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terça-feira, 12 de junho de 2018

LUIZ DE CAZUZA_O INíCIO - parte 2

Por Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=CeXSeIegvPc

Publicado em 12 de jun de 2018

Fatos curiosos sobre o inicio dos entraves entre os irmãos Ferreiras e seus vizinhos. também o encontro de Luiz da Cazuza com uma irma de Lampião décadas depois.
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Da laservídeo do cineasta Aderbal Nogueira

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CANGAÇO NO PIAUÍ


 Mais um livro do escritor e fundador da SBEC -  (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço) Paulo Gastão.


Entre em contato com o autor através deste e-mail: paulomgastao@hotmail.com

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CACETE NOS ÍNDIOS

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de junho de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.920
 
Vejamos uma notícia de Palmeira dos Índios, a “Princesa do Agreste”, em Alagoas. A reportagem é do site Tribuna de Alagoas, matéria de ontem (11):
“Os índios da aldeia Mãe Serra Capela estão neste momento na sede da Secretaria de Estado da educação (Seduc) reivindicando mais uma vez a construção da Escola Estadual Indígena Cacique Alfredo Celestino.
ÍNDIOS REIVINDICAM. (FOTO: TRIBUNA/CORTESIA).
De acordo com o povo indígena Wakonã Xucuru Kariri, há 15 anos que o estado não cumpriu com a estrutura física solicitada.
‘Temos mais de 300 alunos indígenas distribuídos nos três turnos. Eles estudam de maneira improvisada, em vários locais espalhados pela própria comunidade. Essa situação vem se arrastando ao longo desses anos’, conta um representante da aldeia”.
A situação em Palmeira dos Índios é repetitiva em todos os estados da federação. Pense como sofrem brancos e negros na luta por um simples posto de saúde ou uma escola decente em suas comunidades. E se brancos e negros padecem desse mal, quanto mais os indígenas que são mais isolados em aldeias. Os quilombolas, isto é, os descendentes de escravos negros, também são os últimos no recebimento de benefícios governamentais. Todos nós brasileiros sabemos para onde vai o dinheiro de imposto do cidadão. E os pontos mais vulneráveis da sociedade vão alimentando os ladrões de gravata que sempre se aperfeiçoam nos dribles garrinchianos da corrupção. No caso de quilombolas e indígenas, estão sempre nos poços das precisões.
Os indígenas de Palmeira dos Índios arrasaram na novela da Rede Globo em cenas no Velho Chico. E se nota máxima fosse à nota mil, eles mereceram muito mais do que isso, quando emocionaram a plateia brasileira através da telinha. Pareciam atores verdadeiros e bem treinados. Ah, só por isso já mereciam essa escola para 300 alunos que reivindicam há 15 anos, quanto mais por outras e outras coisas que honram a “Princesa do Agreste”. Esperamos que o governo do estado se sensibilize com o pedido do povo Wakonã Xucuru Kariri e construa sua escola. Será que é precisa fazer aniversário tal o rabo do jumento de Santana do Ipanema?
É complicado...

