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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

9ª Feira do Livro de Mossoró - 2013 - Convite


Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço Kydelmir Dantas

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ANTÔNIO AMAURY MERECE RESPEITO!

por Kydelmir Dantas
Kydelmir Dantas - Prof. Pereira - Dr. Honório de Medeiros

Junto à notícia do lançamento do filme/documentário sobre ‘Os últimos Cangaceiros’, o jornal Diário do Nordeste, datado de 30 de julho p.p., atribui uma infeliz colocação ao respeitado pesquisador e escritor Antônio Amaury Correia de Araújo... A falsa afirmação de que ‘Lampião era homossexual’. Menos a verdade!

É muito comum os erros em reportagens sobre o Cangaço, conforme cita nosso amigo Kiko Monteiro no seu blog ‘Lampião Aceso’: “Reparem quanto é recorrente, parece regra, a lamentável falta de cuidado da imprensa quando quer tratar de ‘cangaço’. Troca-se Sergipe por Alagoas, Maria por Inacinha, 28 por 27, que o penúltimo era o último...”

Dr. Antônio Amaury e pesquisador Kiko Monteiro

Desde há um bom tempo que os jornais, escritos ou televisados, vêm matando ‘o último cangaceiro de Lampião’. A partir de 1994, todos os remanescentes que vem a óbito são grafados como ‘o último’... Foi assim com Dadá, Sila, Durvinha, Moreno e o mais recente, Candeeiro. Não conhecendo a história, muitos jornalistas passam informações erradas. Ainda há remanescentes vivos, mesmo em idade avançada, e mesmo lúcidos. Não só ex-cangaceiro(a)s, mas ex-volantes e coiteiros, que preferem não falar dos tempos idos nas caatingas do sertanejas. Respeitamos, pois, suas privacidades.

Até em livros aparecem informações trocadas, erros e equívocos sobre a história e a geografia do Nordeste, acreditem! Em dois livros ‘paradidáticos’ há erros incríveis; num deles, ‘Cangaço’ do Antonio Carlos Olivieri, publicado pela editora Ática, cita que no ataque a Mossoró, em 13 de junho de 1927, morreram seis (6) cangaceiros; no outro ‘Cangaço - Por dentro da História’ dos autores Júlio Emílio Braz e Wanderley Loconte, publicado pela editora Saraiva, situa o Raso da Catarina no sertão pernambucano, isto citando apenas dois exemplos. Há outros em que fotos de cangaceiros ou cangaceiras, devidamente reconhecidos, são identificados com outros nomes; sendo um casal, é  como se fossem sempre Lampião e Maria Bonita.

Lampião e Maria Bonita - acervo ABA Filmes

Voltemos ao princípio... Reconhecendo o Doutor Antônio Amaury, como um dos maiores pesquisadores do tema Cangaço, no mundo, seria de bom alvitre que o famoso diário fizesse sua correção em página completa, como foi feita a matéria, porque, em se tratando de jornais, as correções são colocadas em local de pouca visibilidade no ‘espaço do leitor’. E nosso Mestre merece esta consideração.

Mossoró – RN, 05 de agosto de 2013.

(*) Pesquisador e poeta, de Nova Floresta-PB, radicado em Mossoró-RN. Sócio do ICOP e da SBEC.

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O IFAL E O GIGANTE

Por: Clerisvaldo B. Chagas, 5 de agosto de 2013. - Crônica Nº 1061

Agradecido pelo título “Escritor Símbolo de Santana do Ipanema”, continuamos entregando livros documentais de valores ímpares a nossa terra. 

Campinho será sede do IFAL. Cheche no segundo plano e serra da Camonga. (Autor).

Em breve, apresentaremos ao público mais duas obras relevantes que servirão de marcos para a história regional. Em nossos escritos, voltamos à vista novamente para Santana, pesquisando pela periferia e divulgando a “Rainha do Sertão” em trabalhos diários de variegadas cores. Foi assim que registramos o agradabilíssimo flagrante de máquinas trabalhando no Bairro Lagoa do Junco, onde a pobreza impera, tendo como característica os quebradores de pedras. O bairro do extremo leste, bastante acidentado, com seu vazio, foi ganhando prédios e repartições de peso, trazendo para si a elite em mistura à plebe. Assim foi chegando a Lagoa do Junco o prédio da ESSER (UNEAL), a escola modelo do município, o Fórum, a SEFAZ, a Promotoria e a OAB, inclusive funcionando ali também o 7º Batalhão de Polícia. Além de se transformar em Polo de Justiça, a Lagoa do Junco arrebanhou importante fábrica de artigos de mármore e vários outros estabelecimentos de comércio ao longo da BR-316. No lugar mais alto e plano, próximo ao Açude do Bode, onde a gestão 1993-96 deixou uma “usina de lixo”, inacabada, foi, recentemente, construído um excelente e vistoso prédio para uma creche, com verba federal. Um campinho, da mesma gestão, que seria um estádio e ficou inacabado, agora cederá espaço para outra escola superior.

O roncar de tratores, estão voltados para a construção da sede do IFAL – Instituto Federal de Alagoas. Fala-se também da futura sede da UFAL naquelas imediações. E se a Lagoa do Junco, a prima humilde da brincadeira, já é Polo de Justiça, será ainda Polo de Educação. Comenta-se que o edifício do IFAL dará abrigo a 1.500 alunos, nessa obra que se encontra em fase de terraplanagem e previsão de término em final de 2014. Quinze salas estão na mira para aulas, laboratórios de informática e auditório para 150 pessoas. A Lagoa do Junco verá por trás das cercas de tábuas, oito milhões de reais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE – no terreno cedido pela prefeitura.

Falamos que o Hospital, Gigante Amarelo, da Floresta não havia trazido nenhum benefício físico para o bairro, que continua sendo o Haiti de Santana. Perto da Lagoa do Junco ainda será construído o polo industrial, próximo ao rio Ipanema, comentário que deixa os Guardiões em alerta. Nunca chegou a Santana tanto coisa boa de uma vez! Todavia, indagamos como será beneficiada de fato, a população do bairro que ora recebe esse mundo de riqueza? Será uma segunda Floresta? Existe um planejamento social para os moradores? Torcemos para que o IFAL, abraçado por todos, não seja apenas MAIS UM GIGANTE AMARELO.

