró e das cidades vizinhas, inclusive pessoas interessadas, que o MUSEU DO SERTÃO abrirá as suas portas para visitas no dia 26 de março de 2016, (sábado), das 7:00 horas às 12:30 horas.


O Museu do Sertão é localizado distante da cidade 4 quilômetros, na Fazenda RANCHO VERDE, na estrada que leva até Alagoinha. 


Vá até lá amigo, para agradar aos seus olhos que desejam ver coisas que nunca viram.

Para maiores informações entre em contato com o proprietário do Museum professor Benedito Vasconcelos Mendes através deste gmail: 

beneditovasconcelos@gmail.com

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"CRISTINA DE PORTUGUÊS"

Cristina de Português

Certa vez, nas grotas, planícies e elevações dos carrascais da terra sertaneja, em defesa da honra masculina, o cangaceiro Português, contrata o colega, cangaceiro, Catingueira para dar cabo de um cangaceiro do grupo de Corisco, Gitirana, que tinha dado umas ‘saidinha’ com sua companheira Cristina.

Os cangaceiros Gitirana e Sofreu

Lampião e Maria de Déa, sua companheira, estavam fazendo uma visita ao bando dos ‘cumpadres’, Corisco e Dadá, ocasião...

Os cangaceiros Corisco e Dadá

Catingueira é contratado por Português para dar cabo de Gitirana. Quando Catingueira chegou ao acampamento de Corisco, chamou logo Gitirana para uma “prosa de pé de urêia”, conversa ‘particular’.

Sabedor do ocorrido entre Cristina e Gitirana, cabra do seu bando, o “Diabo Louro”, vendo, notando, a malícia de Catingueira, intercede a favor do cangaceiro que fazia parte do seu grupo. Corisco não quer nem saber o que viria acontecer depois, mas, naquele momento se achega junto aos dois e fala para Catingueira:

O cangaceiro Catingueira está à direita da foto

“-Boi do cu branco qué matá meu rapaiz? Ocê num é homi pra atirá im rapaiz meu!"( meneleu.blogspot.com)

Corisco, falando aos gritos, todos escutam o que disse. Nesse momento o clima fica pesado, a coisa ‘nubla’ de repente, e todos, tanto do bando de Português como do bando dele, pegam suas armas e manobram suas alavancas... e a coisa fica por um triz para acontecer uma grande desgraça.

Lampião e Maria Bonita

O “Rei Vesgo” e sua amada se aproximam. A Cabocla da Terra do Condor, vendo o que estava para acontecer entre os ‘cabras’ dos dois grupos, dá sua sugestão para a solução do caso, que seria punir a culpada, no caso, Cristina. Essa punição, todos sabia que seria a morte da cangaceira.

Mas, Corisco diz para sua ‘cumadi’, Maria do Capitão:

“ - Ela deu u qui era dela. Ninguém tem nada cum isso." (Blg Ct.)

Maria de Lampião, não se conforma com a resposta do “Diabo Louro”, e diz:

“ - É, mas Português vai ficar desmoralizado!” (basilio.fundaj.gov.br)

Corisco, já de saco cheio com o rumo da prosa, “detona”:

“ - "Ele qui cuidi da muié deli. Du meu rapaiz cuido eu."(meneleu.blogspot.com)

Lampião, se achega na prosa, e dar total apoio a Corisco, sobre o desenrolar desse ‘causo’ amoroso.

Cristina, amedrontada, pede para ficar no grupo de Corisco, pois, sabe que pela ‘Lei’ dos bandos de cangaceiros, Português tinha o ‘direito’ de matá-la.

Não é aceita, pois, provavelmente, sua presença causaria discórdias entre os homens, podendo resultar em mortes. Mesmo assim, permanece por uns dias, enquanto arruma um jeito de ir-se, de volta, para o seio da sua família.

Alguém do bando de Corisco, com sua ordem, arranja uma montaria para Cristina. Montada, segue pelo caminho da ‘volta’ sem ‘volta’. Ela fora enviada de volta à família. Só que, o chefe do grupo deu ordens para que a matassem, e a viagem que Cristina fez, foi a que não tem volta. 

“(...) no meio do caminho foi morta a golpes de faca por Luís Pedro e outros homens, que "vingariam" Português e queriam evitar que ela delatasse os pontos de apoio dos cangaceiros(...) O crime ocorreu em 21 de julho de 1938, uma semana antes do ataque em Angicos que vitimou Lampião, Maria e outros nove bandidos(...)”. (http://lampiaoaceso.blogspot.com.br)

Fotos lampiaoaceso
Fotolitos de Benjamin Abrahão

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira

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O VALENTÃO E A QUIROMANCIA

Por Clerisvaldo B. Chagas, 20 de janeiro de 2016 - Crônica Nº 1.499

Recordando personagens do Sertão, uma coisa puxa outra. Revejo pelo tempo o senhor José Menezes, que vendia redes, aos sábados, na feira de Santana. Aos domingos, aquele homem branco e sério, desfilava pela Rua Antônio Tavares – onde residia – muito duro, rifle surdo às costas e bornal atravessado. Mas esse não é o alvo da história.

