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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

ANTÔNIO LINARD E O TORNO DE LAMPIÃO.

Das duas ou três vezes que Lampião e seu bando vinham ao Cariri cearense anualmente, subiam a chapada do Araripe pela ladeira do Salvaterra, na divisa de Porteiras e Brejo Santo, para atingir o sítio Serra do Mato, nas suas escarpas, encravado entre Missão Velha e Barbalha. Ali eles encontravam o refrigério de que necessitavam.

Propaganda da Fundição Linard, década de 1940. 

Lampião e seu bando ficavam hospedados na residência senhorial do celebérrimo coronel Antônio Joaquim de Santana, genitor do todo poderoso Dr. Juvêncio Joaquim de Santana, circunspecto magistrado que fora desde deputado estadual, como candidato do padre Cícero Romão Batista, a Secretário do Interior e Justiça do Governo Moreira da Rocha ("Moreirinha"), instalado no Ceará a partir de 1924, cuja seriedade estava acima de qualquer suspeita. Diante dele, todas as dúvidas se dirimiam, tal era a sua autoridade moral e jurídica. Começara a carreira de magistrado como promotor público de Jardim, logo que saíra da Faculdade de Direito. Ali foi também professor de História e Geografia, no famoso "Colégio 24 de Abril", do educador Francisco de Lima Botelho. Também, ficou tomado pelos encantos femininos da senhorita Beatriz Gondim, filha do coronel José Caminha de Anchieta Gondim, conhecido como coronel Dudé ou Daudet, boticário e matemático, chefe político local, com a qual, efetivamente, veio a se casar.

 
Antônio Linard 

O coronel José Caminha de Anchieta Gondim é pai do monsenhor Dermival de Anchieta Gondim, pároco da cidade de Brejo Santo desde a década de 1950.

O sitio Serra do Mato, em Missão Velha, ainda hoje é de difícil acesso, imagina nos tempos de Lampião! Só vai lá quem tem negócio. O coronel Antônio Joaquim de Santana era dono de todas as vidas, mandando com mão de ferro nas pessoas e na natureza, verdadeiro paraíso ecológico com muito verde, um engenho de rapadura, frutas e sombras que faziam daquela região um oásis. 

Lampião ficava hospedado na própria residência do seu proprietário, enquanto os cangaceiros ocupavam um grande galpão, "batendo pernas" pelas cercanias, absolutamente tranquilos, inclusive bebendo pinga na vilazinha de Gameleira do Pau ou Gameleira de São Sebastião. Ali estavam com a vida que pediram a Deus, com paz, segurança e fartura, recuperando os quilos perdidos e dormindo sem sobressaltos! 
Usina Linard em Missão Velha/CE.
A 200 metros da casa grande do sitio ficava a caudalosa Fonte da Pendência, uma das maiores dentre as 310 que a chapada do Araripe doa ao Cariri, cerca de 20 milhões de metros cúbicos de águas límpidas e puras por ano, sem precisar de energia elétrica, brotadas do bucho dadivoso da chapada, que tem 748 mil hectares de matas, separando ou unindo três Estados: Ceará, Pernambuco e Piauí, com 30 léguas de comprimento e 1O de largura, em média. 
Pois bem, os cangaceiros ficavam na fonte, banhando-se, fazendo a barba, lavando os seus animais, banqueteando-se com saborosos churrascos dos gordos bois que desciam da chapada para se dessedentarem nas fartas águas da fonte. No recanto bonançoso da Fonte da Pendência, os cangaceiros tinham o seu efêmero lazer.

Em uma das estadas de quase vilegiatura de Lampião e seu bando no sitio Serra do Mato, enquanto os cangaceiros se refrescavam na caudalosa Fonte da Pendência, absolutamente certos de que ninguém, nem mesmo o tenente Arlindo Rocha os molestaria, Lampião recebia e conversava na casa grande com o coronel Antônio Joaquim de Santana e seus numerosos amigos ''cangaceirófilos''.

Lá para as tantas, Lampião mostrou um régio presente que havia recebido: um estojo de madeira trabalhada, dentro do qual havia uma linda pistola de fabricação alemã, até então sem utilidade, porque ninguém sabia montá-la! Foi aí que o matreiro coronel Santana disse:

''- Lampião, eu tenho um amigo mecânico que sabe até fabricar, e muito mais montar a sua pistola: é o mecânico Antônio Linard, maquinista de Dãozinho Gonçalves, de Missão Nova. Vou mandar chamá-lo.”

