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quarta-feira, 29 de julho de 2020

LIVRO: VINGANÇA, NÃO...! (A VIDA DO CANGACEIRO CHICO PEREIRA)

Por Francisco Frassales.

Em crônica anterior, falei do padre Francisco Pereira Nóbrega e hoje escrevo sobre o livro “Vingança, não - Depoimento sobre Chico Pereira e cangaceiros do Nordeste”. Não se trata de livro de história nem de memória. Tampouco é romance ou novela, embora o autor tenha lançado mão de recursos ficcionais, a exemplo de recriação de monólogos para imprimir lógica ao fluxo narrativo e torná-lo verossímil.

O foco do livro é conhecido. Chico Pereira entra no crime para vingar a morte do pai, João Pereira, comerciante, proprietário rural e político em Sousa, com atuação no distrito de Nazaré e em São Gonçalo. O filho prendeu e entregou à polícia o executor da morte do pai, mas com pouco tempo o viu impune, andando livre pelas ruas, em feiras e festas. Um acinte. Depois de muita tocaia, “Zé Dias foi achado morto no meio da estrada. Estendido no chão. Só ele e a morte. E ninguém mais por testemunha”, escreve padre Pereira.


A partir daí, desencadeia-se o processo de formação de bando de cangaceiros. Chico Pereira planeja assaltar Sousa, ajudado por Lampião, que manda dois irmãos, Antonio e Livino Ferreira, dividir o comando das operações. Em 27 de julho de 1924, à frente de 84 homens, o grupo invade Sousa. Houve saques, cenas de humilhação do juiz de direito e outros fatos narrados com sutileza para não reabrir feridas, penso. O livro repassa, também, episódios que envolvem padre Cícero Romão Batista, políticos paraibanos e o advogado Café Filho; fugas, esconderijos, a morte vestida de cobra venenosa; o descumprimento de acordos com autoridades, a prisão sem resistência em Cajazeiras, em plena Festa da Padroeira, e levado para a cadeia de Pombal. A viagem para a morte na estrada de Currais Novos, nas mãos da polícia, na madrugada de 28 de outubro de 1928. Tudo isso Francisco Pereira Nóbrega narra em 20 capítulos, afora nota explicativa, uma foto e um croquis das andanças do pai em terras da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Quarenta e cinco anos depois de publicada, a obra virou peça de teatro e já poderia ter-se tornado filme. É livro perene, um depoimento original, nascido de dentro para fora. Explico. Centenas de livros versam acerca do cangaço, escritos por sociólogos, memorialistas, historiadores, jornalistas, enfim, estudiosos, mas poucos existem como “Vingança, não”. O autor não vivenciou a maioria dos fatos narrados. Ouviu-os da boca de parentes e amigos. Cresceu a escutar as versões familiares. Não se contentou com isso, porém, e durante dois anos checou datas, nomes, lugares e episódios em consultas a processos judiciais, testemunhas e jornais da época.

O livro encerra aspectos relevantes para as pesquisas históricas, sociológicas e políticas da fase final da República Velha, auge do coronelismo, o intricado sistema de relações de poder que nascia no interior dos municípios, propagava-se pelas capitais dos estados e chegava ao centro das decisões políticas e administrativas do País. Essa teia de relações de poder aparece despida no livro, envolta em simplicidade narrativa de fazer inveja. Como se forma um bando de facínoras? Lá está, passo a passo, sob o influxo das injunções políticas interferindo nas atividades comerciais, envolvendo o judiciário, o aparelho policial, as autoridades do executivo estadual, numa promiscuidade que era a própria essência do poder na Primeira República.

Nem a religião escapava dessa urdidura. O autor descreve a esperança que era ir a Juazeiro em busca das bençãos do padre Cícero. Pereira Nóbrega produz uma síntese quase perfeita do messianismo e a exploração política que o cerca, ao referir-se ao mandachuva, deputado Floro Bartolomeu: “Sem ser beato nem cangaceiro, será o ângulo onde se encontram ambos. Sobre essa dupla força se firmará para atingir alturas que jamais suspeitou.” Para quem nada era e nada tinha, isso foi tudo. Enfeite de ficcionista? Que nada, realidade pura.