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A CHAVE E O CADEADO

*Rangel Alves da Costa

Dependendo do momento, colocar a chave no cadeado significa uma das maiores conquistas da vida. Diversas situações confirmam que não há momento mais comemorado, alívio mais esperado e sensação de vitória do que aquele após sentir que a chave se ajustou ao buraco do cadeado. E indescritível quando a tranca está liberada.
Chegar à casa alta hora da noite, olhar de lado a outro amedrontado, apressadamente buscar a chave para abrir o portão; esbarrar esbaforido diante da porta, vasculhar os bolsos em busca das chaves, e em seguida levar a mão trêmula ao cadeado; saudosamente avistar a moradia e seguir diretamente ao portão de chave à mão. São momentos cruciais na vida de uma pessoa.
Contudo, muitas vezes as chaves foram esquecidas em algum lugar, ou mesmo não são aquelas as que servirão para abrir aqueles portões. Fatos assim, e mais corriqueiros do que se imagina, fazem o mundo desabar para qualquer um. E mais angustiante ainda quando as chaves são aquelas, a pessoa tudo faz para encontrar a ideal, mas não tem jeito de alguma delas encaixar.
Mas não pode ser, pois tenho certeza que a chave é esta mesma, diz a pessoa aflita. Talvez seja porque preciso colocar um pouco de graxa no fenda do cadeado, mas a chave é esta aqui, afirma a pessoa com aspecto de desilusão. Eis, então, o cerne da questão: a expectativa do encaixe da chave ao buraco do cadeado.
E num determinado momento, na hora precisa, sob pena de muita coisa acontecer se a tranca não for liberada. Até pode soar como questão irrelevante, como algo que não merecesse qualquer explanação, mas, como será demonstrado, é fato de suma importância na vida de um ser humano. Ademais, a chave diante do cadeado pode servir de metáfora para muitas outras situações.
O tempo passa, o medo se expande, a pulsação aumenta, a necessidade de encontrar a chave ideal acaba complicando ainda mais; uma quase entra, mas nada de encaixar. Procura outra e mais outra, olha de lado, já está entrando em desespero, e nada de acertar a chave. Dá vontade de derrubar tudo, de puxar o cadeado para o lado de fora, de fazer qualquer coisa para resolver a situação. Mas nada acontece.


Suspira, transpira, pede calma a si mesmo, faz mais uma tentativa, agora mais calmamente. A chave vai entrando certinha, deslizando, porém emperra em qualquer coisa. Não é essa. Mas não pode ser, pois sempre usou essa para abrir. E as mãos suadas e trêmulas fazem nova tentativa. Essa nem coube no espaço. Talvez seja essa. Tem de ser essa. Não há outra. Vai colocando, cuidadosamente, no buraco e...
Mas situações desesperadoras também podem ocorrer quando a chave é única e somente aquela serve para abrir o cadeado. E já está até envelhecida de tanto fazer tal procedimento. Contudo, ainda assim não é garantia de abrir a porta na primeira tentativa. Ademais, pelo envelhecimento pode causar uma consequência pior: quebrar lá dentro. E agora, quando a rua está totalmente deserta, não haverá como encontrar um chaveiro, e o sujeito começa a sentir uma necessidade imperiosa de visitar o banheiro?
Problema ainda maior surge quando o contorno da chave já está se encaixando, mas eis que um barulho faz a pessoa olhar de lado e a chave cai de sua mão. E pelo lado de dentro, num lugar difícil de ser alcançado. Contudo, deixar a chave ideal cair e mais distante do que o imaginado, talvez vá além dessa mera divagação a respeito da importância do encaixe da chave no momento exato que o sujeito tanto precisa.
Eis que o fato da impossibilidade de alcançá-la, ainda que visível, já provocou situações verdadeiramente angustiantes. Muitas pessoas já se entalaram nas grades dos portões enquanto tentavam alcançar o objeto, sem falar naquele que entrou no carro e derrubou o muro com portão e tudo. E depois disso percebeu que não estava com a chave da porta. Então começou a chorar feito criança desmamada. 
São questões realmente difíceis de resolver. Mas situação ainda mais complicada pode acontecer. Já ouvi falar de um sujeito que bebeu um pouco mais, errou de casa e tentou a todo custo abrir um portão alheio. E até hoje chora toda vez que se lembra do policial abrindo tranquilamente o cadeado do cubículo na delegacia e ordenando que entrasse.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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DIVERSÃO E ARTE O XADREZ DO CANGAÇO


O Xadrez do Cangaço foi um projeto para conclusão do curso de design gráfico. Consiste na comunhão entre a história do cangaço e plataforma do xadrez, ambos unidos pelo senso estratégico, militar, do combate e do conflito rural no Brasil do século 19. Como solução final, foram produzidos dois times distintos: os cangaceiros e os militares.
 Estudos de poses em rafes

 

 Processo de montagem do tabuleiro: módulos individuais (casas), 
fileiras, união e texturização.

Personagens retratados, esquerda para direita: cangaceiros Maria Bonita (rainha) e Lampião (rei), e militares João Bezerra (rei) e Zé Lucena (rainha). João Bezerra e seu subalterno Zé Lucena foram os responsáveis pela entrada de Lampião no cangaço, movido pela vingança e revolta, assim como também foram responsáveis pelo seu fim. Emboscaram e metralharam ele e seu bando na grota de Angico, em 1938.


