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sábado, 4 de janeiro de 2020

CANTOS MOLHADOS NA ÁGUA DO RIO

*Rangel Alves da Costa

Das casas e casinholas de calçadas altas - e assim como proteção no passado contra as cheias grandes -, as mulheres vão descendo levando trochas, baldes, sacos, roupas e panos apertados em nós. A sujeira dos dias e das noites, os suores e os respingos cotidianos, as nódoas e os encardidos, tudo vai sendo levado para ser lavado nas correntezas do rio. Noutro apetrecho, o sabão em barra e a tábua curta de bater. Assim que chegam as beiradas, espalham tudo pelo chão e se preparam para os ofícios. Os afazeres das lavadeiras, das mulheres do rio.
Sempre caminham a locais conhecidos. Locais de pedras são os mais propícios tanto para sentar enquanto lavam como para bater e estender os panos. A fundura das águas sempre um pouco acima ou abaixo dos joelhos, de modo que nenhuma correnteza possa desequilibrar e surpreender. Pano na cabeça por causa do sol, força nos braços e maestria no que vai fazer. Corre-se o risco de as águas levarem as roupas. É preciso cuidado. Pano pequeno é juntado num balde e aí mesmo deixado soltar a sujeira. Depois é só trocar por água nova, umas três vezes, sempre esfregando um pouco, até que as sujeiras sumam de vez. Com pano maior é diferente.


Panos e roupas maiores exigem tratamento diferenciado. Primeiro são jogadas no raso para que a umidade vá chacoalhando a sujeira. Depois disso, uma a uma é ensaboada e esfregada, batida se for roupa grossa, para em seguida afundada na água e pronta ficar para ser estendida. Como nem sempre há varal na beirada, tudo é que pano é estendido nas pedras ou mesmo por cima dos matos ralos ou gramas que existam ao redor. E a secura vem num instante. Ainda que em margem molhada, sempre úmida, o vento e o sol são de presença tão forte que logo os panos já estarão querendo voar. Após tudo isso, ainda o cuidado de dobrar peça a peça e então retornar tendo na cabeça o punhado de roupa limpa. Se vai passar ferro outra questão.
Contudo, por mais que cada passo de tais ofícios seja maravilhosamente encantador, vez que tudo feito num simplicidade e numa maestria sem igual, a verdade é que nada se compara ao que as mulheres do rio fazem durante todo esse percurso de afazeres. Está no seu canto, no costume passado de geração da cantoria na beira do rio, que se vislumbra a real beleza nos ofícios das lavadeiras. Naquelas mulheres de luta e de sofrimento, naquelas senhoras cicatrizadas de tempo, naquelas jovens sem tempo de muita felicidade, o que se tem mesmo é o cantor como prazer e devoção. Vozes suaves, vozes serenas, vozes passarinheiras, vozes de refinado canto. E nada de canção recolhida de disco ou de rádio, nada de canção da moda, pois tudo retirado nos velhos baús dos antepassados.
Não sou ribeirinho do Velho Chico, não vivo, por exemplo, às margens de Curralinho, Bonsucesso, Cajueiro ou Jacaré, não sou aldeão nem tenho barco ancorado nas beiradas molhadas das correntezas, mas encanta-me o canto das lavadeiras. Aquelas mulheres simples, aquelas moças humildes, aquelas meninas lindas, uma gente queimada de sol e de sonhos, molhada de água e de força de luta, tudo ali perante seus panos, suas roupas, suas vestimentas, e lançando-as nas águas, enxaguando, estendendo, tudo na beirada do rio. E para fugir do cansaço, da batalha renhida, ou mesmo pelo prazer da música ou para rebuscar saudades, eis que vão entoando seus cantos.
Os cantos das lavadeiras são músicas angelicais, são melodias brotadas n’alma, são ecos exalando tão singelos amores que nem as sereias teriam cantar mais belo. E dizem até que as moças das águas sobem das profundezas e, escondidas entre as pedras, começam a se maravilhar com tamanha magnitude de canto. Sim, só quem já ouviu uma canção de lavadeira sabe a magia daquela plangência que mais parece um cardume florido bailando no espelho das águas.


“Eia seu moço distante, que me deixou na saudade, mais que amor e amante era de mim a metade. E no barco vou, vou buscar você, já não mais estou, quero estar com você...”. “Padeço de angústias e mágoas, meus olhos são rios transbordando de águas, já não sei viver pensando em você, que venha nesse rio me causar arrepio. Sou a gaivota dessa solidão, lavando a dor e estendendo no chão, por causa de um amor que me causa aflição...”. “Ainda sou donzela, não duvide não, sou moça de janela, sou de cama não. Pra beijar minha mão tem que ter anel, tem que ter devoção até chegar ao céu...”.
E assim as roupas vão sendo ensaboadas, esfregadas, molhadas, enxaguadas, balançadas, batidas, estendidas. E assim as mulheres, dos beirais lavadeiros, na luta lavadeiras, vão entoando canções aos ternos corações, aos remansos das águas.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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REVIRANDO O BAÚ.


Por Geraldo Júnior

Começando o ano trazendo uma grata lembrança do batizado de Ubiratan (Bira), neto do casal cangaceiro Sila e Zé Sereno, filho de Ivo Ribeiro e Tercilia Teco de Sousa.