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O SORRISO DA HIENA (Artigo)

Por: Rangel Alves da  Costa(*)
Rangel Alves da Costa

Os mais antigos reputavam as hienas como espíritos maus, se alimentando de carcaças e restos mortos, no intuito de ganhar forças para fazer ecoar pelos arredores da escuridão aquele grito áspero, mais parecendo uma gargalhada acintosa. Diferentemente do uivo dos lobos avisando sobre sua solitária presença nos montes, a risada da hiena sinaliza a zombaria, o achincalhe daquilo que servirá como seu alimento.

Escarnecer do fraco, do oprimido, daquilo que servirá à sua asquerosa gula, eis o principal objetivo do sorriso da hiena. E não há sorriso mais espalhafatoso, zombeteiro e insuportável que o da hiena. É um verdadeiro escárnio. E também não deixa de ser arrogante, assustador,  intolerável. Se expressa com ironia, sarcasmo, como se pretendesse dizer que ali está para devorar os restos apodrecidos de quem a ouvir.

Isto mesmo, pois a carniça, o resto morto e putrefato é o prato principal da hiena. Também gosta de saborear tudo aquilo que esteja ao seu alcance, principalmente se já não possa esboça qualquer reação, se não mais representar nenhuma ameaça. E é quando ela, através de seu sorriso gritante, começa a dizer o quanto é bom zombar do fraco, do submisso, do já diminuído demais.


A hiena é a metáfora do sarcasmo, do achincalhe com a fraqueza e submissão do ser humano. O seu sorriso também é a metáfora da continuidade da escravização do forte perante o fraco, da sujeição do humilhado perante o poderoso, da manipulação e destruição daquele que não tem mais força para contradizer a realidade. Assim, a hiena representa o poder - e todo tipo e relação de poder. E o seu sorriso representa a força e o meio de ação destruidora.

Bicho sorrateiro, vagaroso, desconfiado, medroso que só, a hiena nunca se aproxima com igual força daquele que mais tarde vai devorar. Sagaz, astuta, faz de tudo para que o outro vá perdendo suas forças, fraqueje de vez e se debruce sem sustança para levantar ou reagir. Então chega sua vez de atacar. Começa a gritar impiedosamente, a sorrir aquela alegria sádica, a festejar aquela presa agora tão fácil.

Eis ali um ser humano. E não precisa estar prostrado de vez, todo alquebrado pelas lutas inglórias, bastando que esteja em situação de fragilidade perante sua presa, seu algoz. E este sempre é o poderoso, a autoridade, o político, o governante, todo aquele que pensa possuir o dispor sobre a vida do próximo. Não é sem motivo que chamam de verdadeiras hienas aqueles que submetem e depois ficam sorrindo das desgraças alheias.

A hiena sorri seu sorriso maquiavélico, destruidor, friamente cruel. E aos poucos vai surgindo de seu esconderijo, dos tufos da mataria, para se encaminhar gracejante na direção de sua vítima. Sente urubus rondando, voando ao redor, mas nada disso lhe será empecilho para se lançar com avidez sobre aquele resto sem vida. E que fartura diante da morte, da presa indefesa que se transformou em carniça. E por sua culpa. Rondou a vítima e a deixou sem saída, até que se tornasse vítima fácil de qualquer outro animal. Também incentivado pela hiena.

E ali ainda o homem. Tantas vezes um ser humano que deseja apenas viver, apenas trabalhar para se manter, apenas sobreviver com dignidade. Por ser assim, lutador, destemido e até sonhador, logo alguém lhe lança um olhar desconfiado, invejoso, carregado de toda maldade do mundo. E o dono desse olhar, verdadeira hiena revestida de gente, guardará dentro de si o objetivo maior de destruição daquele que deseja apenas viver. E vai pensando, maquinando, procurando todos os meios para alcançar destrutivamente o próximo. E se aquele contar com o poder político ou econômico, então será inexoravelmente o seu fim.

Depois de se certificar que seu futuro alimento exauriu suas forças, ou mesmo que sua carniça esteja apetitosa, a hiena, após soltar pelo ar mil sorrisos funestos, vai chegando com a baba caindo pelos cantos da boca, o olhar de uma vermelhidão terrificante, dentes afiados e avidez dos famintos. Em seguida se lança ao corpo estirado com tamanha voracidade que vai devorando tudo, se lambuzando, se empanturrando sem perceber que continua sorrido estridentemente.

Qualquer um ser humano poder ser vítima da hiena. Hienas de iguais estirpes se medem pelas forças e influências; hienas de condições sociais diferentes não cabem num mesmo lugar. E se o mundo é dos mais fortes, então que os fracos se recolham à insignificância e à espera do iminente ataque. E certamente este logo virá, pois é também característico da hiena ter como certa a destruição do outro para que seu sorriso seja alimentado ainda mais.


Verdade é que quanto mais forte a hiena mais ela quer se fortalecer ainda mais se apoderando do frágil, tomando-lhe suas forças para se impor no seu meio. E uma hiena enfraquecida, que nem sorriso tem para mostrar que ainda vive, tem de se contentar em ser manipulada pela grande hiena. Até quando esta deseje que continue vivendo. E só servirá para continuar existindo até quando possa ser usado, manipulado, submetido.

E dizem que há momentos especiais onde a hiena redobra seu sorriso espalhafatoso. Isto se dá quando é votada, eleita e passa a ter o poder como um meio de transformar os outros em presas fáceis, em vítimas fraquejantes, em verdadeiras carniças. E todos os dias a imprensa mostra como as hienas continuam agindo e cada vez mais sorridentes.

(*) Meu nome é Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou autor dos seguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Burlamaqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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Casa de Menores Mário Negócio, uma Instituição extinta - Parte II

Por: José Mendes Pereira

 Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Os tempos se foram e nós continuamos aqui para contarmos o que se passou naquela Casa de Menores. Devemos agradecer de coração ao nosso grande Deus por ainda estarmos vivos.

Foto: Que coisa, hein!

Nos anos sessenta - Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira
Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira

Alguns do nosso tempo já estão lá com Deus, como por exemplos: O Edivaldo, não me recordo bem, mas me parece que era de Areia Branca.

O Francisco de Sousa, vulgo Nove, que trabalhou algum tempo em uma farmácia de Maria Menezes, na Rua Mário Negócio, este infelizmente tive notícias que fora assassinado.

Antonio Pereira da Silva, vulgo Toinho, meu primo e irmão de Galdino. Este eu o coloquei na Editara Comercial S/A, mas resolveu ir para São Paulo. Lá trabalhou na fábrica de lâmpadas Silvana. Posteriormente retornou a Mossoró, mas era asmático e certo dia faleceu.

