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domingo, 16 de outubro de 2016

NOVO LIVRO NA PRAÇA "O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO, IOIÔ MAROTO".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.

Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

O livro tem 710 páginas. 
Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: franpelima@bol.com.br 
fplima1956@gmail.com

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2016/08/novo-livro-na-praca_31.html

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OUTRAS HISTÓRIAS DE BASTIÃO

*Rangel Alves da Costa

Mesmo que seja difícil acreditar, eis que cabra com longa estrada como pescador, caçador e outros ofícios sertanejos de mato e água, a verdade é que Bastião nunca foi de mentir. Tanto assim que os seus causos e proseados são ouvidos sem olhares de descrenças ou buchichos de negações. E são muitos que se juntam para ouvir suas narrativas matutas.

Disse Bastião que suas caçadas sempre se deram no meio da noite adentrando a madrugada. E quase sempre apenas na companhia de seu cachorro. Nunca temeu se embrenhar na mata no meio da escuridão, mas em algumas situações já se deparou com situações de arrepiar os cabelos. Por mais encorajamento que tivesse, difícil não temer o pior perante certos inusitados.

Certa vez, disse ele, sozinho no mato, em noite fechada, seguindo numa vereda conseguiu avistar alguém vindo logo adiante, em sua direção. Estradinha estreita, sem caber os passos de duas pessoas, quanto mais o vulto de um homem alto e magro se aproximava mais ele sentia que tinha de dar passagem, pois não parecia que o estranho viesse com intenção de afastar nenhum tantinho do meio do caminho.

Então Bastião teve de sair para a passagem do outro. Em silêncio vinha e em silêncio passou, sem que pudesse sequer avistar a inteireza de sua feição, dado o sombreado que lhe tomava de corpo inteiro. Que coisa mais esquisita, pensou o caçador. Como é que um cabra passa assim por outro, num meio de mundo desse e nessa escuridão toda e sequer cumprimenta, começou a indagar. Foi quando sentiu que seu cachorro sequer tinha latido ante a presença do estranho. Então disse a si mesmo, procurando logo se afastar: Só não é gente desse mundo!

Visões de coisas do outro mundo são constantes durante as caçadas noturnas, assegurou Bastião, e muito mais se o encalço catingueiro envolver veado. Não há animal de caça que traga mais problema ao predador humano. Então contou sobre o acontecido com outro caçador conhecido seu que subiu numa árvore de copa larga e galhagem vasta para tocaiar o bicho. Subiu, se ajeitou, e ficou espiando mais abaixo, na direção da passagem. Estava tão entretido observando a movimentação lá embaixo, que quase nem percebe quando outro caçador subiu na mesma árvore e se posicionou bem ao lado.


Não demorou muito e ouviu do estranho que o veado já estava chegando. Dito e feito. Logo o animal surgiu com olhos brilhosos no meio da noite. Então o estranho mandou que mirasse para atirar, mas o caçador relutou e pediu para que o outro mesmo fizesse o serviço. Este rejeitou pedindo que atirasse logo, sob pena de fuga do bicho. Sem mais a fazer, deu um tiro certeiro. Mas logo em seguida ouviu do estranho que se preparasse novamente, pois outro veado estava chegando. Achando estranha demais aquela situação toda, o caçador exigiu que dessa vez o outro mesmo atirasse.

Contudo, não houve jeito de o estranho fazer mira. Coube ao caçador novamente apontar e derrubar o segundo veado. Depois disso, quando disposto a saber quem realmente era aquele sujeito aparecido assim de repente e tão conhecedor de caçada, nem precisou fazer qualquer pergunta. O estranho adiantou-se e falou: “Quando eu era vivo era aqui que eu mais caçava”. E depois desapareceu sem descer da árvore. Apenas sumiu do local onde estava.

Outro causo intrigante também envolvendo caça ao veado foi relatado por Bastião. Disse que um conhecido seu matou um veado, levou a presa morta à casinhola onde morava, abriu o bicho, separou a carne do couro e estendeu o focinho numa ponta de pau adiante. Mandou a esposa preparar parte da carne para o almoço. Ao retornar, contudo, o focinho havia sumido. Estranhou demais tal acontecido, mas imaginou que outro animal tivesse passado por ali e abocanhado. Então esperou o almoço ficar pronto e comeu daquela carne nova. Daí em diante se sentiu tomado de febre, tremores frios e dor de cabeça. E não houve remédio que desse jeito.

