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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

CAPELAS E CAPELINHAS

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.253

(Imagem: lugaresesquecidos.com.br).
Em nosso livro enciclopédia (ainda inédito), sobre a história de Santana do Ipanema, temos páginas dedicadas a todas as igrejas católicas da cidade. O título é “Igrejas e Igrejinhas”, com fotos e históricos. Elas estão espalhadas em quase todos os bairros com diversos tamanhos; as pequenas tendo sido construídas por particulares. Mas também encontramos capelas e capelinhas na zona rural, em sítios e fazendas. Algumas são novas e bem cuidadas, estando em completa atividade. São realizadas missas conforme a ocasião e agendamento com a Paróquia. Mas também encontramos ermidas abandonadas, esquecidas, arruinadas, enforcando a paisagem saudosa e interrogativa.  Vimos ainda ruínas que se parecem com o tamanho do pecado.
Anos após os escritos, em novas visitas, encontramos igrejinha de tantas e tantas festas anuais, sem imagem, funcionando como depósito de carvão. Todavia, não é somente nesse município que surgem capelas abandonadas e outras em ruínas. Basta viajar pela BR-316 para sair assinalando esses pequenos edifícios, perto ou às margens da rodovia, notadamente na região do Agreste. Ali o clima quente e úmido castiga as construções “sem donos” por motivos diversos. Em cada capelinha abandonada ou em ruínas, existe uma história que daria um livro completo cheio de argumentos. Quem seria o pesquisador religioso ou sociólogo disposto a contar essas histórias em documentário monótono ou fantástico? O olhar vindo do automóvel parece captar um socorro cheio de sofrimentos das paredes esqueléticas.
Os fervores antigos foram construindo esses pequenos prédios buscando também o prestígio de cada paróquia. Mas a morte do proprietário rural, não foi preenchida na fé pelos descendentes. Uns venderam as terras, outros abandonaram as ermidas e, mais motivos diferentes também povoam a cabeça do observador.

Igrejinha abandonada
Num cenário tão insosso
Um rosário no cambito
Uns gonzos de ferro grosso
Uma cruz toda roída
Somente o “couro e o osso”.


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VIDA DURA

*Rangel Alves da Costa

Há um relógio diferenciado no viver sertanejo. Nos sertões, o dia começa na escuridão, a noite abre a boca ainda com o sol em candeeiro, e a madrugada sequer tem tempo de acontecer. O homem faz seu próprio relógio e tudo acontece segundo sua pressa e sua necessidade de logo fazer.
Ainda na madrugada escurecida, ou o que nela se imagine que exista, e o galo já canta pelo quintal. Não são nem quatro da manhã e a vida já parece acordada pelos rincões sertanejos. Ao longe, pelas frestas da porta e janelas da casinhola de barro, cipó e ripa, possível é avistar o luzir amarela do candeeiro ou a florescência da lâmpada que foi acesa.
O galo cantor já sabe que logo a porta dos fundos começará seu rangido para ser aberta. Acontece sempre assim. A primeira porta a ser aberta após o acordar é a da porta dos fundos, da cozinha, passagem para o quintal ou o caminho para a mata ainda avistada mais adiante. E no quintal o purrão, o velho tronco servindo de banco debaixo de um pé de pau, o varal, o tanque de lavar roupa, um cercadinho para plantas medicinais, e também o poleiro.
Enquanto a cidade ainda dorme sem pressa, pelas estradas adiante e mais além o dia já começou desde muito. Do feixe de lenha guardado num canto, pedaços de pau são lançados nas entranhas do fogão de barro. Não demorará muito e a velha chaleira levantará pelos ares o cheiro gostoso e perfumado do café torrado. Na frigideira, o toucinho com ovos será preparado. O cuscuz continua suando debaixo dos panos. Talvez assim e talvez não. Nem toda casa possui um amanhecer de comida no prato assim.


