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domingo, 16 de dezembro de 2012

Momentos de Fé e Oração no Cangaço

Por: Guilherme Machado
Guilherme Machado e o escritor João de Sousa Lima

Regimento sobre ordem do chefe. 
Lampião Virgulino Ferreira da Silva de joelhos - cabras da peste. É hora de agradecer a Deus e ao meu Padim Padre Ciço.


Sempre às 12 hs e às 18 hs, era hábito forte e certeiro de  Lampião parar a cabroeira para fazerem suas  orações  habituais, no meio da caatinga ou em frente a uma capela de um vilarejo, ou até mesmo em frente a um cemitério, ou qualquer cruzeiro, covas de defuntos  de beira de estrada.

Apesar de ser um homem que manobrava bem as armas, nunca deixava um dia sem suas orações. Ele mesmo era quem rezava o terço diante da sua respeitada malta de cangaceiros. 

http://portaldocangaco.blogspot.com

O Armazém da Cultura lança - O “beabá” do sertão na voz de Gonzagão

Por: Arievaldo Viana

Nos 100 anos de nascimento de LUIZ GONZAGA, o ARMAZÉM DA CULTURA lança uma expedição exploradora ao universo do sertão gonzagueano, capitaneada por Arlene Holanda e Arievaldo Viana e enriquecida pelas cores e formas de Suzana Paz.


Embora escrita a quatro mãos, O “beabá” do sertão na voz de Gonzagão é obra singular. Arievaldo e Arlene captam nas rimas e ritmos do cordel todo o múltiplo universo cultural nordestino presente na obra magistral de Luiz Gonzaga, o rei do baião. O límpido texto em prosa, contextualizado à obra de Gonzagão, descreve os costumes, a sabedoria, a cultura e a lida da gente nordestina. O livro é um verdadeiro be-a-bá do sertão em verso e prosa.

O resultado são 100 páginas em cordel, prosa, formas e cores, abordando os seguintes temas: forró, seca e inverno, feira, ofícios, folguedos, cangaço, fauna, flora, costumes, crenças.

Enviado por: Arievaldo Viana
www.acordacordel.blogspot.com.br

Lampião morreu envenenado ou não?


O cangaceiro Zé Sereno, em entrevista ao Correio da manhã, do Rio de Janeiro, a 28 de julho de 1971, caderno Anexo, recor­dando a tragédia de Angico, assim se exprime: 

— "O, coiteiro (Pedro Cândido) chegou com os alimentos envenenados a man­do da volante, menos três litros de pinga que, normalmente, ele próprio, o coiteiro, deveria ingerir em pequenas doses para pro­var sua confiança (...) minha suspeita com Pedro de Cândido confirmou-se depois que ele se foi (...). Apanhei um LITRO DE VERMUTE Cinzano e notei um pequeno buraco na rolha, pro­vavelmente feito por uma seringa. Chamei Lampião e disse-lhe: 


“O SENHOR É CEGO DE UM OLHO, MAS PODE VER QUE ESTA BEBIDA ESTÁ ENVENENADA"'.

O cangaceiro Zé Sereno nasceu no dia 22 de agosto de 1913, na  Fazenda dos Ingrácias, zona rural de Chorrochó, município situado no norte do estado da Bahia. José Ribeiro Filho, este era o nome de pia do cangaceiro Zé Sereno. Filho de  Dona  Lídia Maria da Trindade e José Ribeiro.

O cangaço corria no sangue de Zé Sereno, sua mãe era irmã dos cangaceiros dos  Ingrácias: Cirilo, Faustino (Mão de Onça) e  Antonio. Faustino era pai do terrível cangaceiro Zé Baiano, o ferrador oficial do bando de Lampião.

O distinto andava com um ferro de ferrar animais nas indumentárias, com as iniciais "jb"  José Baiano. Ferrava homens e mulheres, de preferência, no rosto. Zé Baiano era primo  dos cangaceiros Mané Moreno e Zé Sereno. No bando de Lampião, Zé Sereno sempre esteve na companhia da cangaceira Sila, até o dia do massacre da Grota do Angico, em Canindé do São Francisco, Sergipe, durante a madrugada  do dia 28 de julho de 1938, onde mataram 11 cangaceiros sobre o comando do tenente  João Bezerra. 

Zé Sereno e sua companheira Sila, sobreviveram ao massacre ilesos. O cangaceiro Zé Sereno, levou sua vida para mais adiante, tendo ido morar na cidade de Campinas, no estado de São Paulo. 

