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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A blasfêmia Deus odeia

Por José Mendes Pereira

Criar fatos inexistentes é coisa do Diabo, principalmente aquele que afeta o caráter de uma pessoa, usando coisas ridículas que não aconteceram contra ela, só para denegrir a sua imagem, no intuito de diminuí-la diante das suas amizades, e isso é chamado de blasfêmia. Mas a blasfêmia   está presente em todas as classes sociais, quer seja no meio da riqueza, quer seja no meio da pobreza, ninguém está livre de acusações ridículas. E muitas vezes, o blasfemado nem sabe, apenas os outros tomam conhecimento e saem contando por tudo que é de lugar. 

Nos idos de 80, do século que passou, aconteceu uma tragédia que deixou chocada toda população de Mossoró, isto provocado por paixões não correspondidas.

Marta era uma jovem de 16 anos, ainda com pouca experiência na vida, e que descobrira que o Mauro Calado, um dos seus vizinhos, poderia fazê-la feliz, desejando-o a todo custo, e que para tê-lo em seus aconchegos, faria tudo, mesmo que fosse colocando a vida dele e a sua em jogo.

O certo é que o Mauro Calado não a desejava, e estava vivendo um romance com a Railma, uma comerciária de bons modos, que o amava, e ele, não a abandonaria de forma alguma. Não iria arriscar perder uma jovem que o seu nome não desfilava em rodas de amigos, para se relacionar com a Marta, uma garota já conhecida pela Candinha. E ele tinha razão, porque  mulher não se escolhe pela beleza que ela tem, e sim pelos os ouvidos, isto é pelo o que dizem dela. 

A Railma era a moça que um dia iria levá-la para uma casa e cuidar dela, respeitá-la, e tinha uma consideração pelos seus familiares, principalmente pelos seus pais, que sempre o receberam com carinho, e estavam confiantes que iriam entregar sua filha a um homem de muita responsabilidade, honesto, trabalhador, responsável, sem vícios, apenas com um pequeno defeito, assim dizia ele, adorava a derruba de gado, apesar de não ser vaqueiro, mas isto era uma das suas paixões.

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A Marta fez todas as tentativas, chegando até tirar a roupa do corpo, fazendo striptease, ficando totalmente pelada, e partia para cima dele, querendo que ele a fizesse de mulher.  Mas mesmo assim, desviava-se deste assédio feito pela jovem. Jamais trairia a sua Railma e os seus familiares. 

Inconformada por não conseguir dominá-lo, mesmo com os seus stripteases, Marta  chegou a acusá-lo de bicha, boiola, veado e outras coisas semelhantes, só para ver se o Mauro Calado resolvia mexer em suas partes íntimas.

Ciente que o Mauro Calado não a faria de mulher, resolveu arquitetar um plano, que talvez desse certo. E tudo preparado, disse aos seus irmãos que o jovem mexera em sua honra, em uma noite em que ela se encontrava sozinha em casa. Ele chegara e a atacou, sem ela permitir o rompimento da membrana da sua virgindade.

Agora o Mauro estava ferrado. Os irmãos da Marta não gostavam de engolir certos desrespeitos com as suas irmãs, No bairro onde moravam, quando eles bebiam, fechavam as ruas, decepcionavam toda a vizinhança. 

Combinado, foram de encontro ao Mauro Calado, que até o momento de nada sabia, já que nunca passara as suas mãos sobre o lindo corpo da Marta, e que bom que tivesse passado, porque agora teria que pagar caro, sem dever nada a ela.

Não o chamaram. Entraram na casa, o encontrando lendo um jornal. E sem muita demora, agarraram-no pelos braços, e o tangeram para fora da casa.

- Mas o que está acontecendo? - Perguntou o Mauro.

- O que está acontecendo é que você mexeu no que não devia. 

- Mas eu mexi em que, homens?

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E sem mais diálogo, um deles enfiou uma faca peixeira na barriga do Mauro, deixando-o cair na calçada barrenta. E ali, o sangue rubro ficou ocupando espaços baixos na calçada barrenta.

Levada para ser examinada pelo o médico legista, Marta era virgem. E pressionada para esclarecimentos, contou ao delegado que foi uma maneira para  tentar conseguir o amor do Mauro Calado. Infelizmente não deu certo.

Sobre ela e o irmãos eu não tenho conhecimento se estão ou saíram de Mossoró, pois eu não os conheci.


Minhas Simples Histórias
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro. 

