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quarta-feira, 9 de maio de 2018

VOLTA SECA

https://www.youtube.com/watch?v=NSMqgHHw2tk

Publicado em 3 de mai de 2015

Breve historia do Cangaceiro menino que fez parte do bando de Lampião e se entregou-se a policia, cumprindo 20 anos de prisão em salvador. As musicas desse vídeo são de volta seca colhida do seu vinil do ano de 1957.

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"Sabino e Lampeão" por Volta Sêca ( • )

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ENTREVISTA CADIM MACHADO, ÚLTIMO COITEIRO DE CORISCO

https://www.youtube.com/watch?v=e9bcJ7laPSk

Publicado em 30 de nov de 2016

Moreno e Durvinha antigos integrantes do bando de Lampião em entrevista ao Programa Câmera Aberta da TV UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Moreno e Durvinha na época da gravação dessa entrevista era o último casal de cangaceiros, ainda vivo. Moreno e Durvinha foram integrantes das hostes cangaceira de Lampião durante o período do Cangaço e permaneceram na lida até o ano de 1940 quando decidiram abandonar a vida das armas e partir rumo a região sudeste do país onde, após caminharem durante noventa dias até chegar ao estado de Minas Gerais, onde finalmente se estabeleceram e constituíram família, vivendo a partir de então uma nova vida e dessa vez longe das armas. No novo estado assumiram novas identidades, Moreno (Antônio Ignácio da Silva) passou a se chamar José Antônio Souto e Durvinha (Durvalina Gomes de Sá) passou a se chamar Jovina Maria da Conceição. Ao deixarem sua terra natal deixaram para trás seu pequeno filho recém nascido (Inacinho), o qual foi criado pelo Padre Frederico da cidade Pernambucana de Tacaratu. Moreno e Durvinha mantiveram suas vidas passadas em sigilo e permaneceram escondidos durante sessenta e cinco anos. Somente no ano de 2005 o segredo que juraram guardar para sempre foi revelado e pais e filhos puderam novamente se reencontrarem. A história do casal cangaceiro Moreno e Durvinha é uma das histórias mais fascinantes de todo o período do cangaço, uma história que se alongou por décadas até finalmente todos (as) terem conhecimento sobre suas existências e suas histórias. Essa filmagem foi a mim gentilmente cedida por Neli Maria da Conceição filha do casal Moreno e Durvinha e à ela todo o meu carinho e agradecimento, pois sem essa atitude jamais teríamos conhecimento dessa e de tantas outras histórias desse célebre casal cangaceiro. Acessem o link abaixo e venham todos (as) fazerem parte do Grupo de estudos "O CANGAÇO". https://www.facebook.com/groups/ocang... 

Geraldo Antônio de Souza Júnior
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VANDRÉ RETORNA AO SOLO NATAL, POR DAMIÃO RAMOS CAVALCANTI


Geraldo Pedrosa de Araújo Dias filho de José Vandregíselo e de Maria Martha Pedrosa Dias, é Vandré, um dos nossos conterrâneos, ilustre vulto paraibano. Mesmo distante da sua terra, em outras paragens, querendo ou não querendo, andinas ou brasileiras, ele não conseguiu desaparecer, vivia sendo balbuciado como se fosse um hino proibido; depois, alto e livremente cantado como canção da memória de multidões que o acompanhavam, caminhando e cantando. Se ele pretendeu ser escondido ou se esconder, a cortina, o pano ou o lençol foram curtos para cobri-lo. Primeiramente porque um cidadão da sua estatura não se encobre; depois, um artista da sua dimensão não se pertence…

Foi então que ele se reencontrou com seu dileto amigo Ricardo Coutinho que o convidou, como se fosse irmão ou a voz do pai ou da mãe:  “volte pra casa”.  E ele voltou cantando, até no palco, para acordar emoções e retroalimentar o eco de “Para não dizer que não falei das flores”. Eu vi, eram gritos abafados ou presos sentimentos que se tornaram poésis que nos canta e que nos encanta. Já tinha visto, em 1968, em Roma, estudantes brasileiros, italianos e jovens de outras nações, de mãos dadas, emblematicamente como se fosse um estandarte, caminhando e cantando, em uníssono com outras vozes que vinham dos nossos rincões, das bocas de fogo ou dos carinhosos corações. Nas ruas, nas marchas, parecia a canção hino como se fosse a pintura de Delacroix, “la liberté en guidant son peuple” ou “a liberdade guiando o seu povo”.

