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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Fim das eleições municipais

Por: Jorge Alfredo Bonessi
Capitão Jorge Alfredo Bonessi

Ao final das eleições  pudemos constatar uma fragorosa derrota do PT em todo Brasil. Entretanto a erva daninha fincou sua raízes bem profundo no cerne do sofrido Brasil dos degredados aos  políticos espertos (bandidos de gravatas).

Com tristeza constatamos que após as eleições o pobre Brasil está nas mãos dos socialistas, regime econômico que não deu certo na Europa e nem na Asia, mas era um sonho de alguns artistas, músicos  poetas, políticos da velha guarda e da nova guarda (pessoas incompetentes, mal criadas e traumatizadas desde a infância por possuírem um pai e uma mãe violentos,  recalcados e antissociais - daí a criança ser alvo de violência domestica e se criar revoltada contra tudo e contra todos e por causa disso não servir para nada profissionalmente e daí ao final ser contra o seu próprio País e ficar a soldo de um país estrangeiro do tipo Cuba e Russia). Esse tipo de gente prega a igualdade social e nivela todos por baixo, conforme é a vontade da Dilma e seus  revolucionários em deixar socialmente a classe brasileira nivelada  pela classe média. Para isso comete desatinos e retira da classe trabalhadora os recursos arrecadados por aqueles que trabalham e pagam impostos para darem para criminosos e vagabundos que nunca fizeram nada pelo País e muito menos pela sociedade brasileira. Assim um médico que estuda 13 anos deverá ganhar o mesmo que um catador de lixo. Um general deverá ganhar o mesmo que um taxista. Um engenheiro deverá ganhar o mesmo que um ajudante de pedreiro. Um piloto de Boeing deverá ganhar o mesmo que um marceneiro. Um dentista deverá ganhar o mesmo que um torneiro mecânico  Mas para os membros do partido, esses sim são o que compõe a classe rica, moram bem,  viajam bem,  comem bem e ganham bem independente do grau intelectual - o que importa é que sejam maus, bandidos, criminosos e que não tenham consciência  isto é, que não sintam amor por pai e mãe, não amem a família  não sintam remorsos, não possuam religião e não acreditem em Deus. Que seja estuprador, que deixe a juventude enveredar pelo caminho da perdição como a prostituição e as drogas.

Porque sou contra o socialismo?

Porque o socialismo  retira a iniciativa das pessoas, causa desanimo nelas, não estimula o trabalho, não estimula a produção e sem a produção não há industrias e não havendo industrias não há lucro e não havendo lucro não há a iniciativa privada que emprega, que produz que gera a riqueza  O socialismo iguala as pessoas e as pessoas não são iguais. As pessoas são medidas pela reputação, pela honra, pela honestidade e pelo trabalho honesto. Sou anti-socialismo  porque o socialismo é injusto para quem trabalha, torna as pessoas apáticas, ociosas, indolentes, preguiçosas  e o ser humano precisa de método sistema e ordem. Precisa de organização, de respeito por si e pelos outros -  no socialismo isso não existe. No socialismo predomina o favoritismo  o apadrinhamento, a bajulação, a traição. No socialismo os bons são iguais aos maus e ser honesto  é entendido como oposição. Se socialista é ser ladrão, é não ser herói, é não ter pátria  é não ter honra, é não ter coragem, é ser vil, falso, inimigo da verdade e de Deus. Quem é socialista é filho do demônio.

O Brasil é o único pais do mundo que dá importância ao comunismo e ao socialismo e daqui a 20 anos não terão mais opositores por aqui - depois desse período haverá somente desordens e caos.

O povo tem aquilo que merece e por votarem nos socialistas por aqui irão retroceder por 50 anos diante da evolução dos povos. Mas em povos cultos, e tementes a Deus não é preciso o envio de salvadores e profetas. Assim, espera-se um Messias que possa vir a salvar o pobre Brasil das garras dos demônios comunistas e socialistas.

