Como a gente quase não encontra material escrito sobre os cangaceiros Inocêncio Vermelho e João Calangro, e se você quiser saber mais sobre eles, é só adquirir este livro do escritor José Bezerra Lima Irmão: "Lampião a Raposa das Caatingas" que lá na página 46 fala mais um pouco sobre eles.
Gostaria de lhes informar que o nosso novo livro “1927 – O CAMINHO DE LAMPIÃO NO RIO GRANDE DO NORTE” se encontra a venda em Natal na livraria da Cooperativa do Campus da UFRN está com exclusividade na venda.
Essa livraria se encontra aberta de 9 da manhã as 15 da tarde, seguindo todas as orientações e procedimentos preconizados pelas das autoridades em relação a questão do COVID-19, conforme você pode ver nas fotos que lhe envio. O livro tem 375 páginas, 180 fotos e mostra o mesmo caminho que os cangaceiros percorreram em junho de 1927, os locais atacados e as histórias envolvidas. O valor é R$ 60,00.
Zé Joaquim era
um coiteiro de confiança de Lampião e Zé Sereno, à quem servia com atenção e
recebia destes, votos de confiança e certa vez lhe foi partilhado um plano para
emboscar o Tenente Zé Rufino. Sendo que, para fazer uma média e obter créditos
também junto à polícia, Zé Joaquim segredou ao temido Volante Zé Rufino, os
planos dos cangaceiros para emboscá-lo e eliminá-lo. Com isto, Zé Rufino se
esquivou da emboscada e como prometido ao delator, guardou o segredo lhe
confiado, mas a vaidade do ambicioso coiteiro se sobrepôs à prudência, quando
este, para se vangloriar, envaidecidamente passou a contar aos seus conhecidos
que o famoso tenente Zé Rufino só estava vivo graças à ele e que se não fosse
por ele o afamado caçador de cangaceiros já estaria morto.
Não tardou
muito e a notícia da traição chegou ao conhecimento de Lampião e Zé Sereno, que
indignados com a falsidade do coiteiro em quem confiavam, resolveram
aplicar-lhe a justiça do cangaço.
Certo dia, Zé
Sereno com seu bando, emboscou desta vez, o coiteiro traíra, agarrando-lhe e
amarrando suas mãos para trás, contando-lhe de seu conhecimento sobre sua
traição, momento em que o mesmo, covardemente jurou inocência, sendo tarde para
nova falsidade. Zé Joaquim foi humilhado como traidor e submetido à todo tipo
de tortura possível, foi espancado, teve seus dentes quebrados por murros e
coronhadas, teve suas orelhas decepadas, foi castrado e levado ao leito seco de
um riacho e lá foi morto à golpes de esporas e punhais, pagando assim um alto
preço por sua cobiça e astúcia.
João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce.,
29/08/2020.
UM ASSECLA DE LAMPEÃO, PRESO EM PARIPIRANGA E TRAZIDO Á CAPITAL
A horda de bandidos, chefiada por Virgolino Ferreira, continua a infestar a
zona sertaneja que o temivel facinora escolheu para campo de suas operações. Agora mesmo o bando sinistro se encontra no visinho Estado de Sergipe. Compõe–se de 23 caibras chefiados pelo terrivel scelerado: 20 homens e 3
mulheres, bem armados e municiados.
Ultimamente um dos asseclas do grupo, o bandoleiro José Soares Santos vulgo
“Campinas” entendeu de abandonar os companheiros de cangaço, fugindo – porque
só fugindo podia desertar – com destino a Paripiranga, onde descoberto por
agentes da Força Publica, foi preso e conduzido para esta capital. O bandido
que se acha recolhido ao xadrez da Praça 13 de Maio, á disposição do chefe de
Policia, declarou que fôra forçado, sob ameaça de morte, a seguir o grupo do
faccinora deixando–os assum que poude fazel–o. Diz–se analphabeto e haver
nascido no municipio de Paripiranga, antigo Patrocinio do Coité.
8 de janeiro de 1928, no “A Tarde”:
O CANGAÇO NO NORDESTE
“Campinas” diz–se Innocente – Mulheres temiveis acompanham os bandidos Noticiamos hontem a chegada a esta capital do bandido José Soares Santos vulgo
Campinas um dos componentes do grupo de facinoras chefiados por “Lampeão.” O
caibra, que se acha recolhido ao xadrez da Piedade, nega haver praticado
qualquer atrocidade no decorrer da sua malsinada carreira de bandoleiro do
nordeste. É o que dizem todos elles de resto, ao cahirem nas malhas da policia.