Acaso exista algum bicho de cria, ou mesmo pequeno rebanho já solto do curral, seu remansoso passeio, entre mugidos e ruminâncias, logo demonstra a plenitude do amanhecer. O sol já desponta, os horizontes já estão iluminados pela luz da aurora, as panelas e pratos começam a serem buscados na cozinha. Mas tudo ainda da porta da cozinha pra trás, pois a porta da frente só é aberta quando os ofícios do dia chamarem à luta. E quanta luta daí em diante até a boca da noite!
No mato, os ofícios geralmente são na mataria, ainda que seja na lida de pequeno rebanho. Nem todo mundo tem cavalo para cuidar, mas se trata com zelo até o mais magricela bichinho. Acaso alguma semente tenha sido lançada ao chão, a esperança que mais tarde vinga faz com que a enxada sempre esteja ao redor, na limpeza, no afastamento das ervas daninhas. Igualmente se vingadas, brotadas, com ares de crescimento, quando os esforços são redobrados para que tudo floresça e mais tarde coloque comida na mesa. Um pouco de feijão de corda, de arranca, um punhado de maxixe, um tantinho de milho, de melancia, quiabo...
A caça já rareou de vez. Noutros tempos, quando a vegetação ainda se mantinha em pé e os tufos de matos garantiam a moradia de muito bicho, ainda era possível encontrar o preá, o caititu, a codorna, a nambu, o teiú, o tatu, o peba, além de outras espécies próprias da aridez sertaneja. Com a caça, também o auxílio importante na sobrevivência, vez que a meninada se farta quando tem diante de si um pedaço, seja cozido ou assado, para misturar à farinha seca ou qualquer outro de comer que sirva para matar a fome.
Mas hoje em dia nem ninho de passarinho existe mais. Quando a árvore é derrubada, todo o alicerce da moradia do passarinho vai embora. E o bichinho também. A bem dizer, até mesmo as cobras estão sumindo de debaixo dos garranchos e das locas das pedras. Aquele que saía para o mato na esperança de retornar com o almoço ou janta, já pega caminho na incerteza. Os aiós voltam vazios, os embornais entristecidos, e o homem pesaroso da vida. Está cada vez mais difícil sobreviver tanto da colheita na terra como da colheita no mato. Chove alguns dias, tudo verdeja, mas logo tudo seca, esturrica, levando consigo a semente e o sustento familiar.


E quando vem a seca grande então é um deus nos acuda. Tantas vezes, é na sobrevivência do bicho, de uma ou duas reses, que o homem se entrega em toda força e devoção. Uma cria cujo valor seja de dois contos de réis, por exemplo, o seu dono acaba gastando dez contos ou mais. O que lhe importa é não deixar que a fome e o enfraquecimento façam tombar aos urubus e carcarás aquilo que acostumou a ter como um familiar.
Dona Maria se entrega às preces. Seu rosário de contas passeia entre os dedos em promessas e devoções. Ao abrir a porta do amanhecer, a primeira coisa que o homem faz, até antes mesmo de se benzer, é olhar para as distâncias, para a forma e as cores das nuvens. Seus olhos brincam, alegram, entristecem. Na nuvem a leitura do tempo, da chuva e da seca, e de tudo que é sua vida.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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MATÉRIAS » BRASIL DESIGUALDADE, CORRUPÇÃO E CRUELDADE: O CANGAÇO DE LAMPIÃO A PARTIR DA POÉTICA DE GRACILIANO RAMOS


Por Pamela Malva
Bando de Virgínio Fortunato da Silva, o Moderno, em 1936 - Wikimedia Commons.

Com um humor ácido e uma descrição romântica, o autor narrou o estilo de vida e as injustiças no sertão nordestino na década de 1930.

A escrita de Graciliano Ramos é conhecida por transformar até o menor grão de areia em pura poesia. Muitas vezes usando do humor, da zombaria e da ironia, o autor transpôs gerações, narrando diversos cenários e histórias.

Em várias de suas produções, Graciliano deu seu melhor ponto de vista sobre o cangaço da década de 1930 e a vida no sertão nordestino — um dos maiores exemplos, claro, é Vidas Secas. Foi pensando nisso que dois entusiastas da vida do autor tiveram uma ideia.

Em 2014, Ieda Lebensztayn e Thiago Mio Salla organizaram o livro Cangaços, composto por diversos textos de Graciliano em torno do tema. Nele, é possível perceber como o romancista enxergava os bandoleiros e seu estilo de vida.

Através dos textos, Graciliano se demonstrava indignado com a influência da desigualdade, da corrupção e da crueldade presentes no sertão nordestino — coisas que ele sentiu na própria pele, quando foi preso durante dez meses, aos 43 anos, pela polícia de Vargas, em 1936.

Bando de Lampião junto do fotógrafo Benjamin Abrahão Botto / Crédito: Wikimedia Commons

Quase humanista, Graciliano tirou um tempo para descrever Lampião e sua ferocidade. Em texto publicado na revista Novidade, de Maceió, em 1931, o autor narra que o Rei do Cangaço nasceu muito antes, em todos os estados do Nordeste.