Efetivamente, Antônio Linard chegou a cavalo e, em duas horas, já Lampião atirava com sua pistola! Foi aquele espanto!

Então, Antônio Linard observou que as armas dos cangaceiros estavam sujas, cheias de poeira e sem lubrificação. Durante todo dia, limpou e lubrificou o armamento do grupo. A seguir, Lampião pediu a conta e Antônio Linard respondeu que não era nada, uma simples cortesia.

Lampião, então, perguntou a Antônio Linard o que ele precisava para mudar de vida para melhor. Antônio Linard respondeu:

"- Um torno mecânico, porque todos os engenhos de rapadura do Cariri mandam suas moendas de ferro para serem torneadas em Fortaleza, apenas por falta de um torno mecânico, porque eu sei tornear."

O famoso "Torno de Lampião", ainda hoje em perfeito funcionamento. 

Nisto, em um gesto inopinado, Lampião tirou o seu chapelão e "correu a roda", como se diz vulgarmente, diante dos presentes, inclusive dos cangaceiros, angariando dinheiro para Antônio Linard que, com isto, pode comprar o primeiro torno da Fundição Linard, de Missão Velha, o que hoje inicia a fila de 1O ou 15 tornos daquela modelar siderurgia.

Antônio Linard era filho do francês Serafim Estevão Linard, que junto com operários de mais 50 nacionalidades, finalizaram em 1912 a estrada de ferro que percorria as margens dos rios Mamoré, na Bolívia e Madeira, em Rondônia. Construída para importar borracha dos nossos vizinhos, a estrada Madeira-Mamoré ficaria conhecida como a Ferrovia da Morte, pois nela pereceram quase 06 mil homens, vítimas de doenças tropicais e de condições inadequadas de trabalho. 

Em alusão ao centenário do nascimento de Antônio Linard. 

Finalizada a construção da Madeira-Mamoré, Serafim procurou por uma região em que fervessem os caldeirões dos engenhos de rapadura, clientes certeiros de quem lida com ferro. Assim, ele chegou ao Ceará, indo instalar-se com a família em Santana do Cariri. Antônio Linard, filho do segundo casamento do francês, se sentiu na responsabilidade de sustentar a família quando o pai veio a falecer. No começo do século XX, quando Antônio era um jovem em busca de pôr em prática os ensinamentos do pai sobre a arte do ferro, Missão Velha era a cidade onde mais se plantava cana-de-açúcar – cerca de 300 engenhos produziam sem parar e, claro, não faltavam máquinas precisando de reparo.

A população de Missão Velha, hoje, é de pouco mais de 35 mil habitantes. Em 1933, quando Antônio abriu a primeira oficina mecânica para manutenção das máquinas dos quase mil engenhos do Cariri, a cidade era ainda menor e ele, então com 29 anos, pôde praticar tudo o que sabia sobre o funcionamento das moendas ¬– habilidade que desenvolveu apenas vendo-as girar, além de ter observado o pai em ação e de ter lido os livros de mecânica em francês e inglês que herdou dele.

Agora, a Fundição Linard é um orgulho para o Cariri, exportando máquinas agrícolas para a Índia e Canadá. 

Interior da Usina Antônio Linard - Máquinas e Construções Técnicas S/A. 

Deste episódio fica uma grande lição para a vida: ninguém é totalmente mau ou totalmente bom, dependendo das circunstâncias. Apesar de bandido feroz, lá no intimo de Lampião havia qualquer laivo de bondade, que podia aflorar facilmente, dependendo do momento e da sutileza da provocação.

Foi assim, quase acidentalmente, que surgiu a fecunda Fundição Linard de Missão Velha, uma benemérita do Cariri, hoje sob a direção de Maragton Linard (filho de Antônio Linard) e seus três filhos – Alônion, Amélia e Mona Alice.

Fontes bibliográficas:

- Cariri Cangaço, Coiteiros e Adjacências, Napoleão Tavares Neves, 2009;

- Cariri Revista, Histórias marcadas no ferro, por Pedro Philippe, em 19 de junho de 2015 - http://caririrevista.com.br/historias-marcadas-no-ferro/.

Fontes iconográficas:

- Site Cariri Cangaço: http://cariricangaco.blogspot.com.br/2010/09/familia-linard-e-o-torno-de-lampiao.html;

- Cariri Revista, Histórias marcadas no ferro, por Pedro Philippe, em 19 de junho de 2015 - http://caririrevista.com.br/historias-marcadas-no-ferro/;

- Heitor F. Macêdo.