Nesses dias, quando Vandré faz reaparecer Vandré, ele retorna à sua terra, vai à Academia Paraibana de Letras e declama um livro de poesia, antes só recitada do alto das montanhas chilenas. O que faz também lembrar Giuseppe Verdi, na ópera Nabuco, descrevendo acorrentados escravos hebreus, cantando a ideia de liberdade que, à solta das correntes, poderia voar além dos montes: Va pensiero! “Vá, pensamento, em asas douradas, / Vá e pousa sobre as encostas e as colinas / Onde os ares são tépidos e macios / Com a fragrância do solo natal!”. Aqui e agora, depois de cinquenta anos, cantando, recitando, Vandré sente a fragrância ou o cheiro da sua terra em cio, dizendo poesias que, como foram apresentadas por Hildeberto Barbosa na APL, poderão ser canções.

Damião Ramos Cavalcanti


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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GRACILIANO RAMOS E O PADRE BULHÕES

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de maio de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.897

Apresentamos mais uma vez segredo literário escondido, uma vez que livros importantes santanenses, não são reeditados. Representam relíquias e poucos sabem da existência daquela edição ou daquela outra que foi editado para gerações passadas. O texto abaixo é comentário sobre o romance de Graciliano Ramos, “Caetés”, cuja identificação completa, acha-se no final. Temos mais uma vez como público alvo, professores de Português – Literatura, universitários e pesquisadores em geral.

Busto do Pe. Bulhões. Foto: (B. Chagas)
A preguiça pela leitura leva o jovem apenas a clicar na foto e, o texto que se dane! É a perpetuação do analfabetismo pela cibernética Mesmo assim, vejamos:
 “Se José Lins do Rêgo romanceava o mais importante gênero de vida adotado na mata costeira nordestina, Graciliano Ramos retratava, nos seus livros, a terra e o homem do agreste e sertão da nossa região geográfica. O cenário de “Caetés” é a cidade de Palmeira dos Índios, antes que lá chegassem os trilhos da “Great Western” e se multiplicassem os caminhões, que hoje levam do Recife e Maceió a civilização e as doenças, o progresso e a miséria. O escritor inspirou-se na vida municipal do sertão alagoano, a fim de criar as suas personagens. Por isso mesmo é que o Pe. Atanásio, tanto representa o Vigário Francisco Macedo, de Palmeira dos Índios, como o Vigário José Bulhões, de Santana do Ipanema. Os políticos de “Caetés” são os mesmos de Palmeira, Pão de Açúcar ou Água Branca. João Valério era guarda-livros da firma Teixeira & Irmão, como poderia sê-lo de Tertuliano Nepomuceno, em Santana, ou de Antônio Rodrigues, em Mata Grande. Aliás, foi um guarda-livros de Santana do Ipanema, meu fraternal amigo o poeta Valdemar Lima, quem primeiro me falou em “Caetés”, nas férias escolares de 1930 para 1931. O romance foi escrito em Palmeira, retocado em Maceió e publicado no Rio. Para o grande público o livro surgiu em 1933, mas fazia três anos que os seus originais passavam de mão em mão, entre os jovens intelectuais da capital de Alagoas”.
ROCHA, Tadeu. Modernismo & Regionalismo. Oficial, Maceió, 1964. 2Ed. Págs. 84-85.


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MELANCIA COM LEITE

*Rangel Alves da Costa

Mesmo com o progresso e as novas feições que vão sendo adquiridas pela sociedade, os antigos costumes e tradições de um povo costumam permeando as gerações, como se de pai pra filho fossem sendo repassando os conhecimentos enraizados. Neste sentido é que surgem os medos, os dizeres, as curas e até as estripulias de um povo, que nada mais são que emanações da sabedoria popular sobre seus próprios costumes.
Tais emanações populares estão, por exemplo, no cultivo e nos usos de ervas medicinais, nas rezas e orações, nas promessas para todo tipo de desejo, nos ditados antigos e rebuscados segundo as mais diversas situações, nas brincadeiras, no jeitinho próprio de um povo para explicar o seu mundo ou buscar soluções caseiras para todos os problemas surgidos. E até mesmo para regrar a vida social. Ora, poderia parecer estranho demais ao moderno que as pessoas mais antigas ainda respeitam até mesmo o jeito certo de tampar uma panela, sob pena de ter a comida estragada. Mas muito mais na força de uma gente que se preserva nas suas tradições.
Assim, se comer melancia não pode tomar leite de jeito nenhum, sob o risco de estuporar e morrer. Depois de tomar café é morte certa se sair pro meio da chuva ou mesmo se estiver serenando. Comer carne gorda, prato gorduroso ou comida pesada, como feijoada, mocotó, pirão ou sarapatel, e depois deitar é o mesmo que pedir pra morrer. Mas não pode, de jeito nenhum, comer jaca e depois beber água, pois se assim fizer dá uma enrolação nas tripas e a pessoa morre sem ar. Se o vento bater na saia da moça de modo que levante e mostre até a calcinha, é sinal de que ela vai descalçolar em poucos dias, pois a parte de baixo tá doida pra ser soprada.
Se moça velha chora quando seu cachorro morre é porque tinha um caso com ela. E se bota luto é porque era apaixonada. Pra mulher fogosa baixar o fogo bastam três folhas de hortelã adormecida em meio copo d’água, na janela e na frieza da noite. Mas se colocar uma folhinha a mais ela vai querer agarrar qualquer homem que passar adiante. Pontadinha no quarto, também chamada de dor de viado, só se cura com folha de pau pereira enrolado em panos e amarrado onde a dor é maior. Flor de lírio roxo dentro da calçola deixa a mulher novamente virgem. Moça que quer ver o homem apaixonado só precisa dormir com folha de malmequer entre as pernas e depois passar uma folha perto do nariz dele.