Como nem a farmácia nem a medicina resolvia o problema, a saída que encontrou foi procurar um rezador. E assim fez. Quando chegou à casa do homem nem precisou abrir a boca. O rezador logo perguntou se ele havia matado um veado e comido de sua carne e desse dia em diante nunca mais teve saúde. Espantado com tamanha revelação, o caçador confirmou, para ouvir em seguida: “Aquilo que você matou não era um veado não. Foi um cavalo do cão. E se quiser continuar vivendo de agora em diante nem pense mais em caçar qualquer bicho. Pegue sua espingarda e dê fim. Do contrário será o seu fim”.

E assim prosseguia Bastião, deleitando os presentes com suas histórias. E sobre se o homem deu fim à espingarda e nunca mais caçou? Ora, para caçador tanto faz a vida do bicho, mas a sua procura garantir de todo jeito.
  
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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FOTOGRAFIA DO JUDEU BENIGNO IGNÁCIO CARDOSO DARÃO, MEU BISAVÔ


FOTOGRAFIA DO JUDEU BENIGNO IGNÁCIO CARDOSO DARÃO, MEU BISAVÔ

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Serviço
“O Sertão Anárquico de Lampião” (de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016)
Valor do livro: R$ 50,00 (Frete fixo: R$ 5,00)
Através do e-mail 
anarquicolampiao@gmail.com
Informações: 
Luiz Serra – (61) 99995-8402 
luizserra@yahoo.com.br
Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – 
(61) 98212-9563leidisilveira@gmail.com

Fontes: 
https://tokdehistoria.com.br/2016/08/17/na-capital-federal-lancamento-do-livro-o-sertao-anarquico-de-lampiao-de-luiz-serra/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2016/10/livro-o-sertao-anarquico-de-lampiao-de_13.html

PONDO A ALMA NO OFÍCIO

Por Valberto Barbosa de Sena

O artesão vira artista
Moldando a matéria prima
De maneira que ela exprima
Sua visão e exista
Na modelagem do barro
Traz a perfeição do jarro
Com manobras de artifício
E a habilidade sua
Às gerações perpetua
Pondo a alma no ofício.

Desempenhando a função
O artesão vira artista
O seu mundo ele conquista
Na palma de cada mão
A sua obra atrativa
Transforma em moeda viva
Com pequeno sacrifício
O profissional sério
Do pouco faz seu império
Pondo a alma no oficio.

Começando outro trabalho
Já descrito em uma lista
O artesão vira artista
Na perfeição do seu talho
Talhando madeira nobre
Pouco a pouco ele descobre
Do entalhe algum resquício
Ali já preexistente
Contente ele segue em frente
Pondo a alma no ofício.

Sem querer levantar crista
Por achar ser um defeito
Em cada serviço feito
O artesão vira artista
Mas seu ego se transparte 
Em cada obra de arte
Do campo do fictício
Nessa profissão bacana
Sai semana entra semana
Pondo a alma no ofício.

Às vezes foge da mente
Seu belo Dom de criar
Mais ele vai procurar
E encontra novamente
O artesão vira artista
Ao encontrar qualquer pista
Mostrando o menor indício
Ai usa a sua prática
Com precisão matemática
Pondo a alma no ofício.

Quando alguém lhe encomenda
Algum trabalho exclusivo
Ele observa o motivo
Para aumentar sua renda
Pra que o freguês não insista
O artesão vira artista
Como voltando ao início
Nesse seu trabalho novo
Dá a si o seu aprovo
Pondo a alma no ofício.

