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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

LAMPIÃO E A TAL FIGURA DE ROBIN HOOD

Fernanda Cecília

Muita gente desconhence que o bando de Virgolino Ferreira Vulgo: "Lampião". Também tinha seus atos de bondades, em meio às crueldades praticadas. A partir de 27 o bando de Lampião se tornou frequente em disponibilizar saques em meio a comunidade mais pobre, como as cidades de Apodi e Gavião em maio de 1927, a qual de acordo com alguns livros, foi as primeiras cidades que o bando começou com essa atividade. Mas de acordo outros, Lampião já tinha essas atitudes desse o assalto a baronesa de Água branca no ano de 22.

Lampião também se mostrava respeitador com famílias e pessoas de bem, tanto que já foi elogiado muitas vezes por isso. Aqui se verá um depoimento a partir de um desses episódios, de acordo com o Dr. Jomario Lopes que recebeu esse depoimento da Dona Lourdes Menezes, prima de Arthur Hortêncio Netto, narrou o acontecido na noite de 12 para 13 de junho, véspera da entrada de Lampião em Mossoró:

"Arthur Hortêncio era afamado mágico por seus números de levitação, com apresentações em inúmeras cidades do Nordeste.

Ele encontrava a caminho de Mossoró para mais uma apresentação, acompanhado de sua esposa, quando a noite caiu, obrigando a pedir hospedagem numa fazenda. Como de costume, o proprietário atendeu ao pedido.

Já recolhidos, ouviram o tropel de numeroso grupo de cavaleiros. Era Lampião que chegava! Não houve resistência, e o chefe dos cangaceiros ordenou ao fazendeiro que todos os que estivessem na casa se apresentassem perante ele. O mágico ficou

temeroso pela sua esposa, jovem e bonita, e pediu licença para falar com o "Rei do Cangaço". O rapaz apresentou-se e contou o que fazia na vida, com a esposa a seu lado. Ela tremia, e o cangaceiro perguntou-lhe o motivo.

- Porque ela está com medo dos cangaceiros.

Lampião acalmou-a:

- Não tenha medo, senhora. Não tenha medo.

O mágico, então, pediu o seguinte favor:

- Capitão. Eu peço, ao senhor, garantias para mim e minha esposa.

- Tem toda a garantia. Nada vai acontecer com você nem com sua esposa. Só não pode sair. E só pode sair depois de uma hora que nos deixar a fazenda.

Arthur Hortêncio mostrou-lhe os cartazes de propaganda e álbum com imagens de suas mágicas. Fez algumas demonstrações ao chefe, que achou muita graça e riu bastante"

O mágico comentou com sua prima categoricamente: Lampião foi um cavalheiro com minha esposa e comigo também. Até despediu-se quando saiu com seus companheiros, tomando a direção de Mossoró.

LAMPIÃO O HERÓI DOS VERTIDOS

No caminho de Mossoró, os cangaceiros chegaram a um local chamando Passagem Oiticica, a apenas uma légua de Mossoró, onde havia poucas residencias. Em uma das casas, um cangaceiro queria dinheiro, e ameaçava destruir um vestido de noivado da noiva, que era uma das filhas do dono da casa, se alguém não desse o que o cangaceiro queria. Lampião entrou na casa, a moça viu e apelou para os sentimentos do cangaceiro, a qual atendeu ordenando:

- Parem com isso! Não rasguem o vertido da noiva!.

O cangaceiro, assim o fez, deixando o vestido em paz.

LAMPIÃO O HOMEM DE PALAVRA E O JUSTICEIRO

Na serra do Araripe, O coronel Dudé, ficou muito preocupado pela presença de Lampião a qual pediu garantias de que não haveria nenhuma alteração por ali, com o que Lampião concordou.

Apesar de Lampião haver empenhado sua palavra de que não haveria nenhum incidente, e dos cuidados tomados para que nada acontecesse, houve um imprevisto. Um dos membros do grupo de Lampião, chamado Ignácio Loyola de Medeiros, mais conhecido como Jurema, disse uns gracejos bem pesados a duas senhoras casadas, que foram logo queixa-se ao coronel.

Este chamou Lampião e contou o havia ocorrido, Lampião após saber, chamou alguns cangaceiros e mandou castigar Jurema porque quebrou a sua palavra e ordem. Jurema foi barbaramente espancado e até abandonado pelos companheiros que o deixaram na cidade "Jardim" a qual acabou morrendo pelos ferimentos sofridos.