 
(mdemulher._abril.com.br).

Vizinho de terras de meu avô morava um valentão, arruaceiro e assassino que também andava com rifle às costas e punhal na cinta. Cismou com um dos meus tios, homem pacato, sábio e trabalhador. Rondava-o constantemente.  Certo dia em que o meu tio fora dar água ao gado no açude, o valentão o esperava na porteira da barragem, armado como sempre. Meu tio completamente, desarmado, usou a sua força espiritual, passou pelo valente, deu água aos bichos, retornou sem que o bandido esboçasse nenhuma reação.

Era mês de outubro. Apareceu no sítio um estrangeiro quiromante, cujo apelido era Alemão. Leu a mão de todos os que estavam na casa – menos a de meu pai que se encontrava ausente – falando do início, presente, futuro e final da vida de cada um. Todos os tios tiveram o final profetizado pelo estrangeiro.

Quanto ao tio marcado pelo inimigo, disse-lhe o Alemão: “No mês de novembro não passe do terreiro de casa; no mês de dezembro não saia de dentro de casa nem para o terreiro; aguarde a notícia do mês de janeiro que seu perseguidor irá desencarnar”. Assim procedendo, meu tio aguardou.

Em janeiro, aquele valentão acostumado a acabar a feira de Olho d’Água das Flores, cortando a pulso e à faca, os cabelos dos feirantes, recebeu um convite do major Lucena Maranhão. Integrou-se numa volante e numa suposta diligência para os lados de Maravilha e ali deixou a Terra.
Não só no fabrico de peças e motores, mas também na Quiromancia, alemão é garantido.

Nem tudo é engodo e safadeza.

Fui.

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FAZENDA JILÓ.wmv - Aderbalvídeo


Acima veremos mais um sensacional trabalho do incansável Aderbal Nogueira, nosso "Benjamin' da atualidade, sobre o que levou Lampião a massacrar 12 pessoas na Fazenda Gilo. Os roubos dos animais, por Horácio Novaes, a ida ao Estado do Ceará em buscas dos animais... a carta feita por Horácio para incriminar, Manoel de Gilo, o dono da fazenda. A vinda e a batalha em volta da casa.

Até na escolha da trilha sonora o pesquisador dar um show.
Mais uma produção Aderbalvídeo.

Fonte II: facebook
Página: Sálvio Siqueira

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ZÉ BAIANO – O PANTERA NEGRA DOS SERTÕES. A HISTÓRIA DA FERRAÇÃO EM CANINDÉ DO SÃO FRANCISCO/SE.


Todos os autores, sem exceção, copiando-se uns aos outros, se referem a Zé Baiano como um sujeito que “tinha o hábito” de marcar mulheres a ferro quente com as letras “J-B” (José Baiano).

Na verdade, isso aconteceu em Canindé, em janeiro de 1932, quando ele, por vingança, ferrou de uma só vez três mulheres ligadas a soldados que haviam espancado sua mãe. A história dessa ferração é a seguinte:

Um soldado chamado Vicente Marques – da família Marques, de Santa Brígida, Marancó e Canindé – certa vez espancou a mãe de Zé Baiano para obrigá-la a informar o paradeiro do filho e dos parentes cangaceiros. A velha ficou irreconhecível, tantas foram as coronhadas de fuzil que recebeu no rosto.

Quando Lampião esteve em Canindé, em janeiro de 1932, onde moravam pessoas da família Marques, Zé Baiano recebeu carta branca de Lampião para vingar-se do que fizeram com sua mãe. Ao prender Maria Marques, irmã do soldado que supliciara sua mãe, Zé Baiano decidiu deixá-la marcada para sempre e mandou que um morador chamado Zé Rosa fosse buscar um ferro de marcar gado. Zé Rosa tinha sido vaqueiro do finado coronel João Brito (João Fernandes de Brito). Trouxe o primeiro ferro que encontrou, o ferro utilizado no passado para marcar os bois de seu falecido patrão, que tinha as letras “J-B”, de João Brito. Além de Maria Marques, foram ferradas no mesmo dia outras duas mulheres, ambas ligadas também a soldados por casamento ou mancebia. Por fim, quando observaram que as letras do ferro – “J-B” – eram as letras do seu nome, o cangaceiro decidiu levar o ferro como recordação de sua vingança, porém não há nenhum relato de fonte segura de que o tivesse utilizado outras vezes. Na área que lhe foi reservada, compreendendo terras de Ribeirópolis, Frei Paulo, Macambira, Pedra Mole, Pinhão e Carira, nunca se soube que ali Zé Baiano tivesse ferrado ninguém, seja homem ou mulher.

Amaury Correia fez uma pesquisa nos jornais e revistas da época para apurar se houve alguma notícia a respeito de outros casos de pessoas que tivessem sido ferradas por Zé Baiano, e concluiu: só houve aquele caso de Canindé. Amaury fala de notícias vagas de outras ferrações, mas todas sem comprovação.

