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terça-feira, 1 de novembro de 2016

CANGACEIROS E VOLANTES - VISITAS INESPERADAS


As coisas no sertão do Nordeste brasileiro mudaram bastante, como tudo mudou, em toda localidade, com a evolução dos conhecimentos do homem. Hoje, poucas são as montarias que vemos usadas pelos catingueiros, nas estradas empoeiradas que cortam essa vasta região, só vemos as motos servindo-lhes de transporte.

Em vez do pote, há o filtro, o bebedouro e a geladeira. Em vez da moringa, da lata ou do galão, hoje temos a encanação com bombas e motores puxados a combustíveis ou energia elétrica... etc

Naquele tempo, na casa do cantigueiro tinha o pote, a quartinha e poucos canecos, copos, quando tinha para que ele, chegando da lida do roçado, saciasse sua sede. Olhava por vezes seguidas se existiam brasas acesas no fogão a lenha, colocava mais lenha e soprava, e soprava, para avivar o fogo e fazer um café, forte e adoçado com raspa de raspadura.


Quando o “Rei dos Cangaceiros”, já há muito havia atravessado as águas do “Velho Chico” para as terras da margem direita, devido às paragens da margem do lado esquerdo já não serem propícias para suas ações e descanso, escolhe a imensidão do Raso da Catarina como seu maior e mais segurou refúgio.

Os bandos de cangaceiros moviam-se constantemente a pé, usando o caminhar, devido deixar menos rastros e/ou ser mais fácil esconder os poucos que aparecessem, ‘furando mundo’, andando léguas e léguas, diariamente. Nessa constante movimentação obrigatória, eles iam e vinham e, muitas vezes, acabavam as reservas de comida e água que levavam. Faziam o reabastecimento do líquido precioso em pias, tanques, caldeirão, cacimbas, poços, rios, riachos e açudes localizados em diversas propriedades rurais. Às vezes, a rota que escolhiam, ou pela 'pressa' em que se encontravam, não dava para irem em um desses reservatórios naturais. Chegavam às humildes propriedades dos pequenos roceiros, bebiam e reabasteciam seus reservatórios.

Numa propriedade denomina Sabina, tinha uma tapera onde um casal de catingueiros residia. Ele, diariamente cumpria com suas obrigações rotineiras. Ela, do mesmo modo, dava conta das suas obrigações.

Falamos do casal chamado Manuel Teixeira e Lídia. Morada simples, vida simples, porém, eram mais dois heróis que sobreviviam as intempéries constantes do clima semiárido do sertão nordestino.

Certo dia, no despertar da aurora, Manuel, já de pé, e tendo tomado seu simples café, vai ao curral, tira o leite da vaca, ordenha, no cercado solta as criações e entra na mata a procura de madeira seca para servir de combustível para seu fogão a lenha... Sua esposa, Lídia, além de ter começado a preparar o almoço, nesse espaço de tempo, dá de garra ao pano da rodilha, pega a lata e vai buscar água em um barreiro próximo. Às vezes dava duas ou três ‘viagens’ para que o pote ficasse cheio.


Nesse mesmo dia, na metade da manhã, chegam no terreiro do casebre Lampião e seu bando. Sem nada perguntarem, nem pedirem licença, na maior algazarra possível, os cangaceiros adentram a choupana e vão direto ao pote.


Lampião se achega devagar e, quando já está bem perto da dona da casa, que tremia de medo, pergunta:

*“- Quantos canecos a senhora tem na casa?”

*“- Só dois!” - respondeu Lídia.

*“- Então sai todo mundo e só entra de dois im dois!” – Bradou o chefe para seus comandados.

A turba obedece e todos saem para o terreiro, retornam de dois em dois para dentro da pequena moradia. Saciam suas sedes e enchem seus cantis. Abastecidos os cantis e saciada a sede, o bando de cangaceiros agradece e partem para dentro da mata.

Dois dias após dessa ‘visita’, o casal é surpreendido por outra. Dessa vez tratava-se de uma volante comandada pelo sargento Euclides Flor e, como da outra vez, a casa de Manuel é invadida. Só que, dessa vez, o marido de Lídia é preso e surrado com um galho de Catingueira, árvore nativa da caatinga e bastante resistente, até abrirem-se várias feridas nas costas daquele pobre homem.