Cícero Rodrigues de Carvalho tinha o hábito de viajar com seu pai para a feira de Flores, em Pernambuco. Numa dessas viagens, chegando à fazenda Melancia, do Viúvo José Calú, foram detidos pelos cangaceiros e levados para o curral, a qual já encontrava muitas pessoas. O motivo da visita de Lampião era apenas dar uma lição em Zé Calú, a qual foi acusado de manter relações sexuais com suas próprias filhas, essas acusações partiram do fazendeiro José Josino, coiteiro de Lampião. Lampião mandou suspender Zé Calú pelos testículos, a qual foi amarrados com uma tira de couro suspensa nos esteios de telhado e puxado pelos cangaceiros. Zé Calú desmaiou logo no início do castigo, mas acabou escapando e terminou morrendo no caminho para Juazeiro.

A PUNIÇÃO DO CANGACEIRO SABIÁ

Lampião chegou casando na casa de Aristéia e Quinca. O casal separou um bode para ser servido ao amigo. Lampião mandou dois cangaceiros matar o bode, enquanto os outros tomavam conhaque Macieira. O bode foi sagrado por Sabiá com um longo punhal, a qual puxou-o e o levou sujo de sangue na boca bebendo o sangue do animal a qual estava todo coberto. Lampião achando aquele ato um afronta, enfurecido, empurrou Sabiá e o xingou, falando que ele tivesse respeito com os donos da casa. Logo no dia seguinte, o mesmo, embriagado chegou até estuprar uma menina de quatorze anos.

Lampião sabendo da atitude do cangaceiro, partiu como uma fera a qual Sabiá falou o seguinte comentário:

" Êita, capitão, eu vou morrer!" Lampião respondeu:

"Vai, Cabra safado! Que é pra aprender a não mexer com as famia de bem"

Lampião puxou seu fuzil e excultou dois tiros na cabeça do cangaceiro.

Lampião podia ser um homem justo, de palavra, quando queria e quando achava motivos para isso. Tinha seu próprio código de conduta, e era muitas vezes levado pelo sentimentalismo de momento, levando até cometer atos injustos contra pessoas que não tinha nada a ver com sua luta. Uma dessas pessoas foi o senhor Vicente Lira, que foi vítima de um Lampião que estava sob muita pressão, por causa dos más sensações de invadir uma cidade, a qual nunca chegou realmente colocar os pés. Sua história é a seguinte:

"Em Boa Esperança, o Sr. Vicente Lira foi aprisionado por Lampião, a qual foi exibido pelo vilarejo, fazendo-o caminhar á frente do seu cavalo.

Num dado momento o cavalo pisou no calcanhar de Vicente, fazendo desequilibrar. Na ânsia de evitar o tombo, agarrou às rédeas do cavalo, a qual assustou o animal e quase derrubando Lampião, a qual sem pestanejar sacou seu punhal e cravou nas costas dele, apensar desse episódio Vicente Lira não tinha ferimentos graves, fazendo assim sobreviver para contar a sua história, Lampião até o seguiu mas logo deixou para lá.

Lampião quando não estava sob esses sentimentos, era alguém calmo, educado e respeitador, até com aquelas "inusitadas pessoas" fazendo assim ações que ninguém esperaria, como por exemplo no combate da Serra Grande. A qual seus homens passaram dos limites nos insultos baixos colocando esposa e mãe dos oficiais no meio, deixando a ponto de Lampião ficar irritado e chamar a atenção dos seus homens, falando a seguinte frase:

" - Ô cambada, vocês não podem ofender sem colocar a mãe e a mulher no meio?"

Também vale mencionar, que antes do início da batalha, Lampião garantiu que o refém chamando Pedro Mineiro, ficasse sob guarda de alguns cangaceiros, atrás das pedras para evitar que ele não fosse ferido. Pedro sabia tocar violão, e como tinha um instrumento desses no coito, aproveitou para executar algumas canções que agradaram muito Lampião, conquistando assim a simpatia dele. Ao término, dos tiroteios, Pedro Mineiro recebeu uma soma em dinheiro do próprio Rei do cangaço, além de uma escolta para que nada acontecesse ao homem, se caso a volante de Pernambuco o encontrasse.

Outro caso a respeito dessas "inusitadas pessoas" seria a do soldado de Aracaju, Gilberto, a qual foi parado por Lampião após sair do trem em Capela:

- Você é macaco da Bahia? Lampião perguntou.

- Não, sou de Aracaju _ respondeu o soldado.

- Se você fosse baiano eu o sangrava agora mesmo

_ falou Lampião.

Em seguida, Lampião tirou a arma do soldado, examinou e deu sua opinião:

- Brigando com isto, regula com cacete. É mais velho que a Lua, Vá.