Fonte: 

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Virgulino Ferreira era bastante impulsivo




Virgulino Ferreira era bastante impulsivo. Às vezes, passavam-se meses sem se ouvir falar nele, pensando-se, inclusive, que tinha morrido. Mas, de repente, ele surgia do nada com o seu bando, como um tremendo furacão, lutando contra as volantes, incendiando fazendas, roubando e matando com a maior naturalidade. Em algumas ocasiões, seus gestos eram generosos: confraternizava com as pessoas, organizava festas, distribuía dinheiro, pagava bebida para todos.

Em uma de suas paradas para descansar, perto da Cachoeira de Paulo Afonso, conheceu Maria Déia, filha de um fazendeiro de Jeremoabo, na Bahia. Há cinco anos ela era casada com José de Nenén - um comerciante da região - mas nutria uma paixão platônica por Lampião, mesmo sem nunca tê-lo encontrado.

Alguns afirmam que foi a própria mãe de Maria Déia que segredou a Lampião sobre essa paixão. Já outros dizem que foi Luís Pedro - integrante do bando - que insistiu para o rei do cangaço conhecê-la. Na realidade, o fato é que Virgulino caiu de amores ao vê-la. E, impressionado com a sua beleza, passou a chamá-la de Maria Bonita.

Em vez de três dias, ficou dez na Fazenda Malhada da Caiçara. Com a concordância dos pais, que apoiavam o desejo da filha, Maria Déia coloca as suas roupas em dois bornais, penteia os cabelos, despede-se para sempre do marido, e parte com Lampião rumo à caatinga. Era o ano 1931 e ela tinha 20 anos.

Pouco tempo depois, Maria Bonita engravida e sofre um aborto. Mas, em 1932, o casal de cangaceiros tem uma filha. Chamam-na de Expedita. Maria Bonita dá à luz no meio da caatinga, à sombra de um umbuzeiro, em Porto de Folha, no estado de Sergipe. Lampião foi o seu próprio parteiro.

Como se tratava de um período de intensas perseguições e confrontos, e a vida era bastante incerta, os pais não tinham condições de criá-la dentro do cangaço. Os fatos que ocorreram viraram um assunto polêmico porque uns diziam que Expedita tinha sido entregue ao tio João, irmão de Lampião que nunca fez parte do cangaço; e outros testemunharam que a criança foi deixada na casa do vaqueiro Manuel Severo, na Fazenda Jaçoba.

O Capitão Virgulino adora ser fotografado e filmado. Neste sentido, consente que Benjamim Abraão, um fotógrafo libanês, conviva durante meses com o seu bando e colete muito material sobre o cangaço. Esse fotógrafo, contudo, é assassinado por um coronel, e grande parte do seu acervo é destruída.

Maria Bonita sempre insistia muito para que Lampião cuidasse do olho vazado. Diante dessa insistência, ele se dirige a um hospital na cidade de Laranjeiras, em Sergipe, dizendo ser um fazendeiro pernambucano. Virgulino tem o olho extraído pelo Dr. Bragança - um conhecido oftalmologista de todo o sertão - e passa um mês internado para se recuperar. Após pagar todas as despesas da internação, ele sai do hospital, escondido, durante a madrugada, não sem antes deixar escrito, à carvão, na parede do quarto:

Doutor, o senhor não operou fazendeiro nenhum. O olho que o senhor arrancou foi o do Capitão Virgulino Ferreira da Silva, Lampião.

http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar./index.php?option=com_content&view=article&id=320&Itemid=1

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Nazarezinho Parte I

Por Paulo Gastão


Nazarezinho: Pela primeira vez estamos a nos debruçar sobre momento delicado e significativo ocorrido nesta região. Retornar no tempo significa interesse nas nossas origens. A história que estamos a abraçar é singular. A primeira pergunta que muitas pessoas fazem trata-se de uma interpelação ou curiosidade: Que dimensão se pode dar a família Pereira?

Ela no Nordeste se fixou e tem se ampliado das margens do rio São Francisco, onde mencionamos Piranhas; seguimos em direção ao Norte e abrigados os encontramos às margens do rio Pajeú em Serra Talhada e na ribeira do Piancó, representada por Nazarezinho. Como trazer os Pereira para com a presença dos cristãos novos entre nós?

Necessário se faz um estudo genealógico contundente, específico e esclarecedor para que possamos nos aperceber da representatividade desta ilustre família. Alguns aspectos são determinantes para com o processo evolutivo desta região. A presença dos dirigentes da Casa da Torre é determinante, no sentido da implantação de novos currais. Com a caminhada dos vaqueiros até o Sul do estado do Piauí em determinado momento verificamos o caminho de volta pelo gado gordo, que transitava na chamada Estrada Real, que determina a espinha dorsal deste estado, servindo até os dias atuais, para seu grande fluxo de riquezas e materiais de vários matizes. Esta estrada é fundamental para levar a proteína até as populações do litoral, que se dedicavam a glicose pela cana-de-açúcar e seus derivados. Para que estes conceitos sejam ampliados recomendamos a leitura da obra de Rosilda Cartaxo – Estrada das Boiadas (roteiro para São João do Rio do Peixe).