Na fotografia a começar da esquerda estão:

Sila (Ilda Ribeiro de Souza), Ivo Ribeiro da Silva (Filho de Sila e Zé Sereno) e sua esposa Tercilia Teco de Souza, dona Nena (Mãe de Tercilia) Gilaene "Gila" de Sousa Rodrigues (Filha de Sila e Zé Sereno) e seu esposo Arthur Rodrigues. O casal na extrema direita são os pais de Arthur Rodrigues (Dona Albertina e Sr. Luiz). A criança é o Ubiratan (Bira) filho do casal Tercilia e Ivo Ribeiro, de saudosa memória.

Fotografia gentilmente cedida por Tercilia Teco de Sousa.


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PESQUISA EM CASA ATACADA POR LAMPIÃO


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CINE JANDAIA DE MOSSORÓ


Pertencia à Sociedade de Cinemas de Mossoró com três casas: Cine Jandaia, Cine Caiçara e Cine Miramar de Areia Branca, além da Rádio Difusora de Mossoró e Editora Comercial, sendo os proprietários: Renato Costa, Paulo Gutemberg de Noronha Costa irmão do primeiro e de Milton Nogueira do Monte. 

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UMA EXCELENTE ENTREVISTA COM ANTROPÓLOGA E PROFESSORA-DOUTORA ALAGOANA LUITGARDE OLIVEIRA CAVALCANTI BARROS.

https://www.youtube.com/watch?v=5nokJn45uP8&feature=youtu.be&fbclid=IwAR08zdBjjjs3FJSntv101QRpRS0cJenewPrnoJFQ4TmbtE3eZAQEnD64ZX8


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SAUDADE DO CANGAÇO? CREIO QUE NÃO!


Por Geraldo Júnior

Um flagrante de Sila (Ilda Ribeiro de Souza / Hermecília Brás São Mateus) ou simplesmente Sila de Zé Sereno, antigos componentes do bando de Lampião.

Sila, como sempre muito elegante, aparece a direita na fotografia. Um registro de data de registro desconhecido, mas que acredito que tenha sido registrada entre as décadas de sessenta e setenta.

Fotografia gentilmente cedida por Gilaene "Gila" de Sousa Rodrigues, filha do casal cangaceiro Sila e Zé Sereno, de saudosa memória.

Mais uma fotografia inédita e exclusiva dessa personagem cangaceira que através de seus depoimentos prestados no decorrer de sua vida, prestou um grande e importante serviço ao que diz respeito ao resgate e construção da história do cangaço.



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A MORTE DOS PAIS DE LAMPIÃO

Por Sálvio Siqueira

Para entender-se melhor o que ocorreu naqueles idos dias, se faz necessário retroceder mais um pouco no tempo.

José Ferreira casa-se com Maria Lopes, Maria Vieira da Soledade. Segundo alguns autores, dona Maria casou grávida e o pai da criança não era José Ferreira. Dona Maria trabalhava em uma fazenda e o dono dessa, tendo relações sexuais com ela, a engravida. Não podendo mais continuar trabalhando e morando naquela fazenda, devido à família do latifundiário morar na propriedade, dona Maria recebe uma propriedade, sítio Passagem das Pedras, que se situa na margem direita do riacho São Domingos, no município de Vila Bela, hoje Serra Talhada, PE, como bônus do fazendeiro. José Ferreira, homem de respeito, gostava de dona Maria Lopes. O fazendeiro vai até ele, no sítio Baixa Verde, no município de Triunfo, PE, de sua propriedade e faz-lhe a seguinte proposta: dele casar com dona Maria, eles receberiam a propriedade, ele registraria o criança como sua e iriam viver suas vidas. José Ferreira aceitou. Dessa gravidez nasceu, em meados de 1895, Antônio Ferreira, primogênito de dona Maria Lopes.


Na sequência das suas vidas, nasce em finais de 1896, Levino Ferreira, segundo filho de dona Maria Lopes e primogênito de José Ferreira. Pouco tempo depois, em meados de 1897, no registro civil, certidão de Nascimento e 1898 na certidão do batistério, vem ao mundo Virgolino Ferreira. Consequentemente, por casais daquela época levar a risca o que está escrito no livro Sagrado, “crescei e multiplicai-vos”, esse não fora exceção, pois foram pais d’uma prole de nove filhos, sendo cinco homens e quatro mulheres, fora, não sabemos dizer, se houve algum nascimento de feto morto ou mesmo abortado.

Pois bem, os filhos do casal José e Maria brincaram, divertiram-se, igual qualquer outra criança naqueles idos dias nas quebradas do Sertão nordestino, mais precisamente no vale do Pajeú das Flores.

Na escola, além de destacar-se sobre os irmãos no aprendizado mesmo sendo o mais novo dos três, Virgolino (Ferreira), nos intervalos entre as aulas, segundo a escritora Marilourdes Ferraz, em seu livro “O Canto do Acauã”, já liderava seus coleguinhas nas travadas lutas imaginárias entre bandido e soldado. Vindo mostrar que era um líder nato, apesar de ter escolhido o lado negro da vida.

Por volta de 1915, por motivos de roubos de animais, criações, na fazenda dos ‘Ferreira’, depois de muito procurarem, é encontrada várias peles dessas criações enterradas dentro dos limites da fazenda Pedreira, propriedade do Sr. Saturnino Alves de Barros, que, além dessa, era proprietário de outro imóvel rural, a fazenda Maniçobas, as quais passam a ser administradas, depois do falecimento do pai, pelo seu filho José Alves de Barros, alcunhado de Zé Saturnino, um dos seis herdeiros.