Tudo isso está escrito com singeleza, sem rebuscadas técnicas literárias, de permeio com o desenrolar de laço amoroso nascido entre “manso e pacato contratante de cal” e uma menina-moça de 12 anos, órfã de pai, assassinado, que casa por procuração aos 14, e enviúva aos 17 anos, com a herança de três filhos e o estigma de mulher de cangaceiro. “Vingança, não” transpira amor em meio à tragédia sertaneja.

Esta crônica, publicada no jornal Gazeta do Alto Piranhas, Cajazeiras, nº 325, de 04 a 10/03/2005,.

P S – Francisco Pereira Nóbrega deixou a batina, casou-se, teve filhos. Fez-se professor, escritor, cronista. Afastou-se do ministério, mas continuou a obra de evangelização. Sua última missão foi dedicar-se ao Catecumenato. Morreu em João Pessoa, em 22 de janeiro de 2007.

Se interessá-lo, veja se Francisco Pereira Lima ainda tem. 
O e-mail para solicitá-lo é este:
franpelima@bol.com.br
Francisco Frassales.
Compartilhado de Cangaceiros Cariri

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=504417526426893&set=pcb.468917773317172&type=3&theater

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MEMÓRIAS SANGRADAS...POR RICARDO BELIEL

Lampeão, Ponto-Fino, Moderno, Salamanta, Antonio de Engracia, Jurema, Mergulhão e Corisco na vila de Pombal, Bahia. 1928. 

O grupo de cangaceiros entrou na modesta vila nas primeiras horas da manhã e, desembestado, o chefe Lampeão pergunta aos que os recebem, um aglomerado de curiosos, se havia algum fotógrafo entre os locais. Por volta das oito horas da manhã o alfaiate, fotógrafo e maestro da Philarmonica XV de Outubro, Alcides Fraga de Mendonça, é levado ao encontro do cangaceiro com sua câmera de tirar retratos. Feita a foto, Alcides pede paciência ao capitão Virgolino e se compromete a entregar o serviço assim que recebesse os químicos necessários para revela-lo, então já encomendados em Salvador. Passados alguns dias, Fraga recebe a visita de um estranho em seu ateliê, que confessa ao alfaiate estar ali a mando do cangaceiro para buscar a encomenda. Lampeão havia deixado Pombal em paz, sem provocar qualquer peleja, para alívio dos vizinhos de Alcides, mesmo assim, o apreciado fotógrafo passou a sofrer acusações de cumplicidade com seus improváveis clientes por membros das policias baianas que passavam pela região. Alcides Fraga, por via das dúvidas, caso a cabroeira voltasse a procura-lo, mudou-se com a família para Piranji, na distante zona cacaueira, e somente após a morte de Corisco pode regressar ao seu saudoso sertão. Da fotografia que poderia tê-lo deixado famoso, herdou apenas um amargo exílio e o afastamento de suas atividades de maestro e alfaiate. Morreu deprimido, solitário, separado da família que amava, na vila de Cipó, distante apenas sete léguas da Pombal que o rejeitara por ter sido o autor de um histórico retrato do temido Lampeão.

trecho do livro "Memórias Sangradas", 

de Ricardo Beliel


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1938

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de julho de 2020
Escritor Símbolo do sertão Alagoano
Crônica: 2.355

No dia 28 de julho de 1938, chegava a Santana do Ipanema, proveniente da cidade de Palmeira dos Índios, o interventor intendente para tomar conta da prefeitura local. Seria apenas uma substituição de rotina, com recepção morna, indiferente. Mas, nesse mesmo dia, o major Lucena Maranhão que estava almoçando com o novo interventor, recebeu um telegrama afirmando que naquela madrugada três volantes alagoanas surpreenderam e mataram onze cangaceiros na Grota de Angicos, em Sergipe. Lucena chorou emocionado, a notícia correu mundo: Mataram Lampião!!! Mataram Lampião!... A festa preguiçosa do interventor rapidamente transformou-se em euforia. Povo nas ruas, bebendo, pulando, discursando... Numa confraternização prolongada e quase eterna.
IGREJINHA E QUARTEL DE POLÍCIA, ANOS 40. (FOTO: LIVRO 230,
 DOMÍNIO PÚBLICO)

