Por José Mendes Pereira
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sábado, 2 de abril de 2022
LIVROS
O PRIMEIRO BEIJO COM EDELZUÍTA
"A gente tinha se conhecido numa festa de São João, em Caruaru. Na época ela era noiva, estava para se casar com um radialista de lá, Ludogério. Nós dançamos juntos. (...) Bem, mas agora era o segundo encontro, ela me reconhecendo e eu não. Ela me disse então que Ludogério tinha morrido num desastre de avião, três meses antes. Eu senti que ela estava precisando falar. O avião para Brasília ainda ia decolar, então nós fomos pro restaurante do aeroporto. (...)
E ela falando, conversando, o almoço terminou e a história não tinha acabado: perdera três casamentos, a mãe acabava de morrer, estava indo buscar o velho pai em Brasília para ele vir morar com ela no Recife... quando enfim acabou a história eu disse para ela:
- Minha filha, você é muito novinha para ter uma vida com tantas tristezas. Mas eu acho que eu encontrei um jeito para resolver o seu problema.
- Qual é?
- EU!
Aí nossos joelhos se tocaram e tchan! Foi aquele beijo danado. Eu sempre fui um mulato beijador..."
(Do livro A vida do viajante, de Dominique Dreyfuss)
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RAINHA DO CANGAÇO: 5 FATOS POLÊMICOS SOBRE MARIA BONITA
Por Isabela Barreiros
A cangaceira, que podia ser tão brutal quanto seu marido, foi a primeira mulher a integrar o grupo e abriu espaço para que outras fizessem o mesmo.
1. Pioneira
das mulheres no cangaço
Maria Bonita, como foi apelidada pela imprensa após seu
falecimento, foi a primeira cangaceira — o que deu abertura para outros grupos
de cangaço recrutarem mulheres em suas jornadas. Rompendo com tradições
regionais, essas moças largavam suas residências e tinham a oportunidade de se
desligar de alguns hábitos impostos ao gênero feminino naquela época.
No entanto,
apesar da abertura feita por ela em sua iniciativa a tornar-se parte do bando,
nem todas iam para o cangaço por opção; muitas, após serem raptadas e
estupradas, eram forçadas a acompanhar as jornadas das quadrilhas.
2. Nada
feminista
“As mulheres
não se apoiavam. [...] Cobrar uma postura feminista delas naquele ambiente me
parece que é exigir demais”, explica Adriana Negreiros, autora do livro
Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço.
A verdade é
que Maria se adaptou ao código de conduta machista do cangaço. Além
de ajudar a torturar as vítimas de seu companheiro — por vezes, ela arrancava
os brincos das mulheres até rasgar seus lóbulos — ela apoiava fortemente o
assassinato mulheres adúlteras.
3. Princesa do
Cangaço
Lampião e Maria
Bonita tiveram uma filha em 1932, de nome Expedita. Como de costume
no cangaço, foi necessário decidir o destino da criança.
Como não
queriam que a menina crescesse na bandidagem, ela foi entregue a um aliado do
Rei do Cangaço para que ela tivesse como tutor o tio João Ferreira. Isso
tudo ocorreu no maior sigilo e o caso foi tratado como uma espécie de Segredo
de Estado.
4. Riqueza
Maria de Déa andava
pelo sertão com as mais diversas joias, que, na época, eram as mais caras de
toda a região. Essa riqueza devia-se aos roubos feitos por Lampião em
muitas residências, as quais saqueava frequentemente.
Em uma mão, a
cangaceira carregava anéis em todos os dedos; na outra, empunhava um revólver
Colt calibre 38. Seu punhal de estimação tinha 32 cm e era feito de prata,
marfim e ônix, demonstrando o poder que exercia no Nordeste junto com seu
parceiro Lampião.
5. Rivalidade
com Dadá
Dadá foi heroína, guerreira, e única mulher a portar
um fuzil no bando de Lampião — que chegou a liderar. E, com Corisco, seu
parceiro, resistiu por mais dois anos até o brutal fim da gangue, nas mãos da
polícia. Um ícone da rebeldia do cangaço.
A verdade era
que Dadá detestava Maria Bonita principalmente
devido ao fato de que ela mandava e desmandava no cangaço. Por mais que fosse a
rainha do subgrupo de cangaceiros de seu marido, Corisco, Dadá não
tinha a mesma autoridade que Maria e, por vezes, era desrespeitada
pelos cangaceiros. Dizia que a outra era “abusada, ranzinza, orgulhosa, metida
a besta, barulhenta e arrumadinha feito uma boneca”.
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Maria Bonita, Liliana Iacocca (2004) - https://amzn.to/2FG393s
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CONFISSÕES AMOROSAS
Os bilhetes de Luiz Gonzaga para Edelzuíta Rabello, sua última companheira.
"Zuíta, artista não tem domicilio, mas eu te adoro em qualquer lugar"
"Zamor: boas festas. Quando dois corações se amam é isso aí: eu e tu. Teu
veinho"
"Eu tou é numa boa, legal? Falouooooooo!"
(Diário de Pernambuco, 23 de junho de 1995).
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O ESTRANGEIRO
Perguntaram a seu Luiz Gonzaga o rei do baião:
- Você já visitou o estrangeiro?
E seu Luiz Gonzaga respondeu:
- Eu visito sempre um português meu vizinho. É o único estrangeiro que eu costumo visitar, é um gentleman. País mesmo, não.
(em entrevista de 1971 a Genival Silva).
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Por José Mendes Pereira
VITALINO E O DIREITO AUTORAL
Eu assisti uma cena na feira aqui, uma vez uma paulista vinha com uma braçada de bonecos que tinha comprado em noutra barraca, quando chegou na barraca Vitalino, disseram pra ela: "Esse aqui é o Vitalino".
- Gente! O senhor é que é o seu Vitalino?
- Sim, senhora...
- Mas eu comprei esses bonecos todos numa barraca ali, disseram que era de Vitalino!
- É assim mesmo dona, é colega, é companheiro, dá pra todos, dá pra todos.
- Não, mas eu queria de seu Vitalino, que é o senhor!
- É a mesma coisa!, respondeu Vitalino.
(em entrevista de 1971 a Genival Silva).
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