Zé Saturnino e os filhos de José Ferreira, Antônio, Livino e Virgolino, perambularam pelas caatingas, tomaram banho nas águas dos poços dos rios e fizeram tudo que os adolescentes praticaram na época. Saturnino e Virgolino destacam-se em pegar boi dentro da mata fechada. Eram vaqueiros que cuidavam das reses de suas propriedades.
Os irmãos Ferreira, segundo João Gomes de Lira, em seu livro “Lampião – Memórias de um Soldado de Volante”, eram amansadores de burros brabos, selvagem, vindo muita gente de lugares distantes e distintos para verem essa proeza dos rapazes.


As peles das criações que foram encontradas estavam enterradas próximas à casa de um ‘morador’ da fazenda Pedreira. Esse morador, Zé Caboclo, é levado preso por um representante da lei da cidade de Vila Bela, que era familiar dos Ferreira. Zé Saturnino não gosta, nem aprova aquele procedimento e, com a influência que tinha, ordena que soltem seu empregado, destitui a pessoa do cargo, coloca outra no lugar, de sua confiança, inclusive seu parente, e tem-se início uma das maiores desavenças já vistas no Pajeú das Flores.

Certo dia os irmãos Ferreira são emboscados nas terras da fazenda Pedreira, no sopé da Serra Vermelha, quando estavam a procura de animais extraviados, por Zé Saturnino e seus homens. Dessa emboscada sai ferido Antônio Ferreira, na altura dos quadris e sua montaria. Antônio é levado para a casa de um tio paterno, Antônio Matilde, e convalesce por vários dias. Saturnino tem conhecimento dessa ação que fizera o tio ao sobrinho ferido, então vai até sua casa, leva-o preso para sede do município e, durante os dias em que Matilde esteve preso, levava uma sova, surra, diária.

Os Ferreira iniciam então uma série de ataques e emboscadas ao inimigo e seus homens. 



A coisa começa a engrossar quando, os apaziguadores, aconselham ao Sr. José Ferreira mudar de moradia. O velho Ferreira, homem honrado e pacato, aceita os conselhos, vende sua propriedade por um valor muito abaixo do que valia e, comprando outra propriedade, Poço do Negro, distante dos limites da fazenda Pedreira, vai criar sua família, ou pelo menos tentar, em terras próximas ao Distrito de Nazaré do Pico, município de Floresta, PE. Sobre a venda da propriedade Passagem das Pedras, é sabido que fora dada uma entrada do valor e não fora feito o pagamento do restante. Segundo Metódio de Godoy, em entrevista, “...a fazenda (Passagem das Pedras) foi torrada de graça. Além do sinal, nada mais o velho José Ferreira recebeu!”. Fazia parte do acordo, os irmãos Ferreira não irem a feira livre de Vila Bela, nem Zé Saturnino ir a do Distrito de Nazaré. Os Ferreira levaram desvantagem até nessa parte do acordo por serem, também, almocreves e o comércio de Vila Bela ser muitas vezes maior do que a do povoado de Nazaré.

Zé Saturnino quebra o acordo feito e, junto a um cunhado, José Cipriano, ‘armados até os dentes’, vai ao povoado de Nazaré, segundo ele mesmo, receber um pagamento de um animal que vendera a Agripa Euzébio, que era por todos conhecido pela alcunha de “Agripe de Manoela”. Na ocasião Virgolino (Ferreira) encontrava-se no povoado, viu e não gostou da presença dos inimigos. O escritor José Bezerra Lima Irmão, em seu livro “Lampião, A Raposa das Caatingas”, refere que Virgolino, havia deixado suas armas em casa de uma pessoa conhecida, “(...) como de costume, deixou a pistola e a faca peixeira na casa do professor Domingos Soriano, na entrada do arraial (Nazaré). Quando viu os inimigos na feira, correu para apanhar as armas, mas o professor Domingos disse que só as entregaria se Virgulino prometesse ir para casa. Virgulino prometeu (...).”

Bufando de raiva, Virgolino retorna para o sítio Poço do Negro e, lá chegando, relata para um tio materno, Manoel Lopes, o que acabara de acontecer. Virgolino e seu tio pegam as armas e seguem estrada afora rumo a Nazaré. Em determinado local, no Serrote das Umburanas, se escondem e botam uma emboscada em Zé Saturnino e seu cunhado. Debaixo de fogo cerrado, Zé Saturnino e o cunhado tacam as esporas em suas montarias e dão no pé. Ninguém saiu ferido.


‘Soltando fumaça pelas venta’, Zé Saturnino chega à fazenda Pedreira , relata da emboscada que sofrera a outro cunhado, José Nogueira. Após alguns instantes, ordena que quinze homens preparem-se, armem-se, para irem atacar os Ferreira, no sítio Poço do Negro. Saturnino mantinha vários homens da espingarda sob sua proteção. Entre, ou dentre, os cabras que ‘trabalhavam’ sob suas ordens, destacamos os irmãos Zé e Antônio Guedes, esse último sendo conhecido na saga cangaceira pela alcunha de Batoque, Zé Cipriano, seu cunhado, Tibúrcio, os irmãos Beneditos e Zé Caboclo, aquele do roubo das criações. Por mais que sangrassem as barrigas das montarias com suas esporas, viajaram durante toda a noite nos lombos dos animais, só chegando ao sítio Poço do Negro, ao alvorecer do dia seguinte. Cercam a casa e atacam os que lá estavam.

