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quarta-feira, 13 de março de 2019

LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERR


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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ANAUÊ

Por Francisco de Paula Melo Aguiar

Saudação da história integralista
Criação do Brasil para o mundo
Entre aspas, puder vira poder à vista
Fascismo, ideia do imundo.

Ah! Grito de guerra
Do tupi brasileiro, “olá”
Variante indigenista de era
Mudança ideológica, quero já.

Oh! Escreveu não leu
Fascismo é jogo de poder
Submissão a quem venceu
Escutar e calar antes de ler.

A verdade e a mentira
Tudo tem o mesmo peso
Cor, tamanho, força e ira
Jogo familiar, ileso.

O certo vira errado
O errado vira certo
Da vitória ao derrotado
Fora do poder, esperto.

Não falar o que pensa
Não pensar o que fala
É a saudação “anauê” propensa
É a ideologia do cala.

A peteca, piada da caserna
Anauê, anauê, anauê...
“Ismus” intoxicação não fraterna
Grito de poder, não carnaval, anauê!

Enviado pelo autor

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UM JARRO SEM FLORES

*Rangel Alves da Costa

Eu sempre gostei de flores. Suas cores, formas e aromas, sempre deram alegria, beleza e felicidade aos ambientes.
As flores simbolizam o amor, a paz, a união. E principalmente a beleza sublime e singela vinda da natureza e lançada ao olhar como perfeição.
Mesmo sem atentar para a simbologia das flores, a maioria das pessoas gosta de ter um jarro ornado sobre a mesa ou outros móveis.
Flores vivas, flores novas, colhidas ao amanhecer no jardim. Nos jarros, ainda orvalhadas do anoitecer, as flores parecem enfeites de beleza e paz.
Contudo, nem todo mundo tem um jardim adiante nem consegue adquirir flores novas. Tantas vezes, as flores murchas continuam nos jarros como recordações.
Sobre a cama, o buquê esquecido de rosas vermelhas. Certamente que não irão ao jarro, pois os enamorados nunca dão o devido valor às flores recebidas.
Sobre os sofás e pelos cantos da casa, os buquês já murchos e esquecidos. Flores que apenas morrem sem proporcionar o prazer que deveriam.
Mas há gente também sem flores. Sem flores, sem jardins, sem floriculturas ou vendedores ao redor. E como essas pessoas fazem para ter a beleza das cores nos seus jarros?
Simplesmente inventam e reinventam suas felicidades. Flores de plástico, de todas as cores e formas, vão sendo adquiridas e devidamente colocadas em jarros.
Rosas, jasmins, violetas, lírios, antúrios, begônias, gardênias, girassóis, calêndulas, camélias, crisântemos, cravos, gérberas, gerânios, hortênsias, hibiscos, flores e mais flores.


Flores e mais flores, mas todas flores de plásticos. Quando novas, são em tamanha perfeição quem ninguém dirá se tratar de uma reles imitação de coisa tão bela.
Assim as flores de plásticos passam a dar vida aos ambientes domésticos, às salas e demais dependências. Às vezes vão sendo limpas para que a poeira e o pó não as enfeiem.
Mas o tempo das flores de plásticos, ainda que de mais longevidade que as flores vivas, também têm o seu fim determinado. Vão perdendo a cores, os viços, os brilhos.
E de repente as flores de plásticos já estão totalmente esbranquiçadas. Com a fragilidade do plástico, as pétalas vão desprendendo e caindo. Somente os arames ficam.
As hastes de arame das flores de plástico mortas sempre parecem os gravetos dos jardins sem flores. Uma nudez esquelética, feia, entristecida, tendendo a logo sumir.
Agora imaginem um amante das flores, da poesia das flores, do aroma e da beleza das flores, sem as flores vivas nem as flores de plástico? Apenas com o jarro sobre a mesa.
Nada mais triste e doloroso que um jarro sem flores. Mas eu tenho um jarro sobre a mesa que é assim: triste e doloroso. Mas ali permanece para aumentar minha dor.
Não posso regar, não posso tocar, não posso limpar, não posso adubar, não posso fazer nada, eis que ali somente um jarro. E jarro este que jamais teve sequer uma flor no seu interior.
O que faço, então, para não entristecer e sofrer mais ainda perante as flores inexistentes? Simplesmente passo a avistar flores onde eles não existem. E muitas flores.
Ao me aproximar da mesa, ao invés de me deparar com a certeza da inexistência de cores, aromas e belezas, eu quase crio um verdadeiro jardim florido no olhar.
Mesmo sem uma flor sequer, para mim elas estão ali. Então, nesse devaneio que nada mais é que forjamento de uma realidade, eu me sinto poeta, sinto-me feliz e feliz.
E assim, passo a ter diante de mim rosas, jasmins, violetas, lírios, antúrios, begônias, gardênias, girassóis, calêndulas, camélias, crisântemos, cravos, gérberas, gerânios, hortênsias, hibiscos, flores e mais flores.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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EU "MAIS" ADÍLIA... MAIS UMA PAIXÃO DIVIDIDA COM VOCÊS!