Na área da reciclagem
Que agora está no pique
Ta chegando gente chique
Com uma nova roupagem
Nessa recente proposta
Por fazer tudo que gosta
O artesão vira artista
Fazendo o seu exercício
Pondo a alma no ofício
Pra que a terra resista

Assim nessa nova onda
Criativa e atual
Recolhe o material 
Onde quer que ele se esconda
Todo reciclado bruto
Retorna em novo produto
Depois do seu benefício
O artesão vira artista
Além de especialista
Pondo a alma no ofício

Provando que é capaz
Na profissão escolhida
O artesão dá a vida
Para fazer o que faz
Até quando deita e dorme
Seu Dom o segue conforme
Segue um viciado ao vício
De qualquer ponto de vista
O artesão vira artista
PONDO A ALMA NO OFÍCIO

Valberto Barbosa de Sena. Poeta Popular. Paraibano de Água Branca. 


 "Touro Mansinho" (lendário touro zebuíno, da raça Guzerá, que o Padre Cícero ganhou de presente do cearense Delmiro Gouveia no começo do século XX e que foi criado pelo Beato Zé Lourenço.) Esta espetacular obra de arte, em sucata de ferro, em tamanho natural, encontra-se em fase final de acabamento no Museu do Sertão, pelo talentoso Artista Plástico mossoroense Elson Mesquita. Acessem o site do Museu do Sertão da Fazenda Rancho Verde (Mossoró - RN): 


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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"TOURO MANSINHO"

Por Benedito Vasconcelos Mendes

"Touro Mansinho" (lendário touro zebuíno, da raça Guzerá, que o Padre Cícero ganhou de presente do cearense Delmiro Gouveia no começo do século XX e que foi criado pelo Beato Zé Lourenço.) 


Esta espetacular obra de arte, em sucata de ferro, em tamanho natural, encontra-se em fase final de acabamento no Museu do Sertão, pelo talentoso Artista Plástico mossoroense Elson Mesquita.

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COMBATE de SERROTE PRETO e, a INCRÍVEL HISTÓRIA DO SOLDADO ANANIAS CALDEIRA DE OLIVEIRA...

Material do acervo do pesquisador Voltaseca

Lampião fugia de um combate na cidade de Mata Grande-AL, no dia 21 de fevereiro de 1925, sábado de carnaval, quando foi perseguido pelas volantes paraibanas do Ten. JOAQUIM ADAUCTO / e do Ten. FRANCISCO DE OLIVEIRA, além de uma volante pernambucana comandada pelo Ten. JOÃO GOMES , tendo ido se instalar com seus homens na Fazenda SERROTE PRETO, a qual fica na divisa dos Estados de AL e PE. O total de homens das forças volantes beirava 90 policiais, enquanto os cangaceiros chegava perto dos 40.

Os cangaceiros ao chegarem na Fazenda SERROTE PRETO, grande parte deles se alojaram numa casa de taipa, com um curral ao lado, enquanto outros, ficaram numas pedras, nos arredores da casa, dando a retaguarda.

O Ten. FRANCISCO OLIVEIRA que vinha na frente com seus homens no encalço dos bandoleiros, ordenou que seguissem imediatamente visando alcançar, o mais rápido possível, o local onde estava Lampião e seu grupo, no que não concordou o Ten. JOÃO GOMES, da força pernambucana, que disse: “ – Os cangaceiros já comeram, meus soldados não vão ficar sem comer “ . Surpreso, o Ten. Francisco Oliveira respondeu: “ – A força da Paraíba, quando tem notícia de cangaceiros, encosta logo “ e, seguiu com sua força.

Logo que chegaram nas proximidades da casa da Fazenda Serrote Preto, receberam uma forte descarga de tiros, vindo do lado dos cangaceiros. Tombaram mortalmente, os soldados Artur, Diménio, Virgolino, e, um negro muito disposto. Também foi morto o Ten. FRANCISCO OLIVEIRA e, ferido o Tenente JOAQUIM ADAUCTO. Os soldados da volante pernambucana que haviam chegado com um atraso, atiravam em direção à casa, atingindo, também, alguns companheiros da volante paraibana, que ficaram na linha de fogo cruzado.