Absolutamente proibido que menino conte estrelas. Acaso assim faça, todas as estrelas contadas surgirão como verrugas. Nem saia de casa se primeiro não se benzer, com o pé direito após a soleira da porta e sem abrir a boca para vento estranho entrar. Do mesmo modo ao retornar, pois não terá boa volta aquele que não se benza antes de entrar e, já dentro de casa, fazer o sinal da cruz para a imagem do santo que estiver na parede. Menina nova que de repente fala sozinha é por que tá chamando homem. Não se deve deixar espelho no quarto de rapaz que é pra ele não se embonecar demais e até amulezar. Mulher casada que pensa em outro homem vai queimar todinha no caldeirão das safadas.
Quem pinicar fumo é preciso ter cuidado para nenhum resto cair e ficar sobre o chão. A caipora vai aparecer e querer sempre mais. Na caçada, ou leva cigarro de palha pro dono da mata ou de lá voltará todo lanhado de uma boa surra. Se a espingarda negar fogo duas vezes seguidas é porque o bicho não merece morrer. E se matar, o primeiro que nascer na família vem ao mundo com cara de veado, de caititu, de nambu, e assim por diante. Não se pode comer carne gorda sem antes tomar uma boa relepada de pinga. E se depois da comida a barriga der mostras que está ruim, o sujeito tem de recorrer a meio copo de genebra com uma pitada de sal.
Janela de moça solteira ou mesmo de mulher casada que só vive aberta é porque tem gente entrando por ela às escondidas. Homem que chega em casa e encontra a mulher alegre demais, porém desconfiada que só, é porque boa coisa ela não fez. E por causa da janela entreaberta. É bom desconfiar de homem que de repente começa a usar brilhantina e se perfumar demais antes de sair, e principalmente se começar a voltar muito tarde. Viúva que tira o luto antes do tempo e se dana ao forró é por que quer botar ponta no falecido. Do mesmo modo aquela que só se consola quando um certo compadre chega em certeira visita.
Quem pisa em espinho de pés descalços e não sente dor é por que a alma tá saindo do corpo. Pro resto sair é um nada. Chuva boa não vem quando as folhagens se soltam mesmo sem ventania. E pra homem que viadou e deseja desviadar não há nada melhor que uma surra bem dada de cansanção misturada com urtiga. Assim o povo vai construindo seu leque de costumes e crenças, e ai daquele que não estiver de boca fechada quando a ventania passar.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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ESTUDAR CANGAÇO É FÁTÁSTICO – 14 MINUTOS DE LAMPIÃO


Por José Mendes Pereira
https://www.youtube.com/watch?v=O33Flqcp5B4

Você que não conhece nada sobre cangaço deve começar estudá-lo, porque é uma das literaturas que os brasileiros têm interesses de saber o que é cangaço, como começou este movimento social de cangaceiros.

Através deste vídeo conheça Lampião e Maria Bonita de verdade. Não são atores, são os próprios cangaceiros neste filme dentro do Nordeste Brasileiro. O vídeo é uma gravação com o Lampião, Maria Bonita e todos os cangaceiros que aparecem na filmagem em carne e osso, feito pelo sírio-libanês Benjamin Abrahão Botto.

