Fernanda Cecília
Muita gente
desconhence que o bando de Virgolino Ferreira Vulgo: "Lampião".
Também tinha seus atos de bondades, em meio às crueldades praticadas. A partir
de 27 o bando de Lampião se tornou frequente em disponibilizar saques em meio a
comunidade mais pobre, como as cidades de Apodi e Gavião em maio de 1927, a
qual de acordo com alguns livros, foi as primeiras cidades que o bando começou
com essa atividade. Mas de acordo outros, Lampião já tinha essas atitudes desse
o assalto a baronesa de Água branca no ano de 22.
Lampião também
se mostrava respeitador com famílias e pessoas de bem, tanto que já foi
elogiado muitas vezes por isso. Aqui se verá um depoimento a partir de um
desses episódios, de acordo com o Dr. Jomario Lopes que recebeu esse depoimento
da Dona Lourdes Menezes, prima de Arthur Hortêncio Netto, narrou o acontecido
na noite de 12 para 13 de junho, véspera da entrada de Lampião em Mossoró:
"Arthur
Hortêncio era afamado mágico por seus números de levitação, com apresentações
em inúmeras cidades do Nordeste.
Ele encontrava
a caminho de Mossoró para mais uma apresentação, acompanhado de sua esposa,
quando a noite caiu, obrigando a pedir hospedagem numa fazenda. Como de
costume, o proprietário atendeu ao pedido.
Já recolhidos,
ouviram o tropel de numeroso grupo de cavaleiros. Era Lampião que chegava! Não
houve resistência, e o chefe dos cangaceiros ordenou ao fazendeiro que todos os
que estivessem na casa se apresentassem perante ele. O mágico ficou
temeroso pela
sua esposa, jovem e bonita, e pediu licença para falar com o "Rei do
Cangaço". O rapaz apresentou-se e contou o que fazia na vida, com a esposa
a seu lado. Ela tremia, e o cangaceiro perguntou-lhe o motivo.
- Porque ela
está com medo dos cangaceiros.
Lampião
acalmou-a:
- Não tenha
medo, senhora. Não tenha medo.
O mágico,
então, pediu o seguinte favor:
- Capitão. Eu
peço, ao senhor, garantias para mim e minha esposa.
- Tem toda a
garantia. Nada vai acontecer com você nem com sua esposa. Só não pode sair. E
só pode sair depois de uma hora que nos deixar a fazenda.
Arthur
Hortêncio mostrou-lhe os cartazes de propaganda e álbum com imagens de suas
mágicas. Fez algumas demonstrações ao chefe, que achou muita graça e riu
bastante"
O mágico
comentou com sua prima categoricamente: Lampião foi um cavalheiro com minha
esposa e comigo também. Até despediu-se quando saiu com seus companheiros,
tomando a direção de Mossoró.
LAMPIÃO O
HERÓI DOS VERTIDOS
No caminho de
Mossoró, os cangaceiros chegaram a um local chamando Passagem Oiticica, a
apenas uma légua de Mossoró, onde havia poucas residencias. Em uma das casas,
um cangaceiro queria dinheiro, e ameaçava destruir um vestido de noivado da
noiva, que era uma das filhas do dono da casa, se alguém não desse o que o
cangaceiro queria. Lampião entrou na casa, a moça viu e apelou para os
sentimentos do cangaceiro, a qual atendeu ordenando:
- Parem com
isso! Não rasguem o vertido da noiva!.
O cangaceiro,
assim o fez, deixando o vestido em paz.
LAMPIÃO O
HOMEM DE PALAVRA E O JUSTICEIRO
Na serra do
Araripe, O coronel Dudé, ficou muito preocupado pela presença de Lampião a qual
pediu garantias de que não haveria nenhuma alteração por ali, com o que Lampião
concordou.
Apesar de
Lampião haver empenhado sua palavra de que não haveria nenhum incidente, e dos
cuidados tomados para que nada acontecesse, houve um imprevisto. Um dos membros
do grupo de Lampião, chamado Ignácio Loyola de Medeiros, mais conhecido como
Jurema, disse uns gracejos bem pesados a duas senhoras casadas, que foram logo
queixa-se ao coronel.
Este chamou
Lampião e contou o havia ocorrido, Lampião após saber, chamou alguns
cangaceiros e mandou castigar Jurema porque quebrou a sua palavra e ordem.
Jurema foi barbaramente espancado e até abandonado pelos companheiros que o
deixaram na cidade "Jardim" a qual acabou morrendo pelos ferimentos
sofridos.
