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quarta-feira, 4 de julho de 2012

João Mossoró: o cantor que vai de Luiz Gonzaga à música portuguesa



Envolvido com música desde menino, João Batista Almeida Lopes, o João Mossoró, ganhou destaque no cenário musical através de seu trabalho sobre Luiz Gonzaga. E apesar da forte identificação e até alguma semelhança, o cantor não se intitula cover de Luiz Gonzaga, mas um seguidor. 


O sobrenome artístico Mossoró é uma referência à sua cidade natal, no Estado do Rio Grande do Norte, onde, aliás, Mossoró conheceu e trabalhou com Luiz Gonzaga. “Participávamos de programas de rádio, e um dia ele (Luiz Gonzaga) ouviu um desses programas na Rádio Mairink Veiga e nos convidou para trabalhar com ele”, explicou Mossoró. 


No Trio Mossoró, João era responsável pelo ritmo, zabumba e vinil, sua irmã Ermelinda ficava com o triângulo e seu irmão Oseas no acordeon.
A parceria entre o Trio Mossoró e Luiz Gonzaga durou três anos e segundo Mossoró foi tempo suficiente para se tornar eterno admirador: “ele era um cara do povo”, declarou. O principal motivo para essa admiração é o fato de que o ídolo se manteve humilde mesmo depois da fama: “com tudo o que ele conquistou poderia ser um cara metido, mas continuou sendo uma pessoa humilde”.
O primeiro trabalho em homenagem ao ídolo, Mito e Arte de Luiz Gonzaga, surgiu em 2004 através do convite de Roberto Chiara, a quem Mossoró se refere com muito carinho: “tudo que eu tenho hoje, principalmente em relação à música nordestina é graças a ele”.
O cd reúne sucessos de Luiz Gonzaga interpretados por João Mossoró, e o sucesso foi tanto que em 2006 foi lançado o volume 2. “Este álbum é explosão de amor, explosão de saudade, explosão de alegria”, contou. Roberto Chiara, que proporcionou a realização do projeto declarou: “que bom que João trouxe Luiz de volta”.
O Trio Mossoró se desfez no começo dos anos 80. Hoje, só se reúnem uma vez por ano na cidade de Mossoró, mas João desistiu da música e em 1982 iniciou sua carreira solo. Tendo como padrinho musical o famoso Trio Irakitã, gravou 12 LP’s com alguns sucessos marcantes como “Carcará”, “Quem foi Vaqueiro”, “Carcará de Botina”, “Chapelão” e “Disparada”. Foi vencedor do Festival de Música Popular Brasileira e teve contrato com as gravadoras “Copacabana” e RCA Vitor. Trabalhou durante 3 anos na charmosa Casa da Cachaça, que fica nos jardins do hotel Sheraton.
Em 1996 gravou o primeiro CD com músicas de sua autoria e em 1998 surpreendeu ao gravar um cd com músicas portuguesas, o “Vinho Verde”. “Eu tenho muito carinho por esse povo”, disse. Em 2003 voltou a inovar e gravou o CD “Maré Cheia”, composto por diversos gêneros, incluindo artistas como Herivelto Martins, Luiz Vieira e Geraldo do Norte.
Com sua peculiar inquietude musical, o artista já está envolvido num novo projeto, o “Conexões Nordestinas”, no qual trabalhará com ícones da música nordestina como Elba Ramalho, Nando Cordel, Zé Ramalho, Alceu Valença, entre outros. Mas sem esquecer jamais de Luiz Gonzaga: “a minha base é Luiz Gonzaga, os outros são como discípulos dele”. O “Conexões Nordestinas” é um sonho cultivado por Mossoró há mais de dois anos e só saiu do papel porque ele teve um incentivo de um grupo de funcionário aposentados da Petrobrás. Apesar disso o cantor busca patrocínio para concluir o projeto. Já em estúdio a previsão é que o projeto seja concluído em outubro. João Mossoró trabalha com diversos gêneros de música devido à sua grande vivência na noite. Os shows podem ser com voz e violão ou com banda.