Corisco é que quando fazia um refém tratava-o como “meu boi”. Dois integrantes do seu grupo – Arvoredo e Calais – ferraram várias pessoas nos sertões de Juazeiro, Jaguarari, Uauá e Várzea da Ema.

Houve quem dissesse que Zé Baiano “adquirira o hábito de ferrador” por ter sido traído pela mulher, a cangaceira Lídia. Porém tal explicação não procede, pois, seguramente, o caso de Lídia é posterior ao episódio de Canindé: as ferrações em Canindé foram em 1932, e a morte de lídia foi em 1934.

Também é pura lenda a sua fama de estuprador e desonrador de mulheres. Não há um caso sequer de tal prática efetivamente comprovado. Pelo contrário, Zé Baiano era um tipo moralista, de acordo com os padrões da época, e, para impor respeito no sertão, caía na palmatória toda mulher que ele encontrasse de cabelo curto, ombros nus, vestido decotado ou muito curto. Sua palmatória chamava-se Professora, pois servia para “dar educação a quem não tinha”. Outros cangaceiros que não toleravam ver mulher com cabelo curto e roupa provocante eram Mariano e Azulão – como, aliás, procediam em suas casas muitos pais e maridos...

Por ocasião da morte de Zé Baiano, ao entrevistar Antônio de Chiquinho, seu matador, o repórter Francisco de Matos conclui a matéria com a consideração de que,apesar de todas as maldades que lhe eram atribuídas, Zé Baiano “não fumava, não bebia, não deflorava, como atesta o testemunho de Antônio de Chiquinha”.

Texto: Livro LAMPIÃO – A RAPOSA DAS CAATINGAS de José Bezerra Lima Irmão

Fonte: facebook
Página: Transcrição: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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JORNAL O ESTADO Fortaleza-CE A reconciliação com meu padim sexta-feira, 15 de janeiro 2016


Ao pesquisador atento, desvestido de preconceitos com a religiosidade popular e que saiba exercitar a contextualização dos episódios estudados no devido cenário histórico, não custa compreender a grandeza moral e, sobretudo, a excelsa espiritualidade do Padre Cícero Romão Batista, que em vida já era venerado pelas virtudes taumatúrgicas que os céus lhe concederam.

Padre Cícero, o “Meu Padim Pade Ciço” da fala simples e piedosa dos romeiros que afluem a Juazeiro do Norte, foi exemplo fidedigno de obediência às determinações da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, dela não divergindo nem nos momentos mais dolorosos em que a injustiça bateu à sua porta e o aguilhão da intolerância do bispo Dom Joaquim feriu em profundidade o seu coração de sacerdote. Claro que o sofrimento do humilde pároco da aldeia foi maior porque a injustiça foi praticada exatamente pela ação insensata e cruel de alto clérigo representante da hierarquia temporal daquela que é Mater et Magistra.

Agora, no apagar das luzes do ano de 2015, passados mais de cem anos dos fenômenos conhecidos como “o Milagre da Hóstia”, em que foram protagonistas o padre e a beata Maria de Araújo, quando a sede papal é ocupada por um bispo latino-americano, dito “Papa da Misericórdia”, eis que assoma a sabedoria da Igreja, revelada em documento do Vaticano, assinado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. Neste documento, ainda que não definitivo e eivado de expressões diplomáticas ditadas pela imensa prudência que caracteriza a Igreja, está claramente definida a nova postura do Vaticano em relação ao Padre Cícero.

O Vaticano, segundo o assentado por um dos seus mais altos dignitários, cujas expressões indubitavelmente contêm a chancela do papa Francisco, reconhece que o Meu Padim ocupa o coração de milhões de fiéis católicos, os quais se põem genuflexo diante da Igreja exatamente em face da pregação sempre viva do Santo do Nordeste. Padre Cícero foi exemplo de acolhimento, de perdão e de misericórdia. 

Por isto, diz o documento em tela: “Não deixa de chamar a atenção o fato de que estes romeiros, desde então, sentindo-se acolhidos e tendo experimentado, por intermédio da pessoa do sacerdote, a própria misericórdia de Deus, com ele estabeleceram – e continuam estabelecendo no presente – uma relação de intimidade, chamando-o na carinhosa linguagem popular nordestina de PADIM, ou seja, considerando-o como um verdadeiro padrinho de batismo, investido na missão de acompanhá-los e de ajudá-los na vivência de sua fé.”

Para mim, basta este parágrafo para se afirmar sem medo, ao contrário de alguns que ainda titubeiam, que, definitivamente, a Igreja Católica reconciliou-se com o injustiçado Padre Cícero. A Igreja, pela palavra segura e legítima de alto purpurado do Vaticano, reconhece finalmente, que “a própria misericórdia de Deus” estava contida nas ações do Meu Padim. Roma locuta, causa finita!


Barros  Alves
Jornalista

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero de Araújo Cardoso

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