Por Aderbal Nogueira

Há pouco, Rangel Alves da Costa, filho do querido amigo Alcino, postou uma matéria sobre Adília.
Eu também tive o prazer de estar com Adília várias vezes, entre elas estive ciceroneado pelo nosso grande Alcino, uma visita cheia de emoção.

Rangel prova que, filho de peixe, peixinho é. Adília realmente era uma pessoa cativante.

Confiram um destes momentos.



Lampião Aceso comenta 

Mestre Alcino sua disposição ainda é a mesma, mas os cabelos... quanta diferença? Maldita evasão capilar!  

Quando estive lá, em outra ocasião, ela nos falou dos açoites de bala que recebeu, inclusive um na testa. Mais uma vez, parabéns à família de Alcino que, pelo andar da carruagem, a tradição vai continuar. Já que falei de Alcino queria fazer aqui uma homenagem a quatro pessoas que formam os pilares de sustentação dessas histórias cangaceiras, que sustentam essa grande mesa, que são: Antônio AmauryAlcino CostaPaulo Gastão e Frederico Pernambucano; cada qual dentro da sua alçada, um pelo tempo, outro pela proximidade, outro pela luta e pela garra e o outro pela extrema destreza em nos mostrar a saga do Cangaço.

Parabéns aos mestres. 
Sem vocês a história não seria a mesma.

*Aderbal Nogueira é pesquisador, documentarista.
Fortaleza-CE

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Can%C3%A1rio

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CAFÉ PATRIOTA LANÇA “BRASILIDADE, UM CANTO DE AMOR À PÁTRIA”

Por Manoel Severo

Aconteceu no último sábado, dia 9 de março, o lançamento do livro “Brasilidade, um canto de amor à Pátria”, obra organizada pelo Café Patriota e que reúne as poesias selecionadas no II Concurso Literário e conteúdo sobre História do Brasil. O CEO Lincoln Chaves realizou a abertura do evento, apresentando o projeto cultural Café Patriota - um projeto de propagação do conhecimento. Anapuena Havena, diretora cultural, apresentou a obra e demonstrou todo o seu significado, desde o motivo da escolha da capa - missa campal em ação de graças pelo fim da escravidão no Brasil - e o conteúdo do livro, dividido em quatro capítulos.

Patrick Beserra, advogado e presidente do Clube Abolição, fez uma brilhante palestra sobre o “Ceará - Terra da Luz” : o processo de fim da escravidão no Ceará e seu pioneirismo (tema do último capítulo do livro). Por fim, o advogado e poeta Max Alan Parente declamou sua poesia “Pátria de todos os tempos”, presente na obra. Aconteceu também a entrega de certificados aos autores selecionados no II Concurso Literário Café Patriota.


Brasilidade, um canto de amor à Pátria - uma obra que reúne poesia e História do Brasil, e propaga poesia dos talentosos poetas 
da Terra da Luz.