O Francisco Gutemberg, vulgo Trinta, chegou a ser engenheiro agrônomo, depois tentou medicina, mas não tenho informação se ele chegou a terminar o curso. Também já está com Deus.

O nosso monitor, o José Fonseca (Zé Fonseca), que negociava ali próximo à Escola Estadual Jerônimo Rosado. Dias antes da sua morte eu estive em seu comércio, e eu não tinha informação que ele andava doente. Infelizmente faleceu no mês de outubro de 2012.

Das empregas já se foi uma porção, e há dois anos passados também se foi dona Tanô, a mãe do comerciante Nilson, estabelecido na Alberto Maranhão, em frente ao Mercado do Alto da Conceição.

Dona Cristina de Tibãozinho, aquela que era zeladora da Casa de Menores, também já está com Deus.

Outro que já se foi, o  Zé Dieb, primo legítimo de dona Caboquinha, e fornecia carne à Casa de Menores Mário Negócio. Este você sempre gostava de aperreá-lo. Ele ficava irritadíssimo.

Zé Maia que fornecia bananas à Casa de Menores, e era casado com dona Socorro, a filha de Elísio Vermelho, e cunhado da vice-diretora, a dona Severina Rocha, acredito que já faz uns quatro anos que faleceu.

O nosso grande amigo Willame (é assim que é escrito o seu nome), vulgo Tigá, sempre tenho contato com ele aqui no grande Alto de São Manoel, mas infelizmente ele tem vagas lembranças da Casa de Menores, e em nenhum momento ele recorda o meu nome. 

Willame sempre foi responsável onde trabalhava, e esteve na Brahma, na fábrica de cimento, e até fora premiado várias vezes, por ser um dos funcionários que frequentava a fábrica durante todo ano, sem nenhuma falta. Mas ele se dedicou sem controle à bebedeira, deixando-o esquecido.

Hoje vamos nos lembrar das serestas que fazíamos pelos bairros de Mossoró, em companhia de Manoel Flor, Tigá, Galdino, meu primo, e o grande cantor Francisco José, o Quarenta, com aquele vozeirão quebrava o nosso galho. Nós apenas tocávamos para ele, porque ele estava iniciando apontar algumas notas musicais. Ele é primo legítimo da cantora Amanda Costa. Francisco José teve oportunidade de gravar, sendo Amanda Costa sua madrinha, mas devido a sua timidez, não chegou a gravar nenhum LP.

 
serestaseresteiros.blogspot.com

Lembro-me que nesta noite fomos fazer uma seresta lá no bairro Boa Vista, na casa de uma das suas namoradas. Acompanhados de violão, mais uma garrafa de pinga, cigarros..., chegamos ao local. 

Silenciosamente, abanquemo-nos na calçada. Quando o nosso cantor Francisco José abriu a boca e o vozeirão saiu, alguém abriu a porta. Era o pai da sua namorada que nós pensávamos que ele iria nos mandar embora da sua calçada.

Mas não era isto que ele queria fazer. Veio, e na mesma calçada sentou-se ao nosso lado. Francisco José como era tímido, não quis continuar a canção. Mas o velho nos disse que estava ali para ouvir aquela bela voz do cantor, e não para nos mandar embora.

Ali ficamos até altas horas da noite acompanhados do pai da sua namorada, que mesmo sabendo que você estava perseguindo a sua filha, nos apoiou com muito respeito.

Na próxima história falarei dos nossos sofrimentos no Tiro de Guerra de Mossoró.

Continua...
Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

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Cariri Cangaço presente a Missa de 75 anos da morte de Lampião

 Cariri Cangaço presente a Missa em Angico

75 anos atrás morreu Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, sua Maria, nove cangaceiros e um volante: Adrião Pedro de Sousa. No último domingo, dia 28 de julho de 2013, a Caravana Cariri Cangaço participou das celebrações em sufrágio das almas do fatídico Angico de 1938.

 
Lamartine Lima, Jairo Luiz e Manoel Severo
 Pedro Barbosa e Ingrid Rebouças, rumo ao Angico

Toninho de Jeremoabo, Afrânio. Archimedes,Wescley, Juliana e Manoel Severo
Neli Conceição

Antes mesmo de chegarmos ao local principal do cerco e morte do casal mais famoso do cangaço, mais uma vez vivíamos a emoção de trilhar os caminhos das volantes de João Bezerra, Aniceto e Ferreira de Melo na madrugada daquele longínquo 1938. No Alto das Perdidas a "parada oficial" para as devidas considerações sobre a divisão dos soldados: Polêmica; mentiras e mistérios, como diria o Mestre Alcino Alves Costa.

Antônio Vilela
 Lamartine Lima e Manoel Severo

Do desembarque na pequena praia fluvial do restaurante Angico até a grota são mais ou menos 800 metros da mais pura caatinga braba. Os mandacarus, xique xique, craibeiras  espinhos, urtigas, as pedras e pedregulhos de todos os tamanhos sem falar no sol abrasador são nossas companhias naturais. Nossa bagagem: muita água, protetor solar e uma certeza: Não importa quantas vezes se vá a Angico, haverá sempre algo novo a "perceber". 

 
 Em Angico, placa em memória do soldado Adrião Pedro de Sousa
 Toninho, Afrânio, Juliana e Ana Lúcia
 Jairo, Wescley, Manoel Severo e Antônio Vilela

A trilha utilizada pelos soldados de João Bezerra ha 75 anos atrás é a mesmo que os visitantes percorrem nos dias de hoje; com uma ou outra pequena modificação, fruto da ação da natureza e do tempo; de resto, temos a real impressão dos passos dos 49 homens que deram cabo de Lampião naquela manhã de julho de 1938.

O Alto das Perdidas, já bem perto do ponto central do coito do Angico, foi o local onde as tropas comandadas por João Bezerra pararam para definir; de acordo com a localização do bando, indicada pelos irmãos Pedro e Durval Rosa; como se daria o cerco, a aproximação e o ataque.

Temos na obra do Dr. Antonio Amauri, "Assim morreu Lampião", detalhes importantes e elucidativos sobre esse crucial momento. O que sabemos é que o grupo teria se dividido em três ou quatro colunas; mais crível que tenha sido em três colunas, com o comando de um grupo sob as ordens do sargento Aniceto, um outro sob as ordens do aspirante Ferreira de Melo e o principal sob as ordens do tenente Bezerra.