O vídeo é histórico não tem "áudio-som", com 14 minutos de cenas inéditas desse que, sem dúvidas, foi um dos mais polêmicos personagens que o Brasil já teve, o Virgolino Ferreira da Silva o Lampião. Este vídeo faz parte da obra "Iconografia do Cangaço".

Desse nosso grupinho têm muitos amigos e amigas que não conhecem nada sobre Lampião e Maria Bonita, então entram nessa, ver vídeos, ler livros, os quais você poderá encontrá-los diretamente com os escritores, ou através do professor Francisco Pereira Lima, lá em Cajazeiras, no Estado da Paraíba, acessando este e-mail: franpelima@bol.com.br.

Se você inciar um estudo sobre cangaço principalmente sobre a família Ferreira (Lampião) irá conhecer tudo sobre ela, desde o namoro dos seus pais José Ferreira da Silva e dona Maria Sulena da Purificação até o fim de Lampião que aconteceu no na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico no Estado de Sergipe.

Você lendo “Cangaço” jamais irá conversar coisas que as pessoas contam sem fontes de pesquisa. As histórias "disse-me-disse" sobre Lampião existem muitas por aí, as verdadeiras são aquelas que os escritores e pesquisadores saíram em busca de cangaceiros, os quais foram os mais corretos, e ainda nos campos, conversando com quem viveu a tragédia do cangaço. Tudo está registrado em livros.

Assista ao vídeo, amigos e amigas, você tem uma porção de blogs por aí que entregam a você, vocês a literatura cangaceira em sua casa.

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CORISCO PRETO


Por Jose Irari

Prezados pesquisadores e estudiosos da literatura cangaço e nordeste! Quem já ouviu falar deste cangaceiro "Corisco Preto" pertenceu ao bando de Lampião no ano de 1931! Cujo nome Manuel Luiz.


https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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CURIOSIDADE SOBRE LAMPIÃO



1 - Na foto o Cine Capela, onde Lampião assistiu ao filme Anjo das Ruas, com a atriz Janet Gaynor.


2 - O rifle Winchester (modelo 1873, calibre 44, cano octagonal), conhecido com rifle papo-amarelo, foi a arma usada até 1926. O fuzil Mauser (modelo 1908, calibre 7×57) passou a ser a arma do bando de Lampião após a ida a Juazeiro do Norte.

3- Em 1929, na cidade de Capela, Sergipe, Lampião pesou sua carga. Sem as armas e com os depósitos de água vazios, chegou a 29 quilos.

4 - Lampião levava em um de seus bornais uma botica improvisada com tintura de iodo, pó de Joannes, água forte, pomada de São Lázaro, linha e agulha, algodão, um estojo de perfumes com brilhantina, óleo extratos e essências baratas.

5- Lampião levou sete tiros e perdeu o olho direito, mas acreditava que tinha o corpo fechado. Em 1921, foi ferido à bala no ombro e na virilha, no município de Conceição do Piancó-PB. Em 1922, atingido na cabeça. Em 1924, baleado no dorso do pé direito, em Serra do Catolé (Belmonte-PE). Em 1926, ferimento leve à bala, na omoplata, em Itacuruba, em Floresta-PE. Em 1930, atingido levemente no quadril, em Pinhão, município de Itabaiana-SE.

6 - Em tempos de calmaria, os cangaceiros jogavam cartas, bebiam, promoviam lutas de homens e de cachorros, faziam versos, cantavam, tocavam e organizavam bailes. Para essas ocasiões se perfumavam muito. Lampião tinha preferência pela fragrância francesa Fleur d’Amour.

7 - Os dezoito anos no cangaço forjaram um homem de personalidade forte e temido entre todos, mas também trouxeram riqueza a Lampião. No momento da sua morte, levava consigo 5 quilos de ouro e uma quantia em dinheiro equivalente a 600 mil reais. “Apenas no chapéu, ele ostentava 70 peças de ouro puro”, ressalta Frederico de Mello.


https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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LUTO


Por Verneck Abrantes de Sousa

Faleceu na manhã desta quarta-feira (09/05/2018), no Hospital Regional de Pombal, o ex-prefeito de Pombal HILDO DE ASSIS ARNAUD.

Hildo de Assis Arnaud, ex-vereador e ex-prefeito (1973/76), em sua gestão como prefeito concluiu a parte superior da atual Prefeitura Municipal de Pombal, construiu a praça Hermínio Neto, o cemitério São Francisco, contemplando a população do outro lado da cidade, o estádio de futebol "O Pereirão", todo murado, com arquibancadas, cabina de transmissões radialistas, alambrados e vestuários. 