Autores selecionados do II Concurso Literário Café Patriota:

Anna Beatriz de Oliveira Gomes 
Bruno Paulino do Nascimento 
Cássia Regina de Almeida do V. Dantas 
Daniel Silva Marques 
Dárcio Jânio Macedo Barbosa 
Francisca Íris Cavalcante Costa 
Francisco José Pessoa de Andrade Reis 
Luciom Caeira 
Marcos Vitor Chaves Conrado 
Max Alan Parente Azevedo 
Sabrina Souza Menezes 
Thiago Borges

Autores convidados:

Anapuena Havena 
José Luís Lira 
Lincoln Chaves

Café Patriota
Fortaleza, Ceará

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NOITE DE HOMENAGENS A MELQUÍADES PINTO PAIVA E LINHARES FILHO

Por Manoel Severo

A noite desta terça-feira, dia 12 de março, marcou o encontro do GEEC-Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará junto com a Academia Lavrense de Letras e o Cariri Cangaço numa grande homenagem a duas das mais festejadas personalidades do mundo acadêmico e intelectual cearense. No apartamento do casal; Professor Doutor Melquíades Pinto Paiva e Arair Pinto; na cidade de Fortaleza, reunimos confrades e confreiras das três instituições em uma noite memorável de plena celebração. 

Poeta Linhares Filho e Mariazinha, Manoel Severo e Ingrid Rebouças
 Ingrid Rebouças e Angelo Osmiro
 Fátima Lemos, Arair Pinto, Francisca, Cristina Couto e Ingrid Rebouças

Tendo a frente o presidente do GEEC, escritor Ângelo Osmiro, deu-se inicio ao encontro com os tradicionais informes sobre as  mais recentes novidades do universo do estudo e pesquisa do cangaço; em seguida o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo Barbosa trouxe os principais pontos e programações do Cariri Cangaço para este primeiro semestre de 2019, “teremos o espetacular Cariri Cangaço Quixeramobim em Maio, nossa festa de 10 anos em Julho, no cariri cearense, além de uma agenda intensa de abril a junho no Café Patriota” relembra Manoel Severo Barbosa.

Presidente da ALL, Cristina Couto outorga 
a Medalha Fideralina Augusto Lima a Melquíades Pinto Paiva

Dando prosseguimento à noite, o anfitrião, professor doutor Melquíades Pinto Paiva deu as boas vindas aos convidados para logo em seguida a presidente da Academia Lavrense de Letras, escritora Cristina Couto iniciar a solenidade que iria homenagear o pesquisador e escritor Melquíades Pinto Paiva e ao poeta Linhares Filho, ambos saudados por Cristina Couto e pela vice-presidente da ALL Fátima Lemos.

A Academia Lavrense de Letras outorgou a Medalha Fideralina Augusto Lima a um de seus biógrafos, justamente o anfitrião da noite, Melquíades Pinto Paiva, que em suas palavras ressaltou toda sua emoção: “Em toda minha vida já recebi inúmeras homenagens e inúmeras medalhas, mas nenhuma me toca tanto como a que eu recebo nessa noite”. Já o poeta Linhares Filho, recebendo as homenagens pela passagem de seus oitenta anos de vida pode confirmar todo o seu amor ao “torrão natal” Lavras da Mangabeira, tão bem representada no conjunto da obra literária do “Príncipe dos Poetas Cearenses”. 

A presença feminina na noite de homenagens...
 Manoel Severo, Professor Rui Martinho e Cristina Couto
Arair Pinto e Ingrid Rebouças 
 Os Homenageados da Noite
 Afrânio Cisne, Ingrid Rebouças e Antonio Tomaz
Ezequias Aguiar, Manoel Severo e Ângelo Osmiro
João de Lemos e Ingrid Rebouças

Ao final foi oferecido pelo casal Melquíades Pinto Paiva e Arair Pinto um coquetel aos convidados.

Fortaleza, 12 de Março de 2019

http://cariricangaco.blogspot.com/2019/03/noite-de-homenagens-melquiades-pinto.html

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QUEM APAGOU O LAMPIÃO ? ELE REVELA !!