“Não falo, está claro, no indivíduo Lampião, que não poderia nascer em muitos lugares e é pouco interessante”, escreveu. “Pela descrição publicada vemos perfeitamente que o salteador cafuzo é um herói de arribação bastante chinfrim. Zarolho, corcunda, chamboqueiro, dá impressão má. Refiro-me ao lampionismo, e nas linhas que se seguem é conveniente que o leitor veja alusões a um homem só”.

O trecho, que está presente no livro, é acompanhado de uma descrição intrínseca típica do romancista: "O que transformou Lampião em besta-fera foi a necessidade de viver”, determinou Graciliano. “Enquanto possuía um bocado de farinha e rapadura, trabalhou. Mas quando viu o alastrado e em redor dos bebedouros secos o gado mastigando ossos, quando já não havia no mato raiz de imbu ou caroço de mucunã, pôs o chapéu de couro, o patuá com orações da cabra preta, tomou o rifle e ganhou a capoeira. Lá está como bicho do mato montado."

Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião / Crédito: Wikimedia Commons

Enquanto, durante aquele período, Lampião e seus bandos se expandiam pelo Nordeste, conquistando, roubando e botando medo, Graciliano escrevia para a revista Novidade. Em uma de suas 24 edições, a redação publicou uma entrevista imaginária com Lampião, em 1931.

Para Ieda, a entrevista e os textos de Graciliano se aproximam de forma estilística, deixando claro que o bate-bola foi escrito pelo romancista. Segundo ela, “a preceptiva poética de que é preciso conhecer o sertão para se falar dele” presente no texto da Novidade corrobora com essa teoria.

O livro de 2014 não poderia deixar o romance de maior sucesso do autor escapar e inclui dois capítulos de Vidas Secas que falam do cangaço. Nos trechos, Graciliano narra dois cangaços distintos, um do passado, de caráter social, e outro do presente, motivado pela economia.

Bando de Lampião em Mossoró / Crédito: Wikimedia Commons
Esta foto foi feita em Limoeiro do Norte-CE e não em Mossoró no RN.

O romancista ainda alinha a narrativa dos textos aos chefes do cangaço, passando por Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco. De todos eles, apenas Silvino não foi assassinado — mas preso entre 1914 e 1937.

Na posição de jornalista, Graciliano fez o perfil de Silvino para O Jornal, do Rio, em 1938, No texto, ele descreveu: "Na catinga imensa, perseguido, queimado pela seca, Silvino teve sempre os modos de um grande senhor, muitas vezes mostrou-se generoso e caprichou em aparecer como uma espécie de cavaleiro andante, protetor dos pobres e das moças desencaminhadas”.

No romance Angústia, o autor comenta sobre o episódio em que Cirilo de Engrácia, comparsa de Lampião, foi pregado de pé em uma tábua, em 1935. O livro Cangaços traz a foto tirada no dia, junto do comentário de Graciliano: "Pensei em Cirilo de Engrácia, visto dias antes em fotografia um cangaceiro morto, amarrado a uma árvore. Parecia vivo e era medonho. O que tinha de morto eram os pés, suspensos, com os dedos quase tocando o chão”.


As cabeças de Lampião, Maria Bonita e mais dez cangaceiros em Maceió / Crédito: Wikimedia Commons

As mortes de Lampião e Maria Bonita também foram abrangidas na obra, com a descrição de Ricardo Ramos, filho de Graciliano, em uma das epígrafes do livro. Ele narra a cena das cabeças dos 12 cangaceiros expostas em Maceió, após a emboscada que os matou, em 1938. “Sonhos assombrados, semanas de pesadelo”, conta.

Sobre o episódio, Graciliano comentou no artigo Cabeças, publicado no Diário de Notícias do Rio de Janeiro, em outubro de 1938. Com humor e ironia, ele escreveu: "Existem pessoas demasiado sensíveis que estremecem vendo a fotografia de cabeças fora dos corpos. Essas pessoas necessitam uma explicação. Cortar cabeças nem sempre é uma barbaridade”.

Com ainda mais escárnio, o romancista continua, demonstrando sua indignação: “Cortá-las (as cabeças) no interior da África, e sem discurso, é barbaridade, naturalmente; mas na Europa, a machado e com discurso, não é barbaridade. O discurso nos aproxima da Alemanha. Claro que ainda precisamos andar um pouco para chegar lá, mas vamos progredindo, não somos bárbaros, graças a Deus".