“(...)o sargento Euclides Flor chegou na Salina. A casa de Manuel e Lídia foi invadida. Manuel foi preso durante alguns minutos. Os soldados pegaram varas de catingueira verde e açoitaram as costas do roceiro(...)”. (“Lampião em Paulo Afonso” – LIMA, João De Sousa. 2ª edição. 2013)

Em determinado momento na história do cangaço, bastava ter a suspeita para que alguém fosse tido como coiteiro e levar um sério castigo. Só que, o que poderia Manuel e Lídia fazer contra o bando de cangaceiros? Nada. A não ser servi-lhes do que pedissem.

As costas do catingueiro ficou toda retalhada. Os ferimentos foram tratados com ‘água de sal’, folhas e compressas com remédio retirado da mata. Aquelas feridas sararam, as outras, as do sofrimento a da desonra que fora submetido jamais.

Depois da ‘visita’ que fizeram ao casal Manuel e Lídia, a volante segue no rastro do bando de cangaceiros, e vai em direção ao Povoado Tigre. Lá, no Povoado, os soldados assassinam Mané Sinhara e João Evangelista, conhecido por todos pela alcunha de Totó, e a esposa desse último... Nas quebradas do Sertão baiano, próxima ao Raso da Catarina.

Fonte * “Lampião em Paulo Afonso” – LIMA, João De Sousa. 2ª edição. Revisada e Ampliada. Paulo Afonso, BA. 2013


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Benjamin Abrahão
O canto do Acauã

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CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RN, CLÁUDIO SANTOS CARO SENHOR CLÁUDIO SANTOS,

Por: Andreza de Oliveira Andrade Professora do Departamento de História do Campus Avançado Prefeito Walter de Sá Leitão - Assu

Sua fala em defesa da PRIVATIZAÇÃO de uma UNIVERSIDADE PÚBLICA que presta relevantes serviços ao desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Norte como a #UERN só me pode fazer crer que se trata, primeiramente de um preconceito de classe, pois a UERN forma filhos e filhas da classe trabalhadora do RN. Mas não é qualquer classe trabalhadora, é notadamente, àquela que vive no interior do Estado, no seu sertão, no semiárido do alto Oeste, do Seridó, do vale do Assu, que não mora em Natal nem desfruta das benesses do capital na via costeira ou na zona sul de Natal. E é aí que se inscreve a segunda dimensão do preconceito: o geográfico. Muitos de nós professores/as e alunos/as da UERN somos filhos e filhas de operários/as e trabalhadores/as do campo, uma parcela da população em função da qual a grande mídia desse país e deste estado não sai em defesa. E quando o senhor, na condição de presidente do Tribunal de Justiça do RN, em entrevista, aponta a privatização da UERN como uma forma de reestruturar as finanças do Estado, fica claro que fala a partir do seu lugar social, colocando-se como representante de uma visão elitista da educação, a partir da qual estuda quem pode pagar e o custo de um curso de graduação não se resume ao valor de uma mensalidade. Certamente que o senhor pode pagar esse custo para seus filhos ou filhas, mas infelizmente meus alunos e alunas não tiveram a sorte de nascerem filhos/as de juízes desembargadores. E diferentemente do senhor que tem salário bruto acima de 40 mil reais por mês, a imensa maioria da população de nosso Estado é pobre, e negar-lhe a UERN é reforçar o abismo da desigualdade social no RN. Como professora, o convido a conhecer nossos/as alunos/as e suas histórias de vida. Venha a Assu, onde sou professora, vamos conversar com as pessoas, vá a Patu, Pau dos Ferros, Caicó, converse com a população da Zona Norte de Natal, pois é, a zona norte também faz parte da cidade e do Estado.


O Brasil e o Rio Grande do Norte precisam avançar na defesa e promoção da educação pública, gratuita e de qualidade, e nenhum cidadão ou cidadã bem intencionado pode defender o fechamento de instituições de ensino. Precisamos defender, trabalhar e lutar pela ampliação da quantidade e da qualidade destas instituições. 


Por último, gostaria de lembrar-lhe, caro desembargador, existe um mundo e um Rio Grande do Norte para além das paredes luxuosas e cheias de obra de arte dos tribunais, existe um RN que viaja de pau de arara, pega carona, come poeira, mas não deixa de ir para aula na UERN, é por esta parcela grandessíssima da população do Estado que sugiro que o senhor possa reavaliar seu ponto de vista e retratar-se com a população do Rio Grande do Norte. É por ela também que sigo minha luta cotidiana pela UERN e pelo direito de meus alunos e alunas terem uma formação de qualidade com desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão, mesmo sem tantos auxílios no meu salário entrego minha vida à minha profissão, pois julgo que através dela estarei semeando um mundo novo.