Frederico Pernambucano de Melo

Clique no link abaixo para assistir ao vídeo:

https://gshow.globo.com/programas/conversa-com-bial/noticia/apos-80-anos-maior-pesquisador-do-cangaco-brasileiro-descobre-verdadeiro-assassino-de-lampiao.ghtml

Maior autoridade quando o assunto é o cangaço brasileiro, Frederico Pernambucano de Mello revelou a identidade do assassino de Lampião durante o Conversa com Bial desta terça-feira, 13/11. Lançando o livro "Apagando Lampião - Vida e Morte do Rei do Cangaço", o pesquisador afirmou que o carrasco do Virgulino Ferreira da Silva foi o soldado alagoano Sebastião Vieira Sandes. A bala bateu na lâmina do punhal e atingiu a região umbilical esquerda do cangaceiro:

"Foi um tiro só".

"Ele não morreu em combate. Foi em uma operação de comando, que precede o combate em poucos segundos".

"O local estava em silêncio absoluto, no amanhecer do dia. Depois desse disparo, estronda um tiroteio de 20 minutos".

Frederico Pernambucano de Mello desvendou mistério sobre morte de Lampião — Foto: TV Globo

Integrante da tropa do tenente João Bezerra o sobrinho-neto da Baronesa de Água Branca era um antigo companheiro de costura do marido de Maria Bonita. Sandes foi amarrado até o local onde efetuou o disparo para apontar o líder dos cangaceiros ao aspirante Pedro de Cândido:

"Sandes era alfaiate de couro quando conheceu Lampião em 1934. Eles costuravam juntos."

"Pedro pensou em atirar com uma metralhadora alemã, mas chamou o soldado que portava um fuzil".

A revelação foi feita pelo próprio Sandes a Frederico em 2013. Na ocasião, ele havia descoberto que tinha pouco tempo de vida por causa de um aneurisma inoperável:

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FICTÍCIO. NÃO USE ESTE MATERIAL NA LITERATURA LAMPIÔNICA. MUITO EMBORA TÊM VERDADES TAMBÉM

Por José Mendes Pereira

O CANGACEIRO “DESOBEDIÊNCIA” ESCREVE PARA O PAI.

Lá no cangaço ninguém tinha uma vida boa. O que existia ali e desejada era simplesmente a influência dos jovens entrarem naquela maldita empresa de cangaceiros do perverso e sanguinário capitão Lampião e usarem aquelas vestes coloridas, armas e chapéus enfeitados com moedas, ouro e pratas. Um mundo conhecido por quem lá já estava, mas totalmente desconhecido por aqueles que queriam participar dele. Muitos que entraram era como se tivessem feito um concurso para concorrerem uma vaga naquela empresa de facínoras, e os que conseguiam, de início, era como se ganhassem um valioso troféu. E na verdade, ganhavam mesmo! Um inferno quase sem volta.

O jovem que pedisse para sair daquele inferno estava sujeito a ser morto pelos seus amigos, a mando do chefe maior, que era o capitão Lampião. Ele não admitia sujeitos que fossem admitidos na sua "Empresa de Cangaceiros Lampiônica e Cia", e dias depois, pedia para ser demitido.

Aquele que adquiria a sua vaga se sentia feliz, porque, mesmo sabendo que a partir daquele momento, deixaria de ser um homem honesto, mas o orgulho estava presente na sua face, que seria admirado por todos os outros que almejavam um cantinho ali.

E o jovem que ainda não tinha chegado a sua oportunidade aguardava qualquer dia ser mais um daquele grupo de cangaceiros. O melhor para entrar nela era ficar contra as volantes policiais da época, que segundo os pesquisadores, maltratavam os sertanejos para que entregassem os bandidos de qualquer jeito, e dizem que elas eram mais violentas do que os próprios cangaceiros. Elas mataram sertanejos, incendiaram currais e mataram animais no pasto, na intenção de criminar mais ainda o próprio capitão Lampião.