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Cangaços, de Graciliano Ramos (2014) - https://amzn.to/37pGy7p
Os cangaceiros, de Luiz Bernardo Pericás (2010) - https://amzn.to/30SLA9O
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O ATAQUE DE LAMPIÃO A UIRAUNA - PB POR SÉRGIO DANTAS


Alguns dos defensores de Uiraúna. Ao centro, de paletó escuro, Luiz Rodrigues. Na extrema direita, sentado, o Subdelegado Nelson Leite.

Uma vitória da inteligência sobre a força

Há meses Lampião sumira dos noticiários dos jornais. O ano de 1926 encerra-se sem grandes novidades sobre a horda do famoso cangaceiro de Vila Bela. Bem instalado e seguro no ‘coito’ da Serra do Diamante, do poderoso Coronel Isaías Arruda, Lampião sai da aparente inatividade apenas em fins de abril de 1927. Naquele fim de mês, o bandoleiro deixa o refúgio e pratica assaltos em pequenos vilarejos situados na região noroeste da Paraíba, entre os municípios de Cajazeiras e São José de Piranhas. São ataques rápidos, com vistas apenas ao saque. A proximidade desta parte da Paraíba com o valhacouto do ‘dono’ de Missão Velha facilita sobremaneira a ação do bando.

De fato, no dia 15 de maio daquele ano, liderando uma falange de cerca de trinta e cinco homens, Lampião se prepara para tomar de assalto a Vila de Belém do Arrojado - atual cidade paraibana de Uiraúna. Há dias que ‘olheiros’ residentes em sítios da fronteira já haviam sondado o vilarejo e o cangaceiro – decerto bem ciente das condições do lugar – crê que tem plena chance de sucesso na empreitada que pretende levar avante.

o Arruado de Belém situa-se junto à fronteira do Rio Grande do Norte e é então inexpressivo. Ali não há mais que cento e trinta casas e uma igreja singela. Comércio pobre ou quase inexistente. Também ali não está destacado sequer um contingente policial para manutenção da ordem ou para oferecimento de uma defesa – mesmo que acanhada – no caso de um eventual ataque de cangaceiros. A ‘ordem’ no povoado é garantida somente por um Subdelegado civil, o potiguar Nelson Leite. Apesar de reiteradas notícias sobre incursões de cangaceiros naquela parte da Paraíba nos últimos dias, o Governo do Estado parece ignorar os eventos propalados pelos jornais e pela boca do povo. Apesar de vários reclamos por parte de proeminentes de Belém, o Estado não enviara tropa regular para a localidade.


o início da tarde daquele dia 15 de maio, no entanto, o sertanejo Leonardo Pinheiro percebe a marcha de cangaceiros em direção a Belém. Sem demora, espora o cavalo e entra no povoado em sonoro alarde:

-“Vem cangaceiro por aí! Vem cangaceiro por aí! Parece que é Lampião e não está a mais que umas duas léguas!”

Enquanto a horda marcha em busca do vilarejo, Nelson Leite se apressa em organizar uma defesa. Sangue quente, cioso de suas obrigações, Leite parece disposto a sacrificar a própria vida na defesa da comunidade que lhe fora confiada.

Abandonados à própria sorte, os habitantes de Belém – incentivados por Nelson Leite - tratam de se armar e garantir a resistência do lugar. Civis são convocados e há mesmo os que comparecem voluntariamente para pegar em armas. Ao final do rápido recrutamento, chega-se à desanimadora soma de onze homens apenas. Um contingente ínfimo que tentará rechaçar um bando com cerca de trinta e cinco cangaceiros. Uma luta desigual – se considerarmos a proporção de três bandoleiros para cada defensor e a falta de experiência de guerrilha dos citadinos. Por volta das dezessete horas, finalmente, Lampião avizinha-se da Vila. O frágil agrupamento de casas lhe parece excessivamente frágil e torna-se ainda mais amiudado pela sombra da serra de Luís Gomes, não muito distante dali. “Um alvo fácil”, provavelmente terá pensado o poderoso cangaceiro. O desenrolar dos fatos, porém, lhe revelará um grave erro de prognóstico.


Em que pese a correria desenfreada que se seguiu ao alarma dado por Leonardo Pinheiro, os homens de Nelson Leite aprestam munição e armas. Tudo é feito com rapidez e disciplina.Ao mesmo tempo, mulheres, velhos e crianças – a seguir igualmente os apelos do Subdelegado – buscam refúgio na caatinga ou em sítios de familiares fincados nos arredores de Belém. Pequenos “tesouros” são previamente enterrados em lugares seguros. Potes de barro, caixas de papelão, latas de querosene: qualquer coisa serve como invólucro para as ‘economias’ adquiridas ao longo de anos de trabalho.