Cícero
Rodrigues de Carvalho tinha o hábito de viajar com seu pai para a feira de
Flores, em Pernambuco. Numa dessas viagens, chegando à fazenda Melancia, do
Viúvo José Calú, foram detidos pelos cangaceiros e levados para o curral, a
qual já encontrava muitas pessoas. O motivo da visita de Lampião era apenas dar
uma lição em Zé Calú, a qual foi acusado de manter relações sexuais com suas
próprias filhas, essas acusações partiram do fazendeiro José Josino, coiteiro
de Lampião. Lampião mandou suspender Zé Calú pelos testículos, a qual foi
amarrados com uma tira de couro suspensa nos esteios de telhado e puxado pelos
cangaceiros. Zé Calú desmaiou logo no início do castigo, mas acabou escapando e
terminou morrendo no caminho para Juazeiro.
A PUNIÇÃO DO
CANGACEIRO SABIÁ
Lampião chegou
casando na casa de Aristéia e Quinca. O casal separou um bode para ser servido
ao amigo. Lampião mandou dois cangaceiros matar o bode, enquanto os outros
tomavam conhaque Macieira. O bode foi sagrado por Sabiá com um longo punhal, a
qual puxou-o e o levou sujo de sangue na boca bebendo o sangue do animal a qual
estava todo coberto. Lampião achando aquele ato um afronta, enfurecido,
empurrou Sabiá e o xingou, falando que ele tivesse respeito com os donos da
casa. Logo no dia seguinte, o mesmo, embriagado chegou até estuprar uma menina
de quatorze anos.
Lampião
sabendo da atitude do cangaceiro, partiu como uma fera a qual Sabiá falou o
seguinte comentário:
" Êita,
capitão, eu vou morrer!" Lampião respondeu:
"Vai,
Cabra safado! Que é pra aprender a não mexer com as famia de bem"
Lampião puxou
seu fuzil e excultou dois tiros na cabeça do cangaceiro.
Lampião podia
ser um homem justo, de palavra, quando queria e quando achava motivos para
isso. Tinha seu próprio código de conduta, e era muitas vezes levado pelo
sentimentalismo de momento, levando até cometer atos injustos contra pessoas
que não tinha nada a ver com sua luta. Uma dessas pessoas foi o senhor Vicente
Lira, que foi vítima de um Lampião que estava sob muita pressão, por causa dos
más sensações de invadir uma cidade, a qual nunca chegou realmente colocar os
pés. Sua história é a seguinte:
"Em Boa
Esperança, o Sr. Vicente Lira foi aprisionado por Lampião, a qual foi exibido
pelo vilarejo, fazendo-o caminhar á frente do seu cavalo.
Num dado
momento o cavalo pisou no calcanhar de Vicente, fazendo desequilibrar. Na ânsia
de evitar o tombo, agarrou às rédeas do cavalo, a qual assustou o animal e
quase derrubando Lampião, a qual sem pestanejar sacou seu punhal e cravou nas
costas dele, apensar desse episódio Vicente Lira não tinha ferimentos graves,
fazendo assim sobreviver para contar a sua história, Lampião até o seguiu mas
logo deixou para lá.
Lampião quando
não estava sob esses sentimentos, era alguém calmo, educado e respeitador, até
com aquelas "inusitadas pessoas" fazendo assim ações que ninguém
esperaria, como por exemplo no combate da Serra Grande. A qual seus homens
passaram dos limites nos insultos baixos colocando esposa e mãe dos oficiais no
meio, deixando a ponto de Lampião ficar irritado e chamar a atenção dos seus
homens, falando a seguinte frase:
" - Ô
cambada, vocês não podem ofender sem colocar a mãe e a mulher no meio?"
Também vale
mencionar, que antes do início da batalha, Lampião garantiu que o refém
chamando Pedro Mineiro, ficasse sob guarda de alguns cangaceiros, atrás das
pedras para evitar que ele não fosse ferido. Pedro sabia tocar violão, e como
tinha um instrumento desses no coito, aproveitou para executar algumas canções
que agradaram muito Lampião, conquistando assim a simpatia dele. Ao término,
dos tiroteios, Pedro Mineiro recebeu uma soma em dinheiro do próprio Rei do cangaço,
além de uma escolta para que nada acontecesse ao homem, se caso a volante de
Pernambuco o encontrasse.
Outro caso a
respeito dessas "inusitadas pessoas" seria a do soldado de Aracaju,
Gilberto, a qual foi parado por Lampião após sair do trem em Capela:
- Você é
macaco da Bahia? Lampião perguntou.
- Não, sou de
Aracaju _ respondeu o soldado.
- Se você
fosse baiano eu o sangrava agora mesmo
_ falou
Lampião.
