Por Rangel Alves
da Costa*
Certamente que
os caminhos percorridos pela vida, os encontros e desencontros no curso da
estrada, aliados à sabedoria adquirida e ao aprofundamento da espiritualidade,
são alguns dos muitos fatores que vão tornando as pessoas mais crentes e
temerosas, despertadas para a religiosidade e devotadas aos ofícios da fé.
Assim, talvez a idade vá despertando no ser a necessidade de aproximação maior
da religiosidade como forma de remição dos erros, proteção das ameaças do mundo
e clemência divina no além.
Não obstante
isso, a intensificação da fé e do acompanhamento das sagradas escrituras, com
seus preceitos e fundamentos, surgem quase como uma necessidade espiritual para
muitos. Longe de beatismos e exageradas devoções, muitas pessoas,
principalmente aquelas de idade mais avançada, além do culto íntimo do divino e
das santidades, vão buscar nos ofícios religiosos e nas palavras dos sacerdotes
a confirmação de suas experiências de fé.
Assim, as
experiências de fé vão se acumulando na existência e se tornam mais reconhecíveis
quando a pessoa passa a buscar a comunhão entre sua devoção pessoal e as
respostas obtidas na igreja. Desse modo, a igreja não é vista apenas como um
lugar de missas, ofícios e orações, mas principalmente como um espelho de toda
a sacralidade que o indivíduo precisa absorver espiritualmente. Quem ultrapassa
a porta de um templo não objetiva apenas presenciar uma missa ou fazer
confissão, mas encontrar um significado espiritual muito mais profundo.
O
reconhecimento da igreja como meio de fortalecimento espiritual, contudo, não
se dá sem o pressuposto da fé, da religiosidade em si. E é por isso que a
clientela religiosa é na sua grande maioria de pessoas com longos caminhos já
percorridos na vida, conhecedoras das flores e espinhos da estrada, e que se
amparam na religiosidade porque reconhecem a fragilidade humana para resolver
os problemas surgidos. Mas também para devotar sua crença divina e enfim
reconhecer a supremacia dos poderes de Deus.
Nesta
perspectiva, logo a conclusão que a maior parte da juventude vai trilhando seu
percurso sem ao menos pensar na religiosidade como força essencial e propulsora
da caminhada, na tomada de atitudes e na concretização de objetivos. A Bíblia
nem sempre desperta interesse, os sinos das igrejas e catedrais não possuem
significado algum, as missas e os ofícios religiosos são coisas de velhos e
menos interessantes que passeios, baladas e curtições. Logicamente que nem
todos os jovens pensam e agem assim.
Mas a maioria,
infelizmente, tem a religiosidade, a fé, a crença, a devoção e a obediência aos
preceitos sagrados como fatores de menor importância. Preceitos como santíssima
trindade, sacramento, eucaristia, comunhão e evangelização, são quase sempre desconhecidos
ou tidos como coisas de devotos e beatas. E inusitadas serão as respostas se
houver indagação acerca de Deus, Jesus Cristo, santidades e anjos. Conhece o
pecado por outros fundamentos, mas não pelo sentido religioso.
Uma ou duas
vezes por semana, sempre ao entardecer, me dirijo aos templos católicos
situados no centro da cidade. Geralmente acompanho a missa do final da tarde na
Catedral Metropolitana e, um pouco mais tarde, a missa da Capela de São
Salvador. Chego sempre mais cedo e fico na frente da catedral observando a
paisagem e tudo que acontece ao redor. E vejo jovens passando alegres,
contentes, fazendo uma reverência de vez em quando, mas dificilmente algum
subindo os degraus para adentrar no templo.
Por
consequência, são raros os jovens que podem ser avistados durante a celebração
da missa. Os que se fazem presentes já saíram de seus destinos com direção e
objetivo certos, vez que deixam outros afazeres para aquele momento especial de
alimentação da fé. Mas o mesmo não ocorre com outros que apenas passam diante
da igreja como caminho comum e, mesmo com tempo suficiente para assistir uma
missa, sempre preferem seguir adiante para outros compromissos. E talvez muito
mais importantes, segundo suas propensões.
Sem a presença
da juventude nos ofícios religiosos, sem que os jovens estejam também como
ouvintes dos ensinamentos dos evangelhos, a igreja se torna como um jardim sem
suas flores mais belas. Ora, a juventude é seiva e essência do mundo, é de onde
brotam as esperanças de realização para um futuro melhor, é a verdadeira pétala
que carrega aroma e perfume da grandeza da vida. E a igreja necessita dessa
presença no seu jardim, eis que estão nos jovens as sementes das boas
colheitas.
Por outro
lado, quando se tem o jovem distanciado da fé, afastado da religiosidade e
ausente da igreja, desconhecendo ou negligenciando os preceitos sagrados, não
significará apenas a sua desproteção espiritual. No espírito fraco e na
ausência de Deus estarão abertos os portais para os malefícios do mundo. E é
por isso que se corre o risco de não apenas se ter uma juventude profana e
pecadora, mas principalmente tomada dos males sociais já tão conhecidos por
todos.
Poeta e
cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Postado por
Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas
http://blogdomendesemendes.blogspot.com