O soldado, que depressa, virou-se para ir embora, mas ainda foi orientado por Lampião.

- Só não vai por aí porque pode encontrar um dos meus meninos, e que vão fazer alguma brincadeira de mal gosto. "

Lampião até mandou um de seus homens mais confiáveis que acompanhasse o soldado até o quartel da cidade preservando de encontros desagraveis.

Aqui, nesse episódio em cima narrado, podemos observar, que apensar de Lampião manter um ódio por soldados e oficiais do governo a qual culpava pelas injustiças que sua família passou. Ele garantiu a proteção do soldado.

Enterrar gente, era uma prática bastante difícil para os cangaceiros, quando seus camaradas morria longe de coitos, os corpos era deixados ali mesmo por conta das perseguições. Mas quando morria perto de coitos as coisas era bastante diferente. Isso até que não foi diferente com as volantes. Muitos não devem saber, mas de fato, os cangaceiros mandava seus coiteiros enterrarem seus inimigos. " Coisa bastante diferente em comparação em muitos casos das forças volantes, a qual temos o grande exemplo em Angico. Que somente mandaram moradores enterrar sob muita ameaças, os corpos depois de vários dias em céu aberto que não tinha quase nada, e só enterraram por conta do cheiro que era insuportável."

O caso mais conhecido a respeito dos enterros de soldados era dos homens comandados pelo sargento José Joaquim de Miranda conhecido como o "Bigode de Ouro" foram mais ou menos 20 corpos a serem enterrados, incluindo o próprio tenente. O coiteiro Antônio Xavier foi o responsável de enterrar os corpos dos soldados a mando de Lampião. Já era perto da noite, então Antônio resolveu enterrar de manhã, mas não deixou os corpos em céu aberto, pois não iria permitir que passassem a noite em meio ao relento da zona rural, que começou a colocar os corpos dentro de casa.

No dia 25 de novembro de 1929, o bando de Lampião adentrou na cidade de Nossa Senhora das Dores com nove homens, causando supresa, admiração e medo entre os cidadãos. Lampião foi a delegacia para garantir que vieste em paz e que não havia motivos para preocupação. O delegado e o intendente ( cargo equivalente a prefeito de hoje) foram incumbidos pelos cangaceiros de fazerem uma coleta pela cidade. Os cangaceiros andando pela cidade, percebeu que Nossa Senhora das Dores era uma cidade cheia de moças bonitas, a qual consideraram em fazer um baile. Mas isso não foi realizado porque o escrivão local, de sobrenome Corrêa, procurou Lampião e pediu-lhe:

"- Capitão Lampião, sou pai de cinco moças, e não gostaria que elas dançassem com seus homens."

E logo Lampião, em respeito a sua palavra de que via em paz e ao pai das cinco moças foi até seus homens e deu a ordem:

- "Aqui, hoje, não se dança." A qual foi seguida muito bem.

Lampião passeou pela cidade as vezes sozinho, e entrou em esbelecimentos comerciais, comendo, bebendo. Garantiu até que todas as contas dos seus homens e pessoas coriosas que estava ali só para ver o tão conhecido Rei do cangaço de perto, fossem pagas.

Lampião fez a mesma coisa em Capela, prometendo entrar em paz sem nem um problema causar, mas aqui ocorreu um caso interesse que deveria ser narrado. Em um bar, Lampião bebendo uma cerveja, ia ouvindo alguns dos presentes indicarem casas de viúvas e de pessoas de grandes posses como alvos convenientes para assaltar. Lampião foi só ouvido e finalmente colocou um basta na história:

- "Não vim aqui prá saquear ou roubar. Estou sendo bem tratado e não vou fazer nada de mal."

Nesses fatos narrados, podemos observar as qualidades do rei do cangaço que tinha, a qual muitos chegaram até negar ou até descohencerem.

Fontes:

Lampião Herói ou Bandido? (Antônio Amaury Corréa de Araújo e Carlos Elydio Corréa de Araújo)

A marcha de Lampião - Assalto a Mossoró ( Raul Fernandes)

Lampião Serrote Preto e Seus Sequazes ( Rodrigues de Carvalho)

Lampião em Paulo Afonso ( João de Sousa Lima)

De Virgolino A Lampião ( Antônio Amaury e Vera Ferreira

Apagando o Lampião ( Frederico Pernambucano de Mello)

Lampião seu Tempo e seu Reinado ( Frederico Bezerra Marciel)

 https://www.facebook.com/groups/508711929732768

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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