Alguns soldados da volante de FRANCISCO DE OLIVEIRA procuraram se abrigar num trecho de um pequeno serrote ( pedras), de onde passaram a atirar nos cangaceiros. O soldado ANANIAS CALDEIRA DE OLIVEIRA, por sua vez, ficou amparado numa ponta de curral. Dali ele tinha perfeita visão da porta traseira da casa, planejando:

“ – O primeiro que colocar a cabeça, eu derrubo “.

O que ele não esperava é que os cangaceiros abrissem uns buracos na parede da casa, por onde começaram a atirar em sua direção. Surpreendido pelo inesperado ângulo de tiro, ANANIAS OLIVEIRA foi ferido DUAS VEZES. Um dos tiros fraturou-lhe o BRAÇO e, o outro, atravessou a sua FACE lado a lado, à altura do malar. ANANIAS contou, mais tarde, que o tiro recebido no rosto causou tal hemorragia que o sangue jorrava pelos dois lados, em arco.

O SOLDADO ANANIAS, já ferido, ouviu várias vezes LIVINO ( irmão de Lampião) gritar, de dentro da casa:

“– Espere ai, macaco, que nós já vamos sangrá-lo!“

ANANIAS acabou sendo retirado do local pelo soldado Manoel Gabriel que, por ironia, era seu inimigo pessoal. Ele foi levado até um certo ponto , a partir de onde o sargento JOSÉ GUEDES encarregou de levá-lo mais para dentro do mato, isso, acontecendo, em pleno combate. Ali, sozinho, ANANIAS acabou desmaiando, em consequência da grande perda de sangue.

Ao escurecer, o tiroteio cessou, já que ambos os lados tinham esgotado a munição.

No terreiro da casa havia ficado um soldado ferido, sem conseguir se mover. Implorava ao Tem. João Gomes que mandasse tirá-lo dali, porque os cangaceiros ameaçavam sangrá-lo. O sargento JOSÉ GUEDES chamou a atenção do oficial pernambucano, já que ele não ia buscar o ferido e, ouviu dele :

“ – Cada um que cuide de si“

ANANIAS entrevistado pelo pesquisador Dr. Amaury Araujo (em João Pessoa- PB, no ano de 1969), informou-o que aquela altura, a maioria dos soldados já haviam fugido. Os sobreviventes, liderados pelo sargento JOSÉ GUEDES, apanharam os feridos e, aqueles que puderam arrastaram-se para MATA GRANDE, de onde, depois de receberem os primeiros socorros, foram encaminhados para Paulo Afonso.

Assim como os soldados, também os cangaceiros tinham pago um alto preço durante a batalha. ASA BRANCA, GURI E CORRÓ estavam mortos dentro da casa. FATO DE COBRA, CAPUXU E QUIXABEIRA foram feridos.
Alguns cangaceiros, assim que perceberam a retirada dos soldados, saíram com candeeiros, examinando os corpos caídos. No terreiro da casa ainda estava caído o soldado ferido que o Tenente JOÃO GOMES recusara a socorrer. O cangaceiro JUREMA, aproveitou a ocasião e o sangrou.

Por volta da meia-noite, O SOLDADO ANANIAS voltou a si, anda zonzo. O silêncio era total. Sua sede era arrasadora. Seus lábios estavam inchados que pareciam beiços de cavalo. Sentia que todo o seu rosto também estava inchado e desfigurado. A muito custo, apesar da tonteira, conseguiu se levantar e caminhar sem rumo definido. A vegetação, um macambiral muito grande , era agressivo e dificultava o avanço. Logo suas calças estavam destruídas pelos galhos, tornando-se imprestáveis para protegê-lo.

Ao amanhecer de segunda-feira, dia 22, ANANIAS viu-se à beira de uma estrada. Escolheu uma direção e seguiu em frente, sentindo sua fraqueza crescer, e o mal estar causado pelos ferimentos agravar-se com a fome e sede. O sol nasceu e apareceram moscas varejeiras que vagueavam sobre suas feridas, cada vez mais infeccionadas. Mas ANANIAS estava determinado a não se deixar vencer. Amarrou um lenço preto no rosto, protegendo-o contra os insetos e, prosseguiu sua penosa jornada, pensando: 

“A esta altura, se escapei de morrer a bala, vou morrer de fome e de sede“.

