Dona
Ermelinda que foi minha professora do primário, e seu Afonso protagonizaram um
namoro de mais de 48 anos, e que fez parte da paisagem das praças de POMBAL.
Seu
Afonso e dona Ermelinda
Muitos antes
de eu nascer Dona Ermelinda e seu Afonso já namoravam. Eu saí de Pombal em
1978 com 17 anos, e diziam que aquele namoro já vinha de 35 anos atrás.
Todas as
noites era possível ver o casal sentado na Praça Mons. Valeriano namorando ou
de mãos dadas na Getúlio Vargas.
Já velhos,
finalmente se casaram, mas pouco tempo depois seu Afonso morreu e em seguida
Dona Ermelinda sucumbiu a saudade.
Vi num retrato uma menina de olhos tristes. Aliás, eu conheço essa menina de olhos tristes. Eu a fotografei no domingo passado, enquanto partilhava um bolo de aniversário com outras crianças. Fotografei aqueles meninos e somente depois, com mais atenção e cuidado, foi que percebi a diferença daquele olhar para os outros olhares da mesma infância.
Em todas as demais crianças retratadas, sempre o sorriso no olhar, na boca, nas feições alegres. Mas não naquela menina. Nos retratos, as outras meninas e o menino olham para a câmera em pose, desejando realmente mostrar suas alegrias naquele momento. Mas aquela menina não. Ainda que estivesse bem ao lado dos demais, seu olhar parece distante, vago, apenas entristecido. O que avistará de tão diferente aquele olhar sem sorrisos?
Naquele momento, ouvi alguém pronunciando o nome daquela menina, tendo nove ou dez anos. De agora em diante a chamaria apenas de K., e uma inicial que bem poderia ser a palavra de qualquer nome: Maria, Zefinha, Lúcia, Gabriela, Joana, Filó, Clotilde... Mas apenas K. E esta menina, com seu jeito um tanto distante de tudo, quase como alheia àquela realidade, ainda que todas as demais crianças ali fossem suas amigas, fez lembrar o outro lado da meninice, ou primeira adolescência, ainda oculta para muitos.
K. é uma menina linda. De cabelos negros, lisos, longos, porém presos na altura do pescoço, de pele clara e olhos negros, a única diferença para as demais crianças estava mesmo no olhar, e que olhar mais continuamente entristecido o dessa menina. Mas nessa menina algo que a tornava diferente de suas amiguinhas: a roupa. Enquanto as outras estavam prontinhas, arrumadinhas, com roupas apropriadas para um aniversário de um amiguinho, a menina usava uma blusinha envelhecida e uma saia de mesma idade. Será que por isso seu olhar tão entristecido?
Não. Creio que não. O olhar entristecido da menina é o mesmo olhar tristonho de muitas outras meninas que existem por aí. Por diversas razões, são meninas que nascem com sóis no olhar e depois os brilhos alegres vão mudando de cor. Luas e arco-íris no olhar, mas depois as réstias sombrias de vidas sofridas. K. é de família pobre, não tem sempre comida à mesa, não tem roupa nova de festa, não tem lanche na geladeira e nem tem qualquer coisa que toda que toda criança deseja ter.
K. tem muitos irmãos. Sua mãe é nova, mas já parecendo envelhecida das durezas da vida, mas também por que todo ano engravida e todo ano mais um filho sai de suas entranhas. Logo depois de K. há uma irmã, logo antes há um irmão, e assim numa escadinha de filhos que se juntam na pobreza e em todas as dificuldades de sobrevivência. Daí que conhecendo a família da menina, já sabendo das carências tantas que passam no dia a dia, eu não poderia esperar sorrisos e gestos de contentamento, ainda que apenas de uma criança.
K. quase não aceitou acompanhar os demais coleguinhas na festa de aniversário. Os outros estavam prontinhos, bem vestidinhos, e ela não. Quando eu a avistei, logo senti a diferença. Queria se manter afastada, nada falava, não esboçava um sorriso, não compartilhava em nada daquele momento de felicidade para os demais. Na hora da fotografia, por mais que insistissem para que ela sorrisse nada adiantou. Ela se manteve triste e com olhar entristecido. Bebeu refrigerante, comeu bolo e salgadinho, mas como se estivesse num meio totalmente desconhecido. E os demais coleguinhas são todos moradores dos arredores de sua casa.
Por que K. não sorriu? Ainda hoje, já passados mais de um mês, continuo me perguntando por que a menina não sorriu. E depois disso, olhando fotografias de crianças pelo mundo, eis que avistei muitas K. por todo lugar. Meninas e adolescentes expulsos da pátria e lançadas ao mar como refugiadas, crianças famintas por diversas regiões do planeta, adolescentes estupradas e feridas na alma bem aqui e acolá, vidas em flor sofrendo desmerecidas agruras. Crianças, adolescentes, meninos e meninas, vivendo em palafitas, no dia a dia ao lado de lixões, amanhecendo e anoitecendo em meios sangrentos, tendo que suportar navalhas na carne e açoites no corpo. Qual sorriso que tais crianças podem ter?