As tres colunas teriam sido orientadas a cercarem o bando e atacarem sob o sinal de João Bezerra; ao final, os homens de Ferreira de Melo em função das circunstâncias; a aproximação perigosa do cangaceiro Amoroso; deu inicio ao combate, ali estavam os protagonistas dos primeiros e decisivos balaços, Maria, Lampião e Luiz Pedro, certamente foram alvejados pelos homens de Ferreira de Melo.

 
Lamartine Lima em Angico
 Antônio Vilela, Jairo Luiz e abaixo, Manoel Severo na Missa do Angico, 75 anos da morte de Lampião

Restaurante Angico

A estrutura montada pela família Rosa, já na fazenda Angico, junto ao Restaurante Angico, ponto de partida para a trilha da grota, cerca de 800 metros caatinga adentro, sempre torna os preparativos para a caminhada e o seu retorno, extremamente agradáveis. Hoje além do restaurante, mini museu, loja de artesanato e boutique e o balneário com área para eventos, terá logo em breve uma pousada para receber a todos os visitantes do baixo São Francisco. Ali, ao final da Missa na grota do Angico os convidados da prefeitura de Piranhas e do Cariri Cangaço participaram de almoço festivo e apresentação de Peça Teatral.

Ingrid Rebouças e Elane Marques no Restaurante Angico

 Neli Conceição e a encenação teatral da vida de Virgulino Ferreira


Casal Lamartine Lima, Fátima Cruz e Prof. Pereira, Archimedes Marques e abaixo, Alan Pernambuco e Lily

Catamarã São Francisco

Manoel Severo 
Cariri Cangaço Piranhas
Semana do Cangaço

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3º Congresso Nacional do Cangaço - Confira a programação das Conferências, Simpósios e Mini cursos‏


Conferência de Abertura - 
22 / 10 / 2013  l  Teatro Glauber Rocha l  20:00h 

“Se vier, que venha armado: cangaceirismo e masculinidade como definidoras das identidades sertaneja e nordestina”
Dr. Durval Muniz de Albuquerque Júnior

Doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Professor do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Autor dos livros: Nordestino: invenção do 'falo': uma história do gênero masculino/1920-1940 (2ª ed., São Paulo, Intermeios, 2013), A invenção do Nordeste e outras artes (5ª ed., São Paulo: Cortez, 2011) e História: a arte de inventar o passado (Baurú, SP: EDUSC, 2007).
Lançamento de livro - Nordestino: invenção do 'falo': uma história do gênero masculino/1920-1940 (2ª ed., São Paulo, Intermeios, 2013).

Conferência de Encerramento
25/ 10 / 2013  l  Teatro Glauber Rocha l  20:00h

“O cangaço nas batalhas da memória”
Dr. Antônio Fernando de Araújo Sá

Doutor em História pela Universidade de Brasília (UnB)
Professor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Autor dos livros: O cangaço nas batalhas da memória (Recife, Editora da UFPE, 2011) e Combates entre história e memória (São Cristóvão/SE, EDUFS, 2005).  
Lançamento de livro - O cangaço nas batalhas da memória (Recife, Editora da UFPE, 2011).

Simpósios Temáticos

1. CULTURA E REPRESENTAÇÕES NO SERTÃO NORDESTINO: MEMÓRIA, IDENTIDADES E RESSIGNIFICAÇÕES

José Ferreira Júnior
Doutorando em Ciências Sociais (UFCG) 
Mestre em Ciências Sociais (UFCG) 
Professor da Faculdade de Integração do Sertão / Serra Talhada – PE 

Resumo: A cultura é objeto de investigação acadêmica; ela permite uma maior compreensão dos fenômenos sociais, em particular aos que remetem às especificidades da preservação de memórias, seu uso no processo de formação identitária e às ressignificações por que passam tais identidades. Este simpósio temático discutirá a memória e sua importância no constructo de identidades e as ressignificações verificadas nessas construções, tomando como espacialidade os sertões nordestinos em suas múltiplas representações: relações de gênero, questões familiares, relação com os lugares, expressões artísticas, religiosidade, etc. Acataremos trabalhos que tratem da temática proposta, sob as óticas da História, da Sociologia, Antropologia e ciências afins.

2. CONTOS, CANÇÕES E CENAS: O CANGAÇO EM IMAGENS, LETRAS E SONS

Caroline de Araújo Lima
Mestre em História Regional e Local (UNEB/Campus V) 
Professora do curso de História da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XVIII) 
Coordenadora do Projeto de Iniciação Científica “História, cinema e ensino de História: o sertão, o cangaceiro e o beato no cinema brasileiro” (2012/2013) 

Resumo: Este simpósio temático tem como proposta reunir estudantes e pesquisadores com o objetivo de divulgar resultados de pesquisas relacionadas ao tema do Cangaço. Pretendemos analisar as representações dos cangaceiros no cinema, nos folhetos de cordel, na literatura, nas fotografias jornalísticas, dentre outras linguagens. A partir de tais linguagens que deram a esses personagens contornos míticos e estereotipados, ofereceremos ricas discussões sobre identidade, representações de sertão e sertanejo, relações de poder, de gênero e de memória. O simpósio está aberto para receber propostas de temas que versem sobre o universo cultural dos sertões e sertanejos no campo do audiovisual, da literatura de cordel, na área fotográfica e da música popular.

3. LINGUAGENS E NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM HISTÓRIA: DOMÍNIOS, ABORDAGENS, ENSINO E PESQUISA

Jairo Carvalho do Nascimento (UNEB/Campus VI)
Doutorando em História – UFBA 
Mestre em História Social (UFBA)
Professor do curso de História da UNEB/Campus VI

Eduardo de Lima Leite (UNEB/Campus VI)
Mestrando em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB) 
Especialização em Educação, Cultura e Memória (UESB)
Professor de História da Educação Básica/Bahia

Maria Sigmar Coutinho Passos (UNEB/Campus VI)
Doutoranda em Educação – UFBA 
Mestre em Educação e Contemporaneidade (UNEB)
Professora do curso de História da UNEB/Campus VI

Resumo: Este simpósio tem por objetivo reunir pesquisadores, professores universitários e estudantes de pós-graduação vinculados à pesquisa e ao ensino no campo da disciplina História e áreas afins, propiciando um espaço para a exposição de trabalhos acadêmicos e experiências didáticas relacionados aos seguintes temas: a relação cinema/história (temas, fontes, teoria); o uso de documentos imagéticos (cinema, fotografia, iconografia) em sala de aula; a música e o ensino de História; a utilização da televisão como veículo de ensino; as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC/computadores, internet, etc.) e suas relações com a educação. Em que medida as diferentes linguagens e as novas tecnologias de informação e comunicação contribuem para a produção do conhecimento histórico, para o trabalho do professor de História? Essa pergunta será o ponto de partida para promover o debate durante o simpósio. O simpósio estará aberto para receber, também, propostas de experiências didáticas e pesquisas de professores da educação básica e de graduandos em História e áreas afins.