Construiu vários grupos escolares, galerias, lavanderia pública, fez calçamentos em várias ruas, reforma e conservação de prédios públicos, expandiu rede elétrica do então distrito de São Bentinho, renovou a frota de veículos e entregou à Prefeitura com saldo monetário positivo.

Créditos:

Foto: Jose Tavares de Araujo Neto

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1761654057229253&set=a.529294893798515.1073741864.100001540267209&type=3&theater

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JORNAL DO BRASIL

Por Antonio Corrêa Sobrinho

AMIGOS,

Em 1969, o JORNAL DO BRASIL, através do jornalista OSWALDO AMORIM, entrevistou, em localidade no interior do estado de Minas Gerais, o, na época, proprietário de uma pequena farmácia e, nos anos iniciais do século XX, o famoso bandoleiro “SINHÔ” PEREIRA, o homem que conheceu, conviveu e chefiou VIRGULINO LAMPIÃO, aquele que viria a ser considerado o rei do cangaço.

E que aqui trago, em tomos, para apreciação e consideração dos amigos, com a recomendação de deixar para depois da publicação da parte conclusiva, ou seja, para a consolidação de todo o texto, a apresentação de críticas, censuras, dúvidas, questionamentos ao dito por Sinhô Pereira, segundo o referido jornalista.

O HOMEM QUE CHEFIOU “LAMPIÃO” - I
VIRGULINO NO BANDO DE “SINHÔ” PEREIRA


Durante sete anos Sinhô Pereira andou pelo sertão, em Pernambuco, Alagoas, Ceará, Paraíba e Piauí; durante dois, destes sete anos, Sinhô Pereira chefiou Virgulino Ferreira, Lampião. Assaltos, lutas, mortes, eles as viveram em conjunto até que Sinhô Pereira – atacado de reumatismo, cansado – resolveu retirar-se da vida do cangaço. Entregou o comando a Lampião, tinha fim um período, iniciava-se uma lenda. Hoje, 45 anos depois de seu afastamento do cangaço, 30 depois da morte de Lampião, o JORNAL DO BRASIL descobre Sinhô Pereira em um vilarejo, nas cabeceiras do rio Paracatu, interior de Minas – um modesto negociante, dono de uma pequena farmácia. Pela primeira vez em sua vida, Francisco Araújo (Sinhô Pereira) falava a um jornalista. Com a reportagem de hoje, o CADERNO B inicia a publicação de uma série de quatro.

Sinhô Pereira era um chefe famoso quando Lampião se juntou a ele em meados de 1920, no município de Vila Bela (Serra Talhada), Pernambuco, onde ambos nasceram. Pouco antes, Sinhô Pereira tentara abandonar o cangaço. Atacado pela polícia e jagunços no Piauí decidiu voltar a Pernambuco para combater seus inimigos, enquanto Luís Padre, seu primo e companheiro, de quem se separara antes do ataque para facilitar a fuga, prosseguia no rumo de Goiás, sem nada saber.

O bando de 20 e tantos homens fora dispersado às vésperas da viagem. Mas seis homens acompanharam Sinhô Pereira e Luís Padre. Por isso, quando ele chegou à Vila Bela, em maio para junho, estava com seis homens. É ele quem conta:

- Na fazenda Passagem do Brejo, na beira do Pajeú, pertinho do arraial de São Francisco, fui procurado por Lampião. Eles eram uns sete homens. Ele, os dois irmãos, Antônio e Livino, mais Antônio Rosa, primo, Meia-Noite e João Mariano. A idade dele regulava com a minha: uns 24 anos. Acho até que ele era mais novo. Ele havia lutado com gente que me acompanhava. Esses homens gabavam muito o Lampião. Diziam que ele era de muita coragem. (Até era esquisito: ele era mais novo e ficou chefiando os outros). Eu considerava Lampião como um chefe também.

- Dos irmãos ele era o mais saliente. Até não era feio não. Tinha meu corpo e minha altura, coisa de um metro e oitenta. Livino e Antônio eram mais baixos. Antônio era magro e Livino, grosso, corpulento. Eles todos atiravam bem e não sei qual era o de mais coragem. Nas lutas, Lampião quase não atirava. Não gostava, como eu, de atirar à toa. Ficava aguardando uma oportunidade. Munição para nós era muito difícil. Por isso ele se expunha muito, pois ficava querendo ver onde estava o inimigo, levantando muito a cabeça.

- Ele usava óculos por luxo: tinha a vista até boa, sem defeito nenhum.

- Ele era meio curvo, sim, mas muito forte e muito sadio.