Não será uma boneca que fará a menina K. sorrir. Certamente ela tem uma boneca de pano. Não será um vestido novo, bonito, que fará a menina sorrir. Ela poderá ficar contente por uma instante, por receber aquilo que sempre foi tão distante de si. Mas depois voltará a ter o olhar entristecido novamente. Sentirá a mesma fome que seus irmãos, sentirá as mesmas carências que sua família. Ora, se seu mundo é triste, se seu mundo é melancólico e aflitivo, como espera que viva sorrindo?
Juro que tudo eu faria para afastar a tristeza dos olhos daquela menina. Mas meu presente, meu pão ou minha presença, pouca valia terá quando os olhos entristecidos de todas as crianças do mundo possuem dolorosas razões para continuarem assim.
A BIBLIOTECA MUNICIPAL NEY PONTES DUARTE, TEM A MÁXIMA HONRA DE PODER CONTAR COM A VOSSA PRESENÇA PARA PRESTAR HOMENAGENS AOS ESCRITORES POTIGUARES POR OCASIÃO E PASSAGEM E COMEMORAÇÃO AO "DIA NACIONAL DO ESCRITOR".
O EVENTO SERÁ REALIZADO NO DIA 25 DE JULHO AS 09H00, NO AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL NEY PONTES DUARTE, LOCALIZADA NA PRAÇA DA REDENÇÃO DORIAN JORGE FREIRE, 17 - CENTRO, MOSSORÓ.
BIBLIOTECA
MUNICIPAL NEY PONTES DUARTE
CONTAMOS COM A SUA HONROSA PRESENÇA!
PS: ESTE CONVITE ESTENDE-SE A TODAS OS MEMBROS DAS INSTITUIÇÕES CONVIDADAS.
MARIA DAS GRAÇAS HENRIQUE.
- DIRETORA ADMINISTRATIVA E DE ESTABELECIMENTO -
PRAÇA
DA REDENÇÃO DORIAN JORGE FREIRE COM DESTAQUE PARA A ESTÁTUA DA LIBERDADE E A
BIBLIOTECA MUNICIPAL NEY PONTES DUARTE, AO FUNDO
Humberto Paz, Lili Neli (NELI
(Lili) CONCEIÇÃO) e José
Romero de Araújo Cardoso.
NELI CONCEIÇÃO
foi apresentada a mim pelo nobre pesquisador, escritor, professor da
Universidade Estadual do RN, JOSÉ ROMERO DE ARAÚJO CARDOSO conferencista que
abriu o grande evento CARIRI CANGAÇO DE PRINCESA (PB)/2015.
Esta doce e
meiga senhorinha é NELI (Lili) CONCEIÇÃO, filha do casal Moreno e Durvinha que
pertenciam a bando de Virgulino LAMPIÃO e que não estavam presentes por ocasião
da chacina que pôs fim à saga do famoso cangaceiro em 28 de julho de 1938, na
grota de Angico, no Estado de Sergipe (quando foram mortos Lampião, Maria
Bonita e mais nove componentes do bando).
Tive a honra e o privilégio de
conhecê-la por ocasião do grande evento CARIRI CANGAÇO DE PRINCESA ISABEL- PB
/2015.
A cabeça de Lampião que na época encontrava-se exposta no Museu do Instituto
Médico-Legal Dr. Nina Rodrigues em Salvador/BA. Fotografia:
Acervo do confrade Voltaseca Volta
... que em
Angico Lampião foi alvejado por três tiros?
Um dos
projéteis atingiu a região do baixo ventre do cangaceiro e um segundo pegou um
pouco acima do peito esquerdo nas proximidades do coração.
Panta de Godoy
Um terceiro tiro foi
disparado pelo então Soldado Panta de Godoy, quando Lampião já se encontrava
caído e agonizando. O tiro disparado pelo Soldado atingiu a face de Lampião e o
projetil saiu através da calota craniana.
Por Auris Martins Prof.
UERN. (Fonte: facebook pessoal em 02/07/2017.
MCJ é o mesmo
que concordar com um pai de família que vai pro bar beber cachaça e deixa
esposa e filhos em casa sem ter o que comer.
Os grandes
lucram com o MCJ. Mas, o município de Mossoró agoniza por falta de incentivo
aos micro e pequenos empresários, clama por empregos inexistentes, clama por
desenvolvimento sustentável. Nosso município historicamente, o que não era pra
ser, sempre pegou carona no ir e vir da economia nacional; e esta quando está
em momentos de crise, aqui os efeitos são destrutivos.
Pedintes na
rua fazia muito tempo que não víamos perambulando por aí. Hoje é só o que
vemos, pessoas humilhadas sem fé e sem esperança, entregues ao "Deus
dará".