 
 Peças colorizadas em photoshop

 DVD multimídia com material final do projeto.

Publicação na 4ª edição da revista Cliche

Pesquei no www.behance.net

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2018/06/diversao-e-arte.html

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CONHEÇAM A HISTÓRIA DO JUSTICEIRO "CHICO PÉ DE PATO".


Fonte: Joel Paviotti / S1 Notícias.
Francisco Vital da Silva "Chico Pé de Pato".

Um dos mais temidos "Justiceiros" da cidade de São Paulo/SP nos idos dos anos oitenta.

Hoje eu quero fugir um pouco do tema cangaço e trazer até vocês a história de um nordestino do interior baiano que assim como tantos outros vieram do Nordeste para São Paulo em busca de oportunidades... mas após ter sua filha de dezesseis anos e sua esposa estupradas por marginais e diante da lentidão e da impunidade proporcionada pelo código penal brasileiro, resolveu agir por conta própria e se transformou em um dos mais temidos e famosos "Justiceiros" de toda a história criminal brasileira.

Com a alcunha de "Chico Pé de Pato", Francisco Vital levou o terror aos desafetos e trouxe a tranquilidade a grande parte da população da Zona Leste da cidade de São Paulo. Mais um entre tantos outros casos onde a impunidade transformou um cidadão de bem e honesto em um fora-da-lei. (Geraldo Antônio de Souza Júnior)


Francisco Vital da Silva, conhecido como Chico Pé de Pato, posa em sua casa, na zona leste de São Paulo. Foto: José Maria da Silva – 26 de agosto de1985 / Folhapres.


Leiam a matéria abaixo:

Conheça a história do Justiceiro Chico Pé de Pato


Após ter sua esposa e filha de 16 anos, o baiano Chico Pé de Pato, casou, matou e deixou um aviso; “se a polícia não age, eu entro em ação”.

Francisco Vital da Silva nasceu no sertão da Bahia e, como muitos nordestinos, migrou para São Paulo em busca de melhores condições de vida. Junto com sua família, passou a viver em Itaim Paulista, na violenta zona leste de São Paulo. Trabalhando de pedreiro, Vital montou um bar, o estabelecimento era constantemente assaltado e vandalizado por criminosos.

Cansado das extorsões, Chico passou a revidar os abusos e colocar pessoas indesejáveis para fora de seu comércio. Sempre munido de uma faca para a autoproteção, acabou por despertar a raiva de muitos sujeitos perigosos.

Um certo dia, invadiram sua casa e estupraram sua esposa e sua filha de 16 anos. Chico, revoltado com a impunidade dos criminosos, comprou algumas armas e foi atrás de vingança, apagou os sujeitos e deixou um recado bem claro: se a polícia não age, eu entro em ação. Assim, Francisco Vital da Silva, um comerciante vindo da Bahia, passou a ser Chico Pé de Pato, um justiceiro que caçava foras da lei na região leste da Grande São Paulo.

Chico Pé de Pato (Centro) ao lado de Socorro (Esposa) conversa com amigos.
Foto: Mario Leite - Setembro/1985. Folhapress.

A fama de Chico cresceu consideravelmente, recebia da própria força policial nomes de bandidos procurados pela justiça, os executava e passou a ser visto pela população como um grande herói, um justiceiro que substituiu a péssima justiça que o Estado sempre proporcionou às classes mais pobres.

Em meados dos anos 80, a ordem da polícia era matar criminosos nas áreas periféricas da cidade, Chico fazia boa parte do trabalho, era, inclusive, acionado pela população mais do que o próprio batalhão da ROTA. A fama de Pé de Pato cresceu tanto, que o famoso jornal Notícias Populares fez uma série de reportagens para falar sobre suas empreitadas contra criminosos, o que despertou a admiração de pessoas de todas as partes do estado de São Paulo, além de ter amizade e aparecer nas histórias do radialista Afanasio Jazadji, uma espécie de Datena dos anos 80.