De dentro da casa, tendo se levantado cedinho, Virgolino nota a manobra dos emboscadores desde a sua chegada. Estava com ele na casa, sua mãe, dona Maria Lopes, seu tio, Manoel Lopes e uma ‘reca’ de crianças. Ele ordena que a mãe proteja as crianças, seus irmãos e os afilhados dela que no momento encontravam-se lá, dentro de um quarto. Assim que Saturnino e seus homens iniciam o ataque, são repelidos com uma saraivada de balas, mesmo só estando dois homens em condições de lutar dentro da moradia.

A velocidade que Virgolino atirava era impressionante, e foi o que lhe salvou da morte por várias vezes. O combate se prolonga por boa parte da manhã. Os atacantes sofrem uma baixa importante, Zé Guedes é ferido nas pernas. Vendo a quantidade de disparos que vinha na direção em que estavam, Saturnino, sem saber da quantidade de inimigos que tinha dentro da casa, recua e vai embora. Dona Maria Lopes começa a sentir-se mal. Desde há alguns dias que ela vinha sentindo algum problema, com certeza, pelas agonias que vinha passando sua família.

Daí para frente a coisa pega fogo entre as duas famílias. Na sequência, iniciam-se as desavenças com os moradores de Nazaré. Livino é ferido em Nazaré e preso, é levado para cadeia em Floresta, PE. Em fim, a estada dos Ferreira naquelas paragens fica inaceitável. Não podendo mais ficarem naquela região, José Ferreira resolve mudar-se com sua família, novamente. Dessa vez ele procura refúgio numa região mais distante, em outro território, no vizinho Estado das Alagoas, devido lá morarem familiares da sua esposa. Não podendo ir todos de uma vez, partem primeiro os irmãos Antônio, Virgolino, Virtuosa e seu esposo, Luis Marinho. Os demais ficaram e iriam depois.

Com parte da sua família seguindo em rumo a outras paragens, José Ferreira, segue com os cuidados necessários para deixar sua ‘terra’, propriedade, com alguém. Dona Jacoza, sua sogra, migra da Passagem das Pedras e vem morar no Poço do Negro. Seu cunhado, Manoel Lopes, fica encarregado de cuidar do sítio, enquanto outras pessoas iriam cuidar da propriedade próxima a Baixa Verde. Nesse meio tempo, já em liberdade, Livino segue se recuperando do ferimento à bala sofrido em Nazaré. Escolhem para partida uma hora fria e, não há mais fria do que a madrugada, nos sovacos das serras do sertão nordestino.

A viagem foi longa e muito desgastante, principalmente para dona Maria que já vinha tendo problemas de saúde. Chegam alguns dias depois ao destino, na fazenda Olho D’água de Fora, imóvel rural pertencente ao Sr. Manoel Francelino, que era cunhado de Antônio Porcino, chefe de um pequeno grupo de cangaceiros que agiam nas Alagoas. Estando em casa de Francelino, José Ferreira procura o Padre Firmino e lhe narra tudo que estavam passando. O sacerdote faz uma missiva de recomendação e o envia ao coronel Gervásio Luna, que tinha a alcunha de ‘Capitão Sinhô’. Esse, porém, não pode, ou não quis dar guarida e trabalho para ele. Mandou-o procurar o coronel Zezé Abílio, em Bom Conselho de Papacaça, no Pernambuco. O coronel foi solícito com toda a família de José Ferreira. Com sua ajuda eles voltaram a almocrevar, na tentativa de recuperar o que perderam. 


Segundo José Bezerra Lima Irmão, em sua obra literária citada, Zé Saturnino, ao saber que os Ferreira encontravam-se na fazenda Olho D’água de Fora, escreve as autoridades de Água Branca narrando que aquela família tratava-se de bandidos: “(...) Zé Saturnino soube da mudança de seus desafetos para Olho D’água de Fora, escreveu várias cartas para as autoridades e pessoas importantes de Água Branca, denunciando os irmãos Ferreira e Antônio Matilde como bandidos perigosos, assassinos e ladrões. Pelo menos quatro pessoas receberam tais cartas: o coronel Ulisses Luna e seu irmão Sinhô, a Baronesa de Água Branca(Joana Vieira Siqueira Torres), e o comissário de polícia de Água Branca, Amarílio Batista Vilar (...).”

Logicamente que, naquela época, já estando o banditismo solto pelos sertões, aquelas pessoas que foram ‘avisadas’ ficaram em alerta. José Ferreira corre em busca de uma e de outra autoridade para dizer que sua família não era nada daquilo que disseram. Não adianta. Certo dia, o coronel Ulisses Luna, chama o irmão de José Ferreira, Antônio Matilde e o manda procurar outro patrão. Matilde arriba daquele lugar mais irado ainda com seu inimigo Zé Saturnino. Reuniu-se com os filhos mais velhos de seu irmão, José Ferreira, com planos para formarem um grupo, voltarem ao Leão do Norte e castigarem o seu inimigo em comum, Zé Saturnino. Terminando por formarem o bando, que, segundo Lima Irmão, assim ficou composto: Antônio Matilde, Higino e Luis Marinho, os irmãos Olímpio, José e Manoel Benedito, antigos ‘cabras’ de Saturnino, mais Chico de Salvador, Chico Chililim, Antônio, Livino e Virgolino Ferreira, formando um grupo de onze homens.