4. PROCESSOS DE PATRIMONIALIZAÇÃO E SUAS REPERCUSSÕES NOS “ESPAÇOS DA TRADIÇÃO”

Bruno Goulart Machado Silva
Doutorando em Antropologia Social pela Universidade de Brasília 
Mestre em Antropologia Social (UFRN)  

Jean Pierre Pierote Silva
Mestrando em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás
Graduado em Ciências Sociais (UFG) 

Resumo: A noção de patrimônio cultural está na agenda das ações estatais nas últimas décadas. Essas políticas se voltam muitas vezes para populações e espaços geográficos circunscritos ao campo discursivo da tradição. Sejam patrimônios materiais ou imateriais, os processos de patrimonialização trazem consequências para os atores ligados a esses bens culturais. Este simpósio temático tem como objetivo promover o debate sobre esses processos do ponto de vista dos próprios atores sociais afetados pelas políticas patrimoniais, especificamente aqueles situados nos lugares imaginados como “Sertão” pelo pensamento social brasileiro. O debate visa a contribuir para a atual discussão dos processos de patrimonialização a partir de alguns questionamentos: Como a memória dos grupos é acionada e ressignificada nestas políticas? Como os grupos as têm percebido? De que forma a patrimonialização afeta a relação dos grupos envolvidos com os bens culturais?

5. NACIONALISMO E MODERNIZAÇÃO NO DEBATE INTELECTUAL, CIENTÍFICO E LITERÁRIO NA PRIMEIRA REPÚBLICA

Renailda Ferreira Cazumbá
Doutoranda em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Mestre em Literatura e Diversidade Cultural (UEFS)
Professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XX)

Wilson da Silva Santos
Doutorando em Filosofia e História da Educação (Unicamp)
Mestre em Educação (UFPB)
Professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XX)

Resumo: O debate intelectual travado na Primeira República no Brasil (1889-1930) polarizou-se em torno de temas como nação, ciência, raça e civilização. Na época referendada, a discussão nacionalista baseava-se numa concepção modernizadora e no cosmopolitismo que embasavam um projeto civilizador para o país, em torno de propostas idealistas que animavam as pesquisas sociológicas, históricas, políticas e a escrita literária na virada do século XIX para o XX. Escritos científicos, literários e jornalísticos na Primeira República se unificaram em torno das projeções do positivismo e do liberalismo, que motivaram um grupo de intelectuais (Tobias Barreto, Araripe Jr., José Veríssimo, Sílvio Romero, Graça Aranha, Anísio Teixeira) para a defesa e anseios de modernização e de superação do "atraso" que nos fazia um país de maioria analfabeta e miserável frente às nações da Europa. Esse debate nacionalista era também motivado pela aspiração de descoberta de parte do país ainda desconhecida – o sertão e a periferia – através de uma produção crítica e da escrita literária (Euclides da Cunha, Lima Barreto). Pretende-se com esse simpósio integrar trabalhos que retomem os debates intelectuais e literários em torno do problema da identidade nacional e da modernização durante a Primeira República no Brasil, incorporando pesquisadores das áreas de História, Geografia, Educação, Sociologia e Literatura.

6. MEMÓRIA, IDENTIDADE E PATRIMÔNIO

Aline de Caldas Costa dos Santos
Doutoranda em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Mestre em Cultura & Turismo (UESC)
Pesquisadora do grupo Identidade Cultural e Expressões Regionais (ICER/UESC)

Gisane Souza Santana
Mestranda em Letras: Linguagens e Representações (UESC)
Especialização em Estudos Comparados de Literaturas (UESC)
Pesquisadora do grupo Identidade Cultural e Expressões Regionais (ICER/UESC)
Bolsista CAPES

Resumo - Esse simpósio visa a discutir as representações identitárias e trânsitos culturais com ênfase em temas relacionados à memória e ao patrimônio cultural (SIMÕES, 2006; HALL, 2002; ANDERSON, 2008; LE GOFF, 1990; NORA, 1993). Pretende-se discutir representações comunitárias e a interface de discursos de identidade a partir dessas expressões simbólicas (memória/patrimônio), a visibilidade do patrimônio cultural e as ações políticas que a sustentam em atenção ao fenômeno dos fluxos sociais. 

7. ESTUDOS EM HISTÓRIA CULTURAL: OBJETOS, PROBLEMAS E ABORDAGENS

Cleide de Lima Chaves 
Doutora em História Social (UFRJ) 
Professora Adjunta da área de História do Brasil (DH/UESB)

Márcia Santos Lemos
Doutora em História (UFF) 
Professora Adjunta da área de História Antiga e Medieval (DH/UESB)

Resumo: A proposta deste Simpósio é uma iniciativa do Laboratório de Estudos em História Cultural (UESB). O objetivo do LEHC é fomentar a produção na área, fortalecer as linhas de pesquisa do grupo, promover ações multidisciplinares, apontar novas perspectivas de análise dos objetos da cultura e estimular a formação de jovens pesquisadores. Nesta perspectiva, o simpósio pretende reunir pesquisadores interessados na História Cultural, com o objetivo de conhecer e divulgar diferentes enfoques e leituras dentro desse campo. Deverão ser debatidos temas comuns ou complementares, como: História e Literatura; fronteiras; representações; práticas religiosas; poder simbólico; gênero; discurso e apropriação; linguagens: os mundos da escrita, da leitura, da oralidade e da imagem; identidade; cidade; memória, História e historiografia, dentre outros temas relacionados. É de interesse igualmente discutir trabalhos que contribuam para atualizar o debate sobre fontes, métodos e teorias no campo da História Cultural.