A situação dos
trabalhadores da saúde e educação, bem como condições dignas de trabalho só
olhando para crer, um descaso a cada dia pior. Nas escolas municipais ninguém
vê sequer segurança para alunos e professores. Recentemente houve um arrastão
numa escola pública onde o terror lá imperou. Nas UPAs o pânico nos plantões
noturnos é flagrante. O servidor público municipal sai de casa para trabalhar e
não sabe sequer se vai voltar vivo para o seu lar.
A iluminação
pública em Mossoró só vemos na conta de luz, na taxa que religiosamente
pagamos. Os holofotes, as luzes, câmeras, e ação são só para o MCJ. Nos bairros
mais periféricos, a escuridão impera, dando aos assaltantes as condições ideais
para a prática dos seus crimes. A Avenida Presidente Dutra, o portão de entrada
de quem vem da capital nos visitar, está completamente às escuras. O visitante
deve dizer, "imagine na periferia da cidade". Quem vem de Fortaleza
para Mossoró de imediato se depara com o breu total.
Os buracos nas
ruas asfaltadas ou com paralelepípedos danificados depreciam os veículos dos
contribuintes e nada é feito, e não adianta reclamar. Tirar dinheiro para
consertar os veículos ninguém sabe de onde, mas é o que vemos como algo comum
carros danificados por onde trafegamos.
No âmbito da
segurança pública melhor não falar, mas tenho que falar também. Pois, se o foco
dos gestores municipais fosse prestar serviços para o povo, poderiam ser feitas
parcerias entre prefeitura e o poder público estadual, outro omisso de rinchar
como diz o jargão popular. Mas, infelizmente nada é feito. Até dentro de casa
os munícipes são assassinados. Já ocorreram assassinatos no MCJ, e hoje não
mais vimos este tipo de crime lá, mas apenas uns 100 (cem) assaltos e furtos;
só isso ironicamente falando.
Geração de
emprego não deveria ser viabilizar a um ambulante, sem perspectiva na vida de
arrumar um trabalho decente, ter que trabalhar quase 24 horas varando madrugada
a dentro no MCJ para vender latas de cerveja ou água mineral, e ganhar uns
míseros trocados. Geração de emprego aqui é dar mais de meio milhão antecipado
a cantores fúteis e bandas ridículas, que sequer cantam canções tradicionais
das festas juninas, mas imundícies que doem no ouvido menos refinado.
Outra forma de
se gerar emprego aqui tem sido doar terrenos e doar tudo mais o que se pode
imaginar para grandes empreendimentos em troca de algumas dezenas de empregos
de um salário mínimo, para depois os empreendimentos desviarem os seus lucros
para a região de sua matriz; e ficamos calados e passivos sem cobrar aquilo que
cabe a prefeitura para fomentar sua economia.
Meio ambiente,
outro caos. O rio Mossoró não agoniza, está morto. Um cadáver que fede no
centro da cidade. O lixo toma conta da cidade porque a estrutura está bem aquém
da demanda. Recentemente o Aterro Sanitário exalou um fedor insuportável que
era sentido em mais da metade da cidade. Quem minimamente entende de meio
ambiente sabe que aterro sanitário não emite fedor. Em nossa cidade descuidada
sim, chegou a emitir. Eu, Auris Martins de Oliveira, com mais algumas pessoas,
tive que formalizar denúncia por escrito deste fedor insuportável na Promotoria
do Meio Ambiente, no Ministério Público do RN, e imediatamente cessou este
desrespeito, esta agressão ambiental, de proporções macro.
Noutro
aspecto, admiro os festejos juninos, sinceramente. Acho bonito as danças
tradicionais, gosto da comida de nosso povo, acho bonita nossa cultura. Sou
nordestino e me orgulho disto. A peça teatral Chuva de Balas é de um
profissionalismo magistral, só que poderia ser no Teatro Municipal Dix-Huit
Rosado, que custou milhões e milhões aos cofres públicos e fica lá,
sub-utilizado. Mas, a megalomania de alguns colocou a peça no "palco"
onde aconteceu efetivamente/realmente o embate com Lampião. Quanta asneira às
custas do dinheiro público. Se não tivesse o Teatro Municipal Dix-Huit Rosado
diriam, "uma peça bonita como esta, é feita no meio do tempo, porque
Mossoró não tem apoio da Petrobras para fazer um Teatro". A luta pela
construção deste belo e grande teatro municipal vem desde o início do século
passado, vou repetir, vem desde o século passado. A Petrobras bancou a
construção do teatro com seus recursos. Mas, hoje, a maior peça teatral do
município é feita ao ar livre, e contam isto como uma vantagem. Vá entender...
O fato, para
concluir para um ou dois leitores pacientes, ano que vem tem mais gastança, tem
mais festa e políticos desta vez inclusive pedindo votos. O MCJ acabou e a
farra com o dinheiro do contribuinte também, pelo menos por enquanto. O
dinheiro que foi gasto vai faltar para dar insulina aos filhos dos mossoroenses
com diabetes, comprar as lâmpadas para acabar com o breu em 70% da cidade, dar
um salário digno aos servidores públicos municipais, pagar seus salários em dia
(mas sem se gabar disto, pelo amor de Deus!).
