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segunda-feira, 23 de setembro de 2019

MISSÃO VELHA HOMENAGEIA CORONEL LIBERATO NA FESTA DE 10 ANOS DO CARIRI CANGAÇO

Por João Bosco

Nos 10 anos do Cariri Cangaço em Julho de 2019, Missão Velha se prepara para grandes homenagens. Vultos históricos que com sua atuação e presença forte nos cenários politico e administrativo foram relevantes para a construção da memória imortal da região do Cariri cearense. Dentre esses temos o Cel. Liberato Manuel da Cruz.

Cel Liberato foi Inspetor Escolar , Delegado e Intendente do Município de Missão Velha, substituindo ao não menos importante Cel. Antonio Joaquim de Santana, no período entre 29-08-1917 a 19-10-1917. Vigésimo filho do casal Manuel Inácio da Cruz e Maria das Dores da Encarnação, casou duas vezes, primeiro com a sobrinha Ana Isabel da Conceição Macêdo e em segundas núpcias com Joana Rodrigues da Cruz (Santinha). Então que venha os 10 Anos de Cariri Cangaço no Portal do Cariri, Missão Velha, com a homenagem do Município ao ilustre Patriarca da família Liberato – Coronel Liberato Manuel da Cruz.

João Bosco André
Pesquisador e escritor
Conselheiro Cariri Cangaço.

http://cariricangaco.blogspot.com

O INESGOTÁVEL TEMA CANGAÇO


Como todos sabemos, o fenômeno histórico e criminógeno do Cangaço foi derrotado militarmente (ainda bem), tendo como marco-histórico e oficial o assassinato do cangaceiro Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco, que não obstante o fato de estar aleijado de ambos os braços e obviamente segurar o mosquetão, por haver sido baleado meses antes na cidade baiana de Paripiranga, foi alcançado pela volante do tenente Zé Rufino (José Osório de Farias) da Polícia Militar da Bahia, que terminou por metralhar o famoso cangaceiro, tido por muitos, inclusive pela imprensa como o braço direito de Lampião, e também chamado de Diabo Louro. 

O fato, ocorrido na fazenda Pulgas, em Brotas de Macaúbas, Bahia, a 25 de maio de 1940, pôs fim à um ciclo histórico e épico de praticamente cinco séculos e que não tenho dúvidas, foi uma das mais fortes e aguerridas formas de irredentismo levantadas (de modo contínuo, ou seja, de caráter permanente e prolongado) contra os valores impostos pelo colonizador europeu, e com o passar dos séculos, a partir de quando o banditismo rural passou a operar nos sertões do Nordeste, deu-se início aquilo que o Mestre Frederico Pernambucano denominou magistralmente como o "divórcio litoral-sertão" - ver Guerreiros do Sol. Violência e banditismo no Nordeste do Brasil, ora em 5.a ou 6.a edição pela Editora A Girafa/Massangana, e considerada a obra mais completa sobre o assunto. 



Sandro Lee, Wasterland Ferreira, João de Sousa Lima e Itamar Baracho

Contudo, o Cangaço tornou-se bem vitorioso culturalmente, sendo seu símbolo máximo Nordeste, Brasil e mundo afora o famoso chapéu de couro com abas enormes e levantadas na frente e atrás e que a partir de 1930 sofreu uma estilização riquíssima - a partir do advento das mulheres, cuja porta de entrada foi a partir de Maria Gomes de Oliveira, a "Bonita", depois chegando Sérgia Ribeiro da Silva, a "Dadá", mulher do mencionado cangaceiro Corisco, que havia dois anos que estava na casa de uma tia deste. E sem ordem cronológica também citamos Dulce Menezes dos Santos, de Criança; Nenê, fiel companheira de Luiz Pedro; Adília, de Canário; Maria Fernandes, companheira do cangaceiro Mané Juriti; Antonia, do Rego, mulher de Santílio Barros, o Gato; Maria dos Santos, a Mariquinha, companheira de Ângelo Roque da Costa, o famoso Labareda, e tantas outras -, tornando-o ainda mais bonito e atrativo, como também a todo o conjunto do traje guerreiro do cangaceiro nordestino, que foi tão bem estudado pelo já referenciado escritor e historiador Frederico Pernambucano de Mello que terminou por dedicar uma obra especializada a respeito: Estrelas de Couro. A Estética do Cangaço, ora em 3.a edição pela Escrituras Editora, sendo o quê há de mais completo sobre a chamada "estética do Cangaço".