8. VIOLÊNCIA, BANDITISMO E DISPUTAS POLÍTICAS NOS SERTÕES DO NORDESTE, SÉCULOS XIX E XX

Lina Maria Brandão de Aras
Doutora em História (USP)
Professora do Departamento e do PPG História da FFCH/UFBA

Rafael Sancho Carvalho da Silva
Mestre em História Social (UFBA)
Professor Substituto do Departamento de História da UFBA

Resumo: O simpósio temático objetiva analisar as disputas políticas nos sertões do Nordeste e suas relações com banditismo e outras formas de manifestações de violência vinculadas aos conflitos políticos. São três temas que mantêm relação entre si e, dessa forma, pretendemos agregar pesquisadores interessados em analisar e debater o banditismo e seu vínculo com as disputas do mandonismo regional, bem como diversas formas de expressões de violência. Agregamos pesquisas relacionadas não só com o sertão baiano, mas como de outras áreas do Nordeste brasileiro nos séculos XIX e XX. Apesar de diferentes momentos da história do Brasil, interessa o debate sobre as disputas políticas e suas formas de expressão através da violência e do banditismo em diferentes momentos da história dos sertões nordestinos.

9. ESCRITAS DE LUGARES: HISTÓRIA E LITERATURA, PAISAGENS E SENSIBILIDADES

Clóvis F. R. M. Oliveira
Doutor em História (UnB)
Professor Assistente da UNEB/Campus II/Alagoinhas)

Valter Guimarães Soares
Mestre em Literatura (UEFS)
Professor Assistente da UEFS

Resumo: Produto de “camadas de pedras e sonhos”, as paisagens emergem como inscrições, imagens grafadas na memória e criadoras de fronteiras e identidades. As escriturações riscam linhas que ligam e desligam pontos, criam referenciais de lembranças e constroem monumentos para celebrações coletivas. Nessa trajetória de escrita de discursos, historiadores e literários, em tensos jogos de trocas, estabelecem marcos, escolhem os materiais para serem usados e descartados e, sob o pretexto de descrever, produzem e dão forma aos lugares, materializando o que antes estava disperso na forma de sonhos. Esta proposta de simpósio temático pretende acolher estudos que se dedicam a pensar espaços, memória e paisagens nas suas mais diversas figurações: litoral, sertão, urbano-rural, campo-cidade, centro-periferia.

10. RASTOS, RESTOS E ROSTOS: HISTÓRIA, LITERATURA, CINEMA E OUTRAS ARTES NA INVENÇÃO DOS SERTÕES

Alex dos Santos Guimarães 
Mestre em Teoria Literária e Crítica da Cultura (UFSJ)
Especialização em Teoria e História Literária (UESB)
Graduado em História (UESB) 

Joslan Santos Sampaio 
Mestrando em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Especialização em Teoria e História Literária (UESB)

Resumo: O objetivo deste simpósio é conhecer experiências históricas em que a arte, em suas múltiplas formas de expressão – da literatura ao cinema, da música às artes visuais – cria representações, imagens, percepções e sensações que afetam o imaginário social e político, incidindo na memória multifacetada dos sertões. Sabe-se hoje, para além da “teoria do reflexo” que norteou as pesquisas históricas até os anos de 1960, que mais do que refletir um suposto mundo objetivo, a arte institui “realidades”, produz conhecimentos e desejos, molda comportamentos e gestos, oferece novos temas e problemáticas, abre novos espaços para a imaginação criativa, afetando a psique, a memória, a escrita da História e os seus modos de atuação. Por tudo isso, as artes têm papel fundamental na invenção discursiva “dos sertões”, imaginando o cangaço, o coronelismo, o messianismo, os movimentos sociais, políticos, religiosos e culturais. 

11. MOVIMENTOS SOCIAIS: RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE

Lemuel Rodrigues da Silva
Doutor em Ciências Sociais (UFRN)
Mestre em História (UFPE) 
Professor do curso de História da UERN 

Marcílio Lima Falcão
Doutorando em História Social (USP)
Mestre em História (UFC) 
Professor do curso de História da UERN 

Resumo: A temática que envolve as discussões sobre religião e religiosidade, no que diz respeito aos movimentos sociais rurais e urbanos, tem dado ênfase na configuração de tais movimentos como formas de contestação social. Nesse sentido, o estudo sobre os movimentos sociais passa a ser visto para além de seus aspectos econômicos e políticos e, ao buscar a importância do sagrado e do simbólico na gênese e desenvolvimento de tais movimentos, abrem-se novas possibilidades e novas formas de abordar a temática. Assim, preocupado com essas questões, esse simpósio temático busca ser um espaço de discussão e diálogo entre pares que, aparentemente, são opostos como o sagrado\profano, material\simbólico, político\econômico, mas que, em nossa proposta, também são dialogais e promovem um profícuo debate historiográfico sobre os diversos aspectos e sujeitos que em suas experiências tiveram o sagrado\profano como elementos norteadores em suas formas de resistir.

Minicursos

1. A APROPRIAÇÃO E MERCADORIZAÇÃO DA MEMÓRIA LAMPIÔNICA NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE SERRA TALHADA – PE

José Ferreira Júnior 
Doutorando em Ciências Sociais (UFCG)
FACISST – Faculdade de Ciências Sociais de Serra Talhada – PE

Ementa: A identidade trata de uma representação de si para si e de si para os outros. Serra Talhada, cidade sertaneja pernambucana, representa-se, nacional e mundialmente, como sendo a Capital do Xaxado e, por tabela, terra de Lampião, uma vez que, na literatura local, tornou-se lugar-comum atribuir ao cangaceiro a invenção da dança que identifica a cidade. A identidade local serra-talhadense, nada obstante experimentar cristalização, trata de uma invenção possível de se detectar início e autores, além disso, sua ascensão, em detrimento de uma outra nomenclatura que identificava a cidade (tricampeã da beleza feminina), torna-a fenômeno social promotor de atratividade a pesquisadores. A mudança identitária do lugar de nascimento de Lampião, por si só, já se revela temática viabilizadora de discussão proveitosa. Porém, essa discussão se torna mais acentuada quando se verifica, mais detidamente, o enredo que possibilitou tal mutação: a ação dos produtores culturais, a influência midiática, bem como a resistência imposta. Ademais, também se revela digna de nota a maneira por que a memória lampiônica é comercializada e, nesse comercializar, a privatização dos lugares de memória lampiônica. Somada à complexidade caracterizadora da construção da identidade local, verifica-se a fluidez identitária que perpassa o citadino serra-talhadense, revelada em seus discursos, no que se refere a identificar-se com Lampião. Este minicurso tem como proposta discutir o uso da memória lampiônica em Serra Talhada na construção identitária do lugar, as ações protagonizadas pelos inventores dessa identidade e o contributo da mídia, tomando-se como elemento de referência, além de aporte teórico histórico-sociológico, o resultado de pesquisas realizadas in loco.