A geografia nos mostra de uma situação deveras interessante. Sendo Nazarezinho considerado nosso centro, para o Norte temos o Rio Grande do Norte; para o Sul Pernambuco e para oeste o Ceará. Conclui-se que o elemento – divisa – encontra-se bem próximo. Se constitui erro designar como fronteira, pois, é entre países que a denominação é correta. Que os futuros pesquisadores não cometam este erro. Os deslocamentos para outros estados eram frequentes, desde que não era permitida a presença de militares atuando fora do seu estado de origem. Depois de algum tempo as divisas deixaram de ser problema para o trânsito das volantes.

O mando regional era estabelecido pelo coronel. Desde o século XIX que as patentes eram compradas. O imenso país, sem vias de acesso, buscou o governo na figura do coronel o processo administrativo, de mando, das diretrizes políticas e do conteúdo social. Era, portanto, o coronel, um potentado por excelência. Para seu comando corria a riqueza da região, concentrando inclusive as peças de ouro e deixando as localidades pobres ou de pouca representatividade. Dai a grande concentração dos movimentos bélicos terem ocorrido na área do campo e de pouca atuação nas comunidades que buscavam a todo custo se tornarem núcleos denominados de cidade. Nos afirma Horácio de Almeida, na sua História da Paraíba, que no Nordeste o aparecimento das  cidades ocorre a partir de 1850.

A região recebe a Coluna Prestes oriunda do Norte, que tinha alcançado Flores, hoje Timon, estado do Maranhão. O caso do padre Manoel Otaviano, que resolveu defender seu rebanho tendo trágico fim, representa o mais significativo episódio em terras paraibanas. Quando anos após eclode a Revolta de Princesa, sob o comando do coronel Zé Pereira, chefe político e filho de tradicional família da região oestana.  Mais uma vez temos o registro dos Pereira, fazendo história no seu torrão natal. Não confundir este episódio isolado com a Revolução de 30, que atingiu a nação.

A implantação de novos segmentos na região determinou a chegada do barracão. Este por sua vez era controlado e mantido pelo coronel e servia como fonte de abastecimento aos residentes na construção de açudes, estradas e outros segmentos. Desta feita vamos nos deparar com grave situação, desde que, ocorre um assassinato vitimando pessoa de representatividade na comunidade local. O barracão funciona em São Gonçalo. É morto o sr. João Pereira e outros. O moribundo pediu por várias vezes que não existisse vingança.

Cariri Cangaço presente em Nazarezinho, de Chico Pereira

Acreditamos que caso único no planeta, onde fica estabelecida a conduta em não haver vingança. Gesto heroico e que deve ter sensibilizado a todos que tomaram conhecimento da decisão. Com o passar do tempo aparece no caminho a saga histórica de Chico Pereira.

Como nos posicionarmos frente a epopeia vivida por este paraibano? No inicio do ano de 1959 de férias na minha cidade, Trinfo estado de Pernambuco, recebemos a visita de um senhor que procurava pelo meu genitor. O nome do meu pai é Manoel Gastão Cardoso que morou vários anos em Princesa e dela se afastando por recomendação da própria família quando estourou a Revolta de Princesa. Foi ele ao chegar a Triunfo funcionário da firma do coronel Carolino de Arruda Campos, também conhecido pelo apelido de – Duduzinho. Tornou-se almocreve e consequentemente conhecedor da região e seus habitantes. O período das suas andanças está compreendido entre 1930 e 1940. Porém, o meu pai não se encontrava na cidade naquele momento. Fizemos ver ao nobre pesquisador que desconhecíamos documentos referentes ao assunto em questão, mas, na vizinha Princesa ao chegar ao cartório, procurasse o senhor Zacarias Sitônio, meu padrinho de batismo. Com ele tudo seria resolvido. E assim segue Pereira da Nóbrega em busca de informes.  Vez primeira que estivemos com a ilustre figura do naquele tempo reverendo.   Não nos vimos nunca mais. Raras vezes trocávamos informações pelo telefone. A última vez que tentamos trazer Chico Pereira foi para encenação da peça Vingança, Não em teatro na cidade de Mossoró.  Proposta a ser analisada, mas infelizmente não se confirmou. Com algum tempo tomávamos conhecimento que Chico teria de nós se despedido para ficar ao lado do pai.