Aí o que vemos hoje são as várias representações da figura histórica e épica do cangaceiro em nossa cultura, seja através do boneco de barro esculpido pioneiramente pelo Mestre Vitalino (in memoriam), no Alto do Moura, em Caruaru, Pernambuco, fazendo escola; seja na formação dos grupos estilizados de Xaxado - esta é a música, sendo a "pisada", a dança -, estilizados no que refere-se a participação feminina na dança histórica e guerreira (surgida ainda nos tempos da atuação do bando de cangaceiros sob o comando de Sebastião Pereira e Silva, o Sinhô, havendo relatos de que o Xaxado teria sido criado em seu próprio bando), onde originalmente era uma dança exclusivamente masculina.



Podemos também apontar o uso de elementos históricos e estéticos do Cangaço na formação dos grupos folclóricos de bacamarteiros, de que se valeu o eminente professor e escritor pernambucano Olímpio Bonald Neto, para escrever e publicar livro clássico: Bacamarte, pólvora e povo, recentemente reeditado pela CEPE - Companhia Editora de Pernambuco.

E a lista de manifestações artístico-culturais no uso da figura do cangaceiro que por tanto tempo atuou neste Nordeste setentrional é enorme, e vale ressaltar que bem acertado na absorção pelas vias da arte e do folclore e que hoje, ao contrário do que foi no passado, traz alegria, entretenimento, arte e beleza plenas à toda a população, como também riquezas materiais através dos capitais investidos e em contrapartida advindos dessa gama de produção cultural.

Wasterland Ferreira Leite, Recife-PE.
Pesquisador e Membro efetivo da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.


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UMA LEMBRANÇA DE ARIANO SUASSUNA

Por Bruno Paulino


Um dia eu conheci o escritor Ariano Suassuna e conversei com ele. Não foi por muito tempo, mas valeu o papo. Foi quando o vate visitou Quixeramobim no final do ano da graça de 2011. Fico pensando hoje que poderia ter tirado uma foto para registrar aquele momento. Mas ele estava tão emocionado por adentrar a casa em que nasceu Antônio Conselheiro que respeitosamente hesitei. Acho que fui também tomado por aquele sentimento catártico. 
                                   
"Suassuna lacrimejava em silêncio."

Depois ele comentou com todo mundo que ali o rodeava que o livro Os Sertões foi um componente fundamental de sua formação intelectual. Que foi lendo Euclides da Cunha que se deparou pela primeira vez num livro com a gente simples e a paisagem que conhecia. E que aquela saga de Antônio Conselheiro e sua gente – que teve início ali naquela casa – era também a história dele. Era a história de todo o sertão. Era um Brasil que não se conhecia. Era o Brasil Real. Não o Brasil Oficial. Impossível não se emocionar com depoimento tão vivo e espontâneo.

Ariano recebe do Cariri Cangaço comenda de 
"Personalidade Eterna do Sertão"

Recordo que ao tomar posse na Academia Brasileira de Letras, Ariano Suassuna discursou: “Euclides da Cunha, mesmo ofuscado, ao se ver diante do povo brasileiro real, pôde tomar seu lado – e o grande livro que é Os Sertões resultou do choque experimentado ante aquele Brasil brutal, mas verdadeiro, que ele via pela primeira vez em Canudos e que amou com seu sangue e seu coração, se bem que nunca o tenha compreendido inteiramente com sua cabeça, meio deformada pela falsa ciência européia que o Brasil venerava, e ainda venera, como dogma.”

