Por Natividade Praxedes(*)
A história do cangaço ainda guarda muitos desconhecidos mistérios, é evidente que o tão enigmático mundo do cangaço a não vai se desvendar de uma hora para outra, por isso que não devemos ignorar o quanto esse assunto é delicado, misterioso e importante. O cuidado com as palavras é fundamental. Resgatar uma história como a do ex-cangaceiro Antonio Luiz Tavares (Asa Branca) é se envolver mnum tremendo mistério de verdades e mentiras...
Antonio Luiz Tavares ou Asa Branca como era mais conhecido, segundo seu registro de casamento, nasceu no dia 13 de agosto de 1913, na cidade de Portalegre-RN, e faleceu no dia 02 de novembro de 1981 às 09 horas e 30 minutos na cidade de Mossoró em consequência de problemas respiratórios ou melhor morte, natural, e foi sepultado no cemitério público São Sebastião bem coladinho com o túmulo de José Leite de Santana, o cangaceiro Jararaca.
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"A data acima não bate com a data desta foto que aparece no seu túmulo no cemitério em Mossoró. Segundo dona Francisca da Silva Tavares que é a sua 2ª esposa, me disse que Asa Branca é natural da Paraíba, e não querendo ir até a sua cidade de origem para solicitar registro para efeito de matrimônio, registrou-se na cidade de Portalegre no Rio Grande do Norte".
Continuando:
Conviveu com duas mulheres: a primeira foi dona Sebastiana Venâncio da Silva com a qual teve três filhos, dois já falecidos e o outro que mora na capital cearense (Fortaleza),; a segunda esposa dona Francisca da Silva Tavares (já tinha um filho do seu primeiro casamento) e ao unir-se com Antonio Luiz Tavares teve mais cinco que são: Antonio Esmeraldo, Francisco Tavares faleceu em 1983, aos 24 anos solteiro e não deixou filhos, Maria Gorete, Maria da Conceição e Máximo Batista.
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"Segundo dona
Francisca da Silva Tavares em sua casa em Mossoró, contou a mim e a minha filha
Adryanna Karlla Paiva Pereira que, com o cangaceiro Asa Branca ela teve 9 filhos, mas 4 faleceram ainda pequeninos; e que fez o mesmo papelão que fez a rainha do
cangaço, Maria Bonita, quando abandonou o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé
de Neném para acompanhar o afamado Lampião.
A única diferença entre as
duas é que Maria Bonita tornou-se cangaceira, e dona Francisca abandonou
o esposo, inclusive o seu filho de menos de um ano, para viver com o cangaceiro Asa Branca, mas jamais participou de cangaço".
Continuando:
Asa Branca pertenceu ao grupo de Lampião e ficou muito conhecido por afirmar que Virgolino Ferreira da Silva (Lampião) não tinha morrido na grota de Angico, na madrugada de 28 de julho de 1938...
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"Eu sou muito amigo da família do ex-cangaceiro Asa Branca, mas para falar a verdade, o que ele disse foi através do "disse me disse", porque quando lampião foi assassinado, Asa Branca ainda estava recolhido à cadeia pública de Mossoró. Portanto as suas palavras não têm nenhum sentido real".
Continuando:
O ex-cangaceiro afirmava que Lampião veio repetidas vezes à Mossoró, e numa delas, em 1955, teria se encontrado com ele nas proximidades do Cemitério público desta cidade. Afirmou também, em entrevista dada ao jornal "O Poti" no ano de 1975, que o capitão Virgolino tinha carros que carregava sal da cidade de Mossoró, mas negava detalhes.
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"Quando se tem certeza do que se diz ou do que se pensa em dizer não se nega nada quando perguntado. O certo é que estava apenas registrado na mente do ex-cangaceiro".
Continuando:
Também detalhava em suas entrevistas que Virgolino Ferreira da Silva, o afamado e sanguinário capitão Lampião visitou o túmulo de José Leite de Santana, o cangaceiro Jararaca por várias vezes.
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"Incrível esta visita ao cangaceiro Jararaca, porque o capitão Lampião não tinha tanta amizade com o cangaceiro, vez que ele foi seu comandado apenas por menos de 2 anos. Se fosse o Mariano, o Corisco, um desses que tivesse sido assassinado em Mossoró, daria pra se acreditar um pouquinho, porque Lampião viveu mais tempo com estes facínoras, e com certeza, as amizades eram mais chegadas, presentes".