Chegaram rapidamente multidões de Alagoas e de vários estados do Brasil, repórteres até mesmo do estado do Rio de Janeiro. Quando as cabeças dos onze cangaceiros mortos chegaram a Santana – inclusive a de Lampião e Maria Bonita – houve discursos, fechamento do comércio, desfile de cabeças e apetrechos apreendidos, em caminhões. O novo interventor chegara com o pé direito. As cabeças dos mortos foram exibidas em latas de querosene, puxadas pelos cabelos. Porém, na segunda fase, foram organizadas em um lençol branco estendido nos degraus da igrejinha de Nossa Senhora da Assunção, defronte o Quartel. Fotos entrevistas, discursos e bebidas minavam em Santana do Ipanema. Tudo só voltou ao quase normal, quando as cabeças foram transportadas para Maceió, via Palmeira dos Índios.
O interventor Pedro Gaia, assumiu o cargo, fez a primeira reforma da prefeitura e, entre outras coisas, abriu a estrada Santana do Ipanema – Águas Belas, Pernambuco, no roteiro Poço Salgado, Camoxinga dos Teodósio, Pinhãozeiro, zona rural do município em foco. Sua gestão durou apenas um ano, quando Pedro Gaia retornou a Palmeira dos índios.
Depois, o Batalhão de Polícia retornou a Maceió deixando o prédio ocioso e que foi transformado em escola com o nome de Ginásio Santana. A igrejinha de Nossa Senhora Assunção, monumento de passagem do século XIX para o século XX, continua impassível e imponente na praça que tantas vezes mudou de nome.
Falta a história de Santana no currículos escolares.

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O ARTIGO ABAIXO DO JORNAL DE RECIFE-PE


Por Antônio Corrêa Sobrinho

O ARTIGO abaixo, do Jornal de Recife (PE), publicado em 1925, jornal que, num momento raro, deixa de lado o hábito, por sinal, da imprensa em geral, de, sem quase nunca confirmar, atribuir a Lampião ou aos seus asseclas a autoria de crimes praticados no interior nordestino, para informar à sociedade o quanto o sertão pernambucano vivia infestado de bandoleiros, além da presença do já célebre, em 1925, Lampião, nomeando e mencionando, até, as regiões de atuação dos grupos cangaceiros. E assim procedeu o Jornal de Recife, penso eu, para tornar mais contundente sua crítica ao Estado, de ineficiente no combate à criminalidade no interior, postura própria de órgão de comunicação situado na oposição ao governo, que penso ter sido o caso.

É verdade que Lampião foi contumaz na prática delituosa, da mesma forma que é vero que anônimos criminosos foram chamados de Lampião pela imprensa.

PERNAMBUCO FEUDAL

O cangaceirismo é um problema que não foi ainda suficientemente levado a sério, suficientemente combatido pelos poderes públicos do Estado.

No interior do Estado campeia livremente, impunemente, sem coação de nenhuma espécie o cangaceirismo que tudo leva de vencida, que aniquila, sempre vitorioso, sempre feliz.

Não conhecemos para um povo que se diz civilizado, manchas mais indeléveis, atestados mais frisantes de sua barbaria, de sua decadência moral, do que essas que são dadas pelos bandoleiros.

Em estado com polícia, tribunais, justiça, governo, enfim, todos os órgãos que constituem a civilização, um bando de homens armados, sob a direção de um bandoleiro se lança a uma empresa trágica, horrorosa de destruir, de incendiar, de matar, de roubar e nada sucede a esses facínoras.

Vivem do crime e para o crime, como se vivessem para o desempenho de uma utilíssima profissão.

Vivem do mal e para o mal, como se vivessem do bem.

Vivem da dor e para a dor, como se vivessem para o prazer.

