Seguidores

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

COMBATE DO "FOGO DA MARANDUBA"

Por Raul Meneleu Mascarenhas

Quando estive nos campos de guerra do Fogo da Maranduba, nunca poderia imaginar o que realmente acontecera ali, se não fosse a ajuda de um mago da narrativa, em um de seus livros sobre essa odisseia chamada Cangaço. Em encantamentos presenciais, imagino o Caipira de Poço Redondo, Alcino Alves Costa, em pé, nessa rocha em que estive; olhando e se transportando para aquele dia nove de janeiro de 1932 às quatorze horas, quando se deu esse famoso combate entre os heróis Nazarenos com seus inimigos mortais, Lampião e seus cangaceiros. 

Eu não conseguia ver o que houvera naqueles campos, a não ser uma pequena cruz fincada no meio da caatinga, para marcar a sepultura inicial desses bravos que deram sua vida, para tentar acabar com aquelas feras que viviam fazendo perversidades pelo sertão. 


Antes, como visto pelo Alcino, em sua encantada presença ao dia do combate, onde visitou com os olhos da imaginação esse ermo que estamos vendo agora. Era uma mataria fechada. Hoje apenas um ermo quase sem vegetação alta. Mas ainda vemos alguns umbuzeiros da época.


Mas agora, todos nós contemplávamos uma cruz, indicando o local onde foram enterrados Elias Marques e os nazarenos João Cavalcante, Edelgício, Ercílio, Pedrinho e Manuel Ventura. Na ocasião também fora feito algumas orações e nesse pequeno documentário, vemos o Padre Augustinho, liderar as preces com a participação da maioria dos visitantes.


Convido os amigos a virem comigo apreciar o que Mestre Alcino viu com os olhos da imaginação e pelos diversos contatos que teve com alguns dos heróis nazarenos e com cangaceiros ainda vivos, quando talvez nessa mesma pedra, ou em qualquer das outras próximas aos sete umbuzeiros, seus sentimentos O tenha aproximado-se do "FOGO DA MARANDUBA!*

"O cerrado de Maranduba era, e ainda é, uma das mais faladas caatingas da região sertaneja de Sergipe, mataria grossa: o cipó de leite, bom nome, angico, aroeira, braúna, barriguda, umburana, quixabeira e umbuzeiro, morada do gato, da ema, do caititu, do tatu bola e do peba. 

Pastos onde só vaqueiros machos corriam atrás de bois, vaqueiros escolhidos e famosos como os Soares, o maioral Milinho, João Preto, os Teobaldo, os do Cuiabá e os de João Maria: Adolfo e Manezinho Cego, o famoso Manezinho de Rosara. 

Ali. Bem ali. Naquele emaranhado quase que intransponível, está o coito de Lampião. É ali onde as mulheres cangaceiras esperam seus homens que retornam de mais uma de suas costumeiras razias.

Os soldados vêm chegando. Chegam a umas pias. Espantados, vêem os pingos de água que caem dos paus em cima das pedras. Sinal de que os bandidos ainda estão por ali mesmo. Ao redor das pias, apenas uns quinze homens, os outros estão atrasados, alguns estão na casa velha do Maranduba e outros ainda nem lá chegaram. Mané Neto, louco por uma desforra, resolve não esperar os retardatários e seguir em frente, sabe que os homens de Lampião estão bem próximos, ali naquela mataria. 

No entanto, não sabe Mané Neto que a natureza havia presenteado aquela parte da caatinga com um extraordinário anel, formado por um maravilhoso círculo. Sete umbuzeiros circundam belamente as pias, é uma paisagem de raríssima beleza. É nesse anel formado pelos sete umbuzeiros que Lampião se refugia com seus homens. Havia chegado naquele mesmo momento, coisa pra menos de meia hora, demorara-se um pouco nas pias e agora espalhara seus homens pelas sombras dos umbuzeiros. A alegria é geral. Abraços e vivas fazem a felicidade de todos. Os bandidos formam uma só família. Vivem irmanados pela dor e pelo sofrimento. 

Apenas Lampião não tem alegria. Está taciturno e inquieto. Chama Luís Pedro e ordena:

— Avise ao pessoá qui enquanto nóis num preparar os sentinelas, eu num quero ninguém desequipado, quero todo mundo aperparado e pronto pra uma surpresa. Achu qui a quarquer momento a gente vai ser atacado. 

Mané Neto está saindo das pias e vagarosamente caminha na mataria. Os cangaceiros estão ali a menos de cinquenta metros. A hora da verdade chegou. Escutam as vozes alegres da cabroeira. Rápidos cercam, ou pensam que vão cercar o coito. Acham que os bandidos estão em um umbuzeiro. Jamais poderiam imaginar que ali existissem sete umbuzeiros e que os bandoleiros estivessem espalhados em todos, como também não imaginaram que os bandidos estivessem praticamente preparados para o combate, graças ao poder misterioso de Lampião que previu com precisão o momento do perigo. 