Ao seu redor não havia nada para comer ou beber. Lá pelas 22 h, tendo caminhado desde a meia-noite do dia anterior, ANANIAS estava cansado, ferido e cada vez mais enfraquecido. Ouviu um galo gritar. Deixando a estrada, foi em direção ao som, entrando por um varedo de bode, passando por uns umbuzeiros e chegando, finalmente, aos fundos de umas casas.

PENSOU:

“- Não vou chegar pelos fundos, senão poderão pensar que sou um malfeitor e vão querer me matar“.

Encontrou forças para dar a volta e chegar à frente das moradias; entrou numa delas, feita de palha e, deparou-se com uma velha, a quem perguntou:

“– Dona, será que a senhora pode arrumar água morna com sal, prá eu lavar meus ferimentos ?“

- O senhor é praça ou cangaceiro? – Ouviu em resposta.

“– Sou soldado das forças da Paraíba.” – Disse ANANIAS. 

A velha levantou-se e foi providenciar, voltando com o que tinha sido pedido. ANANIAS despiu sua túnica e lavou seus ferimentos. Depois tomou muita água, saciando sua sede. Para sua surpresa ficou sabendo, mais tarde, que aquelas casas pertenciam a Mata Grande.

Durante as 24 horas de sua jornada, a maior parte do seu tempo arrastando-se, pois não conseguia andar regularmente. ANANIAS havia avançado, apenas, duas léguas. Embora, ainda não estivesse totalmente refeito. ANANIAS sentou-se na calçada em frente à casa. Aproximou-se um senhor vestido de cáqui.

ANANIAS perguntou-lhe:

“– O senhor sabe informar onde está a força policial da Paraíba?“

- Posso. Está em Paulo Afonso.

Tão logo conseguiu andar, ANANIAS seguiu para a cidade indicada, reencontrando seus amigos e, companheiros, sendo cuidado pelo farmacêutico João Gaudêncio, que o incluiu entre seus pacientes.

Ali em Paulo Afonso faleceram em consequência dos ferimentos, um soldado e o Tenente JOAQUIM ADAUCTO . A contagem final da batalha acusou, além de inúmeros feridos, a MORTE DE DOIS OFICIAIS E DEZ SOLDADOS.

OBSERVAÇÕES – 

1º) Matéria compilada da obra “ De Virgulino a Lampião “, pgs 109/110, autor Antônio Amaury Correa de Araújo / Vera Ferreira.
2º) Foto do soldado ANANIAS CALDEIRA DE OLIVEIRA ...pertencente ao acervo particular do escritor, acima citado.
3º) Fotos de Serrote Preto, A CRUZ DOS SOLDADOS e, demais, acervo Volta Seca...

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O HOMEM QUE ENTERROU EZEQUIEL IRMÃO DE LAMPIÃO

Por Volta Seca Pesquisador

Os renomados pesquisadores Antônio Amaury, João de Sousa Lima, conversaram e tem gravado, uma declaração do homem que enterrou EZEQUIEL, irmão de Lampião. Também, o cangaceiro ANGELO ROQUE, o " LABAREDA ", (que estava presente no combate em que o irmão de Lampião morreu) em extenso depoimento ao Dr. Estácio de Lima, no livro O MUNDO ESTRANHO DOS CANGACEIROS, narra em detalhes, como foi a morte de Ezequiel. Por sua vez, a cangaceira DADÁ, citada por Dr. AMAURY, embora não estivesse no local do combate, mas cita em detalhes, o que ouviu de CORISCO, sobre a morte de Ezequiel. Etc, etc, etc.

Logo, concluo, que tal fato narrado e especulado neste post, é inverídico, embora, respeite quem pensa de modo contrário.