Contatos para shows ou patrocínio nos tels. 3437-9847 / 9782-2960 o no email joaomossoro@yahoo.com.br

http://jornalfolhadocentro.com.br/index4.php?edicao=165&idcoluna=416&pagina=2 

LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE, A SEPARAÇÃO DO JOIO DO TRIGO.

Por: João de Sousa Lima


É preciso se separar o joio do trigo, as ervas daninhas devem ser desenraizadas para que as árvores frutíferas produzam seus frutos. Em todos os seguimentos da vida existem os bons e os maus. Há os que produzem com sabedoria e os tolos em sua essência. Assim caminha a humanidade, em toda parte se sobressaem os que buscam a perfeição e dela se aproximam, deixando seus legados como ensinamentos para outros que trafegam na estrada do conhecimento e da perpetuação histórica, sendo o fato aqui relacionado: A análise ajustada dos acontecimentos que permearam uma época que marcou profundamente as mentes e as vidas das pessoas do nordeste brasileiro.
Há os que se aprofundam com seriedade, buscando os autênticos subsídios para registrar nos anais dos arquivos escritos suas apreciações honestas e responsáveis.
Também há os hipócritas, os insensatos, gente sem o mínimo conhecimento de certos tópicos e que são ignorantes que se apoderam de um assunto e sem o devido cuidado produzem verdadeiros absurdos. 
Nesse caso estou falando da incapacidade de Pedro de Morais com seu livro “Lampião, o Mata Sete” e a maestria de Archimedes Marques com seu apurado revide “Lampião Contra o Mata Sete”.


A leitura eu recomendo sobre o trabalho de Archimedes Marques, sem que seja necessário conhecer as inverdades do péssimo livro de Pedro de Morais, o Mata Sete.
Archimedes nos brinda com respostas ajustadas e um trabalho digno de ser adquirido e de constar nos acervos das pessoas cordatas que estudam a história do Brasil.
O simples argumento de ter sido em sua vida pública um homem da lei, que julga seus preceitos e sobre as falhas condena os responsáveis não credita a pessoa e nem pode ser aceita qualquer obra que tenha por suporte apenas o contexto de “vir de um magistrado”. Não é esse um argumento válido para se escrever qualquer obra literária, o teor histórico de um povo, de uma nação, merece o mínimo respeito. Devemos preservar os fatos, desvendar os acontecidos, checar às informações, analisar seus episódios, confrontar seus subsídios e tentar se aproximar o máximo da verdade. Esse é o caminho do verdadeiro historiador e pesquisador.
O tempo do coronelismo já passou, não devemos ficar expostos a uma lei que na realidade foi feita  para beneficiar os homens de boa índole e não nos colocar amedrontados diante da Toga de um magistrado. Não nos calemos diante dos fatos injustos.


Archimedes Marques, com esse seu livro Lampião Contra o Mata Sete, entra para o grupo das pessoas que produzem com seriedade, com discernimento e demonstra coragem, qualidade indispensável aos homens que merecem nosso respeito e nossa admiração.
Pode-se apostar no sucesso desse primeiro trabalho de Archimedes, ele vem pesquisando o tema cangaço há algum tempo e encontrou o rumo certo rebatendo uma obra que vem talhada de informações sem fundamentos legais que possam comprovar seus textos difamatórios.  
Diante da apresentação de fatos tão mentirosos levantados pelo fraco autor do “Lampião, o Mata Sete”, Archimedes é a bandeira que se levanta contra tais inverdades, um acerto ajuizado contra os pensamentos embaraçados de um escritor sem as qualidades essenciais para uma produção que se explica não por “querer” e sim por “existir”, fatos concretos que justificam novos olhares, novas apreciações, porém com a honestidade e a responsabilidade que as ocorrências históricas devem atrair, tendo por legado reparar as lacunas que ficaram adormecidas e que se juntam para agregar valores ao contexto de uma história que se reescreve a cada tempo, porém contada e acrescida em sua profundeza autêntica, ajustada em suas fontes primordiais sendo salvas nas memórias literárias que formadas com outras fontes direcionam a verdadeira historiografia do mundo.
É preciso se separar o joio do trigo, devemos desenraizar as ervas daninha para que colhamos os frutos bons, nesse caso devemos receber o livro de Archimedes Marques, Lampião contra o Mata Sete, com a devida grandeza que ele tem, pois ele é uma bandeira hasteada contra a mentira, contra a insensatez, contra a erva daninha que é esse livro de Pedro de Morais.