Esse grupo pintou e bordaram no município de Vila Bela, PE, e região. No entanto, nada daquilo que planejavam para matar Zé Saturnino, deu certo. Atingiu então, o patrimônio dele, suas fazendas, seu gado e, por aí as coisas seguiram. Retornando para as Alagoas, Antônio Matilde se esconde e os outros prosseguiram suas vidas. Notícias desencontradas chegam às autoridades de Água Branca, sem conseguir apurar nada o comissário encerra as investigações.

A partir desses movimentos, isso por volta do ano de 1918/19, os irmãos Ferreira, Antônio, Livino e Virgolino passam a fazerem parte do bando de cangaceiros denominado os “Porcino”, que atuava na região serrana do Estado das Alagoas. Esse bando destacou-se devido às crueldades praticadas em suas vítimas. Segundo o pesquisador/historiador Clerisvaldo Chagas, “Em Alagoas, o cangaço teve início em seus movimentos no extremo oeste, principalmente nas regiões de Mata Grande e, então, Matinha de Água Branca. A maioria das ações cangaceiras no estado aconteceu nessa região serrana, fronteira com Pernambuco, onde oficialmente Virgulino Ferreira da Silva tornou-se cangaceiro. Entre o homem trabalhador e ações violentas, vindo do estado vizinho, Virgulino começou a conjugar suas arruaças ao bando dos Porcino que atuava na área descrita.” Daí pra frente, a vida dos irmãos Ferreira resumira-se a fugas e pequenos ataques a fazendas, povoados e grupos de almocreves pelas estradas. As perseguições iniciam-se com bastante afinco, principalmente pela atuação dos “Porcinos”. Os irmãos Ferreira tiverem uma escola perversa e sangrenta junto a esse bando.

Nesse ínterim, João Ferreira, irmão de Virgolino, por ter ido comprar remédio em Água Branca para sua irmãzinha Lica, Maria Ferreira, que estava com uma otite, ao chegar à cidade, é preso pelo comissário Amarílio Batista. Alguém vai até a fazenda onde estão seus pais contar da prisão. A mãe, dona Maria Lopes, desespera-se ao saber da prisão de João, pois ele nada tinha haver com o que seus filhos mais velhos faziam, praticado alguma coisa fora da lei.

Os seus irmãos, Antônio, Livino e Virgolino, seu tio Antônio Matilde, e outros do grupo, são informados da prisão de João. Resolvem vir soltar o irmão na marra. Arranca-lo das mãos do comissário de Água Branca. O comissário desconfiou dos planos dos irmãos Ferreira, ou mesmo fez a prisão para que eles tentassem agir, já que suas buscas dentro da mata foram em vão, reuniu uma tropa de soldados e foi montar uma emboscada na estrada que levava a cidade. O grupo de resgate é surpreendido pelos disparos dos soldados. Saltam todos das montarias e dá-se início a uma troca de tiros acirrada. O fogo toma rumo diferente daquele imaginado pelo comandante e esse é obrigado a deixar o local onde se encontrava e sair numa desesperada carreira, sendo seguido pelos seus homens. Alguns autores citam que o comissário defecou, nas calças, por isso, antes de entrar na cidade, manda que um de seus homens vá até sua casa e traga uma calça limpa.

Voltando a entrar na cidade, retira o prisioneiro-mirim do quartel e transporta-o para o prédio da prefeitura, onde o acorrenta em cima de uma mesa. Assim passa-se o restante do dia e a noite inteira. No dia seguinte alguns moradores da cidade vão falar com José Ferreira a fim de evitarem uma luta nas ruas de Água Branca. Os três irmãos mandam um recado para o comissário para que ele solte João. Por fim, Amarílio termina por soltar o menino, pois João, nessa época não passava de uma criança. João retorna para sua família.

Após esse ocorrido, José Ferreira tem que arrumar suas tralhas e procurar outro lugar para descansar seu corpo. O velho José Ferreira, dona Maria, sua esposa e seu filho João Ferreira, iriam à frente para ver se encontravam um local para ficarem. Os três irmãos mais velhos, Antônio, Livino e Virgolino, foram incumbidos de levarem o restante da família, inclusive as meninas, para algum lugar seguro até receberem a notícia de que poderiam ir para onde estariam seus pais.

O proprietário da fazenda em que estavam, Manoel Francelino, diz para José Ferreira ir para a fazenda Engenho, propriedade de seu pai, que ficava no município de Mata Grande.

No início da nova caminhada, dona Maria desmaia novamente, e, só após alguns instantes, reanimada, colocam os pés no caminho. Chegando à fazenda Engenho, são bem recebidos pelo sinhô Fragoso e sua esposa, dona Totonha. Na fazenda existiam três casas. Numa delas, morava o velho Fragoso, em outra, morava um filho dele que era assassino, pois tinha matado uma pessoa e era procurado por isso, e, na outra, estando vazia, Fragoso a oferece ao velho José Ferreira. Instalados, José Ferreira vai até a cidade, Mata Grande, fazer compras e manda João ir amarrar os animais onde tivesse pasto. Dona Maria vai à casa do proprietário para prosear um pouco com a esposa dele. Lá estando, sentiu-se mal novamente e voltou a desmaiar. Gritos dali, chamados de cá, alguém fala para João correr e acudir sua mãe. João saiu numa carreira só, porém, ao chegar a casa, sua mãe, dona Maria Lopes, contando 47 anos de idade, estava morta. Alguém parte para informar seu esposo, o velho José Ferreira, da morte de sua esposa. Rapidamente José retorna para a fazenda Engenho, onde, meio desnorteado, envia recados aos outros filhos para que viessem para o sepultamento da mãe. O corpo de dona Maria, no dia seguinte é transportado em uma rede, levado pelos filhos, até o cemitério do povoado de Santa Cruz do Deserto.