Adeus Brasil verde e amarelo. Adeus país rico por natureza. Adeus Povo brasileiro que era amado por Deus. De hoje em diante só tristeza e aflição de espirito sobre tudo para os bolsos de quem verdadeiramente trabalha e paga os impostos para essa turma de gatunos gastarem e se perpetuarem no poder.

Adeus Pátria - Adeus Tradição - Adeus Família.

Adeus honra - Adeus dignidade - Adeus ideais.

Viva a desordem - Viva os bandidos e criminosos.


Enviado pelo Capitão Alfredo Bonessi.

Extra - O SERTÃO, A RURAL E SEU MANÉ

Por: Lúcia Rocha
Seu Mané com os gêmeos: Cosme e Damião

O radialista Manoel Alves de Oliveira, o seu Mané, era natural da zona rural de Felipe Guerra. Nasceu em 22 de fevereiro de 1941, filho do agricultor Manoel Alves e da lavadeira, Luíza Maria da Conceição. Sêu Mané era o quarto de uma família de sete filhos e começou a trabalhar ainda menino.

Garoto esperto, levava para casa todo o dinheiro que ganhava. Aos dez anos de idade, Manoel Alves migrou para Mossoró, onde morou em casa de conhecidos da família, inicialmente no bairro Bom Jardim e trabalhou de babá dos gêmeos – Cosme e Damião - e depois, num armazém de cereais. Prestou o serviço militar e passou a trabalhar no extinto Cine Jandaia.

Em 1963, com a inauguração da Emissora de Educação Rural, Manuel Alves prestou concurso para operador de som e foi aprovado. Pouco tempo depois, na falta do locutor do horário, assumiu a locução, por sugestão do então diretor, Padre Américo. O bom desempenho do sêu Mané o fez o locutor mais conhecido da história da Rádio Rural de Mossoró. Apresentou programas como Notas e Avisos da Rural; Hora da Coalhada e O Sertão, a Rural e Sêu Mané.

Além de locutor, apresentou por diversos anos programas de auditório direto do Cine Pax e o concurso A Mais Bela Voz, sendo o responsável pela revelação do talento de

onordeste.com

Bartô Galeno, vencedor do concurso e até hoje um nome nacional. Há pouco tempo, Bartô Galeno promoveu um show na cidade, com a renda em benefício do seu padrinho artístico, em reconhecimento.

Sêu Mané encaminhou um filho e dois irmãos para o rádio mossoroense. Manoel Alves era cidadão mossoroense e faleceu em 8 de outubro de 2012, foi casado duas vezes e deixa sete filhos.



Adendo

Sêu Mané Alves tornou-se um dos maiores radialistas de Mossoró

Leia Alguns equívocos do radialista

Certo dia, um homem veio de Umarizal para vender a sua carroça completa aqui em Mossoró. Só que o homem conseguiu vender a carroça e não o jumento.

O homem escreveu um recado para seu Mané ler na hora dos avisos, avisando a sua esposa que não tinha vendido o jumento.

O Problema foi que seu Mané não entendeu a escrita e leu da seguinte maneira:

Atenção dona Maria de Umarizal!
"Seu marido informa que não vai voltar hoje para casa, porque vendeu a carroça, mas ficou enganchado no negócio do jumento".

Uma mulher ligava para a Rádio Difusora e pedia uma música dos Beatles. Na hora de anunciá-la ele disse:

"Agora vai uma música dos beatlous".

Outra vez quando pedia a música "Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Holins Stones." Como ele não sabia dizer, falou da seguinte maneira:

"Era um garoto que como eu amava os... o resto vocês já sabem como é".

Outra vez uma senhora solicitava de quem soubesse o paradeiro do seu filho, que havia saído de casa e não retornara: Ele leu da seguinte maneira:

"Procura-se um garrote trajando camisa quadriculada... ou, é um garoto".

Toinho pede que sua mãe guarde o carnê em cima do guarda roupa... Então ele disse:

"Toinho pede que sua mãe guarde o carneiro em cima do guarda roupa..."

Quando o cantor João Gonçalves gravou a música "Pescaria em Boqueirão", e estava no auge do sucesso, ele veio a Mossoró apresentar o seu mais novo trabalho. Seu Mané Alves foi quem se encarregou de publicar a sua vinda a Mossoró, através de uma publicidade volante.