Observado pelo radialista Afanásio Jazadji, Chico Pé de Pato se esconde no porta-malas de um Opala para seguir em segurança até a rádio Capital, nos Jardins.
Foto: José Luis da Conceição - 26 de agosto de 1985 / Folhapress.



Observado pelo radialista Afanásio Jazadji, Chico Pé de Pato se esconde no porta-malas de um Opala para seguir em segurança até a rádio Capital, nos Jardins. Foto: José Luis da Conceição - 26 de agosto de 1985 / Folhapress.



O destino de Chico mudaria após uma discussão em um bar, quando, ao sacar a arma para revidar uma agressão, matou um policial militar à paisana.

Ao saber que a vítima era policial, Pé de Pato já sabia que não teria muito tempo de vida, pois ele já conhecia a lei da rua, não se mata um policial e ficar impune. Pouco depois do crime, Chico fugiu em seu Opala, e foi considerado procurado pela polícia militar.

A ROTA foi responsável pela caça ao justiceiro, que, ao entrar em contato com Afanásio Jazadji conseguiu se entregar no DEIC. No dia de sua prisão, mais de 500 pessoas estavam na porta da delegacia pedindo sua soltura, um abaixo-assinado foi feito, mas não adiantou, Chico foi julgado e condenado a 6 anos de prisão, tempo consideravelmente baixo pela quantidade de homicídios que protagonizou. A pena baixa, provavelmente, foi fruto da pressão das 2 mil pessoas que se encontravam na porta do Fórum no dia do julgamento.

Pé de Pato foi transferido para uma penitenciária onde, por ser desafeto de muitos criminosos e policiais, foi morto com 91 estiletadas.

A força policial tinha medo que Pé de Pato abrisse a boca sobre os justiçamentos que cometeu fazendo favor para homens da polícia, os bandidos tinham uma questão de honra para acertar com ele, por isso, não durou muito tempo dentro do sistema carcerário.

Fonte: Fonte: Joel Paviotti / S1 Notícias.

https://cangacologia.blogspot.com/2018/06/conhecam-historia-do-justiceiro-chico.html

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CORONEL JOÃO BEZERRA - O COMANDANTE DA VOLANTE

https://www.youtube.com/watch?v=0XI_sxGev44&t=139s

Publicado em 8 de mar de 2015

Prezados, saudações. É com muita alegria que disponibilizamos aos amantes da cultura nordestina, o primeiro trabalho áudio-visual totalmente dedicado à figura do Coronel João Bezerra da Silva, indubitavelmente, o comandante maior da volante policial alagoana, que no famoso combate da Grota do Angico, ocorrido no dia 28 de julho de 1938, pôs fim à "Era Lampião". Segue um pouco do histórico do documentário: Locações: Fortaleza, Recife e São Paulo Participações: Ângelo Osmiro e Antônio Amaury Depoimento In Memoriam: Cyra Britto Representando a família: Paulo Britto. Direção: Anne Ranzan (PE) & Renata Sales (CE) Produção e Apresentação: Charles Garrido Duração: 01:22:25 Agradecemos a todos que colaboraram em prol da consolidação dessa obra e desde já, pedimos a compreensão do público quanto às nossas limitações, pois não somos profissionais da área televisiva ou cinematográfica, mas sim, apenas pesquisadores e estudiosos do tema. Aceitamos críticas, sugestões e elogios. Entretanto, permitam-nos comunicar que, todo e qualquer comentário inserido será previamente analisado, caso algum fuja aos padrões, infelizmente será excluído, pois pautamos o respeito para com os componentes e personagens históricos que participam do vídeo. Seguimos uma ordem cronológica, inserimos cinquenta e três fotografias, dentre elas, vários documentos pessoais do militar. No final, uma surpresa, ouviremos um trecho da entrevista exclusiva (apenas em áudio) com João Bezerra, realizada pelo escritor Antônio Amaury, no ano de 1969, no município pernambucano de Garanhuns. Para um melhor aproveitamento, colocamos uma legenda sincronizada à fala do militar. Finalizamos citando que, o intuito maior é poder colaborar de alguma forma para o engrandecimento e divulgação dos temas, cangaço e volantes. Família Britto Bezerra & Charles Garrido.