"O pai de
família foi pro bar gastar com cachaça enquanto esposa e filhos estão sem
comida na mesa, e ano que vai vai continuar gastando dinheiro com aquilo que
não é prioridade"... .
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
Eles faziam do assassinato um ritual macabro. O longo punhal, de até 80 centímetros de comprimento, era enfiado com um golpe certeiro na base da clavícula – a popular “saboneteira” – da vítima. A lâmina pontiaguda cortava a carne, seccionava artérias, perfurava o pulmão, trespassava o coração e, ao ser retirada, produzia um esguicho espetaculoso de sangue. Era um policial ou um delator a menos na caatinga – e um morto a mais na contabilidade do cangaço. Quando não matavam, faziam questão de ferir, de mutilar, de deixar cicatrizes visíveis, para que as marcas da violência servissem de exemplo. Desenhavam a faca feridas profundas em forma de cruz na testa de homens, desfiguravam o rosto de mulheres com ferro quente de marcar o gado.
Quase 80 anos após a morte do principal líder do cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, a aura de heroísmo que durante algum tempo tentou-se atribuir aos cangaceiros cede terreno para uma interpretação menos idealizada do fenômeno. Uma série de livros, teses e dissertações acadêmicas lançados nos últimos anos defende que não faz sentido cultuar o mito de um Lampião idealista, um revolucionário primitivo, insurgente contra a opressão do latifúndio e a injustiça do sertão nordestino. Virgulino não seria um justiceiro romântico, um Robin Hood da caatinga, mas um criminoso cruel e sanguinário, aliado de coronéis e grandes proprietários de terra. Historiadores, antropólogos e cientistas sociais contemporâneos chegam à conclusão nada confortável para a memória do cangaço: no Brasil rural da primeira metade do século 20, a ação de bandos como o de Lampião desempenhou um papel equivalente ao dos traficantes de drogas que hoje sequestram, matam e corrompem nas grandes metrópoles do país. Guardadas as devidas proporções, o cangaço foi algo como o PCC dos anos 1930.
Cangaceiros e traficantes
Foram os cangaceiros que introduziram o sequestro em larga escala no Brasil. Faziam reféns em troca de dinheiro para financiar novos crimes. Caso não recebessem o resgate, torturavam e matavam as vítimas, a tiro ou punhaladas. A extorsão era outra fonte de renda. Mandavam cartas, nas quais exigiam quantias astronômicas para não invadir cidades, atear fogo em casas e derramar sangue inocente. Ofereciam salvo-condutos, com os quais garantiam proteção a quem lhes desse abrigo e cobertura, os chamados coiteiros. Sempre foram implacáveis com quem atravessava seu caminho: estupravam, castravam, aterrorizavam. Corrompiam oficiais militares e autoridades civis, de quem recebiam armas e munição. Um arsenal bélico sempre mais moderno e com maior poder de fogo que aquele utilizado pelas tropas que os combatiam.
“A violência é mais perversa e explícita onde está o maior contingente de população pobre e excluída. Antes o banditismo se dava no campo; hoje o crime organizado é mais evidente na periferia dos centros urbanos”, afirma a antropóloga Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e autora do livro A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão. A professora aponta semelhanças entre os métodos dos cangaceiros e dos traficantes: “A maioria dos moradores das favelas de hoje não é composta por marginais. No sertão, os cangaceiros também eram minoria. Mas, nos dois casos, a população honesta e trabalhadora se vê submetida ao regime de terror imposto pelos bandidos, que ditam as regras e vivem à custa do medo coletivo”.
Além do medo, os cangaceiros exerciam fascínio entre os sertanejos. Entrar para o cangaço representava, para um jovem da caatinga, ascensão social. Significava o ingresso em uma comunidade de homens que se gabavam de sua audácia e coragem, indivíduos que trocavam a modorra da vida camponesa por um cotidiano repleto de aventuras e perigos. Era uma via de acesso ao dinheiro rápido e sujo de sangue, conquistado a ferro e a fogo. “São evidentes as correlações de procedimentos entre cangaceiros de ontem e traficantes de hoje. A rigor, são velhos professores e modernos discípulos”, afirma o pesquisador do tema Melquíades Pinto Paiva, autor de Ecologia do Cangaço e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Homem e lenda
Virgulino Ferreira da Silva reinou na caatinga entre 1920 e 1938. A origem do cangaço, porém, perde-se no tempo. Muito antes dele, desde o século 18, já existiam bandos armados agindo no sertão, particularmente na área onde vingou o ciclo do gado no Nordeste, território onde campeava a violência, a lei dos coronéis, a miséria e a seca. A palavra cangaço, segundo a maioria dos autores, derivou de “canga”, peça de madeira colocada sobre o pescoço dos bois de carga. Assim como o gado, os bandoleiros carregavam os pertences nos ombros.
