Por Manoel Severo
Bosco André, Hernesto Vasques, Prefeito Diego Gondim Feitosa ,
Manoel Severo e Aélio Vasques
A região do Cariri no sul do estado do Ceará é o berço de nosso empreendimento Cariri Cangaço. Aqui há exatos 10 anos realizamos nosso primeiro seminário reunindo quatro municípios; Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e o Portal do Cariri: Missão Velha. Berço de toda uma colonização a partir das terras do Engenho de Santa Teresa, terra de força e tradição, Missão Velha se prepara para a grande festa do Cariri Cangaço 10 anos, quando na oportunidade vamos conhecer de perto os grandes vultos históricos dessa que sem dúvidas é uma das principais cidades de nosso Ceará como também seus principais cenários; cheios de beleza, memória e muita história.
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Missão Velha recebeu nos últimos dias a visita da curadoria do Cariri Cangaço através de Manoel Severo Barbosa, visita essa que constou de reuniões de trabalho com a Comissão Local de Organização dos 10 Anos do Cariri Cangaço em Missão Velha, que tem a frente o Conselheiro Cariri Cangaço, pesquisador e escritor João Bosco André, de visitas a autoridades municipais e a personalidades representantes das famílias homenageadas; do tronco dos lendários "Terésios"; durante o encontro.
Cachoeira de Missão Velha, cartão postal de Missão Velha
Um dos momentos marcantes da presença da curadoria do Cariri Cangaço foi o encontro com o Prefeito Municipal de Missão Velha, Diego Gondim Feitosa, o encontro aconteceu no tradicional Sitio Velame. Ao encontro participaram além do prefeito municipal Diego Feitosa, o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, Ingrid Rebouças, Bosco André, além do vereador Hernesto Vasques e o patriarca Aélio Vasques.
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"O Cariri cearense foi colonizado por emissários da Casa da Torre, um deles, João Correia Arnaud, chegou à região no início do Século XVIII, vindo da região de Inhambupé na Bahia e considerado descendente de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, um dos primeiros brancos a se fixarem no Brasil. Um jovem escravo fugido foi criado pelos índios cariris, um grupo refugiado do Planalto da Borborema pela penetração dos brancos, ao qual se agregaram quilombolas e outras tribos. Com a guerra entre estes cariris, que deram nome a região, e os guerreiros Cariús, aquele escravo, que sabia falar português, foi nomeado emissário. Em apoio aos cariris, João Correia Arnaud e outros vaqueiros foram enviados com homens, armas de fogo e títulos conseguidos pelos D’Ávila, iniciando a colonização do lugar, fundaram igrejas e estabeleceram as primeiras fazendas, sendo este ou seu homônimo o fundador desta cidade de Missão Velha..."
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Encontro do Prefeito Diego Gondim Feitosa e o Cariri Cangaço no Sítio Velame
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Para o Presidente da Comissão Organizadora do Cariri Cangaço em Missão Velha, Conselheiro Bosco André, "estamos nos organizando para realizar uma festa inesquecível nestes 10 anos do Cariri Cangaço, será uma grande honra receber os amigos de todo o Brasil em julho, como o Dr Manoel Severo costuma dizer a grande Família Cariri Cangaço de Alma Nordestina, será inesquecível". Já Manoel Severo revela:"Temos a mais absoluta certeza que Missão Velha, como sempre, irá proporcionar momentos realmente sensacionais, já nesta visita estamos constatando a grande mobilização e todo o esforço de todos na construção desse grande evento em julho".
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Missão Velha, guarda além de uma beleza ímpar e inigualável, uma tradição e um conjunto de vultos históricos realmente marcantes; pela força de suas personalidades e pelo grau de bravura que imprimiram às suas trajetórias. Família inteiras ou simplesmente um ou outro personagem, despontam do cariri cearense para fazerem a história de toda uma região e todo o estado. Para o prefeito Diego Feitosa "será uma grande honra receber o evento Cariri Cangaço, sem dúvidas Missão Velha estará de braços abertos a todos os pesquisadores do Brasil que estarão conosco em Julho".
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Bosco André, Aélio Vasques, Manoel Severo e o Casarão dos Vasques, uma das principais visitas do Cariri Cangaço 10 Anos em Missão Velha.
Engenho São Francisco na Carnaúba dos Vasques
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Recorremos ao grande pesquisador e escritor Dimas Macedo:"Quando o historiador João Brígido dos Santos, em fins do século dezenove, vasculhava os arquivos da história do Cariri, a esses meus antecedentes já se referia como nucleadores de várias povoações e fazendas de criar, entre todas, sobressaindo‑se aquela denominada Engenho Santa Teresa, fundada pelo capitão Domingos Paes Landim, um dos pioneiros da colonização do Ceará. Núcleo originário e socioeconômico das famílias Terésios, segundo observações dos maiores historiadores do Cariri, a exemplo de Irineu Pinheiro e do Padre Antônio Gomes de Araújo, que pesquisaram as suas origens e os primeiros anos da sua formação, o Engenho Santa Teresa, por séculos afora, manteria acesa a temperatura das suas chaminés."