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Conquest Of Paradise
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A MULHER NO CANGAÇO PROGRAMA DO GLOBO REPÓRTER EM 1976

https://www.youtube.com/watch?v=2vxtYWCRK6g&feature=share

Globo Repórter - A Mulher no Cangaço (1976) COMPLETO

Publicado em 22 de mar de 2018

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POÇO REDONDO A CAPITAL DO CANGAÇO

Por José Bezerra Lima Irmãos
José Bezerra lima Irmão e João de Sousa Lima

A primeira localidade sergipana visitada por Lampião foi Carira, a 1º de março de 1929. No mês seguinte, Lampião voltou a Sergipe, numa incursão rápida por Canindé, Poço Redondo, Monte Alegre, Boca da Mata (Glória), Saco do Ribeiro (Ribeirópolis), Alagadiço e Pinhão.A passagem por Poço Redondo foi no dia 19 de abril. O povoado estava em festa – encontrava-se ali o vigário de Porto da Folha, para celebrar missa, fazer casamentos e batizar meninos.Os cangaceiros chegaram pela manhã. Lampião foi direto à bodega de Teotônio Alves, conhecido como seu China, dono da fazenda Recurso, homem importante do lugar: o padre estava hospedado em sua casa...


O padre Artur Passos acordou com o reboliço. Vigário sertanejo, homem de cabelo nas ventas, acostumado a lidar com os jagunços do coronel Zé Rodrigues e dos Brito, o padre impôs condições: os cangaceiros podiam até assistir à missa, desde que sem as armas. Lampião fez de conta que concordou:
– Nun se avexe não, seu vigaro, tou aqui de passage, sou de pais, tudo o qui eu quero é sussego. O povo daqui nun tem pur que tê medo deu. O meu poblema é cum os macaco.
 Logo mais estavam os dois sentados à mesa na casa de seu China para a primeira refeição do dia – o Padre Artur, Ministro de Deus, numa cabeceira, e o Capitão Virgulino, Rei do Cangaço, na outra cabeceira. Dona Marieta serviu aos distintos hóspedes o que tinha de fartura: cuscuz com leite, macaxeira e carne de bode assada.
Oleone Fontes, Abreu Mendes, Manoel Severo e José Bezerra Lima Irmão
Num instante, todo mundo sabia da notícia: Lampião estava no Poço! Era amigo de seu China e do padre Artur! E ia assistir à missa! Quem pensou em se esconder mudou de ideia ao ver o padre Artur sair da casa de China são e salvo, e atrás dele os cangaceiros, descontraídos, afáveis, palitando os dentes. Começou a chegar gente das redondezas para a missa. Gente a pé, a cavalo, em carros de bois. Ao ouvirem a novidade, a reação de todos era a mesma: assombro, medo, curiosidade. Aos poucos, o povo foi se aproximando, olhando o movimento na casa de seu China. Na bodega, alguns moradores já estavam bebendo cachaça com os cangaceiros. Uns meninos passaram na frente da bodega e Lampião jogou moedas para eles. Quando os moleques chegaram em casa com aquele dinheiro todo, cessaram de vez os receios. “Eta home danado de bom é Lampião” – diziam.
