Acervo do Beto Rueda
Delmiro
Gouveia (1863-1917) nasceu no Ceará. Seu pai lutou como voluntário na Guerra do
Paraguai e por lá morreu. Em 1878, ficou órfão de mãe e com quinze anos
arranjou seu primeiro emprego, como condutor e bilheteiro do bonde e em seguida
foi caixeiro viajante. Casa-se mas por conta das dificuldades financeiras vão
morar com o tio de sua esposa.
Resolve entrar
para o comércio de peles e couro. Em 1889, passa a trabalhar para o curtume
Keen Sutterly, que se instalou no Recife. Logo aprendeu inglês e se tornou o
melhor empregado do curtume. Com o suado dinheiro juntado compra a empresa
tornando-se o "Rei das peles do Nordeste" Em 1899 inaugura o
Mercado-Modelo do Derby no Recife ganhando fama pelos preços baixos.
Assim como
aconteceu com Visconde de Mauá, começa então a despertar a desconfiança dos
políticos e coronéis passando a receber ameaças. No dia 2 de janeiro de 1900,
seu mercado é incendiado e reduzido a cinzas, e sua esposa, com medo das
represálias, volta para a casa dos pais.
Delmiro volta
ao comércio de couro e constitui sua nova firma em Penedo, Alagoas. Sua empresa
de peles de bode e carneiro para a produção de fardas militares prospera. Sua
atual companheira Eulina também o deixa porém Delmiro segue firme. Depois de
visitar Europa e EUA e conhecer as máquinas, técnicas industriais e energia
elétrica volta ao Brasil cheio de ideias. Em 1913 inaugura a primeira Usina Hidrelétrica
do Nordeste - Usina de Angiquinho.
Delmiro
contrata técnicos europeus e cria uma fábrica para produção de fios e linhas .
Chegou empregar mil operários só na produção e lhes assegurava amplos direitos
trabalhistas. Foram abertas estradas, construída uma vila operária e escolas
para as crianças. Em pouco tempo exportava para o Peru e Chile.
Nesse ínterim,
uma empresa inglesa faz uma oferta pela fábrica que é recusada ao mesmo tempo
desafiava coronéis da região por transformar camponeses e ex-flagelados da seca
em operários. Não podia acabar bem. Por volta das 21h de 10 de outubro de 1917,
quando lia jornais na varanda de casa, foi morto a tiros de rifles, disparados
por pistoleiros. Nunca se descobriu o mandante, ou mandantes, do crime. Era o fim
de um nordestino que sonhou com um Nordeste industrializado e desenvolvido.
Fonte:
Biografias -
Unidade Acadêmica de Engenharia Civil / UFCG.
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