Ocorrem fatos em nossas vidas que, por mais duros que possam parecer, conseguimos supera-los. No entanto, há aqueles em que não tem como haver uma superação, principalmente se ocorre com algo, ou alguém, a quem buscamos forças para superar as outras. Assim aconteceu com o velho José Ferreira. Aguentou tudo, ou quase tudo, que aconteceu com sua família de cabeça erguida para ir mais adiante, em busca de uma solução, menos quando da perda da esposa. A ‘partida’ prematura da companheira abateu muito, o moral e o ânimo do pai dos irmãos Ferreira.

Mas, a vida continua. E aquele pai tinha muitos filhos pequenos para proteger, dá moradia e alimentá-los todos os dias.

Após a morte de dona Maria Lopes, chega à cidade de Água Branca, AL, uma volante comandada pelo então sargento José Lucena Albuquerque Maranhão. Essa volante vinha com a ordem de irem à procura de criminosos, assassinos, bandoleiros e cangaceiros que estavam a infestar aquelas redondezas, principalmente o grupo dos “Porcinos”. O comandante da volante, em uma de suas andanças pela zona rural daquele município, vem, a saber, para onde os Ferreira teriam ido. Após essa informação, e tendo como guia o comissário Amarílio, o sargento José Lucena parte rumo à cidade de Mata Grande.


A volante chega à fazenda Engenho, onde se encontrava no alpendre da casa, o velho José Ferreira a debulhar milho. Os soldados da volante nada disseram, também nada perguntaram, apenas abriram fogo contra José Ferreira. O velho ainda tenta proteger-se pulando para dentro de casa. Segundo o pesquisador/historiador José Bezerra Lima Irmão, no livro “Lampião – A Raposa das Caatingas”, na página 100, diz: “Foi então que a polícia chegou. Não houve nenhum diálogo, não foi feita nenhuma pergunta – os soldados simplesmente cercaram a casa onde José Ferreira se encontrava e abriram fogo. José Ferreira ainda conseguiu entrar na casa, para proteger-se, mas os soldados entraram atrás, ele foi agarrado e executado sumariamente”. Já os pesquisadores/historiadores Antônio Amaury e Vera Ferreira, em seu “De Virgolino a Lampião”, 2ª Edição, na página 81, dizem: “Tudo aconteceu de repente, como costumam ser as grandes tragédias. Ouviram-se tiros, a porta da casa foi arrombada, a filha do velho Fragoso viu-se ferida e José Ferreira foi arrastado para um dos quartos, sendo sumariamente executado.” Quando de seu assassinato, José Ferreira contava com 48 anos de idade.

O corpo de José Ferreira, segundo alguns autores, fora enterrado no oitão direito da capela do arraial Santa Cruz do Deserto, ao lado da cova de dona Maria Lopes, sua esposa.

Alguns autores trazem nas entrelinhas de suas obras literárias, escritos que dizem que as mortes dos pais de Virgolino, dona Maria Lopes ocorreu aos 21 dias do mês de maio de 1920 e do velho José Ferreira, aos 29 dias de junho de 1920, um mês e oito dias de uma para a outra... já outros, referem que as mesmas ocorreram em, a de dona Maria, 30 de abril de 1921 e a de José Ferreira em 18 de maio de 1921, dezoito dias entre uma e outra morte... Antônio, Livino e Virgolino, já faziam parte de grupos de cangaceiros, porém, se existia alguma chance de um deles sair da vida de bandidos, essa fora extinta com o assassinato do velho seu pai. Virgolino, já como Lampião, andou colocando emboscadas para ver se matava, vingando, José Lucena, porém, foi abatido em 28 de julho de 1938, depois de uma longa vida como chefe de bando cangaceiro, vinte anos, e nunca conseguiu matar seus piores inimigos, José Alves de Barros, o Zé Saturnino e José Lucena Albuquerque Maranhão, comandante da volante que matou José Ferreira, seu pai... nas quebradas do Sertão alagoano.


LAMPIÃO VENERADO E ANTONIO CONSELHEIRO ESQUECIDO


Francisco Carlos Jorge de Oliveira

Em todos os grupos de estudos do cangaço, vemos o povo nordestino venerarem Lampião ao extremo, isso como se o fora da lei fosse um herói, um libertador, um justiceiro que, com seus cabras ajudavam os sertanejos, levando esperança e justiça a um povo paupérrimo e desprivilegiado, explorado pela elite. 


Quase ninguém fala em Antônio Conselheiro, e a bravura de seus valorosos jagunços, na heroica defesa do Belo Monte, derrotando por varias vezes nas Campanhas de Canudos, as tropas federais do assassino presidente Prudente de Morais. 