Bruno Paulino, Manoel Severo e Anapuena Ravena

Apaixonado pela saga do beato Antônio Conselheiro, Ariano dedicou-lhe o Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta e andava pelos vários cantos do país com a relíquia de um cartucho de bala em seu bolso, artefato que foi encontrado nos arredores do dizimado arraial de Belo Monte, e que gentilmente um morador da atual cidade de Canudos na Bahia lhe presenteou. O escritor exibia a cápsula durante suas palestras e falava das medonhas disparidades entre o Brasil Real e o Brasil Oficial, citando e explorando o pensamento antes desenvolvido por Machado de Assis. Dizia que bastava estudar sobre Canudos para entender toda história do Brasil.

“Em Canudos, a bandeira dos seguidores de Antônio Conselheiro era a do Divino Espírito Santo – a bandeira do nosso povo, pobre, negro, índio, e mestiço. Povo que o Brasil Oficial, o dos brancos e poderosos, mais uma vez (e como já se sucedera em Palmares e no Contestado), iria esmagar e sufocar, confrontando-se ali, no caso, duas visões opostas de justiça”, escreveu certa vez Suassuna ao inaugurar no Recife um teatro que nominou de Arraial em homenagem aos seguidores do Beato nascido em Quixeramobim. Nem sei por qual motivo hoje dei para lembrar esse dia. Porém, nunca esquecerei uma frase que disse pessoalmente a mim quando tive a oportunidade de trocar algumas palavras com ele: 

“Tenho muita inveja de você rapaz que nasceu nessa terra que pariu um dos maiores revolucionários que esse mundo conheceu que foi o bom peregrino Antônio Conselheiro. Cuide com seus amigos para que essa história não caia no esquecimento por aqui.”.

Disse isso me deixando atordoado e sem saber o que responder naquele momento.

Bruno Paulino é cronista e aprendiz de poeta
Quixeramobim, Ceara
Fonte:blogs.opovo.com.br


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O PROFESSOR BENEDITO MENDES LANÇARÁ SEU LIVRO EM SOBRAL, FORTALEZA E EM NATAL.

Por Benedito Vasconcelos Mendes

-Título: “ Vivências de um Menino em uma Fazenda Sertaneja “.                                       
-Autor: Benedito Vasconcelos Mendes.                                                            
-1. Cidade: Sobral -CE.                                                     
-Academia: ASEL-Academia Sobralense de Estudos e Letras.                    -Presidente: Chrislene Cavalcante.                                                 
-Apresentador: Joab Aragão.                                                
2. Cidade: Fortaleza.                               
-Academia: ALJUG-Academia de Letras Juvenal Galeno.                        
-Presidente: Linda Lemos.                                             
-Apresentador: Gonzaga Mota.                                            
3. Cidade: Natal-RN.                                   
-Academia: ANRL-Academia Norte-rio-grandense de Letras.                      -Presidente: Diógenes da Cunha Lima.                              
-Secretária: Leide Câmara.                                              
-Apresentadores: Thiago Gonzaga e Jurandyr Navarro.

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MORENO E A VINGANÇA IMPLACÁVEL DE LAMPIÃO


Por José Romero de Araújo Cardoso

Sebastião Pereira e Silva (Sinhô Pereira) ocupa posição destacada na grande saga do cangaço nordestino, tendo sido um dos seus comandantes. Era neto de Andrelino Pereira, o Barão do Pajeú. Em suas andanças pelo sertão, na vida bandoleira, Sinhô Pereira se comportou como homem honesto e nobre, tendo como meta a vingança de dois parentes, vítimas da violenta luta entre as famílias Pereira e Carvalho, que encharcou de sangue e ódio o vale do Pajeú, desde o ano de 1848.

Sob o comando de Sinhô Pereira, como chefe de cangaço, esteve Joaquim Laurindo de Sousa, cearense nascido em Mssão Velha no ano de 1898, que passou a ser conhecido pelo apelido de Moreno, devido a cor da sua pele. Ele se destacou como cabra de confiança do seu chefe, entre tantos que compunham o bando cangaceiro.