O anúncio feito por ele era o seguinte:

Atenção, atenção mossoroenses!
Vai chegar em nossa cidade para apresentar o seu mais novo trabalho, "o homem da lapa de minhoca". 

Quando Seu Mané notava o seu erro corrigia-o sem nenhum escrúpulo.  Mas mesmo com toda essa displicência os mossoroenses considerava-o como falta de atenção, e não por ser péssimo "profissional".

Seu Mané Alves era muito querido pelo povo Mossoroense e demais regiões adjacentes.

Parabém a Seu Mané Alves que como comunicador, muito  prestou os seus serviços a Mossoró.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

"Cangaceiros" em filisminogravura

Por Ayam U'Brais
Papel cartão, caneta espefrográfica e betume dão forma à filisminogravura, técnica original de Ayam U'Brais
"Cangaceiros" em filisminogravura

A Filisminogravura é uma técnica de desenho concebida por Ayam U’Brais na qual são utilizados recursos inovadores do chiaroscuro, uma das novidades da pintura de Leonardo da Vinci, além de referências da Xilogravura. 

Para dar forma às suas obras, o artista usa como suporte o papel cartão e, como ferramentas de registro, caneta esferográfica e betume. O nome da técnica inventada pelo artista provém da junção de “Filismina” nome da sua avó, que o estimulava a desenhar, e “gravura”, pela natureza da sua obra. 

É na relação entre a cultura afro-brasileira e artes plásticas que resultará a exposição AFROFILISMINOGRAVURA a qual, certamente, promoverá uma bela experiência estética aos seus visitantes.

http://afrofilisminogravura.wordpress.com/

Cangaceiro por destino ou escolha?

 Cangaceiro por destino ou escolha?

O banditismo parece ser um fenômeno universal. É difícil encontrar um povo no mundo que não teve (ou tenha) bandidos: indivíduos frios, calculistas, insensíveis à violência e à morte. Sem entrar no mérito das atrocidades cometidas pelos colonizadores portugueses, que escravizaram os negros africanos e quase exterminaram os índios nativos do país, a região Nordeste do Brasil vivenciou um período de quase meio século de violência, especialmente no final da década de 1870, após a grande seca de 1877.

O monopólio da terra e o trabalho servil, heranças das capitanias hereditárias, sempre mantiveram o empobrecimento da população e impediram o desenvolvimento do Nordeste, apesar do empenho de Joaquim Nabuco e da abolição da escravatura. As pessoas continuam sendo relegadas à condição de objetos, cujo maior dever é servir aos donos de terras.

Enquanto o capitalismo avançava nos grandes centros urbanos, no meio rural persistia o atraso da grande propriedade: a presença do latifúndio semifeudal, elemento dominador que, da monarquia à república, se mantém intocável em seus privilégios. Os problemas das famílias abastadas são resolvidos entre si, sem a intervenção do poder do Estado, mas com a substantiva ajuda de seus fiéis subordinados: policiais, delegados, juízes e políticos.

No final do século XIX, os engenhos são tragados pelas usinas, porém as relações pré-capitalistas de produção se conservam: os trabalhadores rurais se tornam meros semi-servos. E o dono da terra - o chamado "coronel" - representa o legítimo árbitro social, mandando em todos (do padre à força policial), com o apoio integral da máquina do Estado. Contrariar o coronel, portanto, é algo a que ninguém se atreve.

É importante registrar também a presença dos jagunços, ou capangas dos "coronéis", aqueles assalariados que trabalham como vaqueiros, agricultores ou mesmo assassinos, defendendo com unhas e dentes os interesses do patrão, de sua família e de sua propriedade.

Diante das relações semifeudais de produção, da fragilidade das instituições responsáveis pela ordem, lei e justiça, e da ocorrência de grandes injustiças - homicídios de familiares, violências sexuais, roubo de gado e de terras, além de secas periódicas que vêm agravar a fome, o analfabetismo e a pobreza extrema, os sertanejos buscaram fazer justiça com as próprias mãos, gerando, como forma de defesa, um fenômeno social que propagava vinganças e mais violências: o cangaço.