Um dos precursores do cangaço foi o lendário José Gomes, o endiabrado Cabeleira, que aterrorizou as terras pernambucanas por volta de 1775. Outro que marcou época foi o potiguar Jesuíno Alves de Melo Calado, o Jesuíno Brilhante (1844-1879), famoso por distribuir entre os pobres os alimentos que saqueava dos comboios do governo. Mas o primeiro a merecer o título de Rei do Cangaço, pela ousadia de suas ações, foi o pernambucano Antônio Silvino (1875-1944), o Rifle de Ouro. Entre suas façanhas, arrancou os trilhos, perseguiu engenheiros e sequestrou funcionários da Great Western, empresa inglesa que construía ferrovias no interior da Paraíba. ➽
Bonnie e Clyde do sertão
O amor de Maria Bonita e Lampião provocou uma revolução no cotidiano dos cangaceiros
Uma sertaneja amoleceu o coração de pedra do Rei do Cangaço. Foi Maria Gomes de Oliveira, a Maria Déa, também conhecida como Maria Bonita. Separada do antigo marido, o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Neném, foi a primeira mulher a entrar no cangaço. Antes dela, outros bandoleiros chegaram a ter mulher e filhos, mas nenhuma esposa até então havia ousado seguir o companheiro na vida errante no meio da caatinga.
O primeiro encontro entre os dois foi em 1929, em Malhada de Caiçara (BA), na casa dos pais de Maria, então com 17 anos e sobrinha de um coiteiro de Virgulino. No ano seguinte, a moça largou a família e aderiu ao cangaço, para viver ao lado do homem amado. Quando soube da notícia, o velho mestre de Lampião, Sinhô Pereira, estranhou. Ele nunca permitira a presença de mulheres no bando. Imaginava que elas só trariam a discórdia e o ciúme entre seus “cabras”. Mas, depois da chegada de Maria Déa, em 1930, muitos outros cangaceiros seguiram o exemplo do chefe. Mulher cangaceira não cozinhava, não lavava roupa e, como ninguém no cangaço possuía casa, também não tinha outras obrigações domésticas. No acampamento, cozinhar e lavar era tarefa reservada aos homens.
Elas também só faziam amor, não faziam a guerra: à exceção de Sila, mulher do cangaceiro Zé Sereno, não participavam dos combates – e com Maria Bonita não foi diferente. O papel que lhes cabia era o de fazer companhia a seus homens. Os filhos que iam nascendo eram entregues para ser criados por coiteiros. Lampião e Maria tiveram uma filha, Expedita, nascida em 1932. Dois anos antes, aquele que seria o primogênito do casal nascera morto, em 1930.
Entre os casais, a infidelidade era punida dentro da noção de honra da caatinga: o cangaceiro Zé Baiano matou a mulher, Lídia, a golpes de cacete, quando descobriu que ela o traíra com o colega Bem-Te-Vi. Outro companheiro de bando, Moita Brava, pegou a companheira Lili em amores com o cabra Pó Corante. Assassinou-a com seis tiros à queima-roupa. A chegada das mulheres coincidiu com o período de decadência do cangaço. Desde que passou a ter Maria Bonita a seu lado, Lampião alterou a vida de eterno nômade por momentos cada vez mais alongados de repouso, especialmente em Sergipe. A influência de Maria Déa sobre o cangaceiro era visível. “Lampião mostrava-se bem mudado. Sua agressividade se diluía nos braços de Maria Déa”, afirma o pesquisador Pernambucano de Mello. Foi em um desses momentos de pausa e idílio no sertão sergipano que o Rei do Cangaço acabou sendo surpreendido e morto, na Grota do Angico, em 1938, depois da batalha contra as tropas do tenente José Bezerra. Conta-se que, quando lhe deceparam a cabeça, a mais célebre de todas as cangaceiras estava ferida, mas ainda viva.
➽ Lampião sempre afirmou que entrou na vida de bandido para vingar o assassinato do pai. José Ferreira, condutor de animais de carga e pequeno fazendeiro em Serra Talhada (PE), foi morto em 1920 pelo sargento de polícia José Lucena, após uma série de hostilidades entre a família Ferreira e o vizinho José Saturnino. No sertão daquele tempo, a vingança e a honra ofendida caminhavam lado a lado. Fazer justiça com as próprias mãos era considerado legítimo e a ausência de vingança era entendida como sintoma de frouxidão moral. “Na minha terra,/ o cangaceiro é leal e valente:/ jura que vai matar e mata”, diz o poema “Terra Bárbara”, do cearense Jáder de Carvalho (1901-1985).
No mesmo ano de 1920, Virgulino Ferreira entrou para o grupo de outro cangaceiro célebre, Sebastião Pereira e Silva, o Sinhô Pereira – segundo alguns autores, quem o apelidou de Lampião. Como tudo na biografia do pernambucano, é controverso o motivo do codinome. Há quem diga que o batismo se deveu ao fato de ele manejar o rifle com tanta rapidez e destreza que os tiros sucessivos iluminavam a noite. O olho direito, cego por decorrência de um glaucoma, agravado por um acidente com um espinho da caatinga, não lhe prejudicou a pontaria. Outros acreditam na versão atribuída a Sinhô Pereira, segundo a qual Virgulino teria usado o clarão de um disparo para encontrar um cigarro que um colega havia deixado cair no chão.