João de Sousa Lima (Escritor, membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso, membro da SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço).

LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE

Peça logo o seu, leitor!
 
 
Autor: Archimedes Marques
Preço: R$ 50,00.
BANCO DO BRASIL
Agência: 3088-0
Conta: 33384.0
Em nome de Elane Lima Marques (Minha esposa)
 Autor: Archimedes Marques (Delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe) 
E-mail

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Romance Clássico do Sertão Baiano: Santo Antonio das Queimadas, Relatos da Prisão do Santo, Sobre Acusação de Corrupção Passiva.

Por: Guilherme Machado
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Relato da invasão de Lampião à pequena vila de Queimadas, no ano de 1929, do escritor baiano Antonio Nonato Marques. Livro histórico, que também relata a chegada de todas as expedição  militares na destruição do Arraiá de Canudos, em 1897 - sertão da Bahia.


Livro Santo Antonio das Queimadas de, Antonio Nonato Marques, lançado em 1984.


Foto do poeta, escritor; Antonio Nonato Marques. baiano da cidade de Queimadas.


Santo Antonio, padroeiro de Vila de Queimadas.  O réu julgado e condenado por corrupção passiva.




Bela fotografia da atriz; Zulmira Lantyer.  diretora de teatro que conheceu Lampião nas ruas de Queimadas.


Fotografia da  primeira igreja de Santo Antonio das Queimadas.  A capelinha centenária ainda resiste ao tempo.


Fotografia de Lampião e seu bando em Vila de  Pombal - Bahia, em 1928. Um ano depois rumou para Queimadas.

SANTO ANTÔNIO NO BANCO DOS RÉUS

Sobre o assunto, o escritor Lellis Piedade escreveu a crônica que a seguir reproduziremos:
"Nas charnecas do antigo sertão dos Tocós, parte integrante que foi do imensurável feudo do mestre de campo Antônio Guedes de Brito, o Conquistador do S. Francisco, nome famoso nos anais da Bahia seiscentistas, demarca-se o município de Santo Antônio das Queimadas. Quase todo aquele amplíssimo rincão, onde vagueavam outrora os silvícolas que lhe emprestaram o nome, é terra desnuda de arvoredo, escassa de águas perenes, e de solo pouco dadivoso, características naturais estas que anônimo aedo rústico, em era já mui afastada, - começos do século passado, ao menos - sintetizou nesta quadra, que topei na obra A família Serrinhense do Dr. Antônio José de Araújo:
"Serrinha não serra pau grosso,
Coité não dá selamim,
O Razo não tem fundura,
Queimadas não nasce capim."