São exatamente duas horas da tarde. É o dia nove de janeiro de 1932. Estão frente a frente os inimigos mortais. Nazarenos e Lampião se enfrentarão, Liberato e sua força serão os coadjuvantes da tremenda desforra. A oportunidade de vingar-se do desastre da Serra Grande se apresenta e os nazarenos não poderiam deixar fugir esta grande chance. Serra Grande era uma marca dolorosa que feria profundamente a vaidade de Mané Neto; grandioso combate que ficara nos anais da guerra cangaceira, oportunidade em que as forças comandadas por nada menos que seis experientes comandantes, os temidos Arlindo Rocha, Zé Olinda, Gino, Domingos, Euclides Flor e Mané Neto, foram espetacularmente derrotados pelo iluminado cangaceiro da Ingazeira. 

Triste 26 de novembro de 1926, data em que as mortais balas dos bandidos deixam marcas indeléveis em suas pernas e quase o levam para o outro mundo. Agora, seis anos depois, surge a maior chance e ela precisa ser aproveitada. Serra Grande e Maranduba, além de Serrote Preto, foram na verdade as maiores vitórias e os maiores feitos do grande rei dos cangaceiros.

Nos cerrados de Maranduba, Lampião dá o alarme. Grita:

— Cuidado mininos. Os macacu cercaru a gente. 

Nesse momento, o inferno como que desaba naqueles ermos. Não existe nada comparável à violência e aos estrondos do combate e do tiroteio. O ribombar ecoa longe, muito longe. Parece que o inferno transportou para aquela esturricada terra os horrores e agonias de suas profundezas. 

Os das volantes, valentes, vaidosos, confiantes e destemerosos, atiram e avançam enlouquecidos e alucinados. A ordem de Mané Neto é avançar e avançar sempre. Liberato está ao seu lado; ele e mais alguns entre os quais Mané Véio, Elias Marques e o filho Procidônio estão na vanguarda, ao lado de Mané Neto. Querem mostrar que são verdadeiros machos, verdadeiras feras, que nada ficam a dever à força pernambucana. 

Os soldados gritam: Mistura! Mistura! 

A vitória parece certa. Já estão misturados, juntos, dentro do coito. Os retardatários vêm chegando, tudo vai ser muito mais fácil, a animação da tropa é sem igual, aquele está sendo um feliz combate. Lampião não tem como safar-se do cerco que lhe fizeram. É hoje ou nunca.

É para Mané Neto a justa recompensa de tantos anos de luta e sofrimento, desde aquele já distante 1923, quando juntamente com o amigo e conterrâneo Odilon Flor ingressaram nas tropas do governo, persegue o infeliz inimigo, e vem sendo sistematicamente derrotado. Alí não é Serra Grande. Naquele combate, apesar de Lampião ter enfrentado seis destemidas volantes, com mais de trezentos homens e sair vencedor, contava com a vantagem de ser o atacante, de estar fortemente preparado e bem entrincheirado esperando as volantes impossibilitadas de sair da arapuca. 

Agora a situação é totalmente inversa, tudo é diferente; apesar do número de soldados ser muito menor, todos os trunfos estão do lado das volantes. Acham que Lampião havia sido atacado de surpresa, e o local, embora muito fechado, era raso, em um plano que muito beneficiava os atacantes; tudo favorecendo as forças. 

Mas do outro lado, o herói, o titã do nordeste, o guerreiro ímpar dos sertões. Imediatamente, dos sete umbuzeiros estrondam furiosas as armas da cabroeira. Rápidos formam um envolvente bloqueio. Procuram de todas as maneiras fazer frente aos da volante. Experientes, calejados e preparados, os veteranos bacamarteiros, dentro da mais perfeita ordem, procuram se alargar pelo cerrado, numa manobra altamente tática e envolvente, deixando os atacantes sem saber para onde dirigir o combate. Começam então a aparecer as primeiras dificuldades, aquele combate que parecia dominado e à mercê dos soldados, está se apresentando como um difícil e tremendo confronto. 

O momento do flagrante já passou. Estarrecidos, os soldados sentem que não conseguiram a vantagem esperada e ainda se dão conta de que já não são os atacantes; sofrem uma medonha investida. O ímpeto e ferocidade dos bandidos são inigualáveis. Começam a ficar desnorteados. Aquilo que parecia ser o início de uma gloriosa vitória começa a ser um terrível e inesperado pesadelo. A luta é de uma atrocidade impressionante. Ali está a nata dos valentões sertanejos. Verdadeiras feras. Verdadeiros suicidas. 