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oBrasões das Famílias Tradicionais dos Terésios
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Continua Dimas Macedo: "Deles, os Terésios, ocupar-se-ia o historiador Joaryvar Macedo ao traçar as linhas da sua inculcada genealogia,detendo‑se na descendência do Capitão Domingos Paes Landim e da sua mulher Isabel da Cruz Neves, ascendentes dos Terésios que hoje se reúnem para proclamar a glória de Antônio Martins Filho e reconhecer o quanto Joaryvar Macedo é um imenso traço de união entre nós. No seu monumental e não por demais relembrado – A Estirpe da Santa Teresa (Fortaleza: Imprensa Universitária, 1976) –, cuja segunda edição ora se dá à estampa, Joaryvar Macedo desvenda a linhagem dessas famílias e nos leva a intuir o que a trajetória dos Terésios poderia representar como desafio para os historiadores e sociólogos do Ceará. Abstraindo‑se o dado genealógico da questão dos Terésios, o que registrou a historiografia sul‑cearense, pertinente aos labores nos quais se envolveram muitos dos seus integrantes, a mim me parece constituir algo de substância singular com que a pesquisa histórica e a sociologia política podiam muito bem se entreter.Costumo dizer as pessoas que me abordam acerca dos Terésios, que o conjunto das suas aventuras nos permite cultuar uma tradição familiar que se arraigou na cultura da região do Cariri, por meio da sua mais forte tradição".
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Família Vasques recebe o Cariri Cangaço nos preparativos do encontro que celebrará Quinco Vasques, o Bravo Caririense.
Uma das grandes homenagens de nosso Cariri Cangaço - 10 Anos será um dos personagens mais marcantes de nossa Missão Velha, sem dúvidas trata-se de Joaquim Vasques Landim; mais conhecido por Quinco Vasques, o "Bravo Caririense" . Patriarca de uma das mais tradicionais famílias de nosso Cariri, do seio dos Terésios de Santa Teresa, a família Vasques Landim, que protagonizou uma enormidade de episódios pitorescos e importantes dentro da história do coronelismo do sul do Ceará no inicio do século passado estará reunida para esse espetacular momento histórico.
Lendária Fotografia de Quinco Vasques ao lado de seus 10 filhos
de frente ao Casarão dos Vasques
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"Era o mês de abril de 1910. A madrugada do dia 06 para o dia 07 guardava os preparativos para empreitada do bravo caririense rumo as terras da matriarca do clã lavrense dos Augustos. No poder em Lavras se encontrava o cel. Gustavo Augusto Lima, filho de Dona Fideralina. Quinco Vasques e seu grupo, cerca de cinquenta homens bem armados, partiram da serra de São Pedro no atual município de Caririaçu, mas precisamente do sítio Bico da Arara. Ao longo do caminho outros homens se uniram à empreitada para a tomada de poder em Lavras, perfazendo um total estimado entre 150 a 200 homens em armas sob o comando de Quinco Vasques.
O episódio em tela era mais um para ilustrar a verdadeira guerra que havia no sertão do cariri patrocinada pelos potentados locais em busca do poder de mando nos municípios do sertão sul do Ceará. Ocorrências da mesma natureza pontuaram por todo o inicio do século, quando em armas foram tomados e "retomados" o poder em quase todos os rincões caririenses, com destaques , dentre outros, para: Crato com a tomada do poder por parte do cel. Alves Pequeno derrubando o cel. Belém; em Missão Velha em princípio com o Cel. Santana e depois com o cel. Izaias Arruda, sem falar em nomes de destacados mandatários locais, como cel. Joca do Brejão em Barbalha, Totonho Leite em Aurora, Domingos Furtado em Milagres e Zé Inácio no Barro, dentre muitos outros, tendo por fim, provocado a polêmica reunião em 1911 em Juazeiro do Norte do "Pacto dos Coronéis", sob as benção de Padre Cícero e Floro Bartolomeu. Voltando ao ataque de Quinco Vasques a Lavras no longínquo abril de 1910. As forças equivalentes em número de homens e em valentia e coragem de parte a parte, acabaram pendendo para os defensores de Lavras. A partir de pontos estratégicos dentro da cidade sitiada; como a própria "casa da rua" de Dona Fideralina; o coronel Gustavo Augusto Lima definiu a contenda."
Cariri Cangaço
Visita preparatória em Missão Velha
23 de Março de 2019
E Vem aí
Cariri Cangaço
10 Anos
24 a 28 de Julho de 2019
http://blogdomendesemendes.blogspot.com