Antes de ingressar no cangaço, sob as ordens de Sinhô Pereira, Joaquim Laurindo residiu na fazenda Bom Nome, na comarca de Vila Bela (hoje Serra Talhada, Estado de Pernambuco), de propriedade de João (Janjão) Pereira, irmão de Sinhô Pereira, onde conheceu e fez amizade com muitos cangaceiros, mais tarde seus companheiros na vida bandoleira.

Numa festa no Bom Nome, Joaquim Laurindo conheceu, em meados de 1914, uma moça de nome Luísa Alves Batista, filha do vaqueiro Tomás, misto de agregado e capataz da fazenda Pitombeira, também situada na comarca e Vila Bela, pertencente a Antônio Pereira, filho do Barão do Pajeú e tio de Sinhô Pereira. Havia inimizade entre os dois por causa de divergências corriqueiras.

Desde logo, Joaquim Laurindo começou a namorar a filha do vaqueiro Tomás, contra a vontade do “Coronel” Antônio Pereira, que para ela tinha um outro pretendente ao casamento. Luísa estava decidida a se unir por laço matrimonial ao jovem cearense de Missão Velha, o que de fato aconteceu, acompanhando-o até o fim de sua jornada de infortúnios.

Luísa Alves Batista nasceu no dia 25 de agosto de 1894, na fazenda Pitombeira, onde se criou, possuindo razoável grau de instrução para a época. Como Joaquim Laurindo era analfabeto, ela logo tratou de alfabetizá-lo aos pouco, conseguindo bons resultados.

Apesar da oposição do “Coronel” Antônio Pereira, Luísa e Joaquim Laurindo se casaram em 1916 e foram residir na fazenda de Janjão Pereira, porque nenhum outro proprietário de terras da comarca de Vila Bela ousaria aceitar o casal como seus moradores, para não desagradar o intransigente dono da fazenda Pitombeira.

Logo após o casamento, deu-se o ingresso de Joaquim Laurindo no bando de Sinhô Pereira, pois a fazenda Bom Nome era um dos coitos preferidos pelo grupo. Um outro local de concentração de cangaceiros na comarca de Vila Bela, era a fazenda Abóboras, pertencente ao “Coronel” Marçal Florentino Diniz, mais tarde propriedade do “Coronel” José (Zé) Pereira Lima, genro e cunhado do antecessor.

Então, já com o apelido de Moreno, Joaquim Laurindo serviu lealmente a Sinhô Pereira em seus propósitos cangaceiros. No bando, Moreno conheceu e conviveu com importantes companheiros, entre os quais Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) e seus irmãos.


A primeira retirada de Sinhô Pereira para o Estado de Goiás ocorreu em dezembro de 1918. Por isto, Moreno decidiu abandonar o cangaço, indo se fixar no Barro (Estado do Ceará), onde não chegou a desfrutar da proteção do “Major” José Inácio de Sousa. Em março de 1920, com o retorno de Sinhô Pereira ao sertão do Pajeú, Moreno voltou à vida cangaceira, nela permanecendo na companhia do seu chefe, até que largou em definitivo o cangaço e regressou a Goiás, o que se deu no dia 8 de agosto de 1922. Em decorrência disto, o bando passou a ser comandado por Lampião.

Moreno, então, recebeu convites entusiásticos, da parte do novo chefe, para permanecer no cangaço, não os tendo levado em consideração. Tal recusa lhe trouxe a aversão de Lampião. Depois disso, Moreno e sua família passaram a morar na fazenda Saco dos Caçulas, pertencente a Marcolino Pereira Diniz, situada nas proximidades do povoado Patos de Irerê, no município de Princesa (Estado da Paraíba). Ele logo mereceu a confiança de todos que ali viviam, dedicando-se tão-somente à agricultura e ao pastoreio. Por sua vez, Luísa muito se aproximou da senhora Alexandrina Pereira Lima (Dona Xandu), esposa e sobrinha do “Coronel” Zé Pereira Lima, a ponto de se tornar a sua queijeira preferida.

Na fazenda Saco dos Caçulas, Luísa tratou do calcanhar de Lampião, com ervas medicinais recomendadas pelo doutor Severiano Diniz, após o tiro que o bandido recebeu da volante de Teófanes Ferraz Torres.