Mané Neto, o lendário vesgo de Nazaré, mostra-se realmente um valentão. A sua vaidade, a sua soberba, na verdade são nascidas de seu temperamento de ferro e de sua incomparável coragem. Liberato não deixa por menos, é também um gigante sertanejo. Juntamente com o Mané Fumaça, formam uma dupla de desassombrados comandantes que não sabem qual é o significado da palavra medo.

Mas apesar da valentia dos comandantes e de seus soldados, o destino da batalha estava selado. A derrota havia se afigurado desde o início da perseguição quando o despeito entre as volantes havia decretado aquele desastre que, no momento do tiroteio, estava se consumando. O verdadeiro e maior desastre foi a chegada dos retardatários. 

Com o estrondar do pesado fogo eles reúnem suas últimas forças e correm para ajudar os companheiros. Não contam com a experiência de Lampião e seu bando que se haviam espalhado deixando os soldados sem saber para que lado atirar. 

Quando também se envolvem com a luta não discernem o alvo a ser atingido e, na ânsia de socorrer seus companheiros, disparam naqueles que se aproximam, confundidos com os inimigos. 

Angustiados percebem o fortíssimo e nutrido fogo em que se encontram. O desastre e a tragédia se configuram. Desesperados, Mané Neto e Liberato tentam parar o fogo cerrado de seus próprios comandados. O impossível está acontecendo, desgraçadamente seus melhores homens estão dentro de um corredor mortal, cujo tapete era o sangue de sua própria gente. 

As baixas começam assustadoramente a subir. Os primeiros ata-cantes estão sendo dizimados, os homens de Mané Neto são os mais atingidos. Desenha-se o quadro monstruoso de mais uma desastrada derrota.

Dos da Bahia estão na linha da frente, além de Liberato, os valentes de Santa Brígida; Elias Marques, seu filho Procidônio e Mané Véio, os quatro baianos brigam juntos. Um pouco mais ao lado, brigam Mané Neto e João de Anízia, outros estão espalhados e amparados nos troncos das árvores. 

Os bandidos estão enlouquecidos. Avançam como se fossem feras, atiram e adiantam, negaceiam e progridem, gritam e atiram. Rifles e mosquetões estão em brasa, a sede é torturante, os cangaceiros em cima, endemoniados. 

De repente, Elias é baleado, Procidônio pergunta se o ferimento é grave, o ferido é um titã, quer lutar ao lado do filho. Responde que não. Foi apenas um ferimento no braço. A luta continua, minutos depois Mané Véio vê Elias caído, corre e ampara o tio colocando-o sobre suas pernas. Antes viu um cangaceiro como um louco pular na frente dos atiradores, parecendo que queria pegar Mané Neto à mão. 

O bandido está tão próximo que, sem dificuldade alguma, atira e o cangaceiro cai a seus pés. Aproveita e da cabaça do próprio bandoleiro bebe água; retirando a caneca dependurada na mesma cabaça, enche-a de água. Quando sorve o precioso líquido sente um gosto muito grande de sangue. Não se incomoda. Como está morrendo de sede torna a encher a caneca e aí vê a mesma se tingia com o sangue que pingava da cabeça do cangaceiro morto: Sabonete. 

O ferimento de Elias, a princípio, aparentemente sem a menor gravidade, agora lhe retira a vida. Nos braços de Mané Véio e de Procidônio, esvai-se em sangue. O filho também está baleado em uma perna. A situação torna-se dramática e desesperadora. Entre os nazarenos, a tragédia ainda é maior. Mané Neto e os seus, debaixo de um verdadeiro massacre, assiste à queda de seus homens numa constância alarmante.

Muitos feridos e vários mortos. Já estão sem vida os irmãos Edelgício e Ercílio de Sousa Novais, filhos de Conrado Ferraz Nogueira, da fazenda Ema, e irmãos de Aurelino e Herculano. Também tomba sem vida o sargento João Cavalcante, conhecido como João de Anízia da Ipueira, além de Antônio Benedito, Pedrinho e Manuel Ventura. 

Dos cangaceiros morrem apenas Sabonete e Caatingueira. Aquela tão sonhada desforra, aquela gloriosa vitória, torna-se em uma retumbante derrota, parecendo que as duas volantes serão aniquiladas pelos verdugos de Lampião. 

Mané Neto está enlouquecido, não se conforma com o desastre e renega a sua própria sorte. Alucinado, contempla seus homens estirados, sem vida naquela caatinga. Procura pelo companheiro João de Anízia, o valoroso sargento de sua Nazaré, até que o encontra morto no pé de uma braúna, não nota ferimento e nem sangue; só depois de revirá-lo é que descobre o grande furo deixado pela bala em suas costas. Não é possível que aqueles homens tão destemidos e valentes estejam alí sem vida. O que dirá aos pais, irmãos, esposas e filhos quando para Nazaré retornar? Alí mortos estão os homens que nasceram, cresceram e viveram sempre juntos, todos praticamente de uma mesma família, todos enfrentavam e quase sempre eram derrotados por um dos seus, por um dos que também viveram toda sua vida naqueles campos secos e bravios dos sertões de Vila Bela. 