Fora o cangaço, dois outros elementos que surgem nos sertões nordestinos são o fanatismo religioso e o messianismo, a exemplo de Canudos (na Bahia) com Antonio Conselheiro; de Caldeirão (na chapada do Araripe, município do Crato, no Ceará) com o Beato Lourenço; e dos seus remanescentes em Pau de Colher, na Bahia. O cangaço, o fanatismo religioso e o messianismo são episódios marcantes da guerra civil nordestina: representam alternativas através das quais a população regional pode retaliar os danos sofridos, garantir um lugar no céu, alimentar o seu espírito de aventura e/ou conseguir um dinheiro fácil.

A expressão cangaço está relacionada à palavra canga ou cangalho: uma junta de madeira que une os bois para o trabalho. Assim como os bois carregam as cangas para otimizar o labor, os homens que levam os rifles nas costas são chamados de cangaceiros.

O cangaço advém do século XVIII, tempo em que o sertão ainda não havia sido desbravado. Já naquela época, o cangaceiro Jesuíno Brilhante (vulgo Cabeleira) ataca o Recife, e é preso e enforcado em 1786. De Ribeira do Navio, estado de Pernambuco, surgem também os cangaceiros Cassemiro Honório e Márcula. O cangaço passa a se tornar, então, uma profissão lucrativa, surgindo vários grupos que roubam e matam nas caatingas. São eles: Zé Pereira, os irmãos Porcino, Sebastião Pereira e Antônio Quelé. No começo da história, contudo, eles representam grupos de homens armados a serviço de coronéis.

Em 1897, surge o primeiro cangaceiro importante: Antônio Silvino. Com fama de bandido cavalheiresco, que respeita e ajuda muitos, ele atua, durante 17 anos, nos sertões de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. É preso pela polícia pernambucana em 1914. Um outro cangaceiro famoso é Sebastião Pereira (chamado de Sinhô Pereira), que forma o seu bando em 1916. No começo do século XX, frente ao poder dos coronéis e à ausência de justiça e do cumprimento da lei, tais indivíduos entram no cangaço com o propósito de vingar a honra de suas famílias.

Para combater esse novo fenômeno social, o Poder Público cria as "volantes". Nestas forças policiais, os seus integrantes se disfarçavam de cangaceiros, tentando descobrir os seus esconderijos. Logo, ficava bem difícil saber ao certo quem era quem. Do ponto de vista dos cangaceiros, eles eram, simplesmente, os "macacos". E tais "macacos" atuavam com mais ferocidade do que os próprios cangaceiros, criando um clima de grande violência em todo o sertão nordestino.

Por outro lado, a polícia chama de coiteiros todas as pessoas que, de alguma forma, ajudam os cangaceiros. Os residentes no interior do sertão - moradores, vaqueiros e criadores, por exemplo - se inserem, também, dentro dessa categoria.

Sob ordens superiores, as volantes passam a atuar como verdadeiros "esquadrões da morte", surrando, torturando, sangrando e/ou matando coiteiros e bandidos. Se os cangaceiros, portanto, ao empregar a violência, agem completamente fora da lei, as volantes o fazem com o apoio total da lei.

Nesse contexto, surge a figura do Padre Cícero Romão Batista, apelidado pelos fanáticos de Santo de Juazeiro, que nele vêem o poder de realizar milagres e, sobretudo, uma figura divina. Endeusado nas zonas rurais nordestinas, o Padre Cícero concilia interesses antagônicos e amortece os conflitos entre as classes sociais. Em meio a crendices e superstições, os milagres - muitas vezes, resumidos a simples conselhos de higiene ou procedimentos diante da subnutrição - atraem grandes romarias para Juazeiro, ainda mais porque os seus conselhos são gratuitos. O Santo de Juazeiro, contudo, a despeito de ser um bom conciliador e uma figura querida entre os cangaceiros, utiliza a sua influência religiosa para agir em favor dos "coronéis", desculpando-os pelas violências e injustiças cometidas.