Paz e bem.

Andreza de Oliveira Andrade
Professora do Departamento de História do Campus Avançado Prefeito Walter de Sá Leitão - Assu

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O CANGACEIRO VOLTA SECA DIZ QUEM LEVOU MARIA BONITA PARA CONHECER LAMPIÃO.

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/12/entrevista-de-volta-seca-jornal-o.html
O cangaceiro Volta Seca

Ziraldo: 
- Cê lembra quando ele conheceu Maria Bonita?

Volta Seca: 
- Lembro. Foi em Santa Brisa. (Santa Brígida)

Jaguar: 
- Santa Brisa (Santa Brígida) fica onde?

Volta Seca: 
- Em Sergipe. (Bahia) 

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"Esta resposta indicando dois Estados é normal para uma pessoa sem instruções". 

Ziraldo: 
- Como é que foi a história, ela é sergipana também? (Baiana).

Volta Seca:
- É. Ela estava, nós estava hospedado lá na Maiada da Caiçara. Então, nós tava lá, aí a mãe dela disse assim: 

Dona Maria Deia mãe de Maria Bonita

- Capitão, a única pessoa que teria mais prazer de conhecer o senhor era a minha filha". 

Aí ele disse: 


- Não é nada difícil, eu ando por aqui, ela mora aqui"? 

Ela disse: 

- Não, ela é casada e mora em Santa Brisa. 

Ele disse: 

Se a senhora pode mandar chamar ela, eu estou aqui, até amanhã. Mas só fala com ela, que eu estou aqui. Mais ninguém, tá certa"? 


Aí ela mandou um irmão dela chamar. O menino chegou lá, chamou ela e ela veio. Quando chegou, a própria mãe levou ela lá onde nós estava, todo mundo acampado.

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NOTA PÚBLICA DA ADUERN : NÃO ACEITAMOS A PRIVATIZAÇÃO DA UERN!


A Associação dos Docentes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – ADUERN vem a público manifestar seu repúdio a declaração do presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, desembargador Cláudio Santos que, em entrevista concedida ao RN TV, primeira edição, no dia 31 de outubro de 2016, defendeu a privatização da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, como sendo uma alternativa para a crise financeira do Estado.

Tal discurso fere o Direito à educação pública e distorce o artigo 211 da Constituição Federal no que diz respeito às responsabilidades dos entes públicos com o ensino superior, ao mesmo tempo em que desconsidera a história de contribuição da UERN para a formação de profissionais de várias categorias em todas as regiões desse estado, dentre eles, bacharéis em Direito que atuam nas atividades essenciais à justiça. Essa Universidade tem um valor importante social, político e econômico para o estado do Rio Grande do Norte e para os filhos dos trabalhadores de diversos outros estados que tem na UERN o acesso ao ensino superior.

A proposta de privatizar um patrimônio público significa retirar de grande parte da população o acesso à formação profissional; significa também transformar o direito à educação em uma mercadoria para os que podem pagar. A UERN vem passando por um processo de escassez de investimento e desrespeito com os seus estudantes, funcionários, terceirizados e professores com os constantes atrasos salariais e nas bolsas. Esse quadro é reflexo do processo em curso nos últimos anos em que o ensino superior público tem recebido menos investimentos em detrimento de uma acelerada e intensa expansão de um ensino superior privado.

A ADUERN coloca-se frontalmente contra propostas dessa natureza, que buscam desqualificar o ensino público, gratuito e de qualidade e rejeita qualquer discurso que aponte para a privatização da nossa universidade.

A UERN é patrimônio público da sociedade potiguar!
Diretoria da ADUERN


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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ANGICO - HOMENAGEM AO SOLDADO ADRIÃO

Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=p4HpVTQm1Cc

LIVRO - A OUTRA FACE DO CANGAÇO - VIDA E MORTE DE UM PRAÇA


Autor: Antonio Vilela de Souza



PARA AQUISIÇÃO DO EXCELENTE LIVRO:

A presente obra custa R$ 20,00 (Vinte reais) + frete a consultar. Tem 102 páginas, fotos inéditas e está sendo comercializado exclusivamente pelo autor

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ou telefones: (87) 3763 - 5947 / 8811 - 1499/ 9944 - 8888 (Tim)