A batalha do Maranduba, como a de Serra Grande, foram os maiores pesadelos da história romanesca daqueles que perseguiam os asseclas nordestinos e a total desmoralização dos cabras de Nazaré, a partir desse fatídico dia, não mais conseguiram ímpetos e nem ânimo para guerrear com Lampião e sua gente. Maranduba e Serra Grande são, portanto, os dois maiores marcos, os dois maiores feitos da guerra cangaceira."
* Do livro MENTIRAS E MISTÉRIOS DE ANGICO - Alcino Alves Costa

http://meneleu.blogspot.com.br/2016/02/combate-do-fogo-da-maranduba.html

http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

DOIS LIVROS DO ESCRITOR LUIZ RUBEN BONFIM

Autor Luiz Ruben Bonfim

Adquira logo o seu através do e-mail acima:


Não deixe de adquirir esta obra. Confira abaixo como adquiri-la.

Lembre-se que se você demorar solicitá-la, poderá ficar sem ela em sua estante. Livros que falam sobre "Cangaço" a demanda é grande, e principalmente, os colecionadores que compram até de dezenas ou mais para suas estantes.

Valor: R$ 40,00 Reais
E-mail para contato:

luiz.ruben54@gmail.com
graf.tech@yahoo.com.br

Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Economista e Turismólogo
Pesquisador do Cangaço e Ferrovia

http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LIVROS DO ESCRITOR ANTONIO VILELA DE SOUZA


NOVO LIVRO CONTA A SAGA DA VALENTE SERRINHA DO CATIMBAU
Adquira logo o seu, antes que os colecionadores venham invadir a estante do autor.

Peça-o através deste e-mail: 

incrivelmundo@hotmail.com


O livro "DOMINGUINHOS O NENÉM DE GARANHUNS" de autoria do professor Antonio Vilela de Souza, profundo conhecedor sobre a vida e trajetória artística de DOMINGUINHOS, conterrâneo ilustre de GARANHUNS, no Estado de Pernambuco.

Adquira logo o seu através deste e-mail:
incrivelmundo@hotmail.com
R$ 35,00 Reais (incluso frete)

http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com

A FUGA DOS CANGACEIROS - DULCE E CRIANÇA

https://www.youtube.com/watch?v=Tq6yaxAkpBo&feature=youtu.be

Publicado em 25 de fevereiro de 2016
A fuga dos cangaceiros - Dulce e Criança

http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br
http://sednemendes.blogspot.com
http://mendespereira.blogspot.com
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LUTO FECHADO

Por Rangel Alves da Costa*

Acerca do luto, as definições são muitas, dependendo da abordagem escolhida. Há o luto rotineiro, tradicional, aquele caracterizado pelo uso de roupa escura até certo tempo após a morte de alguém. Dependendo da sociedade, outras cores assumem a simbologia da perda e do pesar ainda presente. Há o luto festivo, onde contínuos rituais representam a entrega do falecido à outra vida e dizem de sua importância no mundo dos vivos.

No mesmo sentido, o período de consternação pela perda de alguém querido, que se diferencia entre os povos. Em termos psicanalíticos, o luto envolve a perda do elo entre uma pessoa e seu objeto, sendo a reação à perda sua característica maior. A tristeza profunda, melancolia e o distanciamento da realidade seus reflexos mais imediatos.

Na tradição cristã, o luto envolve desde a missa de corpo presente às demais liturgias em memória da pessoa falecida. Noutra esfera, há também o denominado luto oficial, geralmente de três dias, decretado pelos governos após o falecimento de figura proeminente. Diz-se ainda do luto interior ou da consternação pessoal com perdas outras que não de entes queridos. Assim, enlutece também quem de repente se vê alijado de amor, de amizade, de coisas importantes que façam parte de sua vida.

De qualquer modo, o luto é tradição expressada no sentimento de tristeza ou pesar pela morte de alguém. Enlutece aquele que após a partida de um ente querido se veste de negro por um determinado período de tempo, podendo ser um mês ou mais, chegando a ano ou mesmo mais. Pessoas existem que vão tingindo roupas após roupas, de modo que três ou quatro peças sirvam para todo o enlutamento.


Na tradição, também as variações no pesar, eis que alguns se vestem de negro dos pés à cabeça e após um ou três meses vai arrefecendo o luto com o uso de roupas de outras cores, desde que em tons sombrios ou escurecidos. Outros apenas se negam a vestir roupas coloridas por um período, tendo ainda outros que preferem o luto pelo resto da vida. E não só o luto na roupa, mas também na alma e na existência, pois passam a viver como sob um manto se fim de saudade, de pesar, de melancolia, de entristecimento.