Em meio a essa turbulência, surge o mais importante de todos os cangaceiros e quem mais tempo resiste (cerca de vinte anos) ao cerco policial: Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, também chamado rei do cangaço e governador do sertão. Os membros do seu bando usam cabelos compridos, lenço em volta do pescoço, grande quantidade de jóias e um perfume exagerado. Seus nomes e alcunhas são os seguintes: Antônio Pereira, Antônio Marinheiro, Ananias, Alagoano, Andorinha, Amoredo, Ângelo Roque, Beleza, Beija-Flor, Bom de Veras, Cícero da Costa, Cajueiro, Cigano, Cravo Roxo, Cavanhaque, Chumbinho, Cambaio, Criança, Corisco, Delicadeza, Damião, Ezequiel Português, Fogueira Jararaca, Juriti, Luís Pedro, Linguarudo, Lagartixa, Moreno, Moita Braba, Mormaço, Ponto Fino, Porqueira, Pintado, Sete Léguas, Sabino, Trovão, Zé Baiano, Zé Venâncio, entre outros.

A partir de 1930, a mulher é inserida no cangaço. Tudo começa com Maria Bonita, companheira de Lampião, e depois vêm outras. Muito embora não entrassem diretamente nos combates, as mulheres são preciosas colaboradoras, participando de forma indireta das brigadas e/ou empreitadas mais perigosas, cuidando dos feridos, cozinhando, lavando, e, principalmente, dando amor aos cangaceiros. Elas sempre portam armas de cano curto (do tipo Mauser) e, em caso de defesa pessoal, estão prontas para atirar.

Seja representando um porto seguro, ou funcionando como um ponto de apoio importante para se implorar clemência, as representantes do sexo feminino contribuem muito para acalmar e humanizar os cangaceiros, além de aumentar-lhes o nível de cautela e limitar os excessos de desmandos. As cangaceiras mais famosas do bando de Lampião, juntamente com os seus companheiros, são: Dadá (Corisco), Inacinha (Galo), Sebastiana (Moita Brava), Cila (José Sereno), Maria (Labareda), Lídia, (José Baiano) e Neném (Luís Pedro).

Como as demais sertanejas nordestinas, as mulheres recebem a proteção paternalista dos seus companheiros, mas o seu cotidiano é mesmo bem difícil. Levar a termo as gestações, por exemplo, no desconforto da caatinga, significa muito sofrimento para elas. Às vezes, precisavam andar várias léguas, logo após o parto, para fugir das volantes. E caso não possuíssem uma resistência física incomum, não conseguiriam sobreviver.

Em decorrência da instabilidade e dos inúmeros problemas da vida no cangaço, os homens não permitem a presença de crianças no bando. Assim que seus filhos nascem, são entregues a parentes não engajados no cangaço, ou deixados com as famílias de padres, coronéis, juízes, militares, fazendeiros.

Vale ressaltar que um fator decisivo para o extermínio do bando de Lampião é o uso da metralhadora, que os cangaceiros tentam comprar, mas não obtêm sucesso. No dia 28 de abril de 1938, Lampião é atacado de surpresa na grota de Angico, local que sempre julgou como o mais seguro de todos. O rei do cangaço, Maria Bonita, e alguns cangaceiros são mortos rapidamente. O resto do bando consegue fugir para a caatinga. Com Lampião, morre também o personagem histórico mais famoso da cultura popular brasileira.

Em Angicos, os mortos são decapitados pela volante e as cabeças são exibidas em vários estados do Nordeste e sul do país. Posteriormente, ficam expostas no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, por cerca de 30 anos. Apesar de muitos protestos, no sentido de enterrar os restos mortais mumificados, o diretor do Museu - Estácio de Lima - é contra o sepultamento.

Após a morte de Lampião, Corisco tenta assumir durante dois anos o lugar de chefe dos cangaceiros. A sua inteligência e competência, porém, estão longe de se comparar àquelas de Virgulino.