Veio a falecer naturalmente, no dia  16 de fevereiro de 1981. Com direito a sepultamento e uma cova digna,o contrário do que ocorreu com os companheiros de cangaço.

http://blogsolvermelho.blogspot.com.br

Uma cantoria de cangaceiros - 1927

Por: Rubens Antonio
https://lh4.googleusercontent.com/-wWqg12EhanM/AAAAAAAAAAI/AAAAAAAACWo/yj8_diVa8ns/s250-c-k/photo.jpg

Em um combate, em 1927, no Município de Flores, em Pernambuco, a cantoria dos cangaceiros foi anotada pelos policiais:



O tenente Pedro Malta
Já pedio demissão
Tá com medo do galope
Do rifle de Lampeão

Côro
Ai! mulher rendê.
Ai! mulher rendá.
Que chora por mim não fica
Soluço vae no “borná”


As meninas de Villa Bella
São pobres mais tem acção,
Botam queijo e rapadura
No “borná” de Lampeão

Côro
Ai! mulher rendê.
Ai! mulher rendá.
Que chora por mim não fica
Soluço vae no “borná”


Minha mãe quero dinheiro
P’ra comprar um cinturão
Para sustentar o rifle
Do valente Lampeão

Côro
Ai! mulher rendê.
Ai! mulher rendá.
Que chora por mim não fica
Soluço vae no “borná”


O riacho do Navio
Já encheu e já vazou
O tenente Frederico
O diabo carregou

Côro
Ai! mulher rendê.
Ai! mulher rendá.
Que chora por mim não fica
Soluço vae no “borná”


O meu rifle não engasga
No cangaço, sou doutor
Amadeu é vingativo
“Manél” Gome é corredor

Côro
Ai! mulher rendê.
Ai! mulher rendá.
Que chora por mim não fica
Soluço vae no “borná”

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antonio

http://cangaconabahia.blogspot.com

LUIZ GONZAGA – 100 ANOS DO MAIOR ARTISTA DA CULTURA NORDESTINA

O Meste Luiz

Em 2012 Luiz Gonzaga faz 100 anos!
Mas aí me perguntam “Mas como, se ele morreu?”
Pode ter morrido para os tolos. Pois este gênio nordestino não morrerá jamais.
Luiz Gonzaga Nascimento, nasceu em uma sexta-feira, no dia 13 de dezembro de 1912 , numa casa de barro batido na Fazenda Caiçara, povoado do Araripe, à 13 quilômetros de uma longínqua cidade sertaneja chamada Exu, no extremo oeste do Estado de Pernambuco.
É apontado pela crítica como um dos nomes mais importantes da música popular brasileira de todos os tempos. A importância de Luiz Gonzaga deve-se à abrangência que sua obra tem em todo o território brasileiro.
Era filho de Ana Batista de Jesus, conhecida como Mãe Santana, ou simplesmente Santana, uma dedicada agricultora e dona de casa, e de Januário José dos Santos, afamado tocador de sanfona de 8 baixos na sua região e que também concertava este tipo de instrumento musical.

Clique no link abaixo para continuar lendo sobre Luiz Gonzaga.

http://tokdehistoria.wordpress.com/2012/12/10/luiz-gonzaga-100-anos-do-maior-artista-da-cultura-nordestina

Quem foi Lampião?

Por: Capitão Alfredo Bonessi

Alto, magro, moreno escuro, quase pardo, esguio, meio corcunda, ágil, saudável, resistente a fadigas, manco do pé direito por causa de bala - segundo quem lhe conheceu - por causa de calos no pé segundo declarações dele mesmo, em estado espiritual, a um programa de televisão, com belida no olho direito, um leucoma, assim era o corpo de Virgulino Ferreira, vulgo Lampião.

De personalidade alegre, disposto, temperamento inconstante, sujeito a crises de fúria e descontrole, místico, religioso, rezador, intuição apurada, perspicaz, agudeza de raciocínio, inteligente, líder nato, exímio atirador de armas curtas e longas, fazendeiro, domador de animais de montaria, vaqueiro campeão, amante de bebidas finas, cigarros, charutos e mulheres, excelente trabalhador em couro e tecidos, narcisista, jogador de baralho sem sorte, impiedoso, cruel, vingativo, justiceiro - falso moralista, abusou sexualmente de algumas mulheres, embora, hoje, não sabemos se eram esposas ou filhas de inimigos. – mesmo assim são fatos lamentáveis e inaceitáveis para qualquer época de uma geração.

Desconfiado, prudente, calculista, infiel mas respeitador das opiniões da companheira, maleável até certo ponto, principalmente em algumas decisões a ponto de alterar as ordens dadas por interferências dela, respeitado, temido, considerado, perigoso, astuto, inquisidor, julgador, músico, dançarino, corajoso, amigo, leal, acreditava nas pessoas, perfeccionista, gostava de tudo o que era bom, rico, comerciante, artífice, laborioso, habilidoso e estrategista.
            