Hoje é raro de acontecer, mas pelos lugarejos remotos ainda se encontra viúvas com luto completamente fechado. Além das vestes inteiramente negras, também levando consigo uma feição sombria, chorosa e inafastável do defunto desde muito sumido da terra. Seria apego em demasia ao ente querido, seria demonstração de amor extremado ao desaparecido, seria o exercício da morte em vida? Nunca se sabe, pois o verdadeiro luto está no silêncio doloroso da alma, do sentir, e jamais na cor da roupa que alguém possa vestir.

Mas conheço alguém, uma velha viúva, que tem na ponta da língua a resposta quando perguntada pelo luto fechado já desde mais de trinta anos: assim a minha vida desde a partida daquela vida, nessa cor da noite mais escurecida, nessa lágrima que eternamente chora por dentro. E acrescenta: não poderia viver na alegria ou no contentamento se a alma não clama por outra coisa senão por saudade, por lágrimas e desejos daquela presença.

O luto tantas vezes é tão fechado que a pessoa evita até sair à rua, a caminhar nos afazeres do dia a dia, a ter uma vida dentro da normalidade. Quando abre as portas de casa é para ir ao cemitério visitar o túmulo de seu defunto. Vai levando velas, buquê de flores, perfumes, retratos antigos e tudo o que houver que represente relação com o ausente. Com um véu negro sobre a cabeça, vestido negro comprido até os pés, certamente com os olhos encharcados de lágrimas, vai seguindo como uma figura aterradora em plena luz do dia. E também já nas horas escurecidas do dia, adentrando na noite.

E assim permanece até o dia em que também partirá. E nem sempre com nenhum luto de um parente que fica. Sequer a lembrança, a saudade, pois a morte também pode representar o fim absoluto de tudo.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br
http://blogodmendesemendes.blogspot.com

O INTERROGATÓRIO DE “LUCAS DA FEIRA” APONTADO COMO UM DOS PRIMEIROS CANGACEIROS DO NORDESTE.


Material sobre Lucas da Feira escrito em 1907 por Guimarães Covas, que foi delegado nesta cidade [Feira de Santana] no final do século XIX e início do século XX. A grafia está conforme o original:

(...) comecemos a narração dos factos principaes da vida de Lucas e de sua quadrilha.

A 18 de Outubro de 1807, nasceu Lucas Evangelista, na fazenda “Sacco do Limão”, do município da Feira de Sant’Anna.

Produziram o temível facínora os africanos Ignácio e Maria.

Captivo de nascimento, Lucas pertenceu, a princípio, a D. Anna Pereira do Lage, e por fallecimento desta senhora passou ao domínio do Padre José Alves Franco, vindo mais tarde a caber, em nova partilha, ao pae deste sacerdote, Alferos José Alves Franco.
Ao tempo em que se deu o traspasse do maldicto escravo ao novo senhorio, elle já havia fugido para as mattas da Feira, mais ou menos em meiados de 1828.

Uma vez no goso daquella conquista de liberdade, a índole perversa do bandido entrou, desde logo, em cogitações diabólicas de que resultou a organisação da célebre quadrilha de salteadores, da qual faziam parte os escravos também fugidos, de nomes: Flaviano, Nicolau, Bernardino, Januário, José e Joaquim.

Inspirada nos sentimentos sanguíneos do bandido que a chefiava, essa malta de terríveis assassinos e ladrões commetteu, livremente, toda sorte de crimes nas estradas do famoso município, até o dia 28 de Janeiro de 1848, data da prisão do célebre salteador chefe da quadrilha.
Para que o leitor fique conhecendo a série de crimes praticados por Lucas e seus cúmplices, esses bandidos que trouxeram, por 20 annos, a população da Feira em constante sobresalto, vamos transcrever o interrogatório a que foi submettido no tribunal do jury o chefe desses miseráveis.

O Juiz de Direito da Comarca e Presidente do julgamento era o Dr. Innocencio Marques de Araújo Góes que fez do seguinte modo o interrogatório ao réu:

- Perguntado o seu nome, naturalidade, edade e profissão?

- Respondeu chamar-se Lucas, ter sido escravo do fallecido Padre José Alves, nascido na fazenda do “Sacco do Limão”, frequezia de São José maior de 35 annos e que era empregado no serviço da lavoura e carpina.

- Perguntou-lhe se sabe o motivo por eu foi preso e o que vem fazer neste tribunal?

- Respondeu que tendo fugido da companhia de seu senhor há quase dezoito annos e commettido em todo esse tempo algumas acções más, pelo que tem sido processado pela Justiça, pensa ter sido preso para dar contas do seu procedimento e julgado como merece.

