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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Os tempos mudaram. E o homem?

Por Onaldo Queiroga


Os tempos mudaram, e como mudaram. Foi num ontem não muito distante que o interior brasileiro era sinônimo de sossego, tranquilidade, amizade e paz.

Não precisamos ter muita idade para recordações nos encaminharem para um mundo em que as praças interioranas serviam de palco para o encontro de jovens que ali, e no convívio diário, no bate papo sadio, na paquera e no passeio de mãos dadas com a pessoa amada encontravam momentos de intensa felicidade. A praça era templo de diálogos, entre jovens, velhos e entre jovens e velhos. Pelas calçadas e bancos, era possível sentir a segurança de passear, de ficar até mais tarde da noite contemplando a Lua e as estrelas, conversar nas escadarias da Igreja Matriz, de se ouvirem piadas e dar boas risadas. A praça também sempre foi dos esportes, da música, do teatro, do protesto, da animação, mas nunca da violência. Armar uma rede numa varanda e dormir sob o balanço da fria madrugada tornou-se algo do passado.

A evolução do homem é algo inconteste. Essa evolução, todavia, não se restringiu aos aspectos que beneficiaram o planeta e a própria existência humana. Infelizmente, a maldade e a barbárie, ao invés de serem expurgadas do interior humano, foram, na verdade, aperfeiçoadas sob a égide de uma desvirtuada “evolução”. Com isso, as cidades interioranas, outrora sinônimo de vida e alegria, diante da atual conjuntura de violência estão sendo transformadas em palcos de crueldades, selvagerias, terror e medo. Medo comandado pela ausência de saúde, educação, esporte, segurança e cultura acessíveis ao povo, mas, primordialmente, pela ausência de Deus no coração dos homens.

Sob a nebulosa e funesta fumaça da maconha, do crack e outras drogas, o homem vem se transformando num mulambo, num trapo, e, por que não dizer, num ser desprezível que constrói o seu próprio perecimento. Hoje, o homem de bem não consegue ter a tranquilidade de antigamente, apesar dos avanços tecnológicos e da prosperidade anunciada pelas autoridades. Na verdade, a criminalidade ganhou corpo e vem se transmudando em um monstro com feições imbatíveis. Aos bons, restam poucas alternativas, como, por exemplo. Colocar grades e fios elétricos em suas residências e registrar inúmeras senhas para conviverem no deslumbrante mundo virtual. Tudo isso, no entanto, não os livra do pavor. Mesmo de portas fechadas e “isolados”, a internet e a programação televisiva despeja a violência externa aos pés dos cidadãos ilegitimamente enclausurados. Esses aspectos estão gerando uma sensação incrível de desencanto na população, pois, apesar da impiedosa carga tributária que suportamos, a vida cada vez fica mais impiedosa.

É preciso que o homem mude. Condutor da sua própria história, ele é capaz de redirecionar os seus passos, voltá-los a Deus, que lhe permitirá vencer a maldade que o circunda. 

Enviado pelo o poeta, escritor e pesquisador do cangaço Kydelmir Dantas 

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PEITO LAVADO

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2014 - Crônica Nº 1140


Tudo começou em tempo de eleição. A cidadezinha dividia-se em dois partidos políticos. Durante os comícios dos dois candidatos a prefeito, Candinho, o proprietário da burra de carroça por nome Aurora, notou que o animal ficava excitado e queria sempre acompanhar os discursos de um deles. Logo correu o boato de que a burra era inteligente e queria votar.

Ilustração - (Gazeta de Beirut) 

A casa de Candinho estava sempre cheia de gente querendo conhecer e falar com ela, ali no terreno vizinho. Quando indagavam se o candidato “A” iria ganhar a eleição, a burra ficava impassível. Quando perguntavam sobre o candidato “B”, Aurora balançava a cabeça para cima e para baixo.

O candidato “B” foi à casa de Candinho conhecer a burra dos boatos. Aurora ficou muito alegre com sua presença, saiu pulando, escoiceando e por fim veio esfregar o focinho no candidato de sua preferência. O homem disse que queria comprar a burra pelo preço que o proprietário pedisse. Candinho não quis vender. Diante disso, o político mandou colocar uma vistosa saia na burra, levou uma cabeleireira e maquiadora até à casa de Candinho e preparou Aurora como se fosse mulher para levá-la ao seu próximo comício.

O candidato “A” soube e também foi procurar Aurora. A burra saiu correndo e não quis ouvir o político.

Diante do número de eleitores que a cada dia lotava a casa de Candinho para conhecer e pedir conselho a Aurora, o candidato “A” contratou o jagunço Mané Gancho para matá-la. O terrível jagunço dirigiu-se ao cercado de Aurora, durante a madrugada, levando uma espingarda 12. Aurora, percebendo o perigo, aproximou-se do bandido e passou-lhe a língua na face. O bandido ficou apaixonado e, durante o amanhecer escapuliu da terra sem realizar a base do contrato.

O prefeito “B” ganhou a eleição, Aurora desfilou na rua vestida de mulher ao som de banda de música e o novo prefeito nem sabia o que fazer para colocar a burra no colo.

Daí em diante, Aurora passou a ser procurada para tudo. Com a cabeça, relinchos, coices e outras artimanhas, respondia às multidões como famosa vidente dos sertões. Perguntavam sobre separação de casais, almas do outro mundo, como deixar de beber, trazer um amor de volta e até sobre os números da loto em que a burra de Candinho respondia batendo com os cascos no chão a cada número perguntado. Quando um fazendeiro quis construir para ela uma igreja, o bispo exasperou-se e mandou o delegado tomar providências. Mas, todos que chegavam perto da burra encantavam-se com ela.