Ivanildo Alves da Silveira
Natal-Rn



Vídeo enviado em 1 de novembro de 2016
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LAMPIÃO E APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA EM CIMBRES

Por Junior Almeida

Cimbres é uma pequena vila que pertence ao município de Pesqueira, no agreste de Pernambuco, e está dentro das terras da reserva dos índios da etnia Xucuru, e foi nesse cenário, no Sítio Guarda, que conta a história que Nossa Senhora apareceu para duas adolescentes. Corria 6 de agosto de 1936 e o agricultor Arthur Teixeira mandou sua filha Maria da Luz Teixeira de Carvalho de 13 anos com Maria da Conceição de 16 fossem na mata perto de sua casa apanhar mamona. As meninas estavam assustadas com as notícias que davam conta do bando de Lampião na região, mas, foram mesmo assim, conversando justamente sobre isso. A menina Maria da Luz perguntou a Maria da Conceição o que ela faria se naquele momento Lampião chegasse ao local com seu bando. De pronto a garota respondeu que Nossa Senhora haveria de dar um jeito para o cangaceiro malvado não as ofender.


Ao proferir tais palavras, Maria da Conceição olhou em direção a serra e ficou algum tempo sem entender o que via e o que estava acontecendo. Viu no alto da serra uma bela mulher com uma criança no colo, que acenando com a mão as chamava até ela. Maria da Conceição apontou para o local mostrando a colega e descrevendo o que via. Maria da Luz também viu, mas as duas não foram até a mulher que as chamava. Voltaram pra casa assustadas. A princípio as meninas não disseram o que aconteceu, mas terminaram por revelar o que tinham visto. Arthur Teixeira, pai de Maria da Luz, quis repreender as meninas, argumentando que elas estavam enganadas, mas desistiu por conselhos da esposa. Junto com o casal, as meninas voltaram ao local da aparição. No mesmo lugar em que tinham visto a bela senhora, as meninas tornaram a vê-la, mas Arthur e sua esposa não viam nada. Como dessa vez as meninas estavam mais perto da gruta da aparição, perguntaram quem era aquela senhora, e ouviram como resposta:

-“Eu sou a Graça”.

As meninas perguntaram o que a Senhora queria ali, e Nossa Senhora disse que tinha vindo avisar que viriam três castigos mandados por Deus, e recomendou que o povo rezasse e fizesse penitência.

A notícia se espalhou rapidamente pela região e de toda parte chegaram fiéis e curiosos na esperança de também verem Nossa Senhora. Com três dias depois da primeira aparição parte do povo dizia que só acreditava se tivesse um sinal que todos pudessem ver. Tristes, as meninas então pediram à santa que ela desse um sinal que provasse que elas não estavam mentindo. A imagem concordou, e no dia seguinte, 10 de agosto, logo cedo, as meninas foram ao local e viram que saía água da rocha em frente ao lugar da aparição, além de duas pegadas na pedra, de uma mulher e de uma criança. As meninas ainda ouviram da Senhora que aquela água era “para curar doenças”. Felizes, as meninas foram pra casa a fim de dizer a mãe o que tinha acontecido.

As moças foram depois submetidas a exames psicológicos e declaradas “normais” pelo médico Lydio Parayba. A Igreja Católica, através da Diocese de Pesqueira, mandou o padre alemão José Kehrle, aquele mesmo que em 1923 impediu que Lampião acabasse o casamento da prima Maria Licor, em Nazaré do Pico, investigar a história. Ele sabendo que as meninas não eram alfabetizadas e, para ter certeza de que elas realmente estavam vendo a mãe do filho de Deus, fez perguntas em alemão e latim, e as meninas respondiam em português o que a aparição lhes mandava. Depois desses questionamentos, o padre Kehrle e o frei Estevão Rottiger, que também confiou no relato, acreditaram que as meninas realmente tinham visto Nossa Senhora das Graças, conforme registros no diário do padre Kherle, que dizia:

-“Elas pediram um sinal para que as pessoas acreditassem nas aparições. Desde então, começou a sair água de dentro da pedra, como uma fonte, e sai até hoje”.