Objetivos: Analisar o processo de construção da identidade serra-talhadense e sua relação com a apropriação e mercadolização da memória lampiônica; Identificar as ações promotoras da glorificação da memória lampiônica Serra Talhada; Relatar as reações caracterizadoras de resistência à glorificação da memória lampiônica na cidade; Discutir os reflexos da glorificação da memória lampiônica no cotidiano serra-talhadense; Analisar as representações dos citadinos serra-talhadenses em relação à glorificação da memória lampiônica na cidade. 

2. RELIGIOSIDADE E CONFLITO NO SERTÃO CONSELHEIRISTA: A PERSEGUIÇÃO DO CLERO DA BAHIA A ANTÔNIO CONSELHEIRO E CANUDOS (1874-1897).

Leandro Aquino Wanderlei 
Mestrando em História Social (UFPE) 
Professor do Ensino Básico da Rede Escolar do Estado da Paraíba.

Ementa: Estudo dos fatores de ordem religiosa, política e social que explicam a perseguição da Igreja Católica, em particular da Arquidiocese da Bahia e de suas freguesias nos sertões, às prédicas, devoções e obras assistenciais dirigidas por Antônio Conselheiro, em colaboração com as populações sertanejas do nordeste da Bahia e de Sergipe, inseridos num processo mais amplo de reforma do catolicismo, empreendida sob o influxo tridentino e por meio da direção dos bispos ultramontanos no Brasil, na segunda metade do século XIX.

Objetivos: Discutir os limites da ação religiosa da Igreja frente à religiosidade leiga, predominante no catolicismo brasileiro nos tempos de colônia e ao longo do século XIX; Avaliar o controle do Estado sobre a instituição eclesiástica (regime de Padroado) e a situação política da Igreja nos primórdios do regime republicano; Estabelecer relação entre estes fatores históricos e a campanha do clero, especialmente na Bahia, contra Antônio Conselheiro e Canudos (1874-1897).

3. O CICLO DO CANGAÇO NO MUNDO IMAGINÁRIO DA LITERATURA DE CORDEL

José Paulo Ferreira de Moura
Licenciado em História pela Fundação de Ensino Superior de Olinda (FUNESO)
Pesquisador e Escritor Membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC

Ementa: O cangaço é um dos temas mais explorados na literatura de cordel, onde o cangaceiro é quase sempre retratado como herói. A literatura de cordel é, como qualquer outra forma artística, uma manifestação cultural. Por meio desta escrita eram transmitidas as cantigas, os poemas e as histórias do povo pelo próprio povo, onde os cordelistas eram os poetas que viviam (e sobreviviam) no meio das classes menos favorecidas. O objetivo do minicurso é apontar a importância que a literatura de cordel teve para o cangaço e, através dele, a visão do cangaço na ótica do povo, transformando o mundo real dos cangaceiros, através do imaginário das narrativas poéticas, em verdadeiros guerreiros que lutavam contra os desmandos dos coronéis e a favor do povo.  Como a literatura de cordel está intimamente relacionada com o ciclo do cangaço, este minicurso se justifica pela relevância de compreender até onde este imaginário poético se sobrepôs à realidade vivida naquele tempo cruel de lutas, intrigas e desmandos sociais. E é através da leitura de alguns épicos do cordel/cangaço que retrataremos a magia da recitação e o romantismo dos diálogos entrando em consonância com o imaginário.

Objetivos: Abordar o fenômeno do Cangaço na ótica dos poetas de literatura de cordel; Mostrar que a vida dos cangaceiros retratada através da literatura de cordel é completamente parecida com as dos livros de história.

4. O CANGAÇO E AS VIAGENS PELA LITERATURA, MÚSICA E IMAGEM.

Rubervânio da Cruz Lima 
Graduação em Letras – Inglês e Português (FASETE-2008)
Pós-Graduação em Estudos Literários (UEFS-2009)
Pós-Graduação em Gestão Cultural (SENAC-2013)
Sócio da SBEC.

Ementa: Estudo da relação Cangaço/História apontando alguns aspectos sobre o cangaço e sua trajetória histórica, desde o principio do fenômeno até a figura de Lampião, como aspectos que apontam o modo de vida e os costumes dos cangaceiros. Pretende-se evidenciar a influência do cangaço nas expressões literárias que fazem parte da cultura popular, como o cordel e a xilogravura. 
Analisaremos o cangaço e sua influência na música e nas artes plásticas da região Nordeste. Estudar as representações visuais do cangaço a partir de fotos e filmes. 

Objetivos: Envolver os participantes com esse tipo peculiar de estudo, promovendo também uma discussão sobre o que vem a ser o tema, até os dias atuais e as suas influências nas várias expressões artísticas (geral); Promover um debate que aborde a questão da ligação entre o fenômeno do Cangaço e as artes, de um modo geral, além de evidenciar algumas expressões artísticas populares ligadas ao tema, mostrando-os em um estudo bibliográfico expositivo; Desenvolver o senso crítico e promover a troca de experiência através de intervenções dos participantes, a partir da exposição de aspectos que tratem da temática; Associar essa abordagem à montagem de um painel de fotos que farão parte de uma exposição realizada coletivamente ao término do minicurso cujo objetivo é oferecer a oportunidade dos participantes aplicarem o conhecimento através do desafio de tirar possíveis dúvidas dos visitantes dessa exposição.

5. UMA IDENTIDADE SERTANEJA?

Danilo Uzêda da Cruz 
Graduando em Ciências Sociais, Universidade Federal da Bahia - UFBA
Graduado em História, Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
Especialista em Educação Superior, Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC
Mestrando em Desenvolvimento Regional e Urbano, Universidade Salvador - UNIFACS

Ementa: O minicurso abordará o processo de construção da identidade sertaneja e suas dimensões sociais, políticas, econômicas e culturais, discutindo os elementos dessa identidade e as relações que estabelece com o mundo contemporâneo. De modo geral, o minicurso versará sobre os seguintes temas: construção de identidades coletivas, região, territórios e comunidades; o sertão, história e política, região e cultura; o imaginário no sertão; o sertanejo e as transformações sociais, econômicas, ambientais e políticas do século XXI.

Objetivos: Debater a construção da identidade sertaneja; Discutir elementos do imaginário sertanejo e as transformações sociais, econômicas, ambientais e políticas do século XXI. 