“Campinas” diz até que foi obrigado, sob ameaça d emorte, a acompanhar o grupo
de malfeitores,,, Só por medo de ser sangrado por Lampeão é que resolveu a
acompanhal–o.
As tres mulheres que integram o bando sinistro, segundo affirma José Soares dos
Santos, são habeis amazonas e manejam o rifle com incrivel destreza. Algumas
são tão crueis quanto os homens. Tomam parte nos assaltos e combates ao lado
dos bandoleiros, – mostram–se tão destemerosas como elles.
Quando o chapéu estrelado de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, cruzou a vista dos primeiros alpendres no sertão do Rio Grande do Norte, vindo da Paraíba, o destino do cangaceiro e seu bando já estava traçado: o plano era entrar em Mossoró, a cidade mais próspera do oeste potiguar em busca de dinheiro dos coronéis, tendo a ajuda do jagunço nativo Massilon que já tinha praticado assalto na região um mês antes. Mas a invasão fracassou e o fatídico 13 de junho de 1927 entrou para a história e o folclore do cangaço. A expulsão de Lampião foi registrada por historiadores e também pelos poetas nos versos de cordel, ressaltando o heroísmo dos mossoroenses que rechaçaram o famoso bando de cangaceiros de porteira afora.
Mas até chegar a Mossoró, por onde mais Lampião andou? Em menos de uma semana, o bando cruzou a cavalo um território que compreende 14 municípios do Rio Grande do Norte, incluindo Pau-do-Ferros e Martins, deixando um rastro de violência e impacto que o tempo não apagou da memória dos sertanejos. Foi preciso refazer todo esse chão para trazer à luz novas histórias, um desafio para o escritor e pesquisador Rostand Medeiros que agora chega ao livro “1927: O Caminho de Lampião no Rio Grande do Norte” (Caravela Selo Cultural, 375 págs.), com patrocínio do Edital de Economia criativa do Sebrae.
“1927: O Caminho de Lampião no Rio Grande do Norte” é divido em capítulos por dia em que os cangaceiros passaram pelas cidadezinhas. Era manhã de sexta-feira, dia 10 de junho de 1927, quando Lampião cruza a fronteira por Luís Gomes, trecho que hoje seria a BR-405. Sem polícia no encalço, eles então assassinam o lavrador Mané Chiquinho, dono da propriedade chamada Vaquejador. Foi a partir desse crime que as polícias da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará passaram a acompanhar o bando. Fatos importantes foram acontecendo no caminho até o ataque a Mossoró (dia 13) e a prisão e morte de Jararaca no dia 14 seguindo-se a fuga de Lampião para o Ceará.
Algo que se destaca neste livro é a reconstituição dos cenários mais antigos a partir das propriedades rurais. São sítios e fazendas centenárias de nomes curiosos que traçam um caminho de contornos semidesaparecidos: Sítio Bom Jardim, Sítio Diamantina, Fazenda Aroeira, Sítio Corredor, Sítio Gangorrinha, Fazenda Ausente, Sítio Saco, Fazenda Picada, Passagem de Oiticica, Fazenda Cacimba, Caboré, dentre muitas outras.
Idas e vindas
Há mais de dez anos Rostand segue o rastro de Lampião pelo Rio Grande do Norte. Só de viagens foram cinco. De motocicleta, de carro e com diferentes propósitos. A primeira em 2010 a convite do Sebrae-RN, para criar o roteiro de turismo cultural. “A pesquisa fez parte do projeto Pegadas de Lampião, uma ideia do superintendente do Sebrae Zeca Melo, que inclusive prefaciou o livro que estou lançando”, destaca.
Ao final da primeira jornada, o pesquisador entregou o resultado para a instituição e desde então vinha tentando publicar o texto. Até que em 2015 pegou novamente na estrada para participar das filmagens do documentário “Chapéu Estrelado”, do diretor Silvio Coutinho, como principal consultor. “Participei ativamente das filmagens a convite de Silvio, Iaperi Araújo e Valério Andrade e foram vários dias de muito chão, poeira e aprendizado”, conta o escritor.
Vale lembrar que ‘Chapéu Estrelado’ foi apresentado em Natal e exibido no Canal Brasil, que era o co-produtor do documentário junto com a Locomotiva Cinema e Arte. “Quando estava sendo preparado para percorrer os circuitos de festivais de cinema, inesperadamente Sílvio Coutinho faleceu de um ataque cardíaco no Rio e aí tudo parou. Hoje eu nem sei como está a situação dessa obra cinematográfica, lamenta.