E os poderes constituídos, esses poderes, a quem o cidadão entrega confiante a guarda, a defesa de tudo que lhe pertence, assistem impassíveis, de braços cruzados o desenrolar de todas as cenas de vandalismo no interior do Estado e não dá um passo decisivo, enérgico, bastante firme para exterminar de vez, radicalmente essa onda de bandidos que vai conduzindo uma grande faixa de território brasileiro, às tristíssimas condições de um feudo, de uma senzala.

Documentos, algo, as nossas asserções.

O cangaceirismo está aumentando consideravelmente no interior do Estado.

Afora os grupos de Sipaubas e Pequenos há os dos Marianos, dos Horácios e dos Sabinos.

Os Pequenos assentaram o seu quartel general no Riacho dos Navios, em Flores; Os Horácios naquele mesmo município onde assassinaram ultimamente um digno cavalheiro, incendiando depois as casas e os cercados da pobre vítima; os Sabinos predominam no município de Belmonte, e os Sipaubas e Marianos em Vila Bela.

O grupo dos Sipaubas atacou no dia 30 de julho alguns almocreves, no lugar denominado Macambice do município acima citado, roubando vários fardos de algodão.

A fazenda que foi roubada vinha do município de Rio Branco e se destinava a Salgueiro e Jardim, como se sabe, localizados, respectivamente, em nosso estado e no Ceará.

O grupo dos Marianos é chefiado pelos irmãos Joaquim e João Mariano.

É terrível. É doloroso.

Em um estado civilizado viver-se sob o regime do trabalho, das armas, como se se vivesse em um feudo cercado de barões feudais, onde a vida não era mais do que a escravidão, a humilhação, a miséria.

Mata-se, rouba-se, incendeia-se no interior de Pernambuco, como se tudo isso fosse a coisa mais simples, mais natural da vida.

Até quando esse viver de horrores, de miséria, de degradação?

Jornal de Recife – 29.08.1925


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“O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANO


Autor Antônio Corrêa Sobrinho

"CORREIO DE ARACAJU" - 28/07/38 - SERÁ VERDADE?

Consta-nos com fundamento que, pela polícia alagoana, comandada pelos tenentes Bezerra e Ferreira, foram mortos, no povoado Angico, os bandidos LAMPIÃO, ROQUE, LUIZ PEDRO e mais sete cujas cabeças estão expostas na vila alagoana de Piranhas.

O livro “O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS. 

Como adquiri-lo:

Antonio Corrêa Sobrinho 
Agência: 4775-9
Conta corrente do Banco do Brasil: N°. 13.780-4

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BRIGADEIRO AVIADOR CEARENSE SE JUNTA AO GOVERNADOR DA BAHIA EM 1930 PARA CAÇAR LAMPIÃO! E O PADRE CICERO INERTE!



Padre Cicero e o Brigadeiro José Sampaio essa foto marca o inicio da aviação em Juazeiro do Norte, "Zé do Crato" era aviador de primeira e em seu Waco 21, fez feitos incríveis para a época.

Zé do Crato’, brigadeiro, caçador de Lampião, assessor hollywoodiano bissexto, pioneiro do mítico Correio Aéreo Brasileiro e cachaceiro dos bons, barrou o projeto americano Mucuripe Field em Fortaleza.


A figura do Major Brigadeiro do Ar José Sampaio de Macedo é um capítulo à parte na história da aviação do Ceará. Fundador e primeiro comandante da Base Aérea de Fortaleza, o brigadeiro Macedo foi o principal opositor ao projeto norte-americano Mucuripe Field, que previa a construção de um aeroporto no coração da Aldeota, bairro mais nobre da cidade de Fortaleza.

Conhecido por seus biógrafos como um homem destemido, que evocava audácia e muita coragem, Macedo foi personagem de muitas façanhas. Dentre elas figura a estranha passagem do brigadeiro como chefe de uma volante que tinha como objetivo a captura de Lampião e seu bando que, na época, causava terror em alguns municípios do interior baiano. A presença do militar cearense nessa perseguição ao “capitão” Virgulino Ferreira deveu-se a uma solicitação do interventor do Estado da Bahia, também cearense, Juracy Magalhães, que conseguiu sua disposição para tal fim. Outra aventura muito comentada nos meios aeronáuticos foi a passagem de Macedo por Los Angeles, na Califórnia, que tinha como missão trazer para o Brasil, via Chile, um grupo de seis aviões B-17.

