Por Onaldo Queiroga
Os tempos mudaram, e como mudaram. Foi num ontem não muito distante que o
interior brasileiro era sinônimo de sossego, tranquilidade, amizade e paz.
Não precisamos ter muita idade para recordações nos encaminharem para um mundo
em que as praças interioranas serviam de palco para o encontro de jovens que
ali, e no convívio diário, no bate papo sadio, na paquera e no passeio de mãos
dadas com a pessoa amada encontravam momentos de intensa felicidade. A praça
era templo de diálogos, entre jovens, velhos e entre jovens e velhos. Pelas
calçadas e bancos, era possível sentir a segurança de passear, de ficar até
mais tarde da noite contemplando a Lua e as estrelas, conversar nas escadarias
da Igreja Matriz, de se ouvirem piadas e dar boas risadas. A praça também
sempre foi dos esportes, da música, do teatro, do protesto, da animação, mas
nunca da violência. Armar uma rede numa varanda e dormir sob o balanço da fria
madrugada tornou-se algo do passado.
A evolução do homem é algo inconteste. Essa evolução, todavia, não se
restringiu aos aspectos que beneficiaram o planeta e a própria existência
humana. Infelizmente, a maldade e a barbárie, ao invés de serem expurgadas do
interior humano, foram, na verdade, aperfeiçoadas sob a égide de uma
desvirtuada “evolução”. Com isso, as cidades interioranas, outrora sinônimo de
vida e alegria, diante da atual conjuntura de violência estão sendo
transformadas em palcos de crueldades, selvagerias, terror e medo. Medo
comandado pela ausência de saúde, educação, esporte, segurança e cultura
acessíveis ao povo, mas, primordialmente, pela ausência de Deus no coração dos
homens.
Sob a nebulosa e funesta fumaça da maconha, do crack e outras drogas, o homem
vem se transformando num mulambo, num trapo, e, por que não dizer, num ser
desprezível que constrói o seu próprio perecimento. Hoje, o homem de bem não
consegue ter a tranquilidade de antigamente, apesar dos avanços tecnológicos e
da prosperidade anunciada pelas autoridades. Na verdade, a criminalidade ganhou
corpo e vem se transmudando em um monstro com feições imbatíveis. Aos bons,
restam poucas alternativas, como, por exemplo. Colocar grades e fios elétricos
em suas residências e registrar inúmeras senhas para conviverem no deslumbrante
mundo virtual. Tudo isso, no entanto, não os livra do pavor. Mesmo de portas
fechadas e “isolados”, a internet e a programação televisiva despeja a
violência externa aos pés dos cidadãos ilegitimamente enclausurados. Esses
aspectos estão gerando uma sensação incrível de desencanto na população, pois,
apesar da impiedosa carga tributária que suportamos, a vida cada vez fica mais
impiedosa.
É preciso que o homem mude. Condutor da sua própria história, ele é capaz de
redirecionar os seus passos, voltá-los a Deus, que lhe permitirá vencer a
maldade que o circunda.
Enviado pelo o poeta, escritor e pesquisador do cangaço Kydelmir Dantas
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