Estas quatro vilas compreendiam, antigamente, o aludido sertão, que hoje em maior número de comunas se retalha. E o Razo viu seu nome transmudado para Araci. Demorei-me em Queimadas, era um dia claro e cálido do mês de agosto, percorrendo todo o modesto vilar. Quanto na terra há, ligado à sua história, esteve-me sob os olhos: o alto da Jacobina, de onde parte velha estrada que à bi-centenária cidade do ouro vai ter; a tapera da antiga povoação, que numa cheia o Itapicuru destruiu em 1910 ou 1911; o sítio onde Moreira César fez torturar um sacerdote espanhol, a quem atribuía o delito de vender pólvora aos jagunços de Antônio Conselheiro; a casa em que esteve aposentado o general Artur Oscar; a ubiquação do hospital de sangue da sua coluna; além de outros lugares vinculados à crônica da tragédia de Canudos.
Por fim, dei comigo no adro da Capelinha de Santo Antônio (foto), ao lado do cemitério, construção evidentemente mais que secular, e curiosa, devido a sua alpendrada em arcaria pavimentada de lápides funerárias, que se prolonga pelo oitão do lado da epístola. Sobre o seu orago, corre no nordeste baiano interessante tradição. Em princípio da centúria passada, ou fins da antecedente, era a fazenda das Queimadas propriedade da piedosa senhora, a qual fabricou a citada capelinha, doando ao seu padroeiro muitas terras, e numerosa escravaria; templo este que foi erigido em paróquia no ano de 1842. Passou hoje tal regalia a outro, edificado no centro da vila. Ora, aconteceu que, em certa noite de festa, um escravo do santo praticou um crime de morte a tiros de bacamarte, no adro da igreja, escapulindo-se em seguida. Naquele tempo, se o senhor do escravo criminoso não o entregava à justiça, sofria por ele. Santo Antônio não quis obrar o milagre de fazer o negro cair às unhas dos agentes da lei. Quem sabe lá se o desgraçado merecia? Vai daí o juiz do Termo, e tira devassa do crime, processa o taumaturgo capucho, e saca-lhe a imagem do santuário, conduzindo-a inquirida de cordas, no lombo de um animal, para a prisão da extinta Vila de Água Fria, cujas justiças, diga-se de passagem, gozavam então de fama inexplicáveis. Foi o Santo submetido a júri, nessa localidade, ou em Cachoeira, assistindo a imagem aos debates e ao veredictum do tribunal popular, encarapitada no banco dos réus. Os juízes de fato matutos condenaram o bem- aventurado franciscano a perder todos os seus haveres, que foram arrematados por um fazendeiro de Inhambupe (...)

Extraído bo blog: "Portal do Cangaço de Serrinha - Bahia", do pesquisador Guilherme Machado

AS CRÔNICAS DO CANGAÇO – 5 (O SÉTIMO SELO DE LAMPIÃO)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

AS CRÔNICAS DO CANGAÇO – 5 (O SÉTIMO SELO DE LAMPIÃO)

Se for verdade o que andaram dizendo por aí, espalhando pelos quatro cantos, não consigo imaginar Virgulino Lampião e o Capitão João Bezerra - dois inimigos para os outros e tão amigos nos escondidos do sertão - sentados e tranquilamente jogando baralho, senão como uma cena de filme. E uma película do cineasta sueco Ingmar Bergman chamada “O Sétimo Selo”, de 1956.

O título do filme é uma referência ao livro bíblico Apocalipse, no qual consta que na mão de Deus há um livro com sete selos, e a abertura de cada um significa um terrível sofrimento para a humanidade, mas nada comparável ao desenlace do sétimo selo, que causará o fim dos tempos.


O filme trata fundamentalmente do medo, das angústias e indagações que o ser humano tem acerca da morte. Passa-se num período sombrio da Idade Média, quando um cavaleiro retorna das Cruzadas e encontra sua terra assolada pela peste negra e a morte rondando por todo lugar. Diante da situação, começa a indagar sobre a existência de Deus e o significado da vida. E não só via a morte rondando tudo como o próprio cavaleiro acaba se encontrando com a própria morte, personificada num estranho e misterioso homem. Este se apresenta, diz que é a morte e a que veio e o convida a acompanhá-lo. Seria o fim de sua vida. Sabendo que teria pouca chance diante do inusitado visitante, o guerreiro aceita, mas impondo uma condição: que a morte aceitasse jogar com ele, disputar uma partida de xadrez. Se perdesse, a acompanharia no mesmo instante. Seu objetivo é ganhar tempo e ver se encontra meios para ludibriá-la, coisa que sabe ser muito difícil, pois a mesma já havia afirmado que sempre leva a melhor no jogo com a vida. Desse modo, a disputa surge como uma pausa na morte para que a vida procure refletir sobre tudo e principalmente sobre sua fragilidade. E o resultado final não é outro. Logo o cavaleiro reconhece que ainda que se faça tudo para adiá-la, é impossível vencer a morte.