Em pouco tempo, os defensores se organizam e estão posicionados em lugares previamente definidos pelo Subdelegado. Dedos nervosos aguardam o desfecho do ataque. Uma testemunha registra os momentos iniciais do entrave:

“O ‘delegado’ Nelson Leite distribuiu uns homens nos pontos mais altos da rua principal, dois outros guarnecendo as laterais e três instalados no teto da Igreja. Quando Lampião entrou com o bando, pela ‘rua velha’, começou a fuzilaria”. (Sinforosa Claudina de Galiza, entrevista).

Nelson Leite, de fato, engendrara bom plano. Distribuíra os poucos rifles e fuzis disponíveis com os onze defensores. Repartiu com irrepreensível parcimônia a rala munição que tinha ao seu dispor. Os melhores atiradores foram destacados para pontos estratégicos. Na teto da igreja - prédio mais alto e com abrangente visão dos arredores - posicionaram-se Luís Rodrigues, Moisés Lauriano, José Teotônio e Joaquim Estevão. O tempo corre lento. Não há novidades. Até perto das oito horas nem sinal da sinistra patuléia de chapéu de couro. A espera alongada transforma as trincheiras em ninhos de ansiedade.

Matriz Jesus, Maria e José, Uirauna atualmente.

De súbito, Luís Rodrigues dá o alarma. Alguém se aproxima. O luar denuncia vultos sorrateiros. Homens armados aproximam-se do povoado pela ‘rua da Proa’. É o início da invasão. De pronto, grande incêndio ilumina a noite na pequena Belém. Grossas labaredas passam a consumir a casa de um agricultor e espalham-se rapidamente para um antigo curral e plantação de milho já há dias quebrado. O incêndio. Método infalível para incutir terror aos sitiados.

Josefa Augusta Fernandes, bem jovem à época do evento, anota a origem do fogaréu:

"Lampião começou destruindo a propriedade do finado João Gabriel, tendo em seguida tocado fogo nos currais e nas plantações de feijão e milho. O fogo serviu para alertar os homens da cidade, sendo que eles já estavam em posição nos principais pontos daqui”. (Maria do Socorro Fernandes, entrevista).

Não havia mais o que esperar. Ao primeiro grito de comando de Nelson Leite, trava-se pesado tiroteio. Lampião, decerto, não esperava semelhante reação. A fantástica fuzilaria oriunda da Vila lhe faz recuar. De efeito, os tiros vindos da rua da Proa tornam inviável uma entrada por aqueles lados.

Sem sucesso na primeira investida, o chefe de cangaço tenta confundir os defensores entrincheirados. Sob sua batuta, os bandoleiros passam a gritar, urrar como animais e a praguejar insultos e xingamentos aos defensores e suas famílias. A permear a gritaria, grossas baterias de tiros.

O rei-do-cangaço deseja tomar Belém. Tentará de todas as maneiras penetrar no vilarejo para vilipendiar suas casas e lhes extrair até o último ‘cobre’. Sem demora, ordena aos comandados a ‘abertura’ de uma linha de fogo pela lateral, com o fito de invadir a Vila pelo flanco oposto.

Nada, entretanto, parece gerar resultado prático. A posição privilegiada dos atiradores locados no telhado da igreja permite que tiros sejam disparados em todas as direções. A resistência agiganta-se com estrondos de repercussão fantástica e de curiosa origem. Nelson Leite improvisara – no pouco tempo que dispôs antes da consecução do ataque - algumas “ronqueiras” e logo começou a fazer uso dos artefatos. Os estrondos causados pelas bombas caseiras são assustadores e surpreendentemente surtem efeito. Um simples improviso que, ao que tudo faz crer, parece realmente ser a chave para uma vitória. (1)

Em pouco, qualquer objeto metálico em formato cilíndrico - e vazado pelo menos em um dos lados - torna-se invólucro para manufatura dos pesados rojões. Joel Vieira, com dezoito anos à época do fato, registrou em depoimento:

“Os que estavam no alto da Igreja, começaram a atirar de ponto e também para dentro da igreja, causando um eco que parecia canhão. O Subdelegado também tinha improvisado umas ‘ronqueiras’, feitas com pólvora socada dentro de latas, e de quando em quando estourava uma. Já estava escuro, e aqueles tiros davam a impressão que havia um canhão com a gente”.