- Perguntou em que empregava-se durante tanto tempo que viveu nas mattas, como sustentava-se e obtinha aquillo de que carecia?

- Respondeu que até certo tempo matava seus bichinhos para sustentar-se, e pedia algumas coisas que precisava a pessoas de seu conhecimento e amisade, mas que passando a ser perseguido pela Justiça, vendo-se desesperado, como ainda se acha, começou a offender e fazer mal ao povo.

- Perguntado quaes os conhecidos e amigos que lhe devam objectos que elle pedia?

- Respondeu que não tinha empenho em declarar nomes, que por estar perdido não queria perder outros christãos que lhe haviam feito benefícios.

- Perguntado se esses amigos e conhecidos a que se refere lhe forneciam também algumas porções de polvora e de chumbo e algumas armas?

- Respondeu que há mais de quatro annos tomara na estrada um barril de pólvora e uma grande porção de chumbo de que usou até agora.

- Perguntou-lhe onde e como obtinha os mesmos objetos, antes dessa tomada de que fala?

- Respondeu que nas estradas tomava a uns á força e outros voluntariamente lhe davam, e que também algumas vezes comprava, não declarando seus nomes, porque, já disse, não queria perder outros.

- Perguntou-lhe mais como offendia geralmente ao povo, segundo disse, quando affirma que só queria offender àquelles que o perseguiam e o insultavam nas estradas?

- Respondeu que somente maltratava e offendia aquelles de quem receiava que o atraiçoassem ou perseguissem por qualquer forma.

- Perguntado si tem noticia dos tiros dados no guarda policial Joaquim Romão e Manoel Antonio Leite, resultando a morte deste, que também foi roubado?

- Respondeu negativamente.

- Perguntou-lhe si não tem noticia de Antonio Correia Pessoa, que foi morto e roubado em sua própria casa?

— Respondeu saber desse facto, e que foram autores elle respondente e seus companheiros, Nicoláo, Joaquim e Januário e que assim procederam porque esse Pessoa os perseguia e que já lhes havia dado dois tiros.

- Perguntado como foi morto esse homem?

- Respondeu que fora com pancadas e couces.

- Perguntou-lhe si tinha lembrança da morte de Ventura Ferreira de Oliveira, na Lagoa do Peixe?

- Respondeu que fora morto por seu camarada Nicolau, estando presente elle interrogado.

- Perguntou-lhe si tem noticia das mortes de Alexandre Felippe de Lima e de José Francisco Caboclo e quaes os autores?

- Disse, quanto à primeira, nada sabe e quanto á segunda foi elle interrogado quem matou, porque esse José Francisco recusava-se a pagar-lhe um dinheiro e também o queria matar.

- Perguntou si tinha noticia da morte do Antonio, escravo de José Antonio da Silva, que teve lugar na fazenda Sobradinho, próximo a esta villa?

- Respondeu que passando elle e alguns companheiros pela estrada, o dito Silva e outros lhe dirigiram insultos, pelo que elle respondente para desaffrontar se dera uns tiros contra aquelles, de um dos quaes resultou a morte do crioulinho.

- Perguntou mais si tem noticia da morte de Antonio Bonifácio e quem foi o autor?

- Respondeu ter sido elle interrogado, porque esse Bonifácio andava o preseguindo, pelo que o matou antes que lhe dizesse o mesmo.

- Perguntou si tem noticia da morte de Theotonio, escravo de Victorino Alves e qual o motivo? Respondeu que estando elle e alguns companheiros procurando a vida, o seu camarada de nome Joaquim matara e dito Theotonio.

- Perguntado si também tem noticia da morte de Alexandrina de tal, escrava de Manoel Joaquim?

- Respondeu ter sido elle quem a matou na occasião da morte do seu companheiro Nicoláo.

- Perguntou-lhe mais si tem noticia da morte de Manoel Lima, que também foi roubado, em uma das estradas desta villa?

- Respondeu negativamente.

- Perguntou-lhe si tem noticia da facada e pancadas que soffreu João Gomes de Oliveira, levando as também duas filhas?

- Respondeu que só lhe deu pancadass com o couce da arma porue elle sabia do rancho em que se escondiam, e que as filhas foram somente conduzidas até a beira do rio Jachype onde elle as deixou.

- Perguntou mais se tem notícia da morte de João Vicente e qual o motivo?

- Respondeu que esse João Vicente também sabia do seu rancho, e tendo dado lá uma tropa, entendeu que foi elle o denunciante, por isso o matou.

- Perguntou-lhe mais si também tem noticia da morte de Joaquim Romão?

- Respondeu negativamente.