Lampião foi um homem notável para o seu século. Não existiu até o presente momento ninguém mais do que ele, igual a ele, em mesmas circunstâncias, fazer o que ele fez em um ambiente hóstil, carente de meios e desprovido de tudo, por tanto tempo assim – mais de vinte anos - acossado por centenas de volantes policiais.

A impressão que se tem pela fotografia acima, é que em 1928 – na visita a Pombal, possuía um relógio de pulso no braço esquerdo.

Não sabemos até hoje como conseguiu gravar o seu nome e o de sua mulher no interior das alianças que ambos portavam e que simbolizavam a paixão que um nutria pelo outro. Gostava de tudo que brilhava, que reluzia. Quem o avistasse pela primeira vez ficava impressionado com aquele homem impecavelmente trajado de azul, ou brim caqui, apetrechos ricamente ornamentados de variadas cores e matizes, armas luzidias nas mãos prontas para o uso, tez da cor de cuia, olhar firme, voz rouca, sons profundos que calavam fundo na mente de quem o ouvia – de repente a pessoa, em seu intimo, sentia um arrepio, um frio, um medo, um temor – sentia a impressão que estava correndo um grande perigo, e aguardava, apavorada, a qualquer momento o bote daquela fera perigosa, de punhal em riste, e com a ponta do aço duro cutucar a veia jugular na tabua do pescoço, sangrando a vítima em questão de segundos.

O pavor que os nordestinos sentiram quando estiveram frente a frente com Lampião, sentiram também os homens que outrora conviveram com pessoas diferentes e superdotadas, como por exemplo, quem esteve nas presenças de Alexandre, O Grande, Julio César, Nero e Napoleão Bonaparte. – personagens da História, grandes personalidades em suas diferentes épocas, alguns líderes excepcionais, guerreiros, vencedores, que sucumbiram pela vontade do destino, dono absoluto da vida das pessoas importantes. Quem os visse, a princípio, sentiam-se admiradas diante de tanta beleza, depois de contemplá-los por alguns instantes sentiam um respeito profundo pelo que viram, depois eram possuídas por um temor inexplicável que lhe arrebatavam a alma e que lhes causavam calafrios, palidez nas face, suor frio e tremores nas pernas.

Não se pode desejar que lampião nasça em outro lugar, em outro país, em classes mais abastadas. Lampião nasceu e se criou no lugar exato em que todo o homem valente deseja nascer e ser criado - uma terra de homens corajosos, valorosos, que não tem medo de nada e de ninguém. Homens acostumados a vida dura, difícil, onde só o destemido, o persistente, o audacioso, os corajosos sobrevivem, tiram raças e prosperam em cima do solo duro, pedregoso, domando o gado hostil - animais bravios - em meios a serpentes venenosas, como a cascavel e rodeado de mata espinhenta por todos os lados.

Quem visita o lugar onde Lampião nasceu sente a alma envolta por um romantismo inexplicável, o ar circundante é adocicado pelo aroma das flores silvestres. Ainda pode se escutar o gorgeio livre da passarada ao amanhecer e ao entardecer; pode-se sentir o cheiro natural que brota da terra estrumada; pode-se ouvir o guizo da cobra oculta; pode-se escutar ao longe o mugido do gado na invernada; pode-se imaginar o fogo aceso, panelas ferventes, chiando nas trempes, o prato de bolinhos feitos pela Dona Jacosa, sua avó, o café fumegando na caneca, e as suas mãos ágeis enfeitando o couro dos arreios, o seu semblante concentrado mas feliz pela alegria que sentia de viver e de trabalhar, o prazer de tudo e por tudo, o gosto pelo que é bom.

Toda essa vida boa, doce, tranqüila, prazeirosa, o destino ingrato retirou dos caminhos de Lampião, menos a fé em Deus e o amor puro que nutria pelos seus familiares. Mesmo nas horas mais difíceis de sua vida atribulada a paixão pela Virgem Santíssima nunca se arrefeceu de seus pensamentos ardorosos, forjados por uma fé inquebrantável – sentia um amor infinito e incompreensível pela Santa, a ponto de sempre rezar em sua homenagem, ao deitar, ao levantar, ao meio dia e as seis horas da tarde.


Lampião queria viver bem e feliz. Queria ser o melhor em tudo e por tudo, de acordo com o que Deus lhe dera. Por ser portador de qualidades inerentes a poucos seres humanos, foi invejado, odiado, perseguido, traído e levado a morte, embora tenha feito de tudo para que isso não acontecesse, pois era um amigo leal e de confiança, era muito bom para quem fosse bom para com ele – Lampião era um homem de palavra e não se apossava das coisas alheias por ser ladrão vulgar, salteador de beira de estrada, fazia o saque por necessidade de manter o bando de cangaceiros e por esse fato pedia sempre dinheiro as pessoas mais abastadas, por carta, bilhetes ou mensageiros, ou simplesmente tomava delas.