Padre José Kherle juntamente com Frei Estevão foram os responsáveis pela entrada de Maria da Luz na vida religiosa, quando essa demonstrou interesse em servir a Cristo. Junto com Arthur, pai da menina, tentaram inscrevê-la no Colégio Santa Dorotéia em Pesqueira, que se recusou receber a vidente do Sítio Guarda, em Cimbres. Com a negativa da instituição, os padres escreveram às Irmãs Beneditinas de Caruaru, pedindo a admissão de Maria da Luz, mas antes das respostas os religiosos receberam convites do Colégio Santa Sofia, de Garanhuns, da congregação das Damas da Instrução Cristã, se prontificando a recebê-la. Maria da Luz viajou para Garanhuns onde foi aceita sem dificuldades.

Após alguns anos nota-se Nossa Senhora tinha escolhido Maria da Luz para servir a Deus e em dezembro de 1940, já se preparava para a primeira vestição, recebendo o nome de sóror Adélia, prestando votos no Recife, de onde percorreu várias casas da congregação em Nazaré da Mata, Campina Grande, Carpina, Vitória de Santo Antão e Itamaracá. Irmã Adélia faleceu no Hospital Português na capital pernambucana em 13 de outubro de 2013 aos 91 anos de idade e foi sepultada no Cemitério de Santo Amaro naquela cidade.

*Fotos: Lampião, Padre Kherle, NS das Graças e Irmã Adélia.

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O DELEITE DE VOLTA SECA O PASQUIM ENCOSTA NA PAREDE O "JÉSSE JAMES" DO NORDESTE.


Quando a estrada chegou ao Sertão um tipo de banditismo e rebelião estava fadado a desaparecer. O cangaço morreu de morte natural, substituído por outros tipos mais sofisticados de rebelião e assim vai a vida e assim todo o mundo e a Lusitânia. 

Alguns homens, poucos, sobraram para contar a história. Entre eles a figura pequena, frágil e ainda perplexa de Volta Seca, que matou pela primeira vez aos 10 anos, entrou para o bando de Lampião aos 11 e foi preso e condenado à prisão perpétua (minto, há 145 anos) aos 14. 

Aqui está ele, entrevistado pelos cabras D'o pasquim, lembrando a dor, a injustiça, a luta contra a morte dia a dia, revivendo as angústias do Sertão na paz de uma casa em Santa Cruz (zona rural do Rio), cercado pela mulher e pelos 13 filhos. (Millôr).

Clique no link abaixo e leia a grande entrevista que o cangaceiro Volta Seca cedeu aos jornalistas do jornal "O Parquim". Não afirmo ser tudo verdade, mas é uma longa entrevista.

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ARIEVALDO RELANÇA CORDEIS PELA QUEIMA-BUCHA - A história completa do navegador João de Calais através da produção cordelística de Arievaldo Viana

Por José Romero de Araújo Cardoso

Entre as muitas estórias europeias difundidas no Novo Mundo uma das que mais profundamente marcaram o imaginário popular refere-se às aventuras do humanitário navegador João de Calais.

No sertão nordestino, quando não havia jornais, rádios, televisão ou qualquer outro veículo de comunicação, foram diversos agentes os responsáveis pela disseminação e encantamentos do povo da hinterlândia pela fantástica estória, a qual teve sua origem registrada provavelmente pela desditada francesa Madalena Angélica Poisson, a Madame Gómez.

Câmara Cascudo, em célebre e importante opúsculo intitulado Cinco Livros do Povo, enfatiza que a maior informação portuguesa sobre João de Calais devemos a Teófilo Braga, referendando-se em trabalho de autoria desse intelectual lusitano, publicado em Lisboa, no ano de 1885, o qual traz o título de O Povo Português nos Seus Costumes, Crenças e Tradições (II).

Cascudo não deixou ainda de fomentar dúvidas a respeito da real autoria das aventuras e desventuras de João de Calais, baseando-se em informações colhidas por Mme. Monique Cazeaux-Varagnac, alicerçadas em pesquisas do estudioso francês Antoine Barbier, as quais apontam para um certo Jean Castillon, provavelmente um pseudônimo de autor anônimo, como o verdadeiro autor da história que cativa há séculos boa parte da raça humana, sobretudo no denominado ocidente, cuja conceituação tem fortes vínculos europocêntricos.

Contadores de estórias, repentistas, violeiros e cordelistas, os quais desfrutavam de imenso prestígio em fazendas, vilarejos e povoados espalhados pela imensidão das caatingas nordestinas, são os responsáveis pela popularidade que a fábula europeia granjeou, a qual ainda se reflete extraordinariamente, pois gerações sucessivas que aqui habitaram a tornaram imortal, espelhando importante fomento à cultura popular regional.