- Por que ele me procurou? Os inimigos de Lampião eram meus inimigos – os Saturnino e o José Lucena. Este até eu não conheci não, mas sei que era um cabra muito perverso.

A RAZÃO DE LAMPIÃO

- Acho que Lampião e seus irmãos tiveram razão de ser maus. O pai foi assassinado covardemente e a mãe logo morreu de desgosto. Mas tem muita coisa que dizem dele que eu não acredito. Agora, tem muito jagunço que podia fazer. Do Lampião mesmo eu acho que muita coisa é fábula.

- Lampião era de uma família humilde, mas não era arrebentado não. José Ferreira o pai, eu conheci muito. Conheci até o pai do pai dele, Pedro Ferreira. Nossas famílias até eram ligadas: a mãe dele era afilhada de meu pai. O pai dele era afilhado de batismo do tio Padre (Manuel Pereira Jacobina), pai do Luís Padre. Ele nasceu a umas três léguas de São Francisco, onde eu morava e seu pai fazia a feira e batizava os filhos. Conheci Lampião desde menino. Ele e seus irmãos eram independentes e muito trabalhadores.

Sinhô Pereira nega que Lampião tenha sido preso sob a acusado de haver roubado chocalhos de bodes:

- Lampião nunca foi preso. Ele e seus irmãos foram até morrer sem ser presos.

- A questão dele foi questão de terra. Saturnino, pai de Zé Saturnino, queria tomar um pedaço de terra da fazenda Serra Vermelha, de José Ferreira, onde Lampião nasceu. A de Saturnino, as Pedreiras, era grande. Houve uns tiros entre eles. Morreu um dos jagunços de José Saturnino, um negro, Antônio Ferreira saiu ferido. Aí os Ferreira se retiraram para Matinha de Água Branca, em Alagoas, onde ficaram sob a proteção do coronel Ulisses Lunas, em 1917.

A PAZ INTERROMPIDA

- Eles estavam até destituídos de questão, quietos, trabalhando, quando em 1920, foram procurados por Antônio Matilde, casado com uma parenta deles, para, juntos, perseguirem José Saturnino. Antônio Matilde tinha um grupo de homens. Houve algumas lutas, morreu um sobrinho de Antônio Matilde e Casimiro Honório, tio de José Saturnino, um célebre lá. Depois disso, Antonio Matilde desapareceu, deixando Lampião e seus irmãos encrencados também com a polícia. E essa encrenca foi que provocou a morte de José Ferreira.

- Depois da morte de Casimiro Honório, o tenente José Lucena saiu em perseguição a Antônio Matilde. O tenente soube que José Ferreira estava em casa de um Fragoso, foi lá e matou o velho. Antes havia matado Luís Fragoso, filho do dono da casa. O tenente Lucena era um homem muito perverso. D. Maria José, a mulher de José Ferreira, morreu 19 dias depois, de desgosto. 


Adendo: (http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

Teria dona Maria falecido 19 dias antes do assassinato do José Ferreira? O escritor Alcino Alves Costa diz em seu livro "Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico", que a morte de dona Maria Sulena da Purificação foi antes da morte do seu esposo. 


Devido o desrespeito de Zé Saturnino contra o seu esposo, ela não suportando, infartou e veio a óbito. Confira neste livro sobre a morte dos pais de Lampião. Lampião a Raposa das Caatingas).


- Depois da morte do velho, eles se juntaram com os irmãos Porcino, Antônio, Manuel e Pedro. Mas foi por poucos dias. Então Lampião mais os irmãos dele, o cunhado Luís Marinho e outros rapazes do grupo de Antônio Matilde saíram atrás de José Lucena e tiveram um encontro num lugar por nome Espírito Santo, fronteira de Pernambuco com Alagoas. Morreu gente de parte a parte. Um cabo foi confundido com José Lucena e recebeu 12 tiros. A força era muito grande. Eles não eram nem a metade. Aí eles fugiram, achando que tinham matado José Lucena.

- Nessa ocasião também, Lampião e seus irmãos mataram Artur Ribeiro, subdelegado de um comerciozinho chamado Pariconha. Depois cercaram a casa do delegado Amarílio Batista, quebraram as portas e mataram o dono, Mainha, que tinha entrado para a casa neste dia. O delegado havia se mudado para outra. Eles tinham muito desgosto por essa morte.

Pouco tempo depois, eles me procuraram na fazenda Passagem do Brejo, na beira do Pajeú, pertinho de São Francisco.