Em seguida,
Lampião tirou a arma do soldado, examinou e deu sua opinião:
- Brigando com
isto, regula com cacete. É mais velho que a Lua, Vá.
O soldado, que
depressa, virou-se para ir embora, mas ainda foi orientado por Lampião.
- Só não vai
por aí porque pode encontrar um dos meus meninos, e que vão fazer alguma
brincadeira de mal gosto. "
Lampião até
mandou um de seus homens mais confiáveis que acompanhasse o soldado até o
quartel da cidade preservando de encontros desagraveis.
Aqui, nesse
episódio em cima narrado, podemos observar, que apensar de Lampião manter um
ódio por soldados e oficiais do governo a qual culpava pelas injustiças que sua
família passou. Ele garantiu a proteção do soldado.
Enterrar
gente, era uma prática bastante difícil para os cangaceiros, quando seus
camaradas morria longe de coitos, os corpos era deixados ali mesmo por conta
das perseguições. Mas quando morria perto de coitos as coisas era bastante
diferente. Isso até que não foi diferente com as volantes. Muitos não devem
saber, mas de fato, os cangaceiros mandava seus coiteiros enterrarem seus
inimigos. " Coisa bastante diferente em comparação em muitos casos das
forças volantes, a qual temos o grande exemplo em Angico. Que somente mandaram
moradores enterrar sob muita ameaças, os corpos depois de vários dias em céu
aberto que não tinha quase nada, e só enterraram por conta do cheiro que era
insuportável."
O caso mais
conhecido a respeito dos enterros de soldados era dos homens comandados pelo
sargento José Joaquim de Miranda conhecido como o "Bigode de Ouro"
foram mais ou menos 20 corpos a serem enterrados, incluindo o próprio tenente.
O coiteiro Antônio Xavier foi o responsável de enterrar os corpos dos soldados
a mando de Lampião. Já era perto da noite, então Antônio resolveu enterrar de
manhã, mas não deixou os corpos em céu aberto, pois não iria permitir que
passassem a noite em meio ao relento da zona rural, que começou a colocar os
corpos dentro de casa.
No dia 25 de
novembro de 1929, o bando de Lampião adentrou na cidade de Nossa Senhora das
Dores com nove homens, causando supresa, admiração e medo entre os cidadãos.
Lampião foi a delegacia para garantir que vieste em paz e que não havia motivos
para preocupação. O delegado e o intendente ( cargo equivalente a prefeito de
hoje) foram incumbidos pelos cangaceiros de fazerem uma coleta pela cidade. Os
cangaceiros andando pela cidade, percebeu que Nossa Senhora das Dores era uma
cidade cheia de moças bonitas, a qual consideraram em fazer um baile. Mas isso
não foi realizado porque o escrivão local, de sobrenome Corrêa, procurou
Lampião e pediu-lhe:
"-
Capitão Lampião, sou pai de cinco moças, e não gostaria que elas dançassem com
seus homens."
E logo
Lampião, em respeito a sua palavra de que via em paz e ao pai das cinco moças
foi até seus homens e deu a ordem:
- "Aqui,
hoje, não se dança." A qual foi seguida muito bem.
Lampião
passeou pela cidade as vezes sozinho, e entrou em esbelecimentos comerciais,
comendo, bebendo. Garantiu até que todas as contas dos seus homens e pessoas
coriosas que estava ali só para ver o tão conhecido Rei do cangaço de perto,
fossem pagas.
Lampião fez a
mesma coisa em Capela, prometendo entrar em paz sem nem um problema causar, mas
aqui ocorreu um caso interesse que deveria ser narrado. Em um bar, Lampião
bebendo uma cerveja, ia ouvindo alguns dos presentes indicarem casas de viúvas
e de pessoas de grandes posses como alvos convenientes para assaltar. Lampião
foi só ouvido e finalmente colocou um basta na história:
- "Não
vim aqui prá saquear ou roubar. Estou sendo bem tratado e não vou fazer nada de
mal."
Nesses fatos
narrados, podemos observar as qualidades do rei do cangaço que tinha, a qual
muitos chegaram até negar ou até descohencerem.
Fontes:
Lampião Herói
ou Bandido? (Antônio Amaury Corréa de Araújo e Carlos Elydio Corréa de Araújo)
A marcha de
Lampião - Assalto a Mossoró ( Raul Fernandes)
Lampião
Serrote Preto e Seus Sequazes ( Rodrigues de Carvalho)
Lampião em
Paulo Afonso ( João de Sousa Lima)
De Virgolino A
Lampião ( Antônio Amaury e Vera Ferreira
Apagando o
Lampião ( Frederico Pernambucano de Mello)
Lampião seu
Tempo e seu Reinado ( Frederico Bezerra Marciel)
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