Caravana Cariri Cangaço na fazenda Jacu, da família Pereira, em Nazarezinho 

Outro momento que gostaríamos de aqui registrar ocorreu no nosso tempo de universitário na cidade do Recife. Para bem caracterizar no bairro do Espinheiro.  Em plena manhã de domingo encetamos visita a nossa amiga Lília, por nós chamada de Lila, era ela nossa vizinha em Triunfo na Rua da Caridade, hoje homenageada com o nome do homem que implantou as Casas de Caridade, Rua Padre Ibiapina. Deveriam ter colocado - Rua Mestre Padre Ibiapina. Pois bem, traquino e irrequieto sempre estávamos em cima do muro e quando descíamos era para o lado da casa dela, recebendo bolo ou doces. Ela não tinha filhos menores, e acreditamos ter a nós se dedicado pela nossa tenra idade. Era seu marido o guarda-livros Sigismundo Pinto, oriundo do Vale do Piancó e proprietário do Jornal ‘A Voz do Sertão’, que circulou por muito tempo na cidade. Seus filhos Miranda, Vanice, Geraldo, Vanilda e Vanessa todos com sobrenome Campos. A Vanessa é jornalista, trabalha como editora de assuntos do sertão na empresa Jornal do Commércio em Recife e acaba de lançar livro sobre o cangaço. Naquele domingo conhecemos uma grande figura, grande mulher. Seu nome Jardelina que para a família era Jarda. Estatura mediana, magra, não esboçava nenhum sorriso, pouco se comunicava, porém, demonstrava viver algum problema de ordem familiar, pois, a roupa usada naquele momento era de cor preta, significando o chamado luto fechado.

Não procuramos saber em detalhes de quem se tratava, nem por que aquele traje. Dias depois, tomamos conhecimento de quem se tratava e por não termos ainda nos ligado a história por ela vivida houve total desligamento e nunca mais nos vimos. Perdemos uma grande oportunidade em nos aproximarmos daquela que se casou ainda de menor, com o homem que amava e a ele continuou ligada até seu último suspiro e que trouxe ao mundo três crianças que se tornaram o orgulho dela, da família e de nós outros que deles nos aproximamos. Precisamos registrar com carinho seus nomes – Raimundo, Francisco e Dagmar.

Todos receberam o melhor que ela poderia dar – a educação. Raimundo torna-se engenheiro; Francisco segue o caminho da religião sendo padre e Dagmar, agora como Albano, se fixa na Ordem dos Franciscanos Menores.
Em busca de ampliar nossos conhecimentos nos deparamos com Rosilda Cartaxo, a mulher que ganhou título de baronesa de São João do Rio do Peixe que nasceu em Cajazeiras e foi sua cabeça lavada na mesma pia onde o padre Rolim foi batizado.

Para nosso estudo recomenda-se a leitura de ‘Estradas das Boiadas’ e em particular ‘Mulheres do Oeste’. Dentre importantes e representativos nomes de mulheres da região nos deparamos com Jardelina Pereira Nóbrega – Jarda. Relata a escritora: “Se hoje eu falo de Mulheres do Oeste, o espaço devia ser todo seu – Jarda – a medida do amor. Certa vez encontrei-a na igreja, ajoelhada, terço na mão, soletrando mágoas e rimando solidão. As rosas deixadas no beiral da Casa Grande de Nazarezinho se despetalaram. Só a saudade de Chico Pereira não passava. Registramos que Dom Adelino Dantas dirige carta a escritora logo que recebe seu livro. Mais adiante temos – Jarda não guardava mágoas pelo título de cangaceiro dado a Chico Pereira. Aceitou. Feliz teria ficado se esta carta fazendo-o Mártir tivesse lhe chegado às mãos. Se um dia Chico fora chamado de bandido, um Bispo da Bahia Dom Adelino Dantas, chamou-o de Mártir, perdoado foi quando a família criou a frase “VINGANÇA, NÃO”, maior atestado de humanismo.  A  autora finaliza sua homenagem a esta grande mulher assim relatando: Jarda tem neste espaço todo o carinho dos Dantas lá do Serrote, em São João do Rio do Peixe, que fez a pousada de Chico!

Continua... 

Texto apresentado pelo pesquisador e escritor Paulo Gastão em Conferência do Cariri Cangaço em Nazarezinho, dentro do Parahyba Cangaço em junho de 2013. 

Paulo Medeiros Gastão
Sócio Fundador da SBEC
Conselheiro Cariri Cangaço 


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