LUTANDO JUNTOS

- Quatro ou cinco dias depois houve o primeiro encontro, na fazenda de Né da Carnaúba, meu tio, onde fomos atacados por uma força de uns 40 homens para cima, comandados pelo capitão Zé Caetano. Nós éramos 13. No tiroteio, morreu Luís Macário, um dos meus camaradas. Fugimos. Logo imediato tivemos outro encontro, na fazenda Ponta de Poço, à beira do Pajeú. Morreram um negro e um soldado deles. Nós éramos uns 16 e eles uns oito.

- Oito ou dez dias depois teve outro encontro. Nós éramos 16 ou 17 e eles mais ou menos igual. Morreu um deles e outro ficou ferido. Dos nossos, nenhum.

- Passado um mês mais ou menos, tivemos outro encontro, pertinho de Serra Talhada, uma légua e pouco. Nós éramos 23, eles também. Morreram dois deles e três saíram feridos. Dos nossos, dois saíram baleados. Eles fugiram.

- Nós seguimos para Abóbora, fazenda do coronel Marçal Diniz. Lá o capitão Zé Caetano e os tenentes Bigode, Ibraim e Geraldo cercaram a casa. O tiroteio durou quase cinco horas. Morreu um rapaz da casa e dois dos nossos ficaram feridos. Um deles era Antônio Ferreira, com um tiro de fuzil no ombro e outro na coxa. Eles correram.

- Nós fomos para a fazenda do Barro, no Ceará, com quatro feridos, a chamado do major José Inácio, que tinha arranjado uma encrenca com o padre Lacerda, do arraial de nome Coité. O padre Lacerda, do arraial de nome Coité. O padre estava incorporado com forças. Soldado até era pouco. Tinha muito jagunço.

- Cercamos o arraial de Coité com 70 homens. Eles tinham uns 30 e tantos homens. O tiroteio começou cedo e durou até de tardinha. Isso foi no dia 20 de janeiro de 1921. Me lembro porque era dia de São Sebastião.

- Lá eu perdi quatro homens, três do major José Inácio e um meu. Dos deles, constava que morreram quatro ou cinco. Mas eu não dou certeza. Feridos eu sei que saíram diversos. Dos nossos, saíram três feridos, inclusive Antônio Ferreira, no braço. (Antes de entrar para meu grupo ele havia sido ferido numa perna e na mão direita, onde tinha dois dedos que não mexiam). Depois que chegaram mais 15 ou 16 homens, comandados pelo sargento Romão, nos retiramos, pois não estávamos levando vantagem.

- Daí fomos para uma fazenda de nome Araticum, no município de Milagres. Estávamos com umas vacas no curral para matar, mas desistimos e seguimos viagem. No outro dia, chegando na fazenda das Queimadas, tivemos um encontro com uma força de 20 tantos homens, chefiada pelo sargento Romão. Logo depois apareceu o tenente Zé Galdino com 25 a 30 soldados.

- Depois de uma hora, uma hora e tanto, eles correram e depois voltaram reforçados pelo grupo de Antônio Miguel, comissionado sargento, com um grupo de 15 a 20 homens paisanos. Nos encontraram preparados. Resistiram uma hora e meia e tornaram a fugir. Formaram uns 70 homens. Eu estava com meu pessoal e o pessoal do major Inácio. Ao todo, uns 60 e tantos homens.

- Eu dividi o povo. Uma parte ficou na casa e no curral. Outra parte ficou no cerrado. Estes viram quando eles foram chegando e deixaram que passassem. Um grupo estava com Lampião e outro com Baliza. De repente, eles ficaram entre dois fogos.

- Mas estratégia era quando dava tempo. Quando não dava, era na bruta mesmo.

- Morreram cinco deles, três paisanos e dois soldados. Nós perdemos um chefe de grupo, Pitombeira (Manuel Vitória), que estava no curral. Era mesmo dos meus. Outros dois feridos: Lavandeira e Manxé Porvinha.

FURANDO O CERCO A BALA

- Daí nós voltamos para o Barro. Lá o velho Zé Inácio pediu que a gente se retirasse. Então eu voltei para Serra Talhada com meu pessoal. Mas lá, montaram uma perseguição danada em cima de nós. Na serra de Forquilha fomos cercados por 128 homens chefiados pelo tenente-coronel Cardim, o capitão Zé Caetano e tenentes Bigode, Assisino e João Gomes. Teve uma hora de fogo. Éramos só 11. Dois dias antes havíamos separado em Nazaré, um comerciozinho. Pedro Caboclo ficou comandando o resto, uns 17 homens. Lampião e os irmãos estavam comigo.