Fonte: A história: João Melo: Via Danilo David Carvalho.


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LIVE 01 DE 08 ÀS 20 HORAS.

Por Aderbal Nogueira


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29 DE JULHO, HOJE ÀS 20 HORAS.

Por Aderbal Nogueira


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TRILHANDO O MESMO CAMINHO DE LAMPIÃO NO RIO GRANDE DO NORTE – AGORA A JORNADA SE TRANSFORMOU EM LIVRO!


ALGUMAS FOTOS QUE MOSTRAM A PESQUISA DE CAMPO QUE REALIZEI SOBRE A PASSAGEM DE LAMPIÃO POR TERRAS POTIGUARES, ALÉM DE OUTRAS ANDANÇAS. TODA ESSA EXPERIÊNCIA SE TRANSFORMOU EM MEU NOVO LIVRO – “1927 – O CAMINHO DE LAMPIÃO NO RIO GRANDE DO NORTE” – QUE LOGO ESTARÁ À VENDA.
Lampião e seu bando após o ataque a Mossoró.
Rostand Medeiros – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
Tempos atrás, em cinco ocasiões distintas e com focos distintos, eu percorri o mesmo caminho originalmente palmilhado por Lampião e seu bando no Rio Grande do Norte, cujo objetivo foi realizar o famoso ataque contra população de Mossoró.
Caminho percorrido na visão do fotógrafo e artista plástico Sérgio Azol, com quem tive a honra de trilhar esse chão.
A primeira vez que realizei essa jornada ela fez parte de uma consultoria que realizei para o SEBRAE-RN, onde percorri desde a cidade de Luís Gomes, na fronteira com a Paraíba, até Mossoró, sendo finalizada na zona rural de Baraúna, na fronteira com o Ceará. Houve outras viagens onde o trajeto foi percorrido no todo, ou em parte, com objetivos variados, mas a essência do caminho foi sempre o mesmo!
O chão do sertão nordestino na visão de Sérgio Azol.
Depois de um tempo de planejamento e execução, foi percorrido muito chão poeirento e visitado quase uma centena de sítios, comunidades, poucas cidades e entrevistadas mais de cem pessoas.
Sérgio Azol.
Em meio a milhares de fotos, um bom tempo de filmagens e de ter conversado com pessoas que dividiram seu conhecimento comigo, trago agora o resultado dessa maravilhosa experiência. Em grande parte deste trajeto, a motocicleta se mostrou um aliado muito mais eficiente para se alcançar esses distantes locais.
Com o Sr. Pedro Belo do Nascimento, Sítio Tigre, zona rural de Luís Gomes, Rio Grande do Norte. Na época da passagem do bando de Lampião, Seu Pedro percorreu as mesmas fazendas pouco tempo depois das depredações e sequestros realizados e viu muita coisa interessante. No alto dos seus 99 anos, encontrei no ano de 2009 um homem de voz grave, lúcido, que contou muita coisa com riqueza de detalhes e fumando um cigarrinho feito por ele mesmo.
O que de melhor ficou desse caminho foi a oportunidade de sentar e ouvir as memórias e sabedorias da gente do nosso sertão. De sentar com essas pessoas fortes e generosas ao extremo, de olhar em seus olhos e observar as buscas que eles realizaram em suas mentes, de maneira aberta e clara, em busca das informações do passado da sua gente e do seu lugar.
Jornal de Caicó, Rio Grande do Norte, noticiando a ataque em 1927.
Tudo isso para ajudar um estranho que eles nunca viram, mas que trazia algumas poucas informações de um passado remoto, que de uma forma e de outra fazia ligação com as histórias de seus antepassados.
Fazenda Campo, em Umarizal, Rio Grande do Norte, onde o bando esteve na manhã de 12 de junho de 1927.
Foi muito sol, muita história e muita poeira, mas valeu!