Câmara Cascudo, em razão da extrema seriedade de suas importantes notas sobre a História de João de Calais, destaca que a versão original trazia sua ambientação no reino português, modificando-se quando da tradução, visto que houve alteração da feição da redação de Madame de Gómez, substituindo o porto de Lisboa e o reino de Portugal pelo porto de Palermo no reino da Sicília.

O cerne que norteia a História de João de Calais está na valorização de valores humanos, efetivados de forma proeminente pelo protagonista. O herói, cansado de incursões de piratas argelinos, conforme ainda Câmara Cascudo, decidiu combatê-los e expulsá-los, terminando por se perder em terras estranhas, cujos valores considerados negativos foram combatidos pelo navegador.

Filho único de um rico comerciante, João de Calais se compadece da triste sina destinada a um cadáver de homem cheio de dívidas, resgatando ainda moças raptadas por piratas.

Constanza e Isabel são libertadas pelo navegador, sendo a primeira desposada por João de Calais, embora omitindo sua linhagem nobre, visto se tratarem de princesas. Retornando a Calais, João amargou humilhações do genitor, o qual pensava ser a nora reles plebéia. Na tentativa de separar o filho da amada, o rico mercador contribuiu para que a verdade viesse à tona, quando o navegador João de Calais ruma para Palermo, a fim de implementar os negócios da família.

A história do amor de João de Calais e da princesa Constanza tem a primazia de dar ênfase à complexidade da natureza humana, fundindo amor verdadeiro, ódios, intrigas, traições e desencontros. O final feliz da história, fomentado na maioria das vezes, em razão de que, para agradar o povo, fazia-se necessário buscar a vitória do bem dentro da essência maniqueísta que permeia boa parte dos contos de época, invoca o sobrenatural, quando João, depois de anos perdido em uma ilha deserta no mediterrâneo, após ter sido atirado de um barco por um primo de sua esposa, de nome Florimundo, quando atravessavam violenta tempestade, é ajudado pela alma do morto que lhe deixou compadecido, impedindo-se dessa forma o casamento de Constanza com o perigoso parente.

Em cento de vinte e sete estrofes, Arievaldo Viana Lima segue perfeita sincronia entre rima e métrica a fim de contar a história completa do navegador João de Calais, em folheto que traz o número sessenta e dois da Coleção de Cordel publicada pela Editora Queima-Bucha. O trabalho traz xilogravura de capa do próprio autor, cuja publicação se concretizou em dezembro de 2005.

Aproveitando inspiração singular em um dos mais importantes livros do povo, cuja divulgação tem um profundo vínculo histórico com a cultura popular, Arievaldo Viana proporciona momento antológico à autêntica Literatura Nordestina, cujos parâmetros gerais se encontram na estreita relação com o processo de identidade que fomenta o reconhecimento regional de forma extraordinária.

(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial e em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. 


História Completa do 
Navegador João de Calais


Peço às musas que povoam
As regiões siderais
Que derramem sobre mim
Os seus raios divinais
Para eu falar novamente
Do Herói João de Calais

Porque diversos poetas
Já exploraram esse tema;
(Versou Severino Borges
Damásio fez um poema...),
Sendo o tema universal
Escrevo aqui sem dilema.

E Manoel Baraúna
Foi outro que aproveitou
O belo conto europeu
Que de França nos chegou
Sendo Angélica Poisson
Que em prosa o publicou

ARIEVALDO VIANA, poeta popular, radialista, ilustrador e publicitário, nasceu em Fazenda Ouro Preto, Quixeramobim-CE, aos 18 de setembro de 1967. Desde criança exercita sua verve poética, mas só começou a publicar seus folhetos em 1989, quando lançou, juntamente com o poeta Pedro Paulo Paulino, uma caixa com 10 títulos chamada Coleção Cancão de Fogo. É o criador do Projeto CORDA CORDEL na Sala de Aula, que utiliza a poesia popular na alfabetização de jovens e adultos. Em 2000, foi eleito membro da ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL, na qual ocupa a cadeira de nº 40, patronímica de João Melchíades Ferreira. Tem cerca de 50 folhetos publicados e é autor de três livros: O Baú da Gaiatice, São Francisco de Canindé na Literatura de Cordel e Mala da Cobra - Almanaque Matuto.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LIVRO DE ESTRIPULIAS

*Rangel Alves da Costa

Pra quem não sabe o que seja, vou logo dizendo o que é estripulia. Nada mais que travessura, desordem, traquinagem, peraltice. Daí que o presente escrito também poderia se chamar de livro das peraltices ou das traquinagens. Ou ainda: as travessuras atravessadas num mundo pelo avesso.