- Perguntou-lhe mais si sabe da morte feita em João de tal, morador no lugar denominado Papagaio?

- Respondeu ter sido o autor, porque elle sabia, e effectivamente mostrou, o logar em que tinha o seu rancho e de seus companheiros.

- Perguntou-lhe também si fora o autor da morte de Alexandre de tal, filho de Antonio Felippe?

- Respondeu que elle e seu companheiro Nicoláo fora os autores, porque os ditos Alexandre o seu pai Antonio Felippe constantemente os perseguiam.

- Perguntou-lhe si sabe quem deu as cutiladas no crioulo Manoel João?

- Respondeu que foram elle e seu companheiro Nicoláo, porque receiavam desse individuo.

- Perguntou-lhe sei tem noticia dos tiros dados no capitão Gregório do Nascimento?

- Respondeu que fora elle e seus companheiros, porque Gregório também os perseguia.

- Perguntou se tem noticia dos tiros dado em Manoel das Chagas e qual o motivo?

- Respondeu que foi elle por ver que esse homem merecia e assim quis quebrar-lhe as pernas.

- Perguntou-lhe mais, porque?

- Respondeu que por ter promettido pical-o em postas, assim elle respondente quis ensinal-o.

- Perguntou si tem noticia do roubo feito a José Dionysio, morador nas Campas?

- Respondeu que fora feito por seus companheiros Nicolau e Manoel, estando elle também presente.

- Perguntou o que roubaram nessa occasião?

- Respondeu que três colheres de prata.

- Perguntou-lhe si teve noticia do roubo feito a Vicente de tal, das Campas?

- Respondeu que fora elle o autor do roubo, tendo somente roubado uma calça e uma jaqueta.

- Perguntou mais si tem noticia dos cinco tiros dados em Gregório José de Almeida, no caminho de São José?

- Respondeu que foram dados por elle e seus companheiros, por um insulto que o dito lhes fizera.

- Perguntou si além dessas mortes e furtos sobre que tem respondido, lembra-se de ter feito mais alguma cousa?

- Respondeu que perante o Juiz Municipal já fora também conduzido e interrogado sobre alguns outros factos, como fosse o roubo da egreja das Brotas, e os tiros no Alferes Agostinho, em Joaquim Ferreira da costa e outros feitos a um homem chamado Sampaio Pinheiro e o vaqueiro de Aprigio Pires Gomes.

- Perguntou-lhe mais si durante a estada nos matos raptou algumas mulheres e sei tem lembrança do numero?

- Respondeu ter com effeito raptado algumas em numero de cinco ou seis, tendo, porém, outras ido voluntariamente para sua companhia.

- Perguntou si não matou alguma destas raparigas que levou para a sua companhia?

- Respondeu negativamente.

- Perguntou se em algum encontro, que elle respondente teve com pessoas que o perseguiam, levou alguns tiros e si tem lembrança do numero?

- Respondeu ter contado até cem e que felizmente escapou, tendo levado outros muitos que dahi em diante deixou de contar.

- Perguntou se não guardou em alguma parte ou em poder de qualquer pessoa dinheiro e outros objectos que tivesse tomado nas estradas?

- Respondeu que tudo quanto tinha era somente alguma roupa e outras miudezas que existiam no rancho em que foi preso, nada tendo guardado em parte alguma.

E nada mais respondeu nem lhe foi perguntado.

Por esta forma houve o Juiz por findo este interrogatório, mandando lavrar este termo, em que assignou com o curador do réo, depois de lido por mim Manoel José de Araújo Patrício, escrivão que escrivi - Innocencio Marques de Araújo Góes - O curador, Manoel Pereira de Azevedo.

Do interrogatório que acabamos de transcrever, vê-se quanto foi flagellada a Feira de Sant’Anna, principalmente depois do anno de 1840, quando o celebre salteador organisou sua quadrilha.

A prisão de Lucas teve os seus prodromos a 23 de Janeiro de 1848.

Narremos o facto que deve ter alguma importância para os nossos leitores.

Achando-se foragido o official de justiça do fórum feirense, de nome José Pereira Cazumbá, porque praticara um homicídio, pensou de obter o indulto, offerecendo-se para prender o salteador Lucas.

Acceita a proposta pelas autoridades com o accrescimo de que o governo compromettia-se a dar a Cazumbá, além do indulto mais quatro contos em dinheiro, foram affixados editaes neste sentido nos lugares mais públicos da Feira e publicados pela imprensa.

Na capella de N. S. dos Humildes, três legoas ao Sul da Feira de Sant’Anna, realisou-se uma festa, e para ella dirigiu se Lucas em procura, talvez, de alguma presa.

Cazumbá, acompanhado de Manoel Gomes, montou guarda no lugar chamado Pedra do Descanso, por onde, fatalmente, Lucas teria que passar de volta da festa.