Em 2017, de volta a estrada em companhia do artista plástico e fotógrafo potiguar Sérgio Azol, focado em uma coleta de material fotográfico para o desenvolvimento de uma exposição em São Paulo, onde Azol é radicado. A exposição também passou por Natal.
Histórias coletadas
Após esse tempo de vivência, o autor se voltou aos registros em cartórios, jornais de época e bibliografia anterior. Rostand destaca o livro de Sérgio Augusto de Souza Dantas, que foi “muito elucidativo sobre o caminho”. O livro em questão é “Lampião e o Rio Grande do Norte: A História da Grande Jornada” (Ed.: Gráfica Real, esgotado).
Além desse autor, foram consultados trabalhos de Raul Fernandes e Raimundo Nonato. E ainda os processos criminais abertos em Pau dos Ferros e Martins sobre os ataques dos cangaceiros, reproduzindo depoimentos dos cangaceiros Mormaço, Casca Grossa e Jararaca, nomes famosos que estavam no bando de Lampião à época.
“Nos depoimentos eles declararam que vieram para o Rio Grande do Norte por instância do cangaceiro Massilon e em nenhum dos depoimentos informaram alguma motivação diferente das ações que normalmente os cangaceiros efetuavam na época”, pontua.
Rostand ficou impressionado com o destaque dado pelos jornais de todo Brasil ao ataque a Mossoró e como a passagem do bando marcou de forma intensa as muitas comunidades que visitou. “Encontrei poucas pessoas que foram testemunhas diretas dos episódios, mas delas colhi depoimentos preciosos. Principalmente os filhos, que escutaram essas histórias nos alpendres das casas sertanejas antes da chegada do rádio e da televisão, que consegui ótimas memórias da passagem do bando”. O autor confrontou o depoimento dos sertanejos às informações que estavam nos livros, jornais e processos.
No livro Rostand reforça que o objetivo de Lampião no Rio Grande do Norte não era guerrear, mas tentar conseguir dinheiro com alguma aliança com os coronéis. “Lampião normalmente só se envolvia em contendas de outras pessoas se isso de alguma forma lhe trouxesse vantagem. Não podemos esquecer que Lampião sequer conhecia o Rio Grande do Norte e aqui não tinha inimigos.”
Para o autor a tentativa de invasão a Mossoró foi o maior combate da história do Cangaço em área urbana e, apesar de haver quatro defensores para cada cangaceiro, a chamada Resistência Cívica do povo de Mossoró contra Lampião e seu bando merece todas as loas.
Mas em acontecimento dessa magnitude não poderia deixar de existir controvérsias. “Uma foi sobre o destino do jovem cangaceiro Menino-de-Ouro. Este teria sido gravemente ferido no combate em Mossoró e por não suportar a dor teria pedido a Lampião que o executasse e assim foi feito. Mas o pesquisador Hilário Lucetti encontrou um idoso Menino-de-Ouro morando no sul do Ceará e sua história foi contada em um interessante livro de 1995”.
Outros temas
Rostand Medeiros é escritor, pesquisador e formado em Turismo, e escreve no blog Tok de História. Temas como Segunda Guerra também fazem parque do seu foco de pesquisa. Escreveu “Lugares de Memória: edificações e estruturas históricas utilizadas em Natal durante a Segunda Geurra” (Caravela), “Os Cavaleiros do Céu: A Saga do Vôo Ferrarin Del Prete” (Caravela), “João Rufino: Um Visionário de Fé”, dentre outros.
Contato com o autor para aquisição do livro: crfm1967@gmail.com
Um dado
curioso em Virgulino Ferreira da Silva, é que também recorria ao sobrenome
Lopes, ramificação familiar da sua genitora. No seu lado arte de pedreiro,
conforme se vê no reboco feito de barro, na casa de sua tia Chica Jacoza, em
Poço do Negro, proximidade de Nazaré, se lê no lado da parede, feito pelo
próprio punho, o seguinte”:
“Mestre
Virgulino Lopes da Silva, ano 1917”.
Nesta
assinatura Virgulino troca seu sobrenome Ferreira por Lopes. Outro historiador,
Frederico Pernambucano de Melo, também confirma que Virgulino usou esse
sobrenome Lopes, numa lista de eleitores numa votação em em Vila-Bela. Mas por
que?
Por pedigree,
status genealógico; a família Lopes tinha tradição de luta. podemos deduzir..
Esse sobrenome Lopes tem origens na genealogia da mãe, Maria Sulema da
Purificação, ou Maria Vieira, ou Maria Lopes, como era conhecida a genitora de
Lampião e que costumava dizer que “não tivera filhos para adoração dentro
de casa”.