E livro porque relatos contidos nas páginas do dia a dia, nos cotidianos e aventuras de crianças e adultos. Não há uma só pessoa que algum dia não tenha praticado uma estripulia, feito uma traquinagem, enveredado em travessuras. Mais presentes nas fases das criancices e adolescências, mas também constantes até em pessoas já envelhecidas.

Cheio de estripulia assim como um primo meu. Caçador de passarinhos, eis que recebeu uma encomenda de um azulão bonito, cantador, com penas bem azuladas, e para ser entregue dentro de uma semana. Dizendo que seria fácil demais, combinou o dia e hora da entrega. Só que a coisa não foi ficando fácil como lhe parecia.

Já próximo a chegar o dia do repasse do azulão bem azulado e cantador, e nada de encontrar o passarinho na medida. Sequer um azulão desazulado conseguia encontrar. Virava de canto a outro com arapuca na mão e nada de tocaiagem. Quase não dormiu na noite anterior ao compromisso. Revirou e desvirou, até que se viu com uma solução na cabeça. Ao levantar cedinho, logo começou a colocar o plano em ação.

Conseguiu tudo fazer conforme o planejado, e de repente já estava com o azulão bem azulado na gaiola. Ao meio-dia fez a entrega e recebeu o dinheiro. Mas como ele conseguiu? Agora conto. Sem ter conseguido o pássaro original, catou um pardal e tacou-lhe tinta azul de caneta. O bichinho ficou num azulado tão grande que chegava a brilhar, e sem que a tinta se desprendesse das penas. Mas uma semana depois foi desagradavelmente surpreendido.

Com efeito, o comprador tapeado bateu à sua porta com um pássaro à mão e perguntando o porquê de o azulão bem azulado ter se transformado em pardal pardacento. Assustado com a descoberta e principalmente com a batida do enganado à sua porta, o espertalhão só encontrou essa para se sair: Mas você está é brincando comigo. Leva um azulão azulado e me chega reclamando com outro passarinho na mão. E você sabe que passarinho é esse aí? Um curió, dos bons.


Ao ouvir a palavra curió, um pássaro famoso e desejado pelo canto maravilhoso que possui e, por isso mesmo, sempre muito caro, o enganado se enganou ainda mais. E logo se imaginou com uma verdadeira fortuna. Então não quis nem mais falar no azulão desazulado, arrumando desculpa para ir embora, de modo que o espertalhão não desejasse o passarinho de volta. E saiu numa correria só. Olhava para o bichinho e pedia que cantasse. Mas pardal não canta.

Outro cabra cheio de estripulia foi o coiteiro Torquato. Toda vez que a volante chegava à sua procura pra forçá-lo a dizer onde estava escondido o bando de Lampião, era melhor nem ter ido. A força policial sempre saía no prejuízo, senão corrida com rabo entre as pernas, como se dizia por lá. Certa feita, o coiteiro estava sentado na malhada quando mais de vinte policiais surgiram repentinamente de dentro da mata. Estava pinicando fumo para um cigarro de palha e assim continuou, sem ao menos se incomodar com a presença de tantas armas em sua direção.

Assim que o chefe da guarnição fez menção em falar, o coiteiro rapidamente levou o dedo à boca, como se pedisse silêncio, e com um dedo da outra mão apontando numa direção. Então, ciente de sinal, a volante saiu em disparada para o local indicado, entrando na caatinga e sumindo. Logicamente sem saber que havia sido enganada. E como enganada foi quando o coiteiro espalhou na região que o bando de Lampião ao invés de se esconder agora estava caçando a volante, com a cangaceirada doida pra comer no dente cada samango que encontrasse. E mais de cem homens caçando a polícia por todo lugar. Ao saber dessa história, e sabendo que os seus vinte e poucos homens não dariam cobro à cangaceirada, o comandante abriu a porteira e deu o salve-se quem puder. E foi uma correria de soldado que chega a poeira subia.

