Por Aderbal Nogueira
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terça-feira, 26 de setembro de 2023
EXPEDIÇÕES 2024
A HISTÓRIA DO CANGAÇO PERDE MAIS UMA TESTEMUNHA
Por Júnior Almeida
Faleceu na
manhã desta terça-feira, 26 de setembro, em sua residência, na cidade de
Paranatama, Pernambuco, Maria do Carmo Barbosa de Lima, a Maria Balinda, de 99
anos.
Maria Balinda
era filha de Júlio Barbosa de Lima, conhecido por Júlio Balinda, fiscal da
então Vila de Serrinha do Catimbau, distrito de Garanhuns, que foi feito refém
pelo bando de Lampião, quando esse atacou a povoação em 20 de julho de 1935.
Dona Maria
Balinda deu a sua contribuição para a História de Paranatama e do cangaço, ao
ser entrevistada pelo pesquisador documentarista cearense Aderbal Nogueira e o
pernambucano Paulo Gastão, em julho de 2005.
Assim,
perdemos mais uma testemunha da saga cangaceira. São agora poucos os que
viveram áquela época, de sangue e sofrimento. Que Deus a receba em Sua Morada,
e que conforte toda família, nesse momento de tristeza e dor.
*O vídeo com
Maria Balinda no canal de Aderbal Nogueira no Youtube pode ser visto no link a
seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=-NWTU5m1-6Y...
https://www.facebook.com/junior.almeida.399
EMBOSCADA PARA O CORONEL ANTÔNIO ALVES DA BARRA DO EXU
Por Valdir José Nogueira de Moura
Em diferentes
dias dos meses de outubro, novembro e dezembro de 1906, e janeiro de 1907 se
intensificaram os furtos de gado vacum nas fazendas Poço da Ilha e Barra do
Exu, no município de Vila Bela, propriedades do coronel Antônio Alves da
Fonseca Barros. Em um só dia foram dele furtadas oito vacas paridas. Os
misteriosos autores dos referidos furtos conseguiam alterar dolorosamente os
ferros das reses e em seguida, efetuavam transações comerciais com as mesmas
até mesmo dentro do próprio município de Vila Bela. Porém, em dias do mês de
abril de 1907, estando o coronel Sebastião Ignácio de Oliveira fazendo compras
de gados a diferentes vendedores, reconheceu no gado que comprou o ferro do
coronel Antônio Alves, na forma adulterada. Em seguida o coronel Sebastião
Ignácio procurou o coronel Antônio Alves, relatou o ocorrido e prontificou-se a
entregá-lo as vacas que a pouco havia adquirido. Procedeu-se enfim por duas
vezes minucioso exame nas marcas dos ferros do gado, e os peritos constataram
tratar-se da marca utilizada pelo coronel Antônio Alves nas suas fazendas de
criação, achando-se visivelmente a dita marca alterada. Na ocasião, foram
denunciados como autores do furto: Joaquim, Francisco, Manoel e Luiz Cavalcante
de Lacerda, todos irmãos, filhos de Duvina, e moradores nos Sítios Novos, no
lugar denominado de Limoeiro. Ora, tendo sido penalizados e sofrendo grande
prejuízo financeiro, além de prisão e processo judicial, Joaquim Cavalcante de
Lacerda jurou vingar-se do coronel Antônio Alves, pretendendo enfim
assassiná-lo numa emboscada. Para isto, realizou um plano de vingança e
convidou para acompanhá-lo na empreitada desejada a Luiz Padre (Luiz Pereira da
Silva), filho do finado Padre Pereira, também morto numa emboscada em 15 de
outubro de 1907.