Com estes feitos tristes, e muitas vezes, eram mortos sertanejos pelas volantes policiais, tentando fazer os sertanejos ficarem contra os cangaceiros. Mas que na verdade, nem todos os acontecimentos tristes eram praticados pelo grupo de cangaceiros do capitão Lampião.

O cangaceiro “Desobediência” desejoso para usar aquelas vestes e sem muito esforço, entrou na empresa de cangaceiros do capitão. Mas com o passar dos dias, “Desobediência” viu que se enganara. Tantos conselhos recebera do velho seu pai e da sua mãe, que não se cansaram de alertá-lo, que aquela vida de malfeitor não era para ele. Eram pobres, mas muito honestos. O mundo do cangaço nada mais tinha do que decepções, mortes, roubos, estupros, vinganças injustas, combates a todo momento, e, principalmente ele, participar daquele inferno, quando não tinha a mínima coragem para matar uma peçonhenta caranguejeira.

Mas o “Desobediência” não importou com os conselhos do pai e da mãe, e dias depois, era mais um que por onde passava tirava a tranquilidade dos sertanejos. Por último, sem condições de desistir daquele inferno “Desobediência” resolveu escrever uma cartinha para os pais, e informá-los como estava arrependido da sua desobediência. E para que a carta chegasse até às mãos dos amados pais, ela foi entregue a um dos coiteiros do capitão Lampião, para que ele fizesse chegar até lá. E em mãos, dias depois, ela foi entregue aos velhos sofridos pais do "Desobediência".

"Queridos pais:

Aqui dentro das caatingas não há como datar esta carta, porque não tenho a mínima ideia em qual Estado do Brasil eu estou. Nós vivemos constantemente saltando de lugar para outro, e geralmente é em correria, porque as forças volantes não nos dão trégua. Antes de deixar esta vida terrena, porque quem entra na empresa do capitão Lampião, não tem muita esperança de um dia voltar para abraçar os seus amados e queridos pais, irmãos e amigos, quero pedir desculpas ao senhor e a mamãe pela minha desobediência. Não sei se quando esta carta chegar aí, eu ainda esteja vivo.

Pai, o velho ditado diz que: "o risco que corre o pau, corre o machado". Está comprovado que é mais do que verdade pai, porque o que eu vi nos poucos combates que tenho participado como empregado da Empresa de Cangaceiros Lampiônica e Cia, os perigos são para ambas as partes. O grupo de cangaceiros está mais para uma alcateia de lobos sanguinários do que para facínoras. Todos são iguais, com as mesmas naturezas, malvados e perversos ao estremo.

Tenho visto amigos sendo tragicamente atingidos por balas lançadas pelas volantes policiais, e ali mesmo morrem, porque não há como socorrê-los. As volantes policiais não nos dão uma pequena chance para um possível socorro aos nossos amigos cangaceiros feridos.

Nos momentos dos ataques aos policiais sempre estou ao lado do capitão Lampião, mas fico um pouco distante, e por ele ser cego do olho direito, sempre faço o fogo para os ares, porque como vocês sabem muito bem, eu não tenho coragem para matar ninguém, e enquanto o capitão não perceber a minha astúcia de não atirar em direção ao alvo, eu vou atirando para cima.

Meu amado pai, todas as noites lembro muito daí. Vejo a minha mãe na cozinha fazendo o jantar do senhor, enquanto pegas uma bacia com água, uma toalha e a põe no ombro e vai para o terreiro da frente da casa, lavar os seus pés encardidos do barro vermelho que rodeia a nossa pequena fazenda.

Vejo as minhas irmãs, todas de cabisbaixas, como se estivessem com muita saudade de mim Vejo os nossos amigos chegando em nossa casa, para no terreiro da frente, palestrarem em rodas, ou até mesmo falando dos animais, das lavouras.