Junto ao agricultor Pedro Regalado da Costa e sua esposa. Seu Pedro para mim era uma memória viva da passagem do bando na comunidade Traíras, zona rural do município de Apodi, Rio Grande do Norte. Conheci Seu Pedro em 2010 e tornei a me encontrar com esse sertanejo em duas outras ocasiões e esse momentos foram memoráveis. Aqui estamos junto ao falecido cineasta mineiro Sílvio Coutinho, quando realizávamos as filmagens do documentário “Chapéu Estrelado”. Houveram tantos sonhos junto a esse documentário, mas não deu. Entretanto ficou na minha memória e no meu coração a realização de uma grande experiência, junto a um grande profissional!
Igreja de São Vicente em Mossoró, Rio Grande do Norte, marco da Resistência em 1927 ao bando de Lampião.
Foi na figura do comerciante Raimundo Francisco das Chagas (conhecido como “Raimundo Fernandes”),que conseguimos ótimos relatos na Comunidade Santana, Caraúbas, Rio Grande do Norte.
No Sítio Ponta da Serra, em Serrinha dos Pintos, Rio Grande do Norte, um dos locais atacados por Lampião. Na foto estou com os amigos Silvio Coutinho e Rivanildo Alexandrino, de Frutuoso Gomes.
No Povoado Cruz, na zona rural de Frutuoso Gomes, Rio Grande do Norte, encontramos em 2010 o agricultor Glicério Cruz e sua família. Aos 96 anos, seu Glicério continuava altivo e memorioso, onde recordou o medo das pessoas da região quando da passagem de Lampião e seu bando. Este agricultor lembrou com orgulho como participou da manifestação folclórica conhecida como Rei Congo, ou Rei do Congo, onde atuava no papel do monarca. Último remanescente deste grupo folclórico lamentou que a juventude não se interessava mais por este tipo de manifestação cultural e pelos conhecimentos e memórias dos mais velhos.
Mesmo quando passei por fazendas e sítios que não foram atacados pelo bando de cangaceiros de Lampião, encontrava marcas incríveis do povo do sertão nordestino,como aqui nessa foto, realizada na zona rural de Caraúbas,na fazenda São José, Rio Grande do Norte.
Em grande parte do trajeto a motocicleta foi o meu transporte, como na ladeira do Riacho Preto, em Felipe Guerra, Rio Grande do Norte.
Dona Maria Emília, no Sítio Panati, Marcelino Vieira, , Rio Grande do Norte, guarda em sua casa centenária o oratório repeitado pelos cangaceiros.
Nesta residência, na Fazenda Nova, zona rural do município de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, era comum a apresentação de cantadores de viola afamados da região e até de outros estados, onde o público se acomodava nestas toras de carnaúba colocados em forquilhas. Sempre era solicitado aos cantadores que narrassem à história do fazendeiro Antônio Januario de Aquino, que em 11 de junho de 1927, pediu a Lampião que não deixasse seus homens fazerem mau a suas três belas filhas e ele foi atendido. A fundo da fotografia vemos os contrafortes da Serra de Martins.
Vista da Serra da Veneza, a partir da estrada que liga as cidades de Pilões e Martins, ambas no Rio Grande do Norte. O ponto branco, marcado com um círculo negro, localizado praticamente no meio da serra, é uma capela dedicada a São Sebastião. Ela foi construída como uma promessa pelo fato de três famílias terem escapados incólumes das garras de Lampião.
Na bela cidade serrana de Martins, Rio Grande do Norte.
Capela de Santo Antônio. Construída 1901, estava em festa quando da passagem dos cangaceiros pela vila de Boa Esperança, atual município de Antônio Martins, Rio Grande do Norte.
Trincheira do prefeito Rodolfo Fernandes em Mossoró, Rio Grande do Norte.
Limoeiro do Norte, Ceará.
Dona Terezinha Queiroz, Sítio Juazeiro, zona Rural de Marcelino Vieira, Rio Grande do Norte. Ela me reclamou que os mais jovens da região não se interessavam mais pelas histórias da passagem de Lampião.
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Sérgio Azol – Foto meramente ilustrativa.
O agricultor João de Deus de Oliveira, de Felipe Guerra, Rio Grande do Norte, no caminho que segue para a ladeira onde o bando de cangaceiros galgou a Chapada do Apodi.