No dia 5 de
outubro de 1908, por volta das 9 horas da manhã, quando se dirigia de sua
fazenda Barra do Exú para Vila Bela, na altura da fazenda Pedra Partida,
distante mais ou menos meia légua da sua casa, foi o coronel Antônio Alves
emboscado com diversos tiros, que foram desfechados por Luiz Padre e Joaquim
Cavalcante de Lacerda. Tinha na ocasião o coronel Antônio Alves 74 anos de
idade, “estatura regular, constituição forte, temperamento sanguíneo, de cor
branca, barba aparada, cabelos cacheados, brasileiro, criador, viúvo”. No
depoimento policial, relatou o coronel Antônio Alves, que ao sair de sua casa,
pela manhã, entre 7 a 9 horas, recebeu um tiro de emboscada, que não o atingiu;
em seguida desfecharam mais dois tiros, sendo atingido por um deles que fez um ferimento
na região torácica posterior; que ele depoente estava desarmado e vendo o
perigo que o ameaçava, deu rédeas no cavalo e recuou; nessa ocasião foram
desfechados alguns tiros ainda, dos quais não pode contar.
Na prisão,
Luiz Padre mediante argüição do delegado de polícia Sr. Pedro Marinho de Mello
Malta, confessou livremente e sem coação que fizera parte com Joaquim
Cavalcante de Lacerda, conhecido por Joaquim de Duvina, da emboscada da qual
partiram os tiros que feriram o referido coronel Antônio Alves da Barra do Exu;
disse ainda que apenas participou da tocaia para fazer um favor ao mesmo
Joaquim, pois ele próprio não tinha nenhum tipo de questão com o coronel
Antônio Alves.
Luiz Padre,
por ser ainda de menor idade, pois contava apenas com 16 anos, era solteiro,
residente no povoado de São Francisco, foi representado no inquérito policial
por seu bastante curador, o Sr. Severiano de Souza Nogueira.
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O SOLDADO HELENO
Por Valdir José Nogueira de Moura
Assassinado barbaramente durante o assalto a cidade de Belmonte no dia
20 de outubro de 1922 pelo bando de Lampião. O soldado Heleno aos 22 anos de
idade caiu em poder dos bandidos quando acudia a chamada para a defesa da
cidade. Foi sepultado no cemitério local.
O soldado
Heleno Tavares de Freitas era natural do Estado de Alagoas, filho de João
Tavares de Freitas e Joana Maria da Conceição. Soldado do destacamento de
Polícia da cidade de Belmonte, cujo comandante na época era o sargento José
Alencar de Carvalho Pires (Sinhozinho Alencar), aos 20 anos de idade casou com
Enedina Maria da Conceição, natural do município de Salgueiro, filha de Rufino
Benedito da Silva e Jesuína Maria Ribeiro. O matrimônio do soldado Heleno foi
realizado na Matriz de São José de Belmonte no dia 27 de julho de 1920 pelo
padre José Kherle, e teve como testemunhas José Bezerra Leite e Luiz Mariano da
Cruz, ambos também soldados da Polícia Militar de Pernambuco.
Viúva do
soldado Heleno, casou Enedina Maria da Conceição em 1925 com Severino Luiz dos
Santos, filho do senhor Francisco José dos Santos e Idalina Maria da Conceição.
Para
homenagear o ato heroico deste bravo soldado, a cidade de Belmonte possui em
uma de suas principais artérias o seu nome: “RUA SOLDADO HELENO.”
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ORGULHO LATINO-BRASILEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de setembro de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.969
Os dois faraônicos projetos brasileiros e latinos, estão muito mais acima da classificação comparativa. Quem imaginaria duas coisas como essas que estão para acontecer!? Uma estrada rodoviária que se inicia em São Paulo, no Oceano Atlântico (Porto de Santos), até o Oceano Pacífico, no Chile, portos de Antofogasta e Iquique. Rodovia esta que cortaria, no Brasil, os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, passando pelo sul do Pantanal. Deixando o Brasil, a rodovia penetra pelo Paraguai, Argentina e Chile, o seu destino final. Entre as distâncias divulgadas, está a de 3.320 km, entre ambos os oceanos. Cada país interessado em exportar pelo Atlântico ou pelo Pacífico, já se movimenta em relação a rodovia em seus respectivos países.