Naquela época, o município de Princesa era procurado por cangaceiros de todas as procedências, o que explica os freqüentes encontros de Moreno com os seus antigos companheiros. Antônio Augusto Correia (Bagaço e depois Meia-Noite) foi um dos bandidos que compunham o bando de Sinhô Pereira. Durante algum tempo ele se fixou em Patos de Irerê, trabalhando nas moagens dos engenhos de rapadura e aguardente do “Coronel” Marçal Florentino Diniz. De dia era um simples trabalhador nos canaviais e moendas, voltando a ser bandido à noite, quando roubava propriedades rurais de outros municípios, razão do seu segundo apelido.

Engajado no bando cangaceiro chefiado por Chico Pereira, Chico Lopes e os irmãos de Lampião (Antônio e Levino Ferreira), Meia-Noite se encontrava entre os cabras que atacaram a cidade de Sousa (Estado da Paraíba), no dia 27 de julho de 1924. Juntamente com o cangaceiro Paizinho, ele cometeu os maiores desatinos contra o juiz de Direito daquela comarca sertaneja.

De regresso ao município de Princesa, Meia-Noite se casou com uma mulata, Maria Alexandrina Vieira, filha de um morador do Saco dos Caçulas, o que ocorreu sob os protestos do Padre Floro Florentino Diniz.
Perseguido por forças volantes, Meia-Noite e sua esposa se homiziaram no sítio Tataíra, situado em área fronteiriça dos municípios de Princesa e Triunfo (Estado de Pernambuco). Ali, uma tropa de cachimbos contratada pelo “Coronel” Zé Pereira lhes deu cerco numa casa-de-farinha, resultando em intenso tiroteio. Meia-Noite e sua mulher resistiram galhardamente, tendo ele abandonado o refúgio somente quando as forças policiais e civis aquarteladas na serra do Pau Ferrado, comandada pelos Tenentes Manuel Benício, Clementino Quelé e Francisco de Oliveira, se deslocaram para o sítio Tataíra, formando um efetivo de 84 homens cercando o cangaceiro. Este fugiu após ter deflagrado 496 cartuchos de fuzil Mauser DWN, modelo 1912. Maria Alexandrina foi presa e escoltada para a cadeia da cidade de Princesa (Almeida, 1926: 65-67).

Com muito esforço, ferido gravemente, Meia-Noite conseguiu chegar ao Saco dos Caçulas, onde Luísa Alves Batista o atendeu compadecida, dando-lhe uma cuida d´água. De imediato, o bandido foi transportado para local ermo e afastado da sede da fazenda, onde foi assassinado por um cabra conhecido por Tocha, ou Antônio Lalau, morte ordenada por Manuel Lopes Diniz. Este era inspetor de quarteirão do povoado de Patos de Irerê, sendo homem da inteira confiança de Marcolino Pereira Lima e chefe da guarda pessoal do “Coronel” Zé Pereira Lima.

Lampião acusou Moreno de ser cúmplice da morte de Meia-Noite, o que não era verdade. Segundo consta, Moreno apenas acompanhou a esposa do cangaceiro até a cadeia de Princesa, como medida de proteção, pois ela estava em mãos de verdadeiras feras humanas. Com a experiência adquirida na militância no cangaço, Moreno deve ter pressentido a fúria de vingança implacável que poderia se abater sobre ele, pois bem conhecia a personalidade e a periculosidade de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião). Por isso, tratou logo de se engajar em forças volantes aquarteladas em Princesa, em campanha de combate ao banditismo, forte e ostensivamente organizada pelo governo do Estado da Paraíba, na presidência de João Suassuna (1924-1928).

Moreno permaneceu como soldado até a eclosão da revolta de Princesa, quando desertou da sua tropa para servir sob o comando dos chefes da sedição.