O cangaço não tinha um líder de destaque desde 1914, quando Antônio Silvino foi preso após um combate com a polícia. Só a partir de 1922, após assumir o bando de Sinhô Pereira, Virgulino se tornaria o líder máximo dos cangaceiros. Exímio estrategista, Lampião distinguiu-se pela valentia nas pelejas com a polícia, como em 1927, em Riacho de Sangue, durante um embate com os homens liderados pelo major cearense Moisés Figueiredo. Os 50 homens de Lampião foram cercados por 400 policiais. O tiroteio corria solto e a vitória da polícia era iminente. Lampião ordenou o cessar-fogo e o silêncio sepulcral de seu bando. A polícia caiu na armadilha. Avançou e, ao chegar perto, foi recebida com fogo cerrado. Surpreendidos, os soldados bateram em retirada.
A capacidade de despistar os perseguidores lhe valeu a fama de possuir poderes sobrenaturais e, após escapar de inúmeras emboscadas, de ter o corpo fechado. No mesmo mês da tocaia de Riacho de Sangue, Lampião e seu bando caíram em nova emboscada. Um traidor ofereceu-lhes um jantar envenenado, numa casa cercada por policiais. Quando os primeiros cangaceiros começaram a passar mal, Virgulino se deu conta da tramóia e tentou fugir, mas viu-se acuado por um incêndio proposital na mata. O que era para ser uma arapuca terminou por salvar a pele dos cangaceiros: desapareceram na fumaça, como por encanto.
Mas o maior trunfo de Lampião foi o de cultivar uma grande rede de coiteiros. Isso garantiu a longevidade de sua carreira e a extensão de seu domínio. A atuação de seu bando estendeu-se por Alagoas, Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Lampião chegou a comandar um exército nômade de mais de 100 homens, quase sempre distribuídos em subgrupos, o que dava mobilidade e dificultava a ação da polícia. Em 1926, em tom de desafio e zombaria, chegou a enviar uma carta ao governador de Pernambuco, Júlio de Melo, propondo a divisão do estado em duas partes. Júlio de Melo que se contentasse com uma. Lampião, autoproclamado “Governador do Sertão”, mandaria na outra.
Há divergências – e discussões apaixonadas – em torno da figura histórica de Virgulino. Ele comandava sessões de estupro coletivo ou, ao contrário, punia indivíduos do bando que violentavam mulheres? Castrava inimigos, como faziam outros tantos envolvidos no cangaço? Há controvérsias. “Lampião não era um demônio nem um herói. Era um cangaceiro. Muitas das crueldades imputadas a ele foram praticadas por indivíduos de outros bandos. Entrevistei vários ex-cangaceiros e nenhum me confirmou histórias a respeito de estupros e castrações executadas pessoalmente por Lampião”, diz o pesquisador Amaury Corrêa de Araújo, autor de sete livros sobre o cangaço.
As narrativas de velhos cangaceiros contrapõem-se à versão publicada pelos jornais da época, que geralmente tinham a polícia como principal fonte. Com tantas histórias e estórias a cercar a figura de Lampião, torna-se difícil separar o homem da lenda. “Acho que está justamente aí, nessa multiplicidade de olhares e versões, a grande força do personagem que ele foi. É isso que nos ajuda inclusive a entender sua dimensão como mito”, explica a historiadora francesa Élise Grunspan-Jasmin, autora de Lampião: Senhor do Sertão (Edusp).
Bandido social?
Já foi moeda corrente entre os especialistas interpretar o “Rei do Cangaço” como um “bandido social”, expressão criada pelo historiador inglês Eric Hobsbawm para definir os fora-da-lei que surgiam nas sociedades agrárias em transição para o capitalismo.Em Bandidos (Forense Universitário), de 1975, Hobsbawn cita Lampião, Robin Hood e Jesse James como exemplos de nobres salteadores, vingadores ousados, defensores dos oprimidos.
A imagem revolucionária começou a se desenhar em 1935, quando a Aliança Nacional Libertadora citou Virgulino como um de seus inspiradores políticos. A tese foi reforçada em 1963 com o lançamento de um clássico sobre o tema, Cangaceiros e Fanáticos, no qual o autor, Rui Facó, justifica a violência física do cangaço como uma resposta à violência social. Na mesma época, o deputado federal Francisco Julião, representante das Ligas Camponesas e militante político pela reforma agrária, declarava que Lampião era “o primeiro homem do Nordeste a batalhar contra o latifúndio e a arbitrariedade”.