No dia 23 de março de 1940, a volante Zé Rufino combate o bando. Dadá é gravemente ferida no pé direito; Corisco leva um tiro nas costas, que lhe atinge a barriga, deixando os intestinos à mostra. O casal é transportado, então, para o hospital de Ventura. Devido à gangrena, Dadá (Sérgia Maria da Conceição) sofre uma amputação alta da perna direita, mas Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto) não resiste aos ferimentos, vindo a falecer no mesmo dia.

O fiel amigo de Lampião é enterrado no dia 23 de março de 1940, no cemitério da cidade Miguel Calmon, na Bahia. Dez dias após o sepultamento, o seu cadáver foi exumado: decepam-lhe a cabeça e o braço direito e expõem essas partes, também, no Museu Nina Rodrigues.

Naquela época, o cangaço já se encontra em plena decadência e, com Lampião, morre também a última liderança desse fenômeno social. Os cangaceiros que vão presos e cumprem pena conseguem se reintegrar no meio social. Alguns deles são: José Alves de Matos (Vinte e Cinco), Ângelo Roque da Silva (Labareda), Vítor Rodrigues (Criança), Isaías Vieira (Zabelê), Antônio dos Santos (Volta Seca), João Marques Correia (Barreiras), Antônio Luís Tavares (Asa Branca), Manuel Dantas (Candeeiro), Antenor José de Lima (Beija-Flor), e outros.

Após décadas de protestos, por parte das famílias de Lampião, Maria Bonita e Corisco, no dia 6 de fevereiro de 1969, por ordem do governador Luís Viana Filho, e obedecendo ao código penal brasileiro que impõe o devido respeito aos mortos, as cabeças de Lampião e Maria Bonita são sepultadas no cemitério da Quinta dos Lázaros, em Salvador. Em 13 de fevereiro, do mesmo ano, o governador autoriza, ainda, o sepultamento da cabeça e do braço de Corisco, e das cabeças de Canjica, Zabelê, Azulão e Marinheiro.

Por fim, registram-se informações sobre alguns ex-cangaceiros que retornam ao convívio social. Tendo fugido para São Paulo, depois do combate na grota de Angico, Criança adquire casa própria e mercearia naquela cidade, casa-se com Ana Caetana de Lima e tem três filhos: Adenilse, Adenilson e Vicentina.

Zabelê volta para o roçado, assim como Beija-Flor. Eles continuam pobres, analfabetos e desassistidos. Candeeiro segue o mesmo rumo, mas consegue se alfabetizar.

Vinte e Cinco vai trabalhar como funcionário do Tribunal Eleitoral de Maceió, casa com a enfermeira Maria de Silva Matos e tem três filhas: Dalma, Dilma e Débora.

Volta Seca passa muito tempo preso na penitenciária da Feira de Curtume, na Bahia. É condenado, inicialmente, a uma pena de 145 anos, depois comutada para 30 anos. Através do indulto do presidente Getúlio Vargas, porém, em 1954, ele cumpre uma pena de 20 anos. Volta Seca se casa, tem sete filhos e é admitido como guarda-freios na Estrada de Ferro Leopoldina.

Conhecido também como Anjo Roque, Labareda consegue se empregar no Conselho Penitenciário de Salvador, casa e tem nove filhos.

E, intrigante como possa parecer, o ex-cangaceiro Saracura torna-se funcionário de dois museus, o Nina Rodrigues e o de Antropologia Criminal, os mesmos que expuseram as cabeças mumificadas dos velhos companheiros de lutas.

Observação: as opiniões expressas nesse texto não coincidem na sua integralidade com a posição ético-política do motoclube sobre os fatos em questão, servindo como informações básicas relativas ao fenômeno plural chamado "cangaço".

Fonte do texto: www.fundaj.gov.br
Consulta feita em 16.06.2011.
Título original: "Cangaço"

AOS QUE NÃO GANHARAM (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

AOS QUE NÃO GANHARAM 

Contrariamente ao que pareça, não ser eleito para prefeito, vice-prefeito ou vereador não é algo assim tão ruim. O não reconhecimento do eleitorado também tem os seus lados positivos. E são muitos.