A Munganga Promoção Cultural. 

https://cangacologia.blogspot.com/2018/09/antonio-linard-e-o-torno-de-lampiao_57.html

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FILHOS QUE AMAM SEUS PAIS

*Rangel Alves da Costa

Nem toda procriação significa a devida correspondência da prole. Filhos nascem e continuam filhos pela vida inteira. Mas filhos nascem e assim que podem passam a negar seus berços de nascimento. Amor, respeito, afeição pelos pais, apenas em alguns.
Alguns até podem viver repetindo o refrão da música de Erasmo Carlos: “Ei mãe, não sou mais menino, não é justo que também queira parir meu destino. Você já fez a sua parte me pondo no mundo, que agora é meu dono mãe, e nos meus planos não estão você...”. Existem muitos filhos assim.
Filhos gestados no amor, na luta pela sobrevivência, na dureza da criação, mas que depois passam a desconhecer totalmente aqueles que lhes garantiram um lugar na vida. Mas nem todos assim, logicamente. Ainda bem que a maioria nunca desaparta dos laços familiares, nem no amor nem no reconhecimento.
Filhos que amam seus pais e filhos que jamais sentiram qualquer sentimento amoroso por aqueles que lhe deram vida. Filhos que cultivam suas raízes e filhos que sequer querem saber de onde vieram.
Filhos que a todo instante agem como filhos, e por agirem assim sempre respeitam, veneram e procuram preservar pai e mãe, e filhos que a todo instante renegam seu berço familiar, a casa onde mora, o sobrenome que carrega e, principalmente, sua herança de sangue.
Filhos que sofrem o mesmo sofrimento de seus pais, que sentem a mesma dor dos seus, que se desesperam em momentos dos desesperos que afetam os seus. E filhos que têm suas raízes como estorvo, como pedras em meio ao caminho, como pessoas que desnecessariamente se preocupam com suas vidas.
Filhos que dão a benção aos pais e filhos que sequer dão bom dia ou boa tarde. Filhos que tudo fazem para não ficar distante dos seus e filhos que quanto mais longe eles estiverem mais se sentem confortados. Filhos que abrem a porta de seus lares com amor e filhos que amam sair sem hora para retornar.


Filhos que perdem uma parte de si quando um pai ou uma mãe se despede da vida terrena. Filhos que nunca se acostumam com as perdas e continuam amando os seus como se ao lado estivessem. E filhos que só lamentam quando seus pais não deixaram nenhuma herança.
Filhos que bebem da saudade dia após dia, que choram de saudade, que sequer conseguem confrontar os velhos retratos. Filhos que oram pelos seus ausentes, que fazem da memória e da recordação um vínculo inseparável. E filhos que fazem do esquecimento uma forma de traduzir sua negação familiar.
Como visto, existem filhos e filhos. Os pais sempre são os mesmos, sempre serão pais, mas os filhos não. Filhos existem que dizem amar depois da impossibilidade do amor real, vivenciado na existência. Tiveram todo o tempo da vida para demonstrar tal amor, mas somente depois da perda alardeiam os sentimentos.
Existem filhos e filhos. Incompreensível é que um filho deixe de fruir, e com a máxima intensidade, a presença de seus pais. Ora, os seus pais estão ali, e por que não uma demonstração de reconhecimento, de amor, de filiação. Por que não estar pertinho deles, por que não procurar saber como andam suas vidas, se estão precisando de alguma coisa?
Será que somente quando os pais se vão é que os amores tardios devem ser revelados? Será que somente com a perda é que surge o reconhecimento de quanta falta fazem, de quanto deixou de aproveitar a vida ao lado deles, de quanto deixou de mostrar todo o amor sentido? Será que o amor dos filhos pelos pais deve nascer do luto?
Não. A vida é frágil, é pouca, é um quase nada. O que somos agora, amanhã já não seremos mais. Um dia nós iremos como nossos pais se vão. Quem tem seus pais também poderá ter seus filhos. E um filho que é pai gosta de ser renegado ou abandonado pelo que trouxe ao mundo? Então por que fazer de conta que seus pais nem existem?
Filhos que amam seus pais nunca os abandonam, nunca dizem não aos seus conselhos, nunca agem como se já fossem adultos e os pais apenas uns velhos. Na verdade, aos olhos e sentimentos dos pais, nenhum filho jamais fica adulto, pois sempre sua criança, sua cria, como se de eterno berço. Não é mimo não. É amor, é cuidado, é medo da voracidade do mundo.
Filhos que amam os seus pais não esperam suas partidas para sentir saudades. As saudades batem sempre, querem sempre reencontrá-los, sempre sentem a necessidade de bater àquela porta ou de dizer “bença pai, bença mãe!”. Que coisa mais linda do mundo! Filhos que amam, pais que se orgulham de suas crias.
E fazer diferente da letra da canção caipira Couro de Boi: um filho expulsa o pai de casa e a este dá somente um velho couro de boi. Já na estrada, o netinho correu e foi pedir ao avô um pedaço daquele couro. Ao retornar, o pai perguntou o porquê daquele pedaço de couro. Então ele respondeu que o pai também ia ficar velho e aquele pedaço poderia ser também colocado em suas mãos.