Tenho saudade daquele lugar na sala da frente da nossa casa que eu armava a minha rede para dormir tranquilo a noite toda. Aqui não existe isso. Tenho que dormir em qualquer lugar do coito nessa caatinga, no chão, cheio de pedregulhos, misturado com insetos que hão de aparecer no decorrer da noite. Lembro que ao entardecer, em nossa fazenda, eu saía para campear o gado graúdo, e o senhor se encarregava de campear o gado miúdo, tangendo-o para o chiqueiro.

Meu pai, aqui neste inferno que eu escolhi por decisão própria, assim que o sol se prepara para ir se deitar, e a escuridão da noite começa, apodero-me de um tédio invencível, por saber que talvez nunca mais terei a liberdade que eu tinha por aí, participando das festas, passeando pelas casas onde por lá vivem as donzelas que tanto me admiravam. As brincadeiras entre amigos, o jogo com bolas feitas de meias e enchidas com retalhos de tecidos que minha mãe sempre me arranjava. Os banhos nos rios e lagoas, as pescarias, as corridas em montarias, as caças aos pássaros com estilingues, as perseguições aos tatus e pebas com espingardas... Aqui, se não for para comer, ninguém mata pássaros e caças, porque toda munição é poupada para atirar nas volantes policiais, e a alguns sertanejos que estão marcados para morrerem, determinados pelo capitão Lampião.

Desde o dia em que eu vim para esta maldita empresa de cangaceiros a vida deixou de me ver com bons olhos. Arrependo-me de não ter tomado os seus importantes conselhos, e lembro-me muito bem, que no alpendre da nossa humilde casinhola, o senhor me aconselhava e relatava sobre a vergonha que iria ter de mim, porque a partir daquele dia, eu passaria a ser um jovem considerado como ladrão, e principalmente, discriminado por toda vizinhança.

Pai, o mundo do cangaço não é para qualquer um. No primeiro dia que cheguei à empresa do capitão Lampião presenciei uma briga de dois cangaceiros, que deste cedo, eles se desentenderam. Todo coito estava atento às suas discussões. Enquanto discutiam verbalmente, tudo ia bem, até o capitão também assistia, parado, quase irado, como se estivesse engasgado, mas quando ambos preferiram armas, o capitão que os observava, levantou-se do lugar que estava e deu um grito tão forte dizendo-lhes:

- Ei, ei, ei seus cabras da peste! Soltem as armas, suas duas pestes safadas! Não têm vergonha de brigarem por coisas banais?

E de imediato, eles desistiram das armas com medo da suçuarana humana.

Ele enfrentou os dois sem nenhuma arma na mão. Pai, imagina bem se um deles matasse o capitão Lampião e o inferno que sugeria dentro do coito, hein? Os amigos do capitão querendo vingar, ou também poderia ser ao contrário. A confusão seria pelo bornal do capitão, pois era nele que estavam as suas riquezas. Tenho certeza que se isso tivesse acontecido eu entrava nas matas em busca de casa para nunca mais voltar a este inferno mundo.

Vi também certa noite quando o cachorro do capitão foi ferido por um amigo do coiteiro de Lampião chamado Adalto. Lampião havia convidado o ourives Messias para fazer uma reparo geral nas riquezas (joias) de toda cangaceirada. Como o Messias não quis ir só ao reino da majestade porque era noite, convidou o coiteiro Manoel Félix para acompanhá-lo. Este se deu pronto, e de imediato chamou o seu irmão, o Adauto, para juntos irem até a corte do respeitado rei.

E assim que o cangaceiro Juriti viu o ourives e os dois irmãos tomou-lhes a frente, fazendo graça e se requebrando. Adauto tentando ultrapassar para se desviar dele, uma bolsa que no momento conduzia em uma de suas mãos atingiu a cabeça do cachorro de Lampião, ferindo-o de imediato. O cão ficou uivando como se estivesse pedindo a Lampião que vingasse aquela maldade feita contra ele. E seringadas de sangue saíam por uma das suas orelhas. Temendo ser justiçado por Lampião, Juriti gritou que tinha sido o Adauto que ferira o cachorro. E como uma fera, Lampião agarrou o seu amado e perverso mosquetão e partiu para cima do pobre homem. O coitado esmoreceu de repente, e não sabia o que fazer.