E para encurtar a história, certa manhã encontraram Aurora “estirada” no cercado. Nunca souberam quem havia feito tamanha barbaridade, mas a mulher enciumada do prefeito “B” estava de PEITO LAVADO

·        Série ficção. 


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Quinco Vasques , o "Bravo Caririense" Parte I

Por: Manoel Severo

Honório de Medeiros e Manoel Severo 

A região do cariri, no sul do Ceará, guarda além de uma beleza ímpar e inigualável, uma tradição e um conjunto de vultos históricos realmente marcantes; pela força de suas personalidades e pelo grau de bravura que imprimiram às suas trajetórias. Família inteiras ou simplesmente um ou outro personagem, despontam do cariri cearense para fazerem a história de nosso povo.

Quinco Vasques ao centro de seus dez filhos na sede da fazenda Carnaúba dos Vasques

Um desses marcantes personagens sem dúvidas trata-se de Joaquim Vasques Landim; mais conhecido por Quinco Vasques. Patriarca de uma das mais tradicionais famílias de nosso cariri, do seio dos Terésios, de Santa Teresa, a família Vasques Landim, que protagonizou uma enormidade de episódios pitorescos e importantes dentro da história do coronelismo do sul do Ceará no inicio do século passado.

Um desses episódios que ficaria marcado no panteão caririense foi sem dúvidas o ataque de Quinco Vasques a cidade Lavras da Mangabeira, quando enfrentou o poderoso clã dos Augustos, tendo a frente a não menos emblemática Dona Fideralina.

Era o mês de abril de 1910. A madrugada do dia 06 para o dia 07 guardava os preparativos para empreitada do bravo caririense rumo as terras da matriarca do clã lavrense dos Augustos. No poder em Lavras se encontrava o cel. Gustavo Augusto Lima, filho de Dona Fideralina. Quinco Vasques e seu grupo, cerca de cinquenta homens bem armados,  partiram da serra de São Pedro no atual município de Caririaçu, mas precisamente do sítio Bico da Arara. Ao longo do caminho outros homens se uniram à empreitada para a tomada de poder em Lavras, perfazendo um total estimado entre 150 a 200 homens em armas sob o comando de Quinco Vasques.

Cel. Gustavo Augusto Lima de Lavras da Mangabeira

O episódio em tela era mais um para ilustrar a verdadeira guerra que havia no sertão do cariri patrocinada pelos potentados locais em busca do poder de mando nos municípios do sertão sul do Ceará. Ocorrências da mesma natureza pontuaram por todo o inicio do século, quando em armas foram tomados e "retomados" o poder em quase todos os rincões caririenses, com destaques , dentre outros, para: Crato com a tomada do poder por parte do cel. Alves Pequeno derrubando o cel. Belém; em Missão Velha em princípio com o Cel. Santana e depois com o cel. Izaias Arruda, sem falar em nomes de destacados mandatários locais, como cel. Joca do Brejão em Barbalha, Totonho Leite em Aurora, Domingos Furtado em Milagres e Zé Inácio no Barro, dentre muitos outros, tendo por fim, provocado a polêmica reunião em 1911 em Juazeiro do Norte do "Pacto dos Coronéis", sob as benção de Padre Cícero e Floro Bartolomeu.

Voltando ao ataque de Quinco Vasques a Lavras no longínquo abril de 1910. As forças equivalentes em número de homens e em valentia e coragem de parte a parte, acabaram pendendo para os defensores de Lavras. A partir de pontos estratégicos dentro da cidade sitiada; como a própria "casa da rua" de Dona Fideralina; o coronel Gustavo Augusto Lima definiu a contenda vencendo os invasores sob o comando de Quinco Vasques.


Quinco Vasques 
Casa de Dona Fideralina no centro de Lavras: Dessas janelas foram rechaçados os homens de Quinco Vasques.

E recorrendo ao grande pesquisador, poeta e escritor Dimas Macedo por ocasião do Cariri Cangaço Lavras da Mangabeira em Maio de 2013: "Severo, destas janelas os homens do Coronel Gustavo rechaçaram os jagunços de Quinco Vasques"... E como já mencionei em outro artigo neste mesmo blog: - Me veio a cabeça esse verdadeiro "duelo de titãs", de um lado a força de todo um clã; dos Augustos de Dona Fidera e do outro a coragem e bravura de um homem da estirpe de um Quinco Vasques.

Ao final da luta, os homens que não tombaram em combate e nem foram presos caíram no "oco do mundo". Quinco Vasques acabou preso pelos homens do cel. Gustavo Augusto Lima, entretanto após prestar depoimento acabou se safando da prisão pela força da influência notadamente do cel. Santana de Missão Velha e cel. Domingos Furtado de Milagres.

Continua...

Manoel Severo - Cariri Cangaço

Fontes de Pesquisa:

Venda Grande d'Aurora de João Calixto Junior;
Revista Itaytera em artigo de Joaryvar Macedo de 1964
Blog: http://familiavasqueslandim.blogspot.com.br/
Fotos: Família Vasques Landim
 

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2014/02/quinco-vasques-o-bravo-caririrense.html 
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João de Sousa Lima cede entrevista à TV UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.


A UESB  - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,  realizou entrevista com o Escritor e Historiador João de Sousa Lima.

No momento foi apresentado os livros do escritor que também falou dos roteiros turísticos  de Paulo Afonso e da importância de  divulgar os fatos históricos acontecidos na região e preservar a cultura nordestina.


Em data a ser definida o historiador estará lançando seus livros em Vitória da Conquista, Bahia e em Jordânia, Minas Gerais. 

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima

http://www.joaodesousalima.com 
 http://blogdomendesemendes.blogspot.com