Por Marcos Santos
Nasceu em
Belém do São Francisco PE 25 de abril de 1915, onde viveu seus primeiros anos
de vida e teve algum contato com índios. A família muda-se para a Bahia onde,
aos treze anos, é raptada por Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto) -
apelidado de Diabo Louro, de quem seria prima.
Ingresso no
cangaço
Com 13 anos de idade foi violentada pelo cangaceiro Corisco, sua defloração foi
tão violenta que lhe causou hemorragia e ela quase morreu. Passou três anos de
sua vida na casa dos parentes de seu estuprador, pois não podia voltar para
casa. Quando mulheres puderam entrar no cangaço, com a entrada de Maria Bonita,
ela se juntou ao cangaço.
A relação, que
começara instintiva, transforma-se com o tempo. A vida nômade, seguindo o
companheiro, que era o segundo homem, na hierarquia do bando, a chegada dos
filhos, fez com que mais que uma amante Dadá se tornou a companheira de
Corisco, com quem, ainda no meio das lutas, veio a se casar.
Tiveram sete
filhos, que eram ocultamente deixados em casas de parentes para serem criados.
Destes, apenas três sobreviveram.
O bando de
Lampião dividia-se, como forma de defesa, em partes menores, a mais importante
delas era justamente a chefiada por Corisco. A esposa tinha uma pistola, que
ele dera, para sua defesa pessoal, e também lhe ensinou a ler, escrever e
contar.
Num dos
ataques feitos pelas volantes (em outubro de 1939, na fazenda Lagoa da Serra em
Sergipe), o Diabo Louro é ferido em ambas as mãos, perdendo a capacidade para
atirar. Dadá, então, torna-se a primeira e única mulher a tomar parte ativa - e
não meramente defensiva - nas lutas do cangaço.
Se o marido
era temido como um dos mais violentos bandoleiros, consta que muitas pessoas
tiveram sua vida poupada graças à intervenção de sua companheira. Dadá também
era chamada "Suçuarana do Cangaço".
Morte de
Corisco
Tendo Lampião sido executado em 1938, Corisco, que estava em Alagoas com parte
do bando, empreendeu feroz vingança. Como seus companheiros tiveram as cabeças
decepadas, e expostas no Museu Nina Rodrigues de criminologia, na capital
baiana, Corisco também cortou a cabeça de muitas vítimas, então.
O cangaço
definhava, sobretudo pela disparidade de armamentos: os volantes tinham uma
arma que os cangaceiros nunca conseguiram obter: a metralhadora. A própria
Justiça passa a oferecer vantagens para os bandoleiros que se rendessem.
A 25 de maio
de 1940 Corisco e seu bando é cercado em Brotas de Macaúbas, pela volante do
tenente Zé Rufino. Dissolvera o bando, e abandonara as vestes típicas,
procurando passar por simples retirantes.
Uma rajada da
metralhadora rompe os intestinos de Corisco. Dadá é ferida na perna direita.
O último líder
do cangaço morre dez horas depois do ataque, sendo enterrado em Jeremoabo e,
dez dias após, exumado e a cabeça decepada é enviada ao Museu, junto às demais
do bando.
Prisão
Dadá, colocada em condições infectas, tem seu ferimento agravado para uma
gangrena, que restou-lhe, na prisão, à amputação quase total da perna. Por essa
situação, o célebre rábula baiano Cosme de Farias, representa Dadá na Justiça,
pleiteando sua libertação, em 1942.
Vida após o
cangaço
Dadá passou a viver em Salvador, lutando para ver a legislação que assegura o
respeito aos mortos fosse cumprida - e a tétrica exposição do Museu
Antropológico Estácio de Lima[3], localizado no prédio do Instituto Médico
Legal Nina Rodrigues tivesse fim. Só a 6 de fevereiro de 1969, no governo Luiz
Viana Filho, foi que os restos mortais dos cangaceiros puderam ser inumados
definitivamente - tendo, porém, o museu feito moldes para expor, em
substituição.
Por sua luta e
representatividade feminina, Dadá foi, na década de 1980, homenageada pela
Câmara Municipal de Salvador. Na Bahia, que tivera Gláuber Rocha e tantos
outros a retratar o cangaço nas artes, Dadá era a última prova viva a
testemunhar o cotidiano de lutas, dificuldades e, também, de alegrias e divertimentos.
Deu muitas entrevistas, demonstrando sua inteligência e desenvoltura.
Morreu em
Salvador, em 1994.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com