Brasil e Paraguai já estão perto do término de uma ponte trabalhada pelos dois lados. A expectativa é que que a obra total esteja pronta dentro de dois anos. A rodovia já tem apelido popular de “Corredor Bioceânico”, por sinal, um belo nome! Será que você é brasileiro, estudante ou não e nem sabia disso? A outra obra que será magnífica, é a segunda estrada que também ligará o Oceano Atlântico, no Brasil, ao Oceano Pacífico, no Peru. Aí, segue por outro roteiro com os mesmos objetivos, mas essa é uma ferrovia, também apelidada de “Ferrovia Bioceânica”. Seu roteiro no Brasil, é São Paulo (Porto de Santos) Mato Grosso, Rondônia, Acre, Bolívia, Peru (Porto de Ila), no Oceano Pacífico. A primeira está sendo aprontada, a segunda, trechos ainda discutidos.
Quando prontos, fomentarão o desenvolvimento do comércio da América do Sul com o resto do mundo, em muito menos tempo, muito mais competitivo e mais seguro. Pelo Atlântico facilitará as transações com Europa e África. Pelo Pacífico, fica viável o comércio com o Oeste dos Estado Unidos e o mundo asiático. O país que for invejoso, vai morrer de inveja dessas duas obras que estarão no topo das maiores do mundo. Não caberia em apenas uma crônica, a grandeza detalhada desses empreendimentos diretamente nos países participantes e indiretamente para todos os que fazem a América do Sul e Caribe o grande orgulho latino, exemplo para o mundo e coroação para o Sul-Global. Tenha orgulho do Brasil!
IMAGEM (PIXABAY).
VENDE-SE UMA CASA
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de setembro de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.968
Ouvindo agora o que foi o maior cantor do mundo, em minha opinião, Altemar Dutra, bateu-me um sentimento grande de saudade e comoção ao lembrar um episódio do passado. Junto a um companheiro, não lembro quem, fomos tomar uma cervejinha gelada no chamado serrote do Pelado, modernamente denominado Alto da Fé. Nesse monte, já urbanizado, havia uma casa suspeita com um bar defronte. Podia-se curtir a paisagem da parte norte de Santana do Ipanema enquanto se bebericava. Foi, então que vi chegar um carro com um casal – ainda hoje a subida de carro não é fácil – pediram uma cerveja e sentaram-se à mesa vizinha. Ele, já um senhor de meia idade, ela, uma senhora não tão bonita, mas com certo charme, em torno de 30 a 40 anos. Ela fumava, ele não.
Eu observava, disfarçadamente, aquele casal, cuja alegria da mulher com o foco no seu acompanhante era bem visível. Ele muito tranquilo, apenas mexia com as chaves do veículo. Descobrimos forçando uma aproximação, que o casal era de Arapiraca e estava fazendo um tour pelo Sertão. A mulher era divorciada e aquele cidadão era o seu novo amor. Ah! Só poderia ser. A senhora não cabia na saia de tanto contentamento. Só havia olhos para o companheiro que procurava disfarçar. Nesse momento ela pediu a música “Vende-se Uma Casa”, do compositor e cantor Jota Ribeiro, uma página brega de grande sucesso da época. O homem continuava tranquilo, falando pouco, mas a mulher ficou vermelha, emocionada, olhos injetados, mesmo assim não demonstrava nenhuma tristeza, só emoção com novo o idílio.
Eles disseram que ainda iriam percorrer várias cidades até voltar para a “Terra do Fumo”. Nunca tinha visto tanto felicidade brotando numa senhora. Deixamos o lugar quando o casal pediu uma saideira. Na cabeça ficou a impressão daquele encontro durante muito tempo. Pensei como poderia tirar proveito da ocasião para mim inusitada. E, lá adiante, eu escrevia um romance do ciclo do cangaço, quando precisei de cena semelhante. Fui mentalmente ao serrote Alto da Fé, dei novos nomes ao casal apaixonado, conduzi a dupla, para a época cangaceira e os transformei em personagens de um dos meus romances. O tempo nos revela cada coisa!
Vende-se uma casa!
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/09/vende-se-uma-casa-clerisvaldo-b.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com