A tradição
violenta da família Lopes- No final do século IXX, o prefeito de Flores,
município sede à qual pertencia Vila-Bela (hoje Serra Talhada), se negou a
cumprir ordens judiciais de entregar documentos do patrimônio de Vila Bela.
Como consequência, os líderes de Vila-Bela organizaram tropa armada e marcharam
sobre Flores para um “diálogo”, liderados por um tal Damião, e sob seu comando,
estava um certo Paulo Lopes, que já havia se destacado em combate ao Quilombo
da Pedra do Reino, em 1838, do beato João Antônio, em São José do Belmonte.
Em Flores,
Lopes e seus homens assistiram tudo impaciente e, simplesmente, abriram fogo
contra os defensores de Flores, também em armas, cujo prefeito entregou
rapidinho os documentos exigidos.
Quem era e de
onde veio esse Paulo Lopes?
Da região dos
Inhamuns, Ceará, que faz fronteira com o Pajeú, nas cercanias de São José de
Belmonte. Paulo Lopes residia em Vila Jardim (Ceará), e lá contam que aplicou
uma surra num oficial de polícia do estado. “E por galhofa, havia raspado
a barba do oficial apenas de um lado do rosto”, revela o historiador João
Gomes de Lira.
Em revide à
surra, segundo narra João Gomes, o padre de Jardim mandou 8 capangas darem uma
surra no Paulo Lopes. Isso foi feito. Reestabelecido, Lopes, saiu em busca de
vingança, matando seis dos seus algozes no Ceará. O sétimo foi morto em
Canhotinho(PE), e o último, 3 anos depois, no estado do Piauí.
Após matar
todos, retornou Paulo Lopes a Jardim para o ajuste de contas com o tal padre.
Levava uma nota das suas despesas feitas para tratar os ferimentos decorrentes
da surra que levara, ordenada pelo reverendo.
- “ Vigário,
vá agora celebrar missa no inferno para os seus companheiro, que há dias estão
lhe esperando”, foram as palavras finais de Paulo Lopes ditas ao vigário.
Depois desse
fato, Mudou-se Paulo Lopes para o lado pernambucano, se estabelecendo em
Vila-Bela, na famosa Serra Vermelha, onde participou de combates ao Quilombo da
Pedra do Reino, para debelar os fanáticos do lugar. Serra Vermelha, que no
futuro seria cenário de combates icônicos de seus descendentes.
Depois, um certo
Manuel Lopes, irmão de Maria Sulema da Purificação, ou Maria de Jacoza, mãe de
Lampião, chegou a ser Inspetor de Quarteirão, responsável por aplicar a lei,
nas cercanias onde vivia. Era assessorado pelos sobrinhos Antônio, Levino e,
principalmente, Virgulino, que vivia mais na casa do tio. Tanta afinidade, fez
Virgulino adotar o nome do tio, de quem recebeu rifles e pistolas e fora criado
por ele.
Os admiradores
do cangaço conhecem a tragédia do casal José e Maria Ferreira, mas poucos
pesquisadores se interessam por suas origens, como se conheceram, e o que
estava por trás da guerra que os irmãos Ferreira travavam contra Zé Saturnino e
a família Nogueira. O pai, José Ferreira, era um homem pacífico. O estilo
“pavio curto” de Antônio e irmãos, alguns apontam, foi herdado do temperamento
dos Lopes. O que realmente se sabe sobre os Lopes, especialmente sobre o
temperamento de Maria Lopes?
Essa
fotografia curiosamente para quem não sabe fica no sitio cantinho na divisa da
Paraíba com Ceará a frente da casa e a sala esta na Paraíba e a conzinha no
ceará.
Reza a lenda que Lampião andou por estes lados e geralmente ele não
atacava com seu bando no Ceará, e quando os moradores dessa casa notificava a
presença dos mesmos corriam todos para a conzinha.
Isso provavelmente não passe
de uma piada, mas é um fato curioso. Visto que Lampião era devoto de Pe. Cícero
e provavelmente ele realmente respeitava o Ceará.
Participação dos pesquisadores Antonio Amaury e Vera
Ferreira, neta de Maria Bonita e Lampião, em programa de TV, por ocasião de
divulgação de exposição do cangaço.
Hoje, 30 de agosto de 2020 está aniversariando o nosso amigo e futuro médico veterinário Filipe lá da cidade de Serrinha, no Estado da Bahia, filho do pesquisador do cangaço Antonio José de Oliveira.
Parabéns, Filipe!
As fotos pertencem ao acervo do pesquisador Antonio José de Oliveira.