No alto da igreja, Luis Rodrigues - artilheiro mais aguerrido – resolve acrescentar estrondos adicionais aos estampidos das ‘ronqueiras’ improvisadas pelo Subdelegado. Dessa forma, com o intuito de causar impacto ainda maior, começa a atirar quase em paralelo à lateral da nave do prédio sagrado. Estrondos fantásticos, causados pelo eco do salão quase vazio, dão ainda mais ânimo aos outros defensores entrincheirados no teto da igreja. Decide-se que alguns deles, alternadamente, passarão a atirar também para dentro da nave.

A estratégia funciona. Os estrondos se multiplicam. De fato, para quem está do lado de fora, resta a impressão de que algum tipo de canhão está sendo utilizado. Os cangaceiros, atarantados, mantém posição de cautela e não avançam. O escuro da noite enevoada pela fumaça dos disparos os impedem de enxergar, na verdade, o tipo de “arma” adicional que ora se usa na defesa do arruado. O engodo paulatinamente funciona.

No calor da peleja, porém, passos apressados denunciam silhueta humana esgueirando-se próximo à igreja. A escuridão da noite não permite distingui-la com precisão. Da torre principal um defensor atira. O civil Antônio Correia é atingido. Confundiram-no com um cangaceiro. Correia morre pouco tempo depois em razão do profundo ferimento à altura do pulmão. É a única baixa durante o combate.

Os cangaceiros não desistem e tornam a investir contra o território inimigo por uma ruela lateral à igreja. Lampião brada ordens aos seus homens. Todos, contudo, parecem hesitar em razão dos estrondos que continuam a reverberar entre as casas da pequena Belém.

Do lado dos defensores, um voluntário prontifica-se para preparar novas ronqueiras, de forma ininterrupta, servindo-se como espécie de municiador.

Dominado pela ira, Lampião manda reacender o fogo que arde tênue na propriedade de João Gabriel. O vento rapidamente espalha as labaredas em espantosa velocidade. As chamas consomem vacas e bezerros cativos no cercado contíguo a casa. Urros de dor de animais engolidos pelas chamas desenham dantesco suplício. Poucos escapam ao bizarro holocausto.

A derradeira tentativa de conquista do povoado fracassa. Com pesar, os cangaceiros reconhecem que não conseguirão penetrar em Belém.

O desconhecimento dos pontos de defesa, o espocar das “ronqueiras”, o ribombar de tiros reverberados pelo salão da igreja, a configuração física da vila, o cansaço da longa marcha até ali. Tudo parece sugerir uma retirada. Lampião não demora em perceber o malogro da empreitada:
- Vamos sair para economizar munição! – grita furioso.

Ainda se ouvem tiros por mais um quarto de hora. Aos poucos os cangaceiros se retiram do campo de luta. Disparos tornam-se esparsos. Ao compasso da retirada, a fuzilaria regride até reinar o mais absoluto silêncio. Lampião e seus homens deixam Belém em definitivo. É ainda Joel Vieira quem destaca:

“Eles tentaram muito, mas não conseguiram entrar. Antes das sete horas da noite, já tinham ido embora. No dia seguinte, o festejo foi grande, pois todos pensavam que ia morrer muita gente, mas não. Apenas um rapaz morreu vítima de uma ‘bala doida’ e caiu ali perto da Igreja. Tirando o incêndio na propriedade de João Gabriel, o prejuízo aqui foi pouco. Com pouco recurso, a gente botou Lampião prá correr!”.

E Lampião, de fato, jamais voltou a Uiraúna. Nos dias seguintes, um telegrama é enviado para as principais cidades do sertão do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Anunciava-se a vitória de um povo contra o poderoso rei do cangaço. O Intendente local assinou o comunicado:

“Fomos atacados dia 15 famigerado Lampião. Resistimos cerrado fogo, bandoleiros recuaram. Vítima tiroteio Antônio”. (a) José Caboclo.

É a vitória inconteste de um sumário grupo de cidadãos contra quase quarenta cangaceiros. Uma vitória nascida da confiança de homens do povo; sertanejos comuns. Não houve – como aconteceu em Mossoró – um grande lapso de tempo para a preparação de uma defesa. Não houve reuniões; não se teve tempo para comprar armas modernas. Não havia sequer uma torre na igrejinha da cidade. Existia, apenas, a vontade de preservar os próprios lares.

Uiraúna se defendeu heroicamente, a exemplo da resistência mostrada pela pequena Nazaré, em Pernambuco, quatro anos antes. Uiraúna impediu a entrada dos cangaceiros de Lampião como faria a população sergipana de Capela, liderada pelo destemido Mano Rocha, três anos mais tarde.