Pelo que contam – e coisa que não levo muito em consideração, ainda que saiba que no contexto da guerra cangaceira há mais coisas entre a polícia e o cangaceiro, entre a ordem e a dita desordem, do que imagina nossa matuta filosofia -, já nas proximidades de ocorrer a chacina da Gruta do Angico (a 28 de julho de 1938, quando a volante comandada pelo Capitão


João Bezerra cercou e derrubou a bala onze cangaceiros, dentre eles Lampião e Maria Bonita), houve mais um dos tantos encontros secretos entre os dois capitães, o da polícia e o do cangaço, entre o perseguidor e o perseguido.


Em tais encontros amigueiros, sempre acompanhados de bebidas e amabilidades, e ocorrendo sempre nas matarias e grotões sertanejos, onde estranhos jamais sonhassem pudessem acontecer, o que se objetivava acima de tudo era trocar informações tanto acerca do bando como da polícia, deixar resolvidos os acertos pendentes, reafirmar os compromissos entre os dois chefes e cada um desejar vida longa ao outro. E como no filme, todo o diálogo se desenrolando enquanto jogavam um bom carteado. E muitas vezes com altas apostas.

Tudo isso pode ser a mais deslavada mentira; mas também pode ser a mais pura verdade. E por que não? Segundo muitos pesquisadores, é cantado e decantado que o Capitão João Bezerra era cúmplice do Capitão Lampião, e vice-versa. Toda aquela medonha e ferrenha perseguição da polícia ao bando não passava de um jogo, de uma encenação prestando contas às altas esferas de poder. E mesmo assim nem todas, pois é sabido que o próprio Lampião era protegido e visto com bons olhos por altas patentes, grandes lideranças políticas, coronéis nordestinos e governantes.

Contudo, como o Estado brasileiro não podia simplesmente ignorar uma guerra por justiça social, contra as arbitrariedades do poder e outras mazelas, e sendo travada praticamente dentro de uma região inteira, então teve de intervir, através do envio de tropas para combater os insurgentes, tidos como sanguinários bandoleiros a desafiar a ordem e a paz social. Ora, também era preciso passar uma imagem de um governo que não admitia que bandidos fizessem justiça com as próprias mãos nem que desafiassem as leis estabelecidas.

Contudo, as forças combatentes, ou forças perseguidoras, também chamadas volantes, pois distribuídas em várias frentes e com fácil poder de deslocamento, diferentemente do que ocorrera nas primeiras desastradas campanhas de Canudos, não eram formadas por pessoas alheias ou desconhecedoras da realidade nordestina. Daí o exercício da função policial, adentrando nas matas e cidades para combater os inimigos da ordem, mas também uma inegável cumplicidade com o cangaço. E aos olhos de muitos policiais um movimento que se justificativa positivamente.

Diante de tal contexto é que se pode afirmar que nem a polícia foi totalmente inimiga do cangaceiro, nem este daquele. Situações existiram onde grandes confrontos resultaram em mortes de ambos os lados. Entretanto, há de se observar que em tais ocorrências determinados cabras das volantes mostravam ter uma rixa quase que pessoal com os cangaceiros de Lampião, algo como ciúme doentio ou que haviam jurado matar em troca de dinheiro que não vinha do próprio comando. Ora, havia gente muito importante por trás disso tudo.

Segundo dizem, João Bezerra era comandante de um grupo de policiais que sempre preferia os acertos e conchavos do que propriamente a inimizade e o confronto, muito menos com o maior dos cangaceiros. Perseguia sim, entrava na mata sim, tocaiava, emboscava, providenciava as mais terríveis armadilhas, mas quando muito para matar bicho pequeno. E Bezerra prestava contas aos seus superiores dizendo que não passaria muito tempo pra liquidar todo o bando, principalmente quando arrancasse a cabeça de Lampião.


Mas no mesmo instante que enviava missivas com tais afirmações, providenciava, através de coiteiros e pessoas de sua extrema confiança, encontros às escondidos com aquele que deveria ser seu inimigo maior. E por que a volante, os seus comandados, também não estavam a par dessa grande amizade e dos acertos entre os dois? Só uma resposta: a volante deveria continuar predestinada na perseguição, no encalço do bando, mas não para matar o seu líder. Mas caberia a ele, enquanto comandante e amigo de Lampião, direcionar as ações para que isto jamais acontecesse.