Certamente que quem entra numa disputa postulando ser eleito para o executivo municipal ou o legislativo, e faz desse desejo mirabolâncias exacerbadas, com gastos, correrias, promessas, mentiras e outras invencionices politiqueiras, sempre quer ser reconhecido nas urnas.

O reconhecimento através do voto, contudo, nem sempre reflete as reais qualidades do candidato. É sabido por todos que pouca valia terá apenas a seriedade e a honradez se tais aspectos positivos não estiverem ladeados com alguns deploráveis mecanismos.

Ora, para alcançar o âmago do eleitor, o político tem de prometer o impossível de ser realizado, tem de mentir, de fazer amizades suspeitosas, de reatar amizades com inimigos de sempre, de vender a alma ao coisa ruim. Ou faz assim ou não vai adiante mesmo, não passará de um rejeitado nas urnas.


Mas quando a pessoa perde, quando os votos comprados ou adquiridos por força das promessas, a coloca na lista dos derrotados, logicamente que as promessas automaticamente são apagadas, os débitos contraídos ficarão esquecidos por um bom tempo, nenhum eleitor vai ter a petulância de bater à sua porta com conta de água ou luz. E já começa a ficar menos doloroso daí.

Aquele que foi candidato e não se elegeu não deixa de ter conquistado mais poder. Não o executivo ou legislativo, mas de influência política e de mecanismo para ter voz e reivindicar perante as forças políticas partidárias aquilo que desejar, principalmente para si e seus familiares. Assim, fica muito mais fácil conseguir um emprego, um cargo em comissão, uma colocação política qualquer.

Mesmo não tendo sido reconhecido nas urnas, o candidato passa a ter mais respeitabilidade nos seus pronunciamentos, nas suas opiniões políticas, nas críticas que queira fazer. E muitas vezes, para não ter aquele ex-candidato como um calo no seu pé, cobrando, exigindo, o eleito busca logo aproximação. E como essa junção tem seu custo, então eis o melhor momento para a barganha, para tirar o máximo proveito.

Com a esperteza existente na maioria dos candidatos, dificilmente algum sai do pleito mais pobre do que entrou. Entra para a disputa sabendo que vai gastar muito, que vai ter muitas despesas, porém poucas vezes mete a mão no bolso para tirar de suas economias. Ora, o candidato a vereador vai buscar recursos com o partido, com o candidato a prefeito, e este com deputados e lideranças maiores, e assim por diante.

Só o fato de ter sido candidato já garante ao derrotado ser recebido pelas lideranças políticas estaduais. No encontro, o pleito para uma assessoria, um cargo para um parente, a afirmação de que os votos obtidos poderão ser redobrados ou triplicados em favor do prefeito eleito, do deputado, do governador ou do senador. E aí começam os acertos com ganhos para o derrotado.

São muitos os candidatos que além de não gastar um tostão do seu bolso, sempre se apresentando como pobres em defesa da pobreza, ainda colocam nas suas contas bancárias os fundos partidários que recebem, as ajudas de custo de outros políticos, todo centavo que obtenha em nome de sua campanha. Tem até candidato que recebe alimentos e outros objetos para distribuir entre os eleitores e acha sempre melhor deixar na própria cozinha.
Aos que não ganharam, nada de tristezas ou aborrecimentos. Muitos sabem que não disputaram para vencer, mas apenas para tirar proveito da candidatura. E gente assim, esperta demais, certamente sairá vitorioso com o obtido e não distribuído, com o que seria para o eleitor pobre e ficou em seu poder. Ademais, mais tarde não vai ter de aturar gente batendo à sua porta, procurando seu gabinete, exigindo isso ou aquilo.


Por isso mesmo, muitas vezes é até melhor perder. Ao menos pode jogar pra fora suas raivas reprimidas e esculhambar logo com tudo mundo. Tanto que prometeram e nada, então ninguém presta mesmo. Eis, então, o momento de lavar os panos sujos.
  
(*) Meu nome é Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou autor dos eguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Bulamarqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE. 

Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com