Continuando:
Asa Branca participou de várias apresentações de programas de televisão em Fortaleza, Natal e Recife, de suas excursões trazia prêmios e donativos. Foi entrevistado por vários jornais do Sul do país, e também foi presença no "Fantástico" da Rede Globo.
Foi admirado por muitos, principalmente por ter trocado a vida da caatinga (fora-da-lei) pela a paz de uma família, chamou atenção da mídia e do ex-cangaceiro Augusto Toledo que pertenceu ao bando de Lampião nos idos de 1929, (esse cangaceiro não participou do ataque à Mossoró no ano de 1927, portanto não conheceu Asa Branca, mas ofereceu ajuda ao companheiro de aventuras).
Como o senhor Augusto Toledo era bem afortunado e pertencia a uma aristocracia família ofereceu amparo em sua propriedade no interior fluminense para Asa Branca e sua família o que não se concretizou.
Asa Branca solicitou dez passagens de avião para transportar toda família, o silêncio foi a resposta dada à correspondência.
Asa Branca afirmava que não tinha saudade dos tempos de cangaceiro; afirmava também ter participado de vários ataques, inclusive os de Apodi e Mossoró; ao ataque à cidade de Mossoró, a 13 de junho de 1927, sempre afirmava não ter vindo à rua, ficando com outros cangaceiros guardando os prisioneiros e os animais do bando, a uma distância de três quilômetros da cidade. Após este ataque, Asa Branca foi preso pela polícia do Ceará e recambiado para o Rio Grande do Norte. Aqui foi julgado e cumpriu uma pena de 10 anos e 11 meses e quinze dias. No tempo em que passou na prisão, foi torturado e enterrado vivo, permanecendo por alguns minutos soterrado, por ordem de Juventino Cabral, para descobrir "coisas que não tinha feito".
Na cidade de Mossoró contou com a proteção de várias pessoas, inclusive do casal Aristides Fernandes e Maria Maia a quem serviu com presteza e dedicação por vários anos. Mas foi por decisão do reitor João Batista Cascudo Rodrigues que Asa Branca tornou-se Antonio Luiz Tavares. Primeiro foi preciso dos documentos para se tornar um cidadão de verdade; depois de um emprego para poder manter sua família dignamente. E foi por decisão do reitor João Batista que Asa Branca passou a trabalhar como vigia do campus Osvaldo Amorim, em Assu, depois de ter trabalhado como vigia da Escola Normal de Mossoró, segundo a diretoria da época teria saído da repartição de ensino por não querer participar de uma festa em homenagem ao professor Abel Freire Coelho, o "Homem" (promotor) que o acusou e fez com que ele fosse condenado a 30 anos de cadeia.
Asa Branca também participou de conflitos na cadeia com seu companheiro e ex-cangaceiro Rouxinol, que por motivos frívolos os dois presidiários entenderam de ajustar as contas, no dia 01 de fevereiro de 1932, conforme nota do jornal "O Mossoroense", foipreciso a intervenção de detentos e de soldados para evitar maiores gravidades.
São muitos os mistérios que rondavam o ex-cangaceiro Asa Branca, do cangaceirismo ao curandeirismo ele passou e deixou marcas. Apesar de ter tido uma vida agitada como cangaceiro, era um homem simples, que apesar de não frequentar a igreja aos domingos acreditava muito em Deus e era devoto do Coração de Jesus, muito solicitado para esclarecer detalhes da marcha de Lampião pelo Nordeste ou para dar informações sobre cangaceiros foi também um excelente marido e pai, segundo afirma a família, que hoje vive bem estruturada.
(*) Professora de História e Cultura Religiosa.
Fonte: "Jornal da SBEC.
Ano: XV.
Número: 05
Cidade: Mossoró-RN
Data: 13 de junho de 2008
Digitado e
ilustrado por José Mendes Pereira
Este jornal
foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade
Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas
Nascimento).
Nota:
Desculpem-me alguma falha na digitação, sou um pouco cego. Se faltar alguma
letrinha na palavra, mas você entenderá o significado.
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