Na hora da missa, a igrejinha estava lotada. Mesmo assim, quando Lampião chegou com seus homens, as pessoas deram um jeito, se espremeram, coube todo mundo. Lá fora ficou apenas um cabra, de vigia. Durante a celebração, ninguém prestou atenção ao padre. Mesmo os que estavam na frente davam sempre um jeito de se virar de vez em quando, a pretexto de qualquer coisa, para dar uma espiada nos cangaceiros. Lampião sabia rezar, ajoelhava-se nas horas certas, ficava de pé nos momentos adequados, respondia até aos “Dominus vobiscum”.Depois da missa, os cabras dirigiram-se à casa de China, e o povo, já familiarizado com eles, foi atrás, formando-se um ajuntamento em frente à bodega. China não conseguia dar conta do movimento. Gente que nunca comprou nada em sua venda, de repente virou freguês.Lampião pensou até em arranjar um sanfoneiro e fazer uma dança. Mas o padre Artur não concordou:
– Capitão, os seus cabras estão bebendo. Eu sou responsável por essas famílias. Deixei que o senhor assistisse à minha missa. Agora é o senhor que tem de aceitar o meu pedido. Precisam ir embora.
 – Pade Artu, o qui eu prometo eu cumpro – disse Lampião, e alteou a voz: – Mininos, venham se dispidi e pidi a bença ao pade!
Lampião apresentou seus cabras ao padre, um por um. Deixou por último um rapazinho. Explicou:
– Dexei este aqui pro fim de proposto. É o premero cabra de Segipe a me acumpanhá. Nóis chama ele de Vorta Seca.
O padre Artur ficou chocado com o que via. O cangaceiro sergipano não passava de um menino, um mulatinho de olhos vivos e jeito brincalhão que nem fios de barba tinha ainda. O vigário perguntou a idade dele.
– Onze ano – respondeu o garoto.
– Deus misericordioso!... – balbuciou o velho padre, condoído com tão terrível desgraça. – Uma criança...
– Criança!? – contrapôs Virgulino. – Nun se ingane não, pade Artu. Esse muleque, com essa carinha de besta, tem corage de fazê coisa qui até o diabo duvida! Nasceu pra sê cangacero!
Logo mais, feitas as despedidas, Lampião soprou o apito, chamando os cabras para a partida. Aumentou o alvoroço. As pessoas esticavam-se na ponta dos pés para ver mais uma vez o Capitão Virgulino, que estava indo embora. As moças apinhavam-se nas portas e janelas. Dizia-se que Volta Seca tinha dado um de seus muitos anéis a Mocinha de Dedé, e ela agora mostrava o presente às amigas, que morriam de inveja.Ao montar no cavalo, Lampião falou alto, todo respeitoso:
– Pade Artu, vou simbora. Adiscurpe os mau jeito. Seu China, tou veno que o sinhô é um cabra macho. Cum certeza vou vortá outas veis aqui. Até mais vê!
O Rei do Cangaço, imponente em sua montaria, acenou para o povo de Poço Redondo. Os cangaceiros esporearam os cavalos, fazendo cabriolas, mostrando destreza, e dispararam a galope pela estrada que ia para a Serra Negra. O povo ficou olhando o bando se afastar levantando uma nuvem de poeira. Todos estavam maravilhados com os modos gentis do Capitão cangaceiro. A partir dali, os mais velhos teriam muito que contar, muito assunto para os encontros com os amigos. E os mais novos teriam razões para sonhar de olhos abertos, imaginando novas perspectivas em suas vidas. Devia ser maravilhoso viver como cangaceiro, ficar famoso, ter dinheiro, ter mulheres, ser temido e adulado aonde chegasse, podendo fazer o que quisesse na vida, como Volta Seca, que aos onze anos de idade já era homem!...Em vez de ir para a Serra Negra, como dera a entender ao sair de Poço Redondo, logo adiante o astuto cangaceiro mudou de rumo, pegando a estrada de Monte Alegre.
* * *
 Alcino Alves Costa