Menino dá nó em cadarço de sapato de quem adormece pelas calçadas e depois, de longe, joga pedra para acordar, todo mundo sabe disso. Quando acorda assustado e logo vai levantar para saber do acontecido, o cabra tropeça nas próprias pernas e se estrebucha no chão. E lá longe o menino se acaba de tanto rir. Mas depois silencia e vai em busca do quintal mais próximo. Depois de pular a cerca, cuidadosamente começa a subir em goiabeira, em mamoeiro, em jabuticabeira. Certa feita, estando lá em cima, de repente avistou embaixo a dona do quintal já de vassoura à mão. Bastava descer e tomar umas vassouradas. Então escolheu o mamão mais maduro e arremessou lá de cima.

Depois desceu e saiu avoando. Enquanto pulava de canto a outro, a velha senhora tentava se limpar da papa de mamão por cima de tudo.

Escritor
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ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA C O N V O C A Ç Ã O


A Diretoria da Associação dos Docentes da UERN – ADUERN/Seção Sindical do ANDES/SN, no uso de suas atribuições legais e regimentais, CONVOCA todos os professores da UERN para participarem da Assembleia Geral Extraordinária, que se realizará na Área de Lazer Prof. FRANCISCO MORAIS FILHO, no dia 04 de novembro de 2016, sexta-feira, em primeira convocação, com 20% do número de sindicalizados, às 08:30 horas, em segunda convocação com 10% do número de sindicalizados, às 08:45 horas, ou, em terceira e última convocação, com qualquer quorum, às 09:00 horas, oportunidade em que serão apreciados os seguintes pontos de pauta:

1.     INFORMES;
2.     INDICATIVO DE GREVE.

    Mossoró (RN), 01 de novembro de 2016

Prof. Lemuel Rodrigues da Silva
Presidente
Jornalista
Cláudio Palheta Jr.

Telefones Pessoais :

(84) 88703982 (preferencial) 
Telefones da ADUERN: 

ADUERN
Av. Prof. Antonio Campos, 06 - Costa e Silva
Cep: 59.625-620
Mossoró / RN
Seção Sindical do Andes-SN
Presidente da ADUERN
Lemuel Rodrigues


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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BUSTO DE LAMPIÃO SERÁ COLOCADO NO PARQUE DE LUIZ GONZAGA


O gonzagueano Maniçoba, da cidade de Caruaru-PE, presenteou o Parque Cultural O Rei do Baião, da Fazenda São Francisco, município de São João do Rio do Peixe-PB, com um busto de Lampião, que será entregue ao no dia 12 de dezembro próximo.

A diretoria do Parque O Rei do Baião está preparando uma grande festividade para recepcionar o busto do “Rei do Cangaço”, juntamente com uma grande comitiva de gonzagueanos de todos os recantos do Nordeste, já que esse é um presente de grande valia para a instituição.

O próprio artista Maniçoba fará a entrega desse valoroso prêmio.

http://www.caldeiraodochico.com.br/busto-de-lampiao-sera-colocado-no-parque-de-luiz-gonzaga/

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso


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LAMPIÃO ERA UM HOMEM SIMPLES E DEDICADO À SUA FAMÍLIA

Por João Martins

Lampião era uma figura máscula e fascinante. Tinha a personalidade e o magnetismo de um verdadeiro chefe. No contato pessoal, era um homem simples e amável, dedicado a todos da sua família. Ele se tornou um “fora-da-lei” por força das circunstâncias. 

José Ferreira da Silva pai de Lampião - Foto redesenhada por Diin Laden

O seu pai, que era um homem bom e pacato, sofreu perseguições sem conta, por questões políticas, e teve de mudar com toda a família, várias vezes, abandonando as suas terras, o que, para um sertanejo, é o pior castigo. Por fim, tendo ido viver em outro Estado, Alagoas, nem mesmo assim pôde ficar em paz. Foi assassinado pela Polícia.

Maria Sulena da Purificação mãe de Lampião - Foto redesenhada por Diin Laden

A mãe de Lampião morrera poucos dias antes, também em consequência da perseguição que lhes era movida. Diante disso, Virgolino tornou-se Lampião. Não tinha para quem apelar, não tinha a quem pedir justiça. Resolveu fazer justiça pelas próprias mãos e não pôde mais parar.

Ele foi um produto do meio e das condições sociais da época. Não era um tarado, um assassino nato, um lombrosiano. Uma vez morto, à traição, envenenado, pois não é verdade que tenha morrido em combate ou que tenha sido pegado desprevenido, tanto ele quanto Maria Bonita foram decapitados, como se sabe.

http://www.memoriaviva.com.br/ocruzeiro/06061959/060659_2.htm

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