Também nunca comentaram sobre os intrépidos e místicos Monges José Maria de Santo Agostinho, João Maria de Jesus e Miguel Lucena de Boaventura, que lideraram a sangrenta Guerra do Contestado, uma revolução armada que incluíam posseiros e pequenos proprietários de terra de um lado, e representantes dos poderes estaduais e federais do outro; conflito armado que durou ente agosto de 1912 a outubro de 1916, na divisa do Paraná com o estado de Santa Catarina. 


Eu não quero criticar ninguém, nem macular a imagem de Lampião perante o povo nordestino, mas acho que esses lideres revolucionários e seus rebeldes, por mim supracitados, são mais valorosos e merecem todo o nosso respeito, muito mais que Lampião, pois lutavam por um ideal, enquanto o líder cangaceiro e seus sectários, atendia aos ensejos dos corneis e outros latifundiários, sem visar nenhum objetivo politico social em defesa de uma causa nobre. 


Veja bem, se os intrépidos Monges e o valente Antônio Conselheiro triunfassem no prélio ate o fim, com certeza após a guerra iriam cuidar de suas propriedades dar sequencia a seus ideais, ou fazer como os gringos ao conquistar a Província Cisplatina hoje o Uruguai.


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SAMUEL COLT

Por Rhuan Henrique
Samuel Colt

Samuel Colt (19 de julho de 1814 - 10 de janeiro de 1862) foi um armeiro, inventor e industrial, homem de negócios e caçador de Hartford, Connecticut, nos Estados Unidos. Ele fundou a Colt's Patent Fire-Arms Manufacturing Company (agora Colt's Manufacturing Company), e tornou a produção em massa do revólver comercialmente viável.[2]


Dois primeiros empreendimentos comerciais do Colt estavam produzindo armas de fogo em Paterson, Nova Jersey e fabricando minas submarinas; ambos terminaram em decepção. Mas seu negócio expandiu-se rapidamente depois de 1847, quando os Texas Rangers requisitaram mil revólveres durante a guerra Americana com México. 


Durante a guerra civil americana, sua fábrica em Hartford forneceu armas de fogo para ambos do norte e do sul. Mais tarde, suas armas de fogo foram proeminentes durante o assentamento da fronteira ocidental. Colt morreu em 1862 como um dos homens mais ricos da América.


Os métodos de fabricação do Colt estavam na vanguarda da Revolução Industrial. Seu uso de peças intercambiáveis ajudou-o a se tornar um dos primeiros a usar a linha de montagem eficientemente. Além disso, seu uso inovador de arte, endossos de celebridades e brindes corporativos para promover seus produtos fez dele um pioneiro nos campos de publicidade, inserção de marcas (product placement) e marketing de massa.


Do acervo do Sálvio Siqueira

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ZÉ BAIANO E SEU BANDO DE CANGACEIROS FORAM ELIMINADOS DO SERTÃO NORDESTINO NO DIA 07 DE JULHO DE 1936

Por José Mendes Pereira

No dia 07 de julho de 1936 no sertão do nordeste o cangaceiro Zé Baiano e seu bando foram eliminados por civis, sendo o chefe desta chacina o Antonio de Chiquinho que convisou seus amigos e partiram para a empreitada. Matar o chefe e seus cangaceiros era preciso.

Eu não tenho a fonte no momento, mas já li de um autor de nome que Antonio de Chiquinho resolveu assassinar o grupo de cangaceiros porque o Zé Baiano andava tentando conquistar uma das suas filhas. Ele temendo um desgosto marchou para o mais certo que era assassinar o cangaceiro.

O facínora Zé Baiano era sobrinho de Antônio e Cirilo ambos da família dos Engrácias. Perverso ao estremo. Com o seu ferro quente marcava as pessoas, principalmente mulheres, e usava uma palmatória com o nome de “Boneca de laço e nó”, com a qual aplicava “bolos” nas mãos das pessoas.

"BIOGRAFIA DO CANGACEIRO ZÉ BAIANO  WIKIPEDIA".

Zé Baiano (? — 7 de junho de 1936) foi um cangaceiro que integrou o bando de Lampião.

Lampião e seu bando invadiram Alagadiço pela primeira vez em 1930, arrombando casas e roubando pertences dos moradores. Pelo povoado estar em uma posição estrategicamente privilegiada, e por não contar com destacamento reforçado de polícia, os cangaceiros transitavam livremente pela região. Lampião voltou mais três vezes à Alagadiço; na segunda ocasião, procurou o coiteiro Antônio de Chiquinho, querendo informações sobre um destacamento policial que perseguia seu bando.[1]

A última visita de Lampião ao povoado foi em 1934, quando deixou Zé Baiano no comando da região. Acompanhado de seus comparsas Demudado, Chico Peste e Acelino, ele aterrorizou a localidade, cometendo atrocidades, saqueando e impondo sua própria lei em Frei Paulo e vizinhanças. O bando costumava esconder-se da polícia nas casas de fazendeiros, ou então na mata.

Conhecido por sua crueldade, tinha o costume de marcar com um ferro em brasa as iniciais "JB" no rosto ou no púbis de mulheres de cabelo curto ou por estarem usando vestidos cujo comprimento ele considerava inconveniente, passando a ser conhecido por isso como o "ferrador de gente".