Abraços,

Volta Seca

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LAMPIÃO O AFORTUNADO

https://www.youtube.com/watch?v=WapFxOD4D5A&feature=share

Publicado em 14 de outubro de 2016

Fábulas do Cangaço Nordestino, contada através de relatos de terceiros e de livros de Cordel. Fotos e imagens colhidas de várias fontes, para ilustrar o trabalho em vídeo e homenagear o Cariri Cangaço e o Projeto Armorial, de Ariano Suassuna.
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O NASCIMENTO DE INACINHO FILHO DE MORENO E DURVINHA


As paixões ardentes nas plagas do Nordeste têm o calor do sol calcinando os corações sertanejos. Notamos que apesar de uma vida de fugas, brigas, tiros e mortes, havia um tempinho para que os corpos se entrelaçassem numa volúpia alucinada de desejos na época do cangaço.
Sem terem uma maneira de evitarem, sucessivos frutos foram vingados nas densas e solitárias extensões da mata. Frutos esses, que tiveram as folhas secas das árvores como o seu primeiro colchão. Por diversas ocasiões foram iluminados pela “princesa da noite” sertaneja.

Durvalina -  A foto colorizada digitalmente com Durvalina é uma arte do amigo, professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio.

Diversos casais tiveram a sequência de sua união, criados e educados por alheios, desconhecidos que os recebiam, por respeito, pena e medo.
Durvinha e Moderno viveram uma paixão enorme. Notaram que eram um, para o outro, seu complemento, seu côncavo, sua alma gêmea... Então vivenciaram com todo seu corpo e alma, aqueles pequenos grandes momentos de felicidade. No entanto, quis o destino que houvesse uma separação brusca, sofrida, dolorosa, sangrenta entre os dois. Moderno é abatido, causando um desespero e amargura no coração da jovem sertaneja que, acredito, foi junto com ela quando transpôs os portões da morte.


Virgínio ex-esposo de Durvalina

Sabemos hoje, como sabiam os Guerreiros do Sol na época, que uma jovem, de maneira alguma, poderia seguir sem ter ao seu lado um companheiro na triste senda cangaceira. Era “Lei” e, se descumprida, a sentença era a morte. Então Durvinha fica, a partir da morte de Moderno, sendo companheira do cangaceiro Moreno.

O subgrupo de Moderno, após sua morte, desfaleça-se quase que completo. Moreno assume a chefia, porém, por um determinado espaço de tempo só fazem parte do mesmo, ele e a jovem Durvalina.

Durvinha e Virgínio

“(...) Depois da morte de Virgínio(Moderno), vários cangaceiros fugiram deixando o cangaço. Tendo Moreno que amargar uma grande baixa em seu contingente, por tempos, vagando só, na companhia de Durvalina(...)” (“Sangue, amor e fuga no cangaço” – LIMA, João De Sousa. 1ª edição. 2007)

Particularmente, tenho minha opinião sobre esse acasalamento, inesperado por Durvinha, mas, não sei se tão inesperado pelo cangaceiro. Segundo alguns autores o novo casal passa a viver uma fogosa paixão.
“(...) Na solidão dos momentos, o amor inevitável adunava dois corpos sedentos, entregues a uma paixão nascida nos carrascais do sertão (...).” (Ob. Ct.)

Durvalina engravida. Novamente, tem seu metabolismo alterado pelo ser que começa a forma-se em seu ventre. Dois motivos a perturbam constantemente, um pelo fato de naquelas condições de que empregar uma fuga sem fim, e, a segunda, mais dolorosa, é ter a certeza de que não poderia criar o filho que daria a luz. Vendo-o crescer, dar seus primeiros passos, chama-la de mãe.

No ocaso do ano de 1937, os cangaceiros locomoviam-se com bastante cuidado devido ao estado avançado da gravidez de Durvinha. A aurora de 1938 traz para o casal uma preocupação maior. Em seu primeiro dia, a jovem relata para o companheiro que se sente um tanto desconfortável. Dois dias depois começam as contrações no corpo da cangaceira.

Inacinho filho de Moreno e Durvalina

Em terras da fazenda Riachão, no dia 3 de janeiro de 1938, tendo a sombra de uma frondosa árvore, uma Quixabeira, como sala de parto, o chão e as folhas como colchão, e como parteiro o cangaceiro Moreno, seu companheiro, Durvinha da à luz a uma bela e saudável criança do sexo masculino. Uma irmã de do cangaceiro Moreno, Maria José, presenteia o sobrinha com o enxoval. Durvinha amamenta seu filho com o valoroso líquido colostro, e, consequentemente, com o leite que brota de seus seios, abundantemente.