Comandado por Marcolino Pereira Diniz, ele encontrou na luta armada antigos companheiros do bando de Sinhô Pereira, entre os quais se destacaram os cabras Luís do Triângulo e Chocho. Tornou-se um dos maiores cabos-de-guerra, tendo participado da tomada de Patos de Irerê, pois esta localidade foi invadida por forças legalistas, com o objetivo de transformar em reféns os membros de famílias importantes ali residentes.
Era intenção de tais forças legalistas marchar em direção a Princesa, usando mulheres reféns como escudos humanos. Entre estas se encontrava a senhora Alexandrina (Xandu) Douetts Diniz, esposa de Marcolino Pereira Diniz, acompanhada de outras mulheres de tradicionais famílias de Princesa.

Na luta pela posse de Patos de Irerê, a tropa da Polícia Militar da Paraíba sofreu as maiores baixas, pois foram devastadoras as investidas dos sediciosos, para libertação dos reféns, resultando na derrota dos legalistas, comandados pelo Tenente Raimundo Nonato.

Moreno também participou do cerco ao povoado Tavares, onde se desenrolaram lances trágicos e desumanos. Os revoltosos usaram de todos os artifícios para dizimar a coluna legalista ali aquartelada, ficando oficiais e soldados em condições vexatórias até o final da luta.
Após o assassinato de João Pessoa, ocorrido em 26 de julho de 1930, Moreno perambulou com a família pelos sertões de Pernambuco e Alagoas, indo se fixar no povoado alagoano de Matinha de Água Branca.

Há tempos Lampião estava agindo na área fronteiriça dos Estados de Pernambuco e Alagoas, onde quase conseguiu por as mãos no “Coronel” Zé Pereira Lima, quando este palmilhava o sertão, juntamente com o mestre Abílio da Metralhadora, fugindo da fúria vingadora dos liberais, fanatizados com a vitória da Revolução de 1930.

Ao saber que Moreno estava residindo em sua área de atuação, renasceu o ódio que Lampião tinha pelo antigo companheiro de cangaço. Na fazenda Croatá, situada nas proximidades de Matinha de Água Branca, propriedade de João Marques Sandes, ligado por laços de parentesco à Baronesa de Água Branca, Moreno viveu aparentemente sossegado, co a sua família, até o dia 13 de fevereiro de 1936. Na fatídica noite daquele dia, Lampião com a sua caterva o aprisionou em sua própria casa. Em seguida, foi amarrado e minuciosamente inquirido em frente a uma fogueira acesa pelo bando. Depois, Moreno foi fuzilado, tendo o serviço sido executado pelo cangaceiro Chumbinho.

Dessa forma, Lampião agia inexoravelmente com os seus desafetos, independentemente de qualquer projeção espacial ou temporal. Como sempre acontecia, sua vingança era implacável e terrível. Para Lampião, apenas a morte pagava uma traição.

Em carta datada de 3 de março de 1978, procedente de Lagoa Grande, distrito de Presidente Olegário (Estado de Minas Gerais), dirigida a Luísa Alves Batista, Sinhô Pereira confessa que já não tinha boa vontade com Lampião, devido aos assassinatos de Zé Nogueira e Moreno. A morte de Zé Nogueira foi um episódio hediondo, protagonizado por Lampião e seu irmão Antônio, tendo ocorrido o crime no dia 23 de fevereiro de 1926, na fazenda Serra Vermelha (Serra Talhada – Estado de Pernambuco).

Agradecimentos: Agradeço as entrevistas que me concederam Madalena de Sousa, Rita Maria de Sousa e José Laurindo de Sousa, filhos de Joaquim Laurindo de Sousa (Moreno) e Luísa Alves de Sousa. Igualmente agradeço a Hermosa Goes Sitônio, Belarmino Medeiros e Zacarias Sitônio, testemunhas oculares dos fatos históricos ocorridos em Princesa, referidos neste estudo, pelas entrevistas a mim concedidas.