“Lampião não era um revolucionário. Sua vontade não era agir sobre o mundo para lhe impor mais justiça, mas usar o mundo em seu proveito”, afirma a também a historiadora Grunspan-Jasmin, fazendo coro a um dos maiores especialistas do cangaço da atualidade, Frederico Pernambucano de Mello. Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco e autor de Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste Brasileiro, Mello diz que o cangaceiro e o coronel não eram rivais. Os coronéis ofereciam armas e proteção aos cangaceiros, que, em troca, forneciam serviço de milícia. Dois dos maiores coiteiros de Lampião foram homens poderosos: o coronel baiano Petronilo de Alcântara Reis e o capitão do Exército Eronildes de Carvalho, que viria a ser governador de Alagoas. “Aprecio de preferência as classes conservadoras: agricultores, fazendeiros, comerciantes”, disse Virgulino em uma entrevista de 1926.
Marqueteiro da caatinga
A ideia de que Lampião fosse um vingador também é contestada por Mello. Ele argumenta que, em quase 20 anos de cangaço, Lampião nunca teria se esforçado para se vingar de Lucena e Saturnino, o policial e o antigo vizinho responsáveis pelo assassinato de seu pai. De acordo com um dos homens de Virgulino, Miguel Feitosa, o Medalha, Saturnino chegara a mandar um uniforme e um corte de tecido com o objetivo de selar a paz entre eles. Um portador teria agradecido por Lampião. O mesmo Medalha dizia que o ex-soldado Pedro Barbosa da Cruz propôs matar Lucena por dinheiro. “Deixe disso, essas são questões velhas”, teria respondido Lampião. Segundo o autor de Guerreiros do Sol, os cangaceiros usavam o discurso de vinganças pessoais e gestos de caridade como “escudos éticos” para os atos de banditismo.
Apesar da vida árdua, quem entrava no cangaço dificilmente conseguia (ou queria) sair dele. Havia um notório orgulho de pertencer aos bandos, revelado também na indumentária dos cangaceiros. O excesso de adereços, os enfeites nos chapéus, os bordados coloridos foram típicos dos momentos finais do cangaço. Lampião era um homem bem preocupado com sua imagem pública, o que colaborou para que permanecesse na memória nacional. O Rei do Cangaço também era o rei do marketing pessoal. Assim como adorava aparecer em jornais e revistas, deixando-se inclusive fotografar e até filmar, fazia de seu traje de guerreiro uma ostensiva e vaidosa marca registrada. “Nisso, talvez apenas o cavaleiro medieval europeu ou o samurai oriental possa rivalizar com o nosso capitão do cangaço”, escreveu Pernambucano de Mello.A antropóloga Luitgarde Barros enxerga aí um outro ponto em comum com a bandidagem atual: “Os traficantes também gostam de ostentar sua condição de bandidos e possuem um código visual característico, composto por capuzes e tatuagens de caveiras espalhadas pelo corpo”.
A violência policial é outro aspecto que aproxima o universo de Lampião do mundo do tráfico. Como ocorre hoje nas favelas dominadas pelo crime organizado, a truculência dos bandoleiros sertanejos só encontrava equivalência na brutalidade das volantes – as forças policiais cujos soldados eram apelidados pelos cangaceiros de “macacos”. Nos tempos áureos do cangaço, não havia grandes diferenças entre a ação de bandidos e soldados. Não raro, eles se trajavam do mesmo modo – o que chegava a provocar confusões – e uns se bandeavam para o lado dos outros. Cangaceiros como Clementino José Furtado, o Quelé, abandonaram o grupo e foram cerrar fileiras em meio às volantes. O bandido Mormaço fez o movimento contrário. Havia sido corneteiro da polícia antes de aderir a Lampião.
Como é comum à história da maioria dos criminosos, uma morte trágica e violenta marcou o fim dos dias de Virgulino. Traído por um de seus coiteiros de confiança, Pedro de Cândida, que foi torturado pela polícia para denunciar o paradeiro do bando, Lampião acabou surpreendido em seu esconderijo na Grota do Angico, Sergipe, em 28 de julho de 1938. Depois de uma batalha de apenas 15 minutos contra as tropas do tenente José Bezerra, 11 cangaceiros tombaram no campo de batalha. Todos eles tiveram os corpos degolados pela polícia, inclusive Lampião e Maria Bonita. Durante mais de 30 anos, as cabeças dos dois permaneceram insepultas. Em 1969, elas ainda estavam no museu Nina Rodrigues, na Bahia, quando foram finalmente enterradas, a pedido de familiares do casal mais mitológico – e temido – do cangaço.
Artimanhas do cangaçoAs estratégias e técnicas para despistar os inimigos
Embora seja inadequado referir-se aos cangaceiros como guerrilheiros – eles não tinham nenhum propósito político –, é inegável que lançaram mão de táticas típicas da guerrilha. Habituados a viver na caatinga, não eram presa fácil para a polícia, especialmente para as unidades deslocadas das cidades com a missão de combatê-los no sertão. Uma das maiores dificuldades de enfrentá-los era a de que preferiam ataques rápidos e ferozes, que surpreendiam o adversário. Também não tinham qualquer cerimônia em fugir quando se viam acuados. Houve quem confundisse isso com covardia. Era estratégia cangaceira.