Durvinha e Moreno

Porém, são cangaceiros, e uma coisa que não podiam fazer era permanecerem mais do que o tempo necessário em um só lugar. Achando já terem passado tempo demais nas terras da fazenda Riachão, Moreno chama Durvinha, que com seu filho nos braços, arribam em busca de um novo local para acamparem. Perambulam pela caatinga, sempre com o cuidado de apagarem seus rastros e com os sentidos, todos eles, em alerta total para não caírem em alguma ‘arapuca’ preparada pelas volantes que rondavam por perto.

Sabedor dos locais onde se encontrava o líquido precioso para a vida de todos os seres, Moreno leva sua companheira e seu filho para um ‘tanque’, forjado pelo tempo na rocha, o qual é chamado por muitos de ‘caldeirão’, onde encontra-se uma ao reserva. Após saciarem a sede, enchem seus reservatórios com água e, aproveitando a ocasião, Durvinha começa a lavar a roupa da criança, ficando seu companheiro dando cobertura, observando todos os acessos que levavam ao ‘caldeirão’. Em determinado instante, os olhos aguçados do arisco cangaceiro notam uma coluna avançando por entre a vegetação da caatinga, na direção do depósito natural da água da chuva. Rapidamente, chega perto de sua companheira e a manda seguir por uma trilha, que depois a seguiria. Com o coração palpitante mais dessa vez, do que das anteriores, a jovem cata algumas peças que estavam ‘quarando’, outras secando, na laje, coloca seu filho nos braços e sai o mais rápido que pode na direção indicada pelo companheiro.


Inacinho filho de Moreno e Durvalina

“(...) Durvalina pegou alguns panos molhados que estavam a seu alcance, pegou o filho e rapidamente começou a fugir (...).” (Ob. Ct.)
Moreno sabia que teria que retardar o máximo possível o avanço da volante, para que sua companheira com seu filho, tivessem tempo de colocarem alguma distância de dianteira. Em determinado momento, abre fogo na direção dos soldados. Esses escutaram o estampido e, é quase certo, também ouviram o zunido da bala passando sobre suas cabeças. Involuntariamente todos se lançam ao chão. As experiências das várias emboscadas fazem com que sejam ágeis, o mais que poderem, para não serem abatidos pelos tiros dos emboscadores. Sem terem a certeza de onde partira o tiro, e quantos inimigos teriam que enfrentar, os soldados procuram abrigo.

Inacinho filho de Moreno e Durvalina

“(...) Moreno abriu fogo contra os soldados e estes assustados, enquanto procuravam abrigo, deram a chance que Moreno precisava para a fuga(...).” (Ob. Ct.)

Durvinha sempre à frente e Moreno dando cobertura a sua fuga, assim prosseguiram por um bom pedaço de terra, diminuíram o passo, a criança, alarmada pelos solavancos dos braços e corpo da máe, estava a estatelar-se de chorar... De repente, os dois escutam um forte ruído sonoro as suas costas. Durvinha não esperou para ver do que se tratava e, pernas pra que te quero, saiu em toda carreira com seu filho nos braços. Moreno apressa-se, mas, com o cuidado de sempre deixar sua companheira ir bem à frente. Aquele “tropel” aumentava, e vendo que não dava mais para continuar fugindo, Moreno prepara-se para brigar. Nesse instante, um longo apito vem dizer do que se tratava que nada mais era do que um trem. A Maria Fumaça, que avisava estar chegando à estação de Quixaba... O pequenino Inacinho é entregue a pessoas que cuidam dele. A dureza da vida no cangaço, fazendo, mais uma, uma mãe separar-se de seu filho. Muito tempo depois, há o reencontro dos pais com aquele filho, mas, isso é uma outra história que contaremos em outra oportunidade... Nas quebradas do Sertão.

Fonte Ob. Ct.
Foto (“Sangue, amor e fuga no cangaço” – LIMA, João De Sousa. 1ª edição. 2007
Benjamin Abrahão
Encontro300 × 410

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