6. ANÉSIA CAUAÇU: PIONEIRA NA PARTICIPAÇÃO “FEMININA” NO CANGAÇO

Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho
Mestre em Memória Social (UNIRIO)
Especialista em Literatura e Ensino da Literatura (UESB) 
Licenciado em Letras (UESB)
Professor da Pós-Graduação das Faculdades Euclides Fernandes (FIEF)

Ementa: Estudo da participação feminina no cangaço. O papel pioneiro de Anésia Cauaçu. Contempla abordagens sobre as raízes do coronelismo e do cangaço na Chapada Diamantina e no sudoeste baiano, além de abordar o que permaneceu na memória coletiva de tradição oral da região de Jequié sobre os Cauaçus. 

Objetivos: Revelar o papel pioneiro de Anésia Cauaçu no cangaço e no processo de emancipação da mulher do sertão; Discutir as origens do coronelismo e do cangaço na Chapada Diamantina e no sudoeste baiano; Refletir sobre a memória coletiva a respeito dos Cauaçus.

7. MULHERES NEGRAS: PRÁTICAS CULTURAIS E MILITÂNCIA EM COMUNIDADES TRADICIONAIS DO ALTO SERTÃO BAIANO

Karla Dias de Lima
Especialista em Educação e Diversidade Étnico-Racial (UESB)
Professora da Rede Estadual de Ensino e Pesquisadora (GEPEECS). 

Leila Maria Prates Teixeira
Mestre em História (PPGHIS-UNEB)
Professora do curso de História (UESB) 

Ementa: Este minicurso pretende discutir as estratégias de sobrevivência de práticas culturais desempenhadas por mulheres negras em comunidades quilombolas do Alto Sertão da Bahia, como uma possibilidade de reconstruir vivências, afetividade, ancestralidade, memória e identidade de gênero. As concepções atuais acerca da história das mulheres e da liderança feminina nos segmentos populares colaboram para a análise das especificidades das relações vivenciadas pelas mulheres negras em comunidades tradicionais. Nesse sentido, abordaremos conceitos introdutórios relacionados à mulher negra, à liderança feminina, à cultura negra, à identidade étnico-racial e aos quilombos, privilegiando estudos concentrados nas comunidades de Tomé Nunes (Malhada/BA) e Tucum (Tanhaçu/BA), localidades pesquisadas pelas autoras dessa proposta.

Objetivos: Analisar o prestígio feminino através da marcante participação nas questões políticas e na manutenção das práticas culturais nessas comunidades; Conhecer as formas de sobrevivência e resistência criada por mulheres negras e quilombolas em comunidades do Alto Sertão baiano; Refletir sobre os conceitos de gênero e identidade na contemporaneidade.

8. O CANGAÇO COMO FENÔMENO SOCIAL

Josué Damasceno Pereira
Pesquisador da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC

Resumo: A proposta de um minicurso voltado para a temática do cangaço como fenômeno social tem por objetivo despertar no interlocutor um olhar mais crítico a respeito das condições de vida e relações sociais nos sertões do Nordeste brasileiro na primeira metade do século XX. Para tanto, nossas atividades foram organizadas em função de quatro eixos: o banditismo nos sertões do Nordeste; cangaço e política; cangaço e religião; e o mito Lampião. Tal procedimento nos permite ponderar sobre as questões que envolvem os cangaceiros e suas relações com a sociedade sertaneja, em especial a classe política, setores do clero católico e, por fim, a construção do mito em torno da figura de Virgulino Ferreira, o Lampião. O conhecimento dessas relações constitui fatores importantes no processo de compreensão da História Regional.

Objetivos: Analisar a formação do cangaço no Nordeste brasileiro; Estudar a constituição do mito de Lampião na cultura popular do Nordeste.     

9. VEREDAS DO GRANDE SERTÃO: CRENÇA, AMOR E VIOLÊNCIA NO IMAGINÁRIO DO SERTÃO DE JOÃO GUIMARÃES ROSA

Halysson F. Dias Santos
Doutorando em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Graduação em Letras (UESB)
Professor do curso de Letras (UESB)

Heurisgleides Sousa Teixeira 
Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Especialização em Teoria e História Literária (UESB)
Graduação em Letras (UESB)
Professora da UNEB (Campus IX/Barreiras)

Ementa: O imaginário do sertão na obra de João Guimarães Rosa. A ficcionalização das crenças, do amor e as relações de conflito entre os jagunços. 

Objetivo: Apresentar e discutir o imaginário do sertão na obra de Guimarães Rosa, a partir de elementos tematizados no romance Grande sertão: veredas.

10. REVIRAMUNDO – O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM ENSAIO AUDIOVISUAL A PARTIR DA “ENCICLOPÉDIA AUDIOVISUAL DA CULTURA POPULAR DO SERTÃO”, DE GERALDO SARNO

Felipe Corrêa Bomfim
Mestrando do programa de Pós-Graduação em Multimeios da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Graduado em Cinema pela Universidade de Bolonha (Itália) 

Glauber Brito Matos Lacerda
Mestre em “Memória: Linguagem e Sociedade” (UESB)
Professor de “Documentário” e “Técnicas de Sonorização” no curso de Cinema e Audiovisual (UESB)

Ementa: Entre os anos de 1969 e 1972, o cineasta Geraldo Sarno dirigiu uma série de curtas-metragens documentais sobre manifestações da cultura popular nordestina intitulada “Enciclopédia Audiovisual da Cultura Popular do Sertão”. Em março de 2013, Geraldo Sarno voltou à sua terra natal, a cidade de Poções (BA), acompanhado por uma equipe de filmagens que registrou o reencontro do cineasta com pessoas e lugares da sua infância que, declaradamente, influenciaram sua obra. O minicurso apresenta o processo de construção do filme-ensaio “Reviramundo” que aborda o caráter memorialista da obra de Geraldo Sarno, apresentando um diálogo das suas memórias de infância com o conteúdo e com a forma da série documental dirigida pelo mesmo.

Objetivos: Apresentar o processo de criação do filme-ensaio “Reviramundo” a partir de um diálogo com a forma e com o conteúdo dos filmes da “Enciclopédia Audiovisual da Cultura Popular do Sertão”, de Geraldo Sarno; Assistir aos filmes da Enciclopédia Audiovisual da Cultura Popular do Sertão; Discutir os aspectos formais e o conteúdo do conjunto da obra; Destacar o caráter memorialista da produção documental de Sarno; Apresentar o processo de construção do filme-ensaio.

Maiores informações: Blog da SBEC

http://lampiaoaceso.blogspot.com