E dizem que o último encontro entre os dois ocorreu no lado de cá do Rio São Francisco, bem pertinho da Gruta do Angico, onde o bando estava acoitado. Desse local no meio do mato, debaixo de árvore frondosa, para o lugar onde a volante estava bastava atravessar o rio, pois a macacada mantinha posto na povoação alagoana de Piranhas. Quer dizer, o comandante jogava animadamente com Lampião enquanto a tropa policial ansiava por encontrar notícias sobre o paradeiro do bando.

Neste aspecto é que ressurge a cena do filme “O Sétimo Selo”, em que o guerreiro aventureiro trava uma disputa com a morte. Se no filme os dois jogavam dama, no sertão o jogo era com baralho. Lampião, já cansado de tantas andanças e batalhas por todo lugar, desafiava aquele que poderia ser sua morte. Sim, naquela disputa o Capitão João Bezerra representava a morte. E a vida do bando talvez dependesse apenas do quanto tempo Lampião continuaria vencendo o inimigo. Mantinha amizade, mas sabia que não podia confiar demais, pois a morte traiçoeira ali presente.

Ninguém sabe quem ganhou ou perdeu naquele dia. Talvez ali Lampião tivesse obtido sua última vitória, pois a morte atravessou o rio na madrugada e veio descontar a derrota. E o último selo do cangaço foi finalmente rompido.


(*)Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
blogdmendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE (III)

Por: Clerisvaldo B. Chagas - Crônica Nº 811

Acho que o primeiro livro sobre o cangaço que eu li foi do autor Nertan Macedo: “O capitão Virgulino Ferreira da Silva – Lampião”, da Editora Leitura, 1962, no início da minha adolescência. Linguagem vigorosa, porém, muito poética e que impressiona os jovens no alvorecer das grandes leituras. Daí para cá, ou antes, disso, inúmeros pesquisadores esmiunçaram a existência de Virgolino e, ultimamente escrevendo até a vida de vários de seus muitos mais de duzentos seguidores. Em Alagoas ainda resta um ex-cangaceiro vivo, motivo de uma conversa que tive com um dos seus genros para escrever os feitos do sogro. Não aposto que pode acontecer, pois não me empenho para isso.


Quando o livro de Archimedes fala sobre o autor de “Lampião na Bahia”, Oleone Coelho Fontes (1998), como coiteiro de Pedro de Morais, pela sua apresentação tendenciosa no livro “Lampião, o Mata Sete”, é sem dúvida motivo de tristeza. Dizem que é um ótimo livro, o escrito por Oleone, mas sair da condição de festejado para coiteiro de Morais, pelo amor de Deus!
 


Quanto às páginas referentes e contra o coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão, não batem com o que sabemos. Informações amplas sobre o assunto, inclusive a morte de José Ferreira, logo estarão disponível brevemente em “Lampião em Alagoas”. Mesmo assim, na próxima crônica narraremos a nossa opinião sobre Lucena, baseada na tradição oral em Alagoas e nas linhas de outros escritores do cangaço.