Convém tecer algumas considerações acerca das circunstâncias que levaram Poço Redondo a ser intitulada como “A Capital do Cangaço”.
Cangaceiro era então a profissão da moda.
Lampião nunca teve problemas com os habitantes das caatingas de Poço Redondo. Quando ele dividiu o território de suas operações entre os cabras de maior confiança, Zé SerenoMané Moreno, Mariano e Juriti escolheram como companheiras garotas filhas de Poço Redondo e adjacências. A presença desses bandos na região exerceu influênciadecisiva na rapaziada do Poço, pois é próprio dos jovens gostar de aventuras, e o cangaço era ali a aventura suprema. Se no passado os principais celeiros de cangaceiros de Lampião foram Vila Bela, Triunfo e Flores, nos sertões de Pernambuco, em sua nova fase essa triste famarecaiu sobre Chorrochó, Feira do PauVárzea da Ema, Salgado do Melão, Juá e Bebedouro, na Bahia, e Poço Redondoem Sergipe.
caso de Poço Redondo é especialmente assombroso. No auge da era cangaceira, praticamente todos os moradores da região se envolveram de alguma forma com algum dos bandos que viviam na área, se não como cangaceiros, pelo menos como coiteiros. Quem entrava no cangaço convidava depois os irmãos, os primos, os amigos. O pequeno povoado sergipano forneceu para o bando de Lampião mais de 30 cangaceirosinclusive um filho de Julião do Nascimento, o homem mais rico do lugar–  de Julião (José Francisco do Nascimento) tornou-se o cangaceiroCajazeiraPoço Redondo passou à história como a Capital do Cangaço.
Conforme assinala Alcino Costa – o Vaqueiro da História –, incansávelpesquisador da saga cangaceira naquelas paragens, a chegada dos bandoleiros e depois das volantes mudou por completo os costumes dos moradores do Poço. “A moda no sertão era ser cangaceiro. O rapazinho  não desejava ser um bom vaqueiro; o que ele queria ser era um dos grandes e falados bandidos. O cangaço e Lampião estão no mais altopico da glória e da fama.” E aduz noutra passagem: “A rapaziadadaquele sertão sonhava embevecida e maravilhada com aquelas belíssimas vestimentas, os tricolores lenços ou jabiracas garbosamenteenlaçadas ao pescoço, os brilhantes anéis e alianças, as famosas bandoleiras e cartucheiras com seus lindos bordados e recheadas de balas, os temidos e reluzentes punhais, o tradicional e bem cuidadobornal, o inseparável e amado chapéu de couro com suas grandes abasvoltadas para o infinitomaior símbolo do homem sertanejo e do banditismo.”

Esse depoimento afina-se com o que escreveu o arguto brasilianista Billy Jaynes Chandler: em lugares como Bebedouro e Poço Redondopor voltade 1920 e 1930, para os filhos de moradores e pequenos fazendeiros,entrar para o cangaço era um fato quase tão natural e cheio de atrativoscomo era para os filhos das elites de Recife e Salvador entrar para a faculdade de direito ou de medicina. Muitos jovens escolhiam o cangaço fascinados pela sugestão de força e poder que os cangaceiros transmitiam com suas armas, símbolos e roupas espalhafatosas.
eterno problema das secas tornava infrutífero o trabalho nas roças e penoso o criatório de vacas, cabras e ovelhasSer vaqueiro significava ser escravo dos coronéis e fazendeiros. Muitas pessoas viviam unicamente da caçacomo seus ancestrais caboclos. A profissão maisatraente era a de cangaceiroque vivia sem trabalhar, gozando da maisampla liberdade e respeito – cangaceiro era respeitado até pelas autoridades! Naquele clima de valentia, diz Alcino Costa, “os jovens de quase todas as famílias viviam encantados, maravilhados com os grandiosos feitos da malta e, embevecidos, sonhavam em pertenceràquele grupo de valentes e afamados cangaceiros”. Diz ele, noutro trecho: “Dava pena e era comum naqueles temposver pobres meninosainda na puberdade, no desabrochar da vida, irem aos bandossemmotivos que justificassem tão temerária e louca decisãopara a companhia de Lampião e sua malta”. E completa noutra parte: “Inocentes rapazes que jamais pensaram em ser fugitivos da lei e nemsequer haviam manobrado arma alguma, além de sua inseparávelespingarda de caça”.
Em Poço Redondo, formou-se uma nova categoria de coiteiro. Como em cada família havia um ou vários cangaceiros, é impróprio tacharpejorativamente aquela imensa parentela de “coiteiros”. Como diz Alcino Costa, os moradores do Poço não escondiam nem protegiam bandidos, mas sim entes que lhes eram carosfilhos de seu próprio sangue.
Por José Bezerra Lima Irmão
Homenagem a Alcino Alves Costa, “O Caipira de Poço Redondo”,
Vaqueiro da História, personagem mais ilustre da Capital do Cangaço
Em 11 de junho de 2018

Vem aí...

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