Na segunda-feira 24, cerca de 6 horas da manhã, surge o salteador felizmente desacompanhado.

Manoel Gomes esmorece e treme, caindo-lhe a arma das mãos; mas na emboscada detona uma outra arma, cujo projectil aloja se certeiro no braço do salteador - foi a arma de Cazumbá, o official de justiça pronunciado que necessitava de liberdade.

Passada a primeira impressão, causada pelo susto de que o salteador não fosse altacal-os em seu esconderijo, sahiram elles e foram examinar o lugar onde estava Lucas quando recebeu o tiro.

O salteador havia de facto desapparecido, mas ali se achava o clavinote de seu uso e um rasteiro de sangue pela estrada afora.

Nessas averiguações estavam os dois, Cazumbá e Gomes, quando por ali passou o dr. Leovegildo de Amorim Filgueiras, juiz municipal e delegado do Termo, acompanhado de outros para effectuarem uma medição de terás.

Sciente de tudo, a dita autoridade poz a força publica em movimento para a captura do bandido, cujo paradeiro haviam de descobrir pelos vestígios de sangue, deixados na estrada e no mato.

Infelizmente assim não aconteceu porque a força de policia, os Inspectores de Quarteirão e o povo que os acompanhava, andaram todo dia e nos seguintes debalde, porque os vestígios desappareceram.

Quando o desanimo já começava a invadir aquelle troço de homens ávidos pela prisão do malvado crioulo, surgiu entre elles uma lembrança providencial.

Benedicto da Tapera, suspeitado como um de seus confidentes e intermediários, havia de lhes dizer qualquer cousa.

Sem demora seguiram para a casa do mesmo e gratificaram-n’o, ameaçando-o ao mesmo tempo de matal-o se não disesse onde estava Lucas.

Nestas condições, Benedicto confessou o paradeiro do salteador.

Na manha do dia 28 de Janeiro, o bandido, que tanto aterrorisou as populações daquella zona no período de vinte annos, estava entregue á justiça para responder por tantos crimes que praticara.

Condemnado à força pelo tribunal do Jury que se reuniu a 1º de Março do mesmo anno, foi executado a 26 de Setembro de 1849, no Campo do Gado, em presença de uma multidão que exultava pelo goso da tranqüilidade aspirada com o desapparecimento do bandido que a ameaçara por tantos annos.

Às 10 horas da manhã, daquelle dia, foi o salteador retirado da prisão e revestido de uma túnica branca.

Posto o baraço ao pescoço, em cuja extremidade segurava o carrasco, começou a percorrer as ruas da Feira, ladeado por dois franciscanos e o vigário da Freguezia padre José Tavares da Silva, e acompanhado das autoridades locaes, força publica e enorme massa popular da villa e de muitos logares que viera para esse fim.

De espaço a espaço paravam, os franciscanos resavam, os sinos dobravam e o official de justiça Marcellino Marques da Silva apregoava em altas vozes a morte do condemnado.

Ao meio dia chegou o cortejo fúnebre ao Campo do Gado, lugar em que estava armado o instrumento do supplicio.

Guindado ao plano superior da força, acompanhado de seu carrasco, Joaquim Correia, rapaz branco de 20 annos de edade, que espontaneamente se offerecera para aquelle reprovável mister, por ter o réprobo assassinado barbaramente seu pai Francisco Correia, elle, Lucas, acenando com a mão que lhe restava, pois a outra tinha sido operada em conseqüência dos tiros recebidos quando foi preso, disse: “Espere!”

Divagou o olhar acovardado por aquella multidão, e com voz fraca e arrastada declinou estas ultimas palavras:

“Sei que muitos dentre vós estão contentes de me verem assim acabar; eu peço perdão a Deus e a todos que perdoem”.

Dito isto o carrasco atira-o ao espaço: desce pela corda; arrima-se aos hombro do condemnado e mantém-lhe a bocca fechada. Os membros do suppliciado controhem-se, seguindo-se a mieção e o exhalar do ultimo suspiro.

Morto! Foi o brado uniforme, abafado e fúnebre sahido dos lábios da multidão.

Effectivamente o condemnado tornara-se cadáver; a Feira exaltava pela volta de sua tranqüilidade; a justiça desafrontara-se, e a sociedade; quanto a nós que escrevemos estas linhas desapaixonadamente, devia ter se enlutado por esse assassinato cobarde praticado na pessoa de um facínora, é verdade, mas no entanto criminoso porque a sociedade não soube educal-o.

Obs: A imagem abaixo é meramente ilustrativa, cuja a fonte não está identificada, porém a assinatura do autor encontra-se inserida na mesma.

Transcrição: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)


Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior
https://www.facebook.com/groups/ocangaco/?fref=ts
Grupo: O Cangaço

http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com