Maria Bonita, como sempre, protetora dos inocentes, agarrou-o, implorando que tivesse paciência, pois não se matava um homem só porque tinha ferido um cachorro. E ainda lhe dizia que ele parecia que tinha enlouquecido.

Maria Bonita foi a grande sossega leão de Lampião, pedindo-lhe que não fizesse tantas maldades contra as pessoas. Algumas vezes, ele ficava nervoso com coisas banais, e com essa fúria, além do normal, ela estava sempre ao seu redor para evitar tamanha atrocidade. Ela sabia que muitas vezes, as suas maldades eram justas. Mas outras, praticava pela natureza cruel que ele era dono. Se ela não tomasse as dores de alguém para si Lampião se tornaria um bandido sem causa e sem ética.

Assim que Lampião violentou Adauto o seu amigo e fiel companheiro, o Luiz Pedro, correu e o colocou sobre sua proteção, amparando-o em suas costas. E de lá, ficou acalmando a suçuarana humana, pedindo-lhe que não se estressasse, deixasse o rapaz aos seus cuidados. E ainda lhe dizia: “-Não faça isto compadre! não faça isto!...”. Mas Lampião estava fora de si. Queria matá-lo por ter ferido o seu cachorro, que para ele, era como se fosse um amado filho. E ainda dizia: “- Olhe o sangue Maria! Olhe o sangue Maria, no bichinho!”.

Um outro fato engraçado pai, foi certo dia o capitão dormia no chão apenas protegido por um pedaço de lona. E pouco tempo, chegou o cangaceiro Zé Sereno com um bode às costas que havia pego na mata para que ele fosse morto e preparado para o jantar de toda cabroeira. Ele não calculou o tamanho da corda que estava presa ao pescoço do animal. E assim que ele desceu das suas costas o bode fez carreira em busca do capitão fazendo com que ele acordasse assustado.Ele levantou do chão com uma ira dos diabo e partiu para cima de Zé Sereno dizendo-lhe:

- Solte esta peste, sua égua! - Disse isso o capitão no mais alto grito.

Meu pai, tenho plena certeza que o capitão Lampião é o marginal mais valente que já existiu no mundo. Simplesmente porque, não tem ninguém por ele no cangaço, somente a Maria Bonita. Alguns cangaceiros têm irmãos, tios e primos no bando, e o capitão é somente ele, e além do mais, autoridade só quem tem é ele. Isto poderá irritar algum cangaceiro. Maria Bonita é a sua esposa, e se algum cangaceiro matar o seu companheiro, ela como mulher, nada poderá fazer. Também não é sangue dela.

Pai, e não será nunca difícil que isto possa acontecer no grupo de cangaceiros do capitão Lampião para tentarem matá-lo, porque ele é tão rico que carrega consigo um bornal, que dentro dele, eu calculo que tenha aproximadamente 5 quilos de ouro. Isto em joias. E o senhor sabe, a ganância é o chapéu do diabo. Quem sabe, se algum dia alguns cangaceiros organizem este plano de matar o capitão Lampião, só para roubarem as suas riquezas?

Vou findar por aqui, pai! Lembranças e um abraço bem forte na minha querida mãezinha, e diz pra ela que se seu filho escapar por aqui, um dia fugirá e vai dar-lhe uma abraço bem apertado.

Lembranças às minhas irmãs e alerta a elas que não entreguem as suas virgindades a certos malandros daí, principalmente ao filho da puta do Zé de Nequim, porque ele não merece ser esposo de nenhuma delas. E se eu consegui sair deste inferno e se ele tiver mexido no que não deve de algumas das minhas irmãs eu vou fazer igual o que Lampião fez com o Batatinha, capá-lo.

Seu amado filho Desobediência".


Informação ao leitor: Sobre o bode e o cachorro de Lampião não é criação minha, eu escrevi baseado no que conta Alcindo Alves Costa em seu livro "Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico". Para você adquiri-lo entre em contato através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

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