Bibliografia selecionada Entrevistas pessoais: Medeiros, Belarmino. João Pessoa, 15 de maio de 1993 Sitônio, Hermosa Goes. João Pessoa, 15 de maio de 1993 Sitônio, Zacarias. João Pessoa, 15 de maio de 1993 Sousa, José Laurindo de. João Pessoa, 13 de junho de 1993 Sousa, Madalena de. João Pessoa, 21 de abril de 1993 Sousa, Rita Maria de. João Pessoa, 21 de abril de 1993 Referência bibliográfica Almeida, E. – 1926 – Lampeão – sua história. Imprensa Official, 130 pp., [6] est., Parahyba (João Pessoa). (*) Geógrafo (UFPB). Professo-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).
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A DERROTA DE LAMPIÃO



Lançado na II FLIPIPA (Feira Literária da Praia da Pipa) o novo livro de Gilbamar. É o relato da invasão frustrada dos bandidos sob o comando de Lampião a uma cidade no interior do Rio Grande do Norte. A publicação tem o selo da Editora Sebo Vermelho. 

Para adquirir: gilbamarbezerra@ig.com.br (*) Escritor, poeta e pesquisador.
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Informação: Eu não sei com quem você irá encontrar este livro porque ele foi publicado  em  2010. Mas faça uma tentativa com o professor Pereira lá de Cajazeiras, no Estado da Paraíba, através deste email: 

franpelima@bol.com.br

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CHAPÉU, CHAPEUZINHO, CHAPELÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.185

     Numa sociedade do couro onde proliferava a caatinga, havia a necessidade do uso de um chapéu forte. Assim, o vaqueiro, o carreiro e o tirador de leite, sempre usaram o chapéu de couro no cotidiano. Ele fica velho, mas nunca tem fim. Protegia e protege o homem contra espinhos e garranchos da vegetação agressiva, principalmente o vaqueiro. No geral, todos usavam chapéus contra o sol robusto do Sertão. O uso do chapéu de palha (do coqueiro ouricuri) acontecia mais entre os agricultores, os que trabalhavam com a enxada e instrumentos similares. É leve, não esquenta em situação alguma, mas não dura muito em época de chuvas. Já o chapéu de couro, era mais sofisticado quando feito de couro de veado, assim como algumas alpercatas, couro nobre e macio. Extinto o bicho, o couro do bode ocupou o seu lugar.

CHAPÉU DE COURO. FOTO/DIVULGAÇÃO

A classe média do Sertão e os coronéis usavam o chapéu de baeta ou de massa. As abas enormes pertenciam aos coronéis e aos ciganos que percorriam os sertões. As abas menores e curtas eram usadas pela classe média. Raramente se avistava um boné. Este pareceu surgir com o automóvel, quando o sertanejo dizia: “homem de boné, ou é corno ou chofer”. Os chapéus de palha eram vendidos nas feiras, amontoados no chão. Os chapéus de massa, nas lojas das cidades, vilas e povoados. Quanto ao chapéu de couro podia ser encontrado nas feiras ou feitos de encomenda pelos inúmeros artesãos de sítios e povoados. Nem faltava o couro nem a palha, matérias abundantes na região. Os modelos de chapéu de couro, ainda hoje variam de acordo com o estado de origem.
Os chapéus de couro dos cangaceiros foram uma evolução e modismo do cangaço com: aumento de tamanho das abas e enfeites diversos. A confecção era praticamente a mesma, sempre encomendada a grandes mestres do couro. Nem todo cangaceiro, usava o típico chapéu do cangaço. São várias as fotos apresentadas com chapéus comuns de vaqueiro, abas curtas, pelos bandidos. O chapéu cangaceiro elevava a estima do usuário e metia medo na população desarvorada.
Quanto à compra do chapéu na feira, não existe número. É como na casa do chinês, deu na cabeça, leva.
E o sujeito sai todo ancho, peito erguido feito pavão, de chapéu novo.


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VÍDEO REAL DE LAMPIÃO | O CANGAÇO NA LITERATURA


O Cangaço na Literatura
96,5 mil subscritores

Pela primeira vez na história do cangaço o vídeo feito pelo Benjamin Abrahão Botto em 1936 é analisado minunciosamente num programa. Imagens raras de uma época mostrando o dia a dia dos cangaceiros.

Categoria

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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.
franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: 

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 

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