Após o sequestro de Egídio Dias, na zona rural do atual município potiguar de Lucrécia, um grupo de parentes e amigos tentou buscar seu resgate na antiga vila de Gavião, atual município de Umarizal. No trajeto o grupo encontrou o bando de cangaceiros e três homens foram mortos. As margens da RN-072, este monumento, conhecido como “A cruz dos três heróis”, lembra os falecidos.
Na zona rural de Lucrécia, Rio Grande do Norte, temos a casa do Sítio Serrota e os membros da família Leite em uma visita em 2010. Na noite de 11 de junho de 1927, o fazendeiro Egídio Dias da Cunha foi sequestrado pelos cangaceiros e sua esposa, Donatila Leite Dias passou por sérios apuros.
Reconhecimento a Egídio e Donatila Leite.
Os defensores de Mossoró.
Pelos caminhos do sertão potiguar.
Pelos Caminhos do sertão potiguar…
Sítio Arapuá, zona rural de Felipe Guerra, Rio Grande do Norte,onde conheci um pouco dos fatos relativos à passagem do bando, através das memórias do agricultor Edmundo Paulino da Silva (de óculos escuros),que se deixou fotografar junto aos seus familiares.
Na região do Sítio Carnaubinha, zona rural de Governador Dix-Sept Rosado, Rio Grande do Norte, onde próximo existia uma pousada conhecida como “Pouso de Pregmácio”, atacada pelos cangaceiros, o senhor Francisco Barbosa de Lima, conhecido em toda a região como “Caiolin”, aponta o caminho que seu pai afirmava ter sido originalmente percorrido pelo bando para realizar o ataque.
Paredão rochoso as margens do rio Apodi/Mossoró, onde existe uma cavidade natural denominada Taipa de Zé Félix. Aqui a família de Teonila Barra, veio procurar abrigo para fugir dos cangaceiros. Teonila era a proprietária em 1927 da fazenda do Mato Verde, saqueada pelo bando. Foto de 2015.
Em 2010, através da atenção e do apoio do amigo Júnior Marcelino, entrevistei o médico aposentado Francisco Javier de Lucena, conhecido na cidade serrana de Martins-RN como Dr. Lacy. Apesar de um pequeno problema auditivo encontrei um homem de rara inteligência, franco, aberto, de opiniões fortes e sinceras. Uma das melhores entrevistas que fiz até hoje. Informou muita coisa sobre a passagem do bando na região.
Uma pausa para um café. Aqui junto ao mototaxista Moisés Pautilho, de Luís Gomes, Rio Grande do Norte. Este sertanejo honesto e trabalhador rodou comigo em sua moto pelos caminhos de Lampião com segurança e satisfação.
Casa do Sítio Cascavel, na zona rural do município de Pilões, Rio Grande do Norte. Esta foi à primeira casa “visitada” pelo bando na manhã de 11 de junho de 1927.
Segundo os moradores da região, esta ermida, em honra a Jesus, Maria e José, foi uma obra edificada para o pagamento de uma promessa feita pela família do coronel Marcelino Vieira da Costa, proprietário da fazenda Caricé, por se salvarem do bando de Lampião.
Memorial da Resistência em Mossoró em 2017.
Casa da Fazenda Morcego, em Serrinha dos Pintos-RN. Abandonada e sem conservação em 2010.
Marca deixada pelo cano de um fuzil de um cangaceiro em uma das janelas da casa do Sítio Serrota. Batiam nas janelas e portas de madeira para assustar os moradores.
Às margens da rodovia estadual RN-117, na zona rural do município de Mossoró, no Sítio Lagoa dos Paus, encontramos o agricultor Expedito Evangelista de Oliveira, que narrou as agruras que seu sogro, João Abdias de Araujo, passou junto ao bando.
1927 – Defesas em Mossoró.
Ponte ferroviária de Mossoró, local importante na história do cangaceiro Jararaca no ataque de 13 de junho de 1927.
Junto ao amigo Sérgio Dantas, o qual seu livro “Lampião e o Rio Grande do Norte – a História da Grande Jornada”, foi meu principal guia nessa empreitada.