Diante de tantas e tantas obras publicadas sobre Virgolino, vimos afirmações sobre ele, muitas, exageradas: Era parteiro, poeta, artesão, almocreve, agricultor, vaqueiro, pecuarista, dançarino, devoto, entres outras qualidades. Expressando minha humilde opinião sobre o que tenho lido do montante de títulos a seu respeito, no Sertão nordestino, o fazendeiro, vaqueiro, pequeno proprietário nasce naquele meio fazendo quase tudo. Lampião apenas fazia o que todos faziam, sem os exageros dos que dizem que ele era o melhor isso, o melhor aquilo, numa adoração sem fim.  Quantas besteiras! Compositor razoável, poeta sofrível, almocreve comum, bom dançarino como muitos outros sertanejos, vaqueiro, artesão, pequeno agropecuarista com o pai, dentro da normalidade. Agora, quando se fala da sua capacidade militar, aí sim. O homem nasceu mesmo para guerrear. Era na verdade muito superior em estratégia a todos os comandantes de volantes que enfrentaram a luta. Não confundir com valentia, pois valentes e covardes nunca faltaram nas tropas do governo e nem nos bandos cangaceiros.  Lampião nunca foi coronel dos coronéis e nem todos temiam suas investidas. Lampião nunca passou de falso capitão, mas foi o gênio militar das caatingas nordestinas em torno de vinte anos. Não há contestação. Ele nunca foi herói por ter participado de guerras do Brasil com outros países, herói nacional. Entretanto, o mestre Aurélio diz: “Herói: homem extraordinário por seus feitos guerreiros; pessoa que por qualquer motivo é o centro de atrações”. É o mestre quem diz em seu “Novo Dicionário AURÉLIO” e não eu. Está aí: o monstro, estuprador, assassino, torturador, ladrão, assaltante, bandido, herói do conceito acima pelo seu extraordinário quengo militar e convergência das atenções. VE E VE A D O DÓ, doutor Pedro de Morais, com certeza o “Diabo dos Sertões” nunca foi e nem teve vontade. A coisa tá feia doutor.
(continua amanhã).

João de Sousa LIma na trilha dos descendentes do Cangaço.

João de Sousa Lima ns trilha de Lampião

Desde a última vez em que estive com o cangaceiro Moreno que prometi a ele encontrar familiares do seu irmão Jacaré. Jacaré foi um dos acusados da morte de Delmiro Gouveia e por isso foi preso e assassinado. Conversando com Nely (filha de Moreno e Durvinha) reafirmei a promessa que havia feito ao pai dela. Certo dia recebi um telefonema do sr. Aldiro, residente do povoado Alto dos Coelhos, Água Branca, Alagoas. Aldiro queria me conhecer pessoalmente e me apresentar seu tio João Maurício, filho do cangaceiro Barra Nova. Segui para o Alto dos Coelhos e depois de conversarmos um pouco e travar alguns contatos conheci enfim João Maurício. alguns dias depois desse encontro retornei ao Alto dos Coelhos e Aldiro me falou sobre umas sobrinhas de Jacaré que residiam nas proximidades, de imediato liguei pra Nely, minha promessa estava caminhando para ser paga.

Deivid, Aldiro, Maria, Nely, Irene e sua filha Andrea.

A decoberta de senhor Gonçalo...

Agora no mês de junho Nely chegou em Paulo Afonso e de imediato seguimos para o Alto dos Coelhos e de lá seguimos com Aldiro e seu Filho para o povoado   Tabuleiro. Lá reside Alexandrina, uma neta de Jacaré. O encontro foi marcado por uma forte emoção. Do Tabuleiro seguimos para o Km 35 onde reside mais duas filhas de Bianor (filho único de Jacaré): Maria e Edilene.  Do Tabuleiro seguimos até o povoado Tinguí onde fomos conhecer Gonçalo Joaquim de Oliveira, que teve seu pai, o sr. Joaquim Soares de Oliveira, assassinado por Lampião. no Tinguí encontramos Gonçalo sentado, curtindo a sombra da igreja, frente a sua casa.

Gonçalo não gosta de relembrar a morte do pai, que era proprietário da fazenda Craunã. Lampião mandou pedir dinheiro e mesmo Joaquim enviando o montante e alguns maços de cigarros desabafou com o vaqueiro Antonio Zezé, encarregado de levar o dinheiro, que era duro trabalhar e mandar o dinheiro para quem não trabalhava. Lampião enfurecido seguiu ao encontro do velho sertanejo e lá chegando, mesmo tendo Joaquim oferecido café e sua esposa estando em adiantado estado de gravidez, Lampião matou o o pai e os filhos Zequinha  e Luquinha. Gonçalo se resigna na sua dor eterna e mesmo assim conseguimos extrair alguns sorrisos de sua face sofrida.


João de Sousa Lima
Conselheiro Cariri Cangaço
Sócio da SBEC