A vitória do povo de Uiraúna foi obtida sem recursos, sem alarde e sem exploração midiática posterior. Vitória conseguida sem um ‘notável planejamento prévio’ e sem colóquios barulhentos. Vitória de um pequeno grupo de homens pegos de surpresa pelo maioral do cangaço. Vitória, porém, recheada de atos do mais real e verdadeiro heroísmo. Vitória, enfim, da inteligência sobre a força.

Sérgio Dantas

Sérgio Augusto S. Dantas é autor dos livros “Lampião no Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada” (2005), “Antônio Silvino – O Cangaceiro, o Homem, o Mito” (2006) e “Lampião: Entre a Espada e a Lei” (2008).

NOTA:
(1) s.f. – Ronqueira: “Cano de ferro, preso a uma tora de madeira e cheio de pólvora, o qual produz grande detonação quando se lhe inflama a escorva”. (Aurélio). As ronqueiras já haviam sido largamente usadas em revoltas populares, como na guerra de Canudos. N do A.

FONTES UTILIZADAS:
A União, edições de 17 e 18 de maio de 1927.
DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. LAMPIÃO NO RIO GRANDE DO NORTE – A HISTÓRIA DA GRANDE JORNADA. Editora Cartgraf, Natal/RN. 2005. 452 pgs.
SOUZA, Tânia Maria de. UIRAÚNA NO ROTEIRO DE LAMPIÃO, in Revista Polígono, 1997, 158 pgs.
Entrevistas concedidas ao autor por Maria do Socorro Fernandes (2003), Joel Vieira da Silva (2001), Josefa Augusta Fernandes (2000) e Sinforoza Claudina de Galiza (2000).


NOVO LIVRO NA PRAÇA ASSIM VIVEU E MORREU LAMPIÃO REI DO CANGAÇO


O poeta cearense Geraldo Amancio, nos oferece, através  deste livro, uma obra poética de primeira. Com 181 estrofes de sete linhas.

Ao prefaciar este trabalho, o advogado Paulo Quezado, afirma: “Assim viveu e morreu Lampião Rei do Cangaço, é, portanto,  muito maios do que um simples texto cordelista produzido com autenticidade e bom gosto. É, sim, uma verdadeira imersão cultural nos preceitos e valores poéticos, geográficos e sociológicos do povo nordestino. Remetendo o leitor, através  da história de Lampião, aos primórdios da identidade do ‘caboclo do sertão’: sua arte, seu meio e seus ícones”.

O renomado cordelista cearense, Rouxinol do Rinaré, na apresentação deste trabalho, assim se expressou:

“Que texto genial. Li de uma ponta à outra, sentindo o encanto das rimas perfeitas e a beleza da composição das estrofes...”

Interessa? O livro tem 70 páginas. Fale com o Professor Pereira que é o revendedor oficial Professor Pereira através do E-mail:

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LEANDRO CARDOSO FALA SOBRE ANGICO EM PALESTRA NO CARIRI CANGAÇO

Por Manoel Severo


Angico foi e continuará sendo um dos episódios mais estudados e comentados do cangaço. Hoje vamos relembrar na sessão "Do fundo do Baú" , uma das lendárias Conferências realizadas em nosso Cariri Cangaço, desta vez com o pesquisador e escritor, Leandro Cardoso; dentro da programação do Cariri Cangaço 2009, na cidade de Juazeiro do Norte no Memorial Padre Cícero. Na mesa: Antônio Amaury, Aderbal Nogueira, Paulo Britto e Paulo Gastão, além da participação marcante de Alcino Alves Costa. As imagens são de Aderbal Nogueira e sua Laser Video.

Veja a Palestra na Íntegra...


Fonte: You Tube
Canal: Aderbal Nogueira

Palestra de Dr Leandro Cardoso; Conselheiro Cariri Cangaço
Realizada no Cariri Cangaço 2009
Cidade de Juazeiro do Norte,CE
26 de Setembro de 2009

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"VIDA E MORTE DE ISAÍAS ARRUDA - SANGUE DOS PAULINOS, ABRIGO DE LAMPIÃO" LANÇADO EM NOITE DE FESTA EM FORTALEZA


O Restaurante Caravelle, em Fortaleza, acolheu o lançamento da mais nova obra do escritor e pesquisador; Conselheiro Cariri Cangaço; João Tavares Calixto Junior, "Vida e Morte de Isaías Arruda - Sangue dos Paulinos, abrigo de Lampião". O evento, uma promoção do Cariri Cangaço, aconteceu na noite do último sábado, dia 25 de janeiro de 2020 e reuniu grande público de apaixonados pela historia e memoria do sertão, notadamente do ciclo coronelístico e do cangaço dos anos 20.