➽Tropa de elite: Os bandos eram sempre pequenos, de no máximo 10 a 15 homens. Isso garantia a mobilidade necessária para a realização de ataques-surpresa e para bater em retirada em situações de perigo.
➽Calada da noite: Em vez de se deslocar a cavalo por estradas e trilhas conhecidas da polícia, percorriam longas distâncias a pé em meio à caatinga, de preferência à noite. Para evitar que novas vias de acesso ao sertão fossem abertas, assassinavam trabalhadores nas obras de rodovias e ferrovias.
➽Os apetrechos: Todos os pertences do cangaceiro eram levados pendurados pelo corpo. Como não se podia carregar muita bagagem, dinheiro e comida eram colocados em potes enterrados no chão, para serem recuperados mais tarde.
➽Raposas do deserto: Cangaceiros eram mestres em esconder rastros. Alguns truques: usar as sandálias ao contrário nos pés. Pelas pegadas, a polícia achava que eles iam na direção contrária (detalhe); andar em fila indiana, de costas, pisando sobre as mesmas pegadas, apagadas com folhagens; pular sobre um lajedo, dando a impressão de sumir no ar.
➽Peso morto: Com exceção de sequestrados, quase nunca faziam prisioneiros em combate, pois isso dificultaria a capacidade de se mover com rapidez. Também não mantinham colegas feridos ou com dificuldade de locomoção.
➽Seu mestre mandou: Para resolver discórdias internas no bando, Lampião sempre planejava um grande ataque. Todos os membros do grupo se uniam contra o inimigo e deixavam de lado as divergências entre si.
➽Os infiltrados: Quem dava abrigo e esconderijo aos cangaceiros era chamado de coiteiro e agia em troca de dinheiro, de proteção armada ou mesmo por medo. Coiteiros que traíam a confiança eram mortos para servirem de exemplo.
➽Rota de fuga: As principais áreas de ação do cangaço eram próximas às fronteiras estaduais. Em caso de perseguição, eles podiam cruzá-las para ficar a salvo do ataque da polícia local.
➽Fogo amigo e inimigo: Durante os combates, havia uma regra fundamental: em caso de retirada, nunca deixar armas para o inimigo; nas vitórias, apoderar-se do arsenal dele.
A saga de Lampião na caatinga
➽1898: Virgulino Ferreira da Silva nasce em 4 de junho, na comarca de Vila Bela, atual Serra Talhada, Pernambuco. É o terceiro dos nove filhos de José Ferreira e Maria Lopes.
➽1915: Começa a briga entre a família Ferreira e a do vizinho José Saturnino.
➽1920: José Ferreira é morto. Virgulino e três irmãos (Ezequiel, Levino e Antônio) entram para o cangaço. Durante um tiroteio em Piancó (PB), ele é ferido no ombro e na virilha: são as primeiras cicatrizes de uma série que colecionará na vida.
➽1922: Sinhô Pereira abandona o cangaço e Lampião assume o lugar do chefe. A primeira grande façanha é um assalto à casa da baronesa Joana Vieira de Siqueira Torres, em Alagoas.
➽1924: Toma um tiro no pé direito, em Serra do Catolé, município de Belmonte (PE).
➽1925: Fica cego do olho direito e passa a usar óculos para disfarçar o problema.
➽1926: Visita Padre Cícero no Ceará e recebe a patente de capitão do “batalhão patriótico”, encarregado de combater a Coluna Prestes. Em Itacuruba (PE) é ferido à bala na omoplata.
➽1927: Ataque do bando a Mossoró (RN). A cidade resiste. É uma das maiores derrotas de sua carreira.
➽1928: A ação da polícia de Pernambuco faz com que atravesse o rio São Francisco e passe a agir preferencialmente na Bahia e em Sergipe.
➽1929: Primeiro encontro com Maria Bonita, na fazenda do pai dela, em Malhada do Caiçara (BA).
➽1930: Maria Bonita torna-se sua mulher e ingressa no bando. O governo da Bahia oferece uma recompensa de 50 contos de réis para quem o entregar vivo ou morto. Em Sergipe, é baleado no quadril.
➽1932: Nasce Expedita, sua filha com Maria Bonita.
➽1934: Eronildes Carvalho, capitão do Exército e coiteiro de Lampião, é nomeado governador de Sergipe.
➽1936: O libanês Benjamin Abraão, ex-secretário de Padre Cícero, convence Virgulino a se deixar filmar no documentário Lampeão. O filme é recolhido pelo Estado Novo.
➽1938: Em 28 de julho, o bando é cercado em Angico (SE). Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros são assassinados.
Saiba maisGuerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste Brasileiro, Frederico Pernambucano de Mello, 2004 Lampião: Senhor do Sertão, Élise Grunspan-Jasmin, 2006