- Eles davam descarga no telhado da casa, que ia ficando cada vez mais cheia de pedra. Nós estávamos em tempo de ficar desarmados, pois a areia estava caindo dentro das carabinas quando a gente manobrava. Aí resolvemos furar o cerco. Combinamos de cinco atirar para um lado e seis para ou outro. 

- Quando chegamos a uma baixada, a uns 200 metros dali, comecei a perguntar por um e por outro, e vi, com surpresa, que todos estavam salvos e sem ferimentos.

- Deles, acho que saíram uns feridos. Mas acho que não foi coisa que valesse a pena não, que nem comentado foi. 

- Depois, houve outro combate na fazenda Tabuleiro, na Paraíba, fronteira com Pernambuco, de um sujeito casado com uma sobrinha minha, Neco Alves. De longe avistamos uns homens. Pensamos que fossem nossos companheiros. Lampião ia na frente com o Livino e João Ferreira. Os soldados atiraram e erraram. Lampião perdeu o chapéu, ao pular para se livrar das balas. Ao voltar para apanhá-lo, tomou dois tiros, um na virilha e outro acima do peito. Todos dois saíram atrás.

- Mandei chamar um médico amigo da minha família, o doutor Mota. Examinou Lampião e disse:

- Nunca vi tanta sorte. Por um triz a bala pegava a bexiga e a espinha. Se a bala fosse de carabina (mais grossa), teria pegado.

- Na hora ele saiu andando, mas não aguentou e caiu. Livino e Meia-Noite o arrastaram até um lugar seguro. Ficou uns 20 dias na fazenda de um pessoal de Cosmos, gente humilde, mas muito amiga. Fizemos um rancho, onde ficamos até Lampião poder andar.

- Antes disso, tivemos um combate na fazenda Tamboril, município de Belmonte. Gente dos Piranhas, meus inimigos, e famílias aliadas deles, foram a nossa procura. Tinham uns 70 homens. Tive notícias deles em Bom Nome, a uma meia légua da Tamboril. Então mandei uns rapazes dar uns tiros para atraí-lo. Eles vieram.

- O córrego Tamboril dava uma volta em forma de meia-lua. Dispus os homens em volta do córrego, de dois em dois, separados uns 15 metros uns dos outros, e mandei seus homens para uma pedreira em frente. Deixamos que eles entrassem na meia-lua e fizemos fogo. Uma parte recuou logo, muitos não chegaram a entrar. O tiroteio durou pouco mais de meia hora. Morreram dois deles e 11 ficaram feridos. Era só jagunço. Setenta e dois a 71 homens, chefiados por Antônio Cipriano, Mariano Mendes e Miguel Umbuzeiro. Este último havia sido chamado em Pilão Arcado, Bahia. Diziam que era a ‘onda esmagadora’, mas tiveram de fugir.

SINHÔ DEIXA O CANGAÇO

- Depois do combate em que Lampião saiu ferido, eu resolvi me retirar daquela vida. Isso foi no Tabuleiro de Neco Alves. Saí mais por causa do reumatismo. O reumatismo me atacava tanto, que tinha dia que eu não podia nem caminhar. Lá no Norte quase não chovia, mas nos anos 20, 21 e 22 choveu até demais. Chovia tanto que, uma vez, em Passagem do Meio, em Serra Telhada, no riacho Terra Nova, as forças não puderam me seguir por causa da enchente. Lampião ficaria chefiando o grupo no meu lugar.

- Lampião, Antônio, Livino, Gato, Elias, Vicente, Lavandeira e um ‘cabritinho’ foram comigo até a fazenda Preá, município de Jardim, Ceará, em fins de agosto de 1922. De lá voltaram, menos Vicente e Lavandeira, que seguiram comigo no rumo de Goiás, passando por Piauí e Bahia.

- Os homens que ficaram com eles foram esses: Antônio Rosa, Meia-Noite, Joaquim Coqueiro, Plínio, Bem-te-vi, Patrício, Raimundo Agostinho, João Genoveva, Pedrão, Zé Dedé, José Melão, Laurindo, João e Antônio Mariano, além de seus irmãos. Outros já tinham parado. Acredito que esses mesmos acabaram saindo para outras zonas. Do pessoal que morreu com ele nos Angicos eu não conhecia nenhum.
Sinhô Pereira dava adeus à sua carreira de chefe de bando e Lampião começava a sua.

“Jornal do Brasil” – 25/02/1969 

Imagem de Sinhô Pereira, extraída do site do Cariri Cangaço

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