Devido à cor de sua pele, foi apelidado também de "pantera negra dos sertões".[2]


Cansado de ser perseguido pelos policiais devido ao envolvimento com o cangaço, o coiteiro Antonio de Chiquinho armou uma emboscada para Zé Baiano e os demais cangaceiros[1], num povoado do município de Frei Paulo[3] . Durante uma entrega de alimentos em 7 de julho de 1936, acompanhado dos conterrâneos Pedro Sebastião de Oliveira (Pedro Guedes), Pedro Francisco (Pedro de Nica), Antônio de Souza Passos (Toinho), José Francisco Pereira (Dedé) e José Francisco de Souza (Biridin), Antônio deu fim a Zé Baiano e seu bando.

Antonio de Chiquinho manteve segredo do fato durante quinze dias, temendo represálias de Lampião. O cangaceiro, contudo, decidiu não se vingar após ser convencido por Maria Bonita que o empreendimento poderia ser perigoso, pois o povoado contava com a presença de um canhão.[1].

wikipedia

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SEM SAÍDA, O "LAÇO" COMEÇA A APERTAR!!!!

Por Sálvio Siqueira

Naquele tempo, estando Estácio Coimbra com as rédeas do Estado do Leão do Norte nas mãos, seu chefe de gabinete, Gilberto Freire, junto com seu Secretário de Segurança, Eurico de Souza Leão, os dois últimos acatam e põem em prática uma grande ideia vinda de um chefe cangaceiro que, no momento, encontrava-se preso na Casa de Detenção da cidade do Recife.

Vinda de quem no cangaço esteve por vários anos, sendo líder de bando, a ideia, posta em prática, logo começa a surtir efeito positivo. Claro que, sendo tão bem arquitetada, a ‘pirâmide’ de auxiliares, coiteiros, construída pelo “Rei dos Cangaceiros”, sua destruição foi lenta. Tendo início antes da Revolução de 1930, seu clímax só consolida-se em meados de 1938, já no chamado Estado Novo, resultando de um golpe no Congresso do revolucionário vitorioso impondo sua dura ditadura a Nação.


A meta desse movimento contra o Cangaço era exatamente aqueles que lhes fornecia mantimentos, roupas, armas, munição e informações preciosas. Acabando com esses auxiliares, o chefe mor do cangaço, foi ficando encurralado, sozinho, sem a proteção, principalmente de grandes latifundiários, os ‘coronéis’, que outrora faziam parte da sua, tão larga e elástica, malha de colaboradores.

O tenente Zé Rufino descobre um grande colaborador do “Rei Vesgo” em terras baianas. Não o mata nem o prende. Pelo contrário, faz com que ele passe a ser seu colaborador. Sendo muito conhecido e dono de vasta imensidão de terras, esse colaborador, agora das duas partes inimigas, cangaceiros e volantes, passa a fornecer importantes locais onde os cangaceiros costumavam armar seu acampamento, os coitos. Com essas informações preciosas, o pernambucano José Osório, tenente Zé Rufino, da Força Pública baiana, arquitetava o plano e o colocava em ação, tendo, sempre, êxitos. Tornando-se, na história do Fenômeno Social Cangaço, o maior matador de cangaceiros.



Voltando ao plano de desbaratar a ‘organização’ de Virgolino Ferreira, o Lampião, mostraremos, abaixo, recortes de jornais da época, noticiando prisões de auxiliares, combates e nomes de cangaceiros que foram tombados nos mesmos.

O pesquisador/historiador Rubens Antonio, nos detalha o local e as mortes de quatro cangaceiros na segunda metade de 1933, que assolavam as regiões de Mairi, Várzea do Poço, Miguel Calmon, Várzea da Roça, Serrolândia, Jacobina, em território baiano.

“(...)Um subgrupo do bando de Lampião, composto por 4 cangaceiros e 3 cangaceiras, liderado por Azulão, assolou as regiões de Mairi, Várzea do Poço, Miguel Calmon, Várzea da Roça, Serrolândia, Jacobina, em setembro e outubro de 1933.

Muitas agressões foram cometidas pelos cangaceiros, especialmente com o uso de palmatórias.

Cabeças dos cangaceiros Zabelê, Canjica, Azulão e Maria Dória. mortos no combate da Lagoa do Lino.

Em outubro de 1933, o grupo foi localizado na Fazenda Lagoa do Lino, e travado um combate, no qual morreram os cangaceiros Azulão, Zabelê e Canjica, e uma cangaceira de nome Maria.

Cabeças do casal cangaceiro, Maria Dória e seu companheiro Azulão. no Instituto Nina Rodrigues, em Salvador, capital do Estado baiano.

Dentre os que escaparam estava o cangaceiro Arvoredo(...)Em Salvador, ficaram as cabeças expostas, no Instituto Nina Rodrigues, até 1969. Então, por uma determinação do governador Luiz Viana Filho, no mesmo evento que levou ao sepultamento das cabeças de Lampião, Maria Bonita e Corisco, finalmente foram sepultadas.

Isto no cemitério de Quintas dos Lázaros(...).”(cangaconabahia.com)
Lampião ainda reinaria o cangaço por mais cinco anos. No entanto, ao estudarmos seu reinado funesto nesses últimos anos, vemos que até suas andanças caíram em mais de 60%, com certeza sendo devido às perseguições constantes e incansáveis das Forças Públicas de vários Estados nordestinos, agindo conjuntamente, para acabar, de uma vez por todas, com o banditismo... Nas quebradas do Sertão.



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