Lampião a frente de seus homens mantinha uma rede de informantes pagos a peso de ouro. Aliciava policiais e pessoas influentes, e quando não conseguia demover o perseguidor por bons modos, difamava-os, inventava historias cômicas sobre eles, dava-lhes apelidos depreciativos, contava piadas que fazia brotar risos na turma acampada aos redores das fogueiras, sobre esse e aquele oficial. Era temerário, mas não poderia ter negligenciado a capacidade combativa de Bezerra - o oficial que o matou- segundo Lampião, dito por ele mesmo, não tinha medo de boi brabo, quanto mais de bezerra...o descuido, esse erro de avaliação foi-lhe fatal e custou-lhe a cabeça naquela manhã de 28 de julho de 38.

Criou para si e para seu bando sinais, códigos e gírias que significavam algo entre eles, que conheciam a chave para decodificação, como por exemplo o L formado pelo indicador e o polegar da mão direita que devia ser mostrado quando se aproximavam das sentinelas do grupo. A três pancadas nos troncos das árvores - mas não eram pancadas comuns, elas tinham intensidade, ritmo e freqüência, que só os do bando sabiam executa-las.

A manutenção dos esconderijos, os depósitos escondidos nos interiores dos troncos das arvores, de dinheiro, munição e armamento; a ocultação do cadáver do seus comandados, o sumiço dos rastros, a camuflagem, a dissimulação, a finda, o drible, a manobra audaciosa, o descarte dos dejetos dos acampamentos, a busca pela água e pelos alimentos, - o lampejo na mente iluminada pela escolha da decisão mais acertada, na hora certa e diante de grande perigo - fizeram o bando sobreviver por longos anos, diante de volumoso número de perseguidores, graças ao tirocínio de seu comandante, de sua visão combativa, de seu planejamento bélico, do seu sentido de direção, de seus objetivos previamente ajustados e na maioria das vezes bem sucedidos, e por esse fato granjeava a admiração e o respeito dos seus seguidores, a ponto de sempre confiarem nele e o considerarem invencível. Seu bando nunca andava a ermo, sem um roteiro estabelecido, se um objetivo, sem uma missão a cumprir. Seus deslocamentos sempre tiveram início, meio e fim.

Lampião morreu no tempo certo e na hora certa. Morreu no apogeu da vida e da saúde. Morreu em combate. Após o mortífero impacto da bala que lhe pôs por terra, enquanto pode, enquanto tinha uma pouco de energia, tentou ficar de pé, não conseguiu, se contorceu até que o tiro final esgotou todas as possibilidades de vida. Um espírito muito forte retornava a sua morada divina.

Lampião pode ter sido o que seja, mas um dia voltará para cumprir a sua missão terrena em uma nova chance dada pelo criador. Esperamos que tenha mais sorte desta vez. Analisando a vida de grandes malfeitores podemos dizer que Lampião não teve as mesmas chances e as oportunidades de fazer o bem que tiveram Reis, Rainhas, Religiosos e Políticos da Nova Era. – pelo contrário – foram até muito pior do que ele. As centenas de pessoas que caíram pelo aço de seu punhal ou pelas balas de suas armas nem de longe se comparam aos milhões de mortes causadas pela inquisição religiosa e nos porões das masmorras ideológicas. Talvez seja por isso que Lampião mereça uma nova chance nesse mundo de pecado.

Alfredo Bonessi. (Foto: Coroné Severo)
Estudante Pesquisador – Membro da GECC -

Grupo de estudos do cangaço do Ceará e
SBEC - Sociedade Brasileira de estudos do cangaço.

Transcrito do Blog:
"Lampião Aceso", do amigo Kiko Monteiro

LUIZ GONZAGA E O RIO GRANDE DO NORTE


Autor: Kydelmir Dantas


Já está à venda na LIVRARIA NOBEL
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Telegramma. 26 de novembro de 1926

Por: Rubens Antonio

Telegramma. 26 de novembro de 1926

Villa Bella, 26

As forças alcançaram os bandoleiros no logar Morada distante daqui sete leguas.

Desde as nove horas rompeu cerrado tiroteio já havendo diversos feridos.

Lampião e Maria Bonita ao centro

As 13 horas ainda continuava a luta.
Sigo urgente, conduzindo medicamentos e munições.

Assig. 
Theophanes Torres, capitão.

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antonio

http://cangaconabahia.blogspot.com