Escritor
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COITEIRO ANTÔNIO DA PIÇARRA .., O BANCO DE VISITA.....e...LAMPIÃO



Considerado um dos maiores coiteiros de Lampião no Cariri cearense, recebeu muitas vezes em sua fazenda LAMPIÃO e seu grupo, fornecendo-lhe, armas, víveres etc...

O BANCO feito de madeira de Lei, ainda, hoje, permanece guardado na aludida fazenda, zombando do tempo..Foi, ainda, nessa fazenda, que morreu em um tiroteio, o cangaceiro SABINO DAS ABÓBORAS, braço direito do rei do cangaço, cujo restos mortais /ossos, nunca foram descobertos....Ainda, se vê, na foto de baixo UMA FACA JARDINEIRA, feita por Paulo Pereira, o ferreiro predileto de Lampião, na cidade de Jardim-CE ( Foto, Jose Irari /Pereira)...

OBS: A primeira foto foi cortesia de Dr. Antônio Amaury/SP

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=939788052889836&set=gm.919719761570302&type=3&theater&ifg=1

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VÍDEO IMPORTANTE!


https://www.youtube.com/watch?v=0ZBxlTfv4uE

VÍDEO IMPORTANTE.!.Confecção de FACAS / PUNHAIS cangaceiros...!

Paulo Pereira.....Ferreiro..!..O Pai dele fez muitas FACAS e PUNHAIS para o bando de Lampião na cidade de Jardim-CE.

Confira, como são feitos, artesanalmente, esses instrumentos.

Cortesia / Indicação do vídeo: Dênis Carvalho

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=919719761570302%2C919714894904122&notif_id=1537386108037071&notif_t=group_activity

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MORRE O SANFONEIRO CEDRENSE CÉSAR DO ACORDEON (ABIANTO)


Grande cedrense, músico, um dos maiores sanfoneiros do país, César do Acordeon (Abianto) Comunicamos a todos os cedrenses o seu falecimento ocorrido agora pouco, César, vinha enfrentando complicações decorrentes de uma cirurgia cardíaca. 

A família agradece as orações.

https://blogdoinhare.blogspot.com/2018/09/morre-o-sanfoneiro-cedrense-cesar-do.html

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CARIRI CANGAÇO...DE 11 A 14 DE OUTUBRO/2018 LOCAL: SÃO JOSE DE BELMONTE - PE



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VÍDEO. PASSAGEM DE LAMPIÃO EM JARDIM - CEARÁ ANO 1926.



Nessa oportunidade, ele mandou serrar os canos dos fuzis recebidos para combater a COLUNA PRESTES, para facilitar o manuseio dentro da caatinga.

Na narrativa são mencionados outros fatos interessantes, como o FOGO DA FAZENDA IPUEIRA DOS XAVIER; sequestros e a morte do cangaceiro TEMPERO, além de outros fatos.

Publicado em 25 de ago de 2017

Cortesia dos 100 anos Ourivesaria Ferreira Narração de Luiz Ferreira Gorgônio
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DEPOIMENTO


Por Valdir José Nogueira

Depoimento do Tenente JOSÉ ALENCAR DE CARVALHO PIRES no Inquérito aberto em Belmonte, em decorrência do ataque aquela cidade em 20 de outubro de 1922 e que vitimou o coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz.










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DEBATE: COMBATE EM ANGICO

Por Aderbal Nogueira

Publicado em 18 de set de 2018

Debate sobre o cerco a Angico e o combate onde tombou Lampião e parte de seu bando.

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