O livro já havia sido lançado em vários municípios do cariri cearense e chega a Fortaleza, como um dos mais aguardados lançamentos sobre a temáticas cangaço e coronelismo. Após mais de seis anos de intensa e zelosa pesquisa o escritor João Tavares Calixto Junior, nos traz em seu mais novo livro,"Vida e Morte de Isaías Arruda - Sangue dos Paulinos, abrigo de Lampião", a saga desse que sem dúvidas é um dos personagens mais emblemáticos e marcantes do universo do coronelismo sertanejo. A partir de um trabalho espetacular; minucioso, dedicado e responsável; Calixto nos apresenta não só os acontecimentos da época, mas e principalmente o perfil, a personalidade, as relações perigosas e principais fatos que tornariam Isaias Arruda quase uma unanimidade: Um homem a frente de seu tempo. 

Calixto Júnior e família em noite de lançamento
Calixto Junior, João de Lemos, Linda Lemos, Manoel Severo e Fatima Lemos
Calixto Junior e Manoel Severo

"Isaías Arruda de Figueiredo nasceu aos 6 de julho de 1899 na Vila d'Aurora. Era filho de Manoel Antônio de Figueiredo de Arruda e Maria Josefa da Conceição (naturais de Aurora, casados aos 30 de junho de 1896). Convolou núpcias no primeiro dia de setembro de 1920 na Igreja Paroquial da Vila d’Aurora com Estelita Silva, natural de Fortaleza. Em perfeita consonância com a práxis vigente de sua época de existência, inseriu-se Isaías Arruda na prepotente atuação sociopolítica regional, marcada pela incursão do poder privado dos coronéis. Eram estes os senhores supremos dos feudos nordestinos, detentores do voto do cabresto e responsáveis pelas famosas eleições a bico de pena, onde até defuntos votavam... 


Trapaças e moléstias sociais que hoje ainda remanescem, apesar de diminuídas as proporções, são oriundas deste famigerado tempo da República dos Coronéis ou Coronelismo, a chamada República Velha. Bosquejando sobre as passagens deste notável personagem do cenário coronelístico nordestino, delegado de polícia em Aurora, assim como Prefeito municipal de Missão Velha, transcrevemos o que exara Joaryvar Macêdo em Império do Bacamarte (Fortaleza, 1990, p. 225): "Improvisado o coronel Isaías Arruda em poderoso chefe político de Missão Velha, se o juiz não se submetesse às suas ordens, ele o escorraçava, e ao oficial de polícia, intolerante com os desregramentos, mandava assassinar"...Calixto Junior.

 Manoel Severo e Paulo de Tarso
Cristina Couto e Calixto Junior
Arlindo Moreira, Manoel Severo e Ângelo Osmiro

O encontro promovido pelo Cariri Cangaço, contou ainda com o apoio do GECC-Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, à frente o presidente Ângelo Osmiro, da Academia Lavrense de Letras com a presidente Cristina Couto, além da Associação dos Amigos e Filhos de Aurora, da Academia de Letras Juvenal Galeno, com a presidente Linda Lemos e a Academia Maria Ester, tendo a frente Fátima Lemos, dentre outras instituições culturais e literárias.

 Manoel Severo, Vicente Ferrer e Aderbal Nogueira
Calixto Junior e Iderval Teixeira ; filho de "seu" Antonio da Piçarra
Linda Lemos, Manoel Severo e João de Lemos

"Desde que iniciei minhas andanças pelos carrascais da caatinga deste nosso maravilhoso sertão; notadamente de meu cariri cearense; que um personagem em particular me saltava aos olhos... Num cenário e ambientes explosivos como os do inicio do século XX, por esses lados do Brasil esquecido por Deus; onde a força do bacamarte decidia destinos e estabelecia quem devesse viver, ou morrer; na época dos coronéis de barranco e que o poder era disputado “a bala” nos feudos nordestinos, despontava da pequena Vila d'Aurora; no vale do Salgado; Isaias Arruda de Figueiredo. Sem dúvidas um homem incomum; inteligente, sagaz, destemido, determinado, de uma coragem incomparável e uma sina: Tornar-se o mais jovem e temido coronel das terras cearenses dos anos vinte. Isaias teve seu destino palmilhado à bala, tanto em suas conquistas como na definição de seu ato final, e fatal em agosto de 1928. Com uma personalidade arrebatadora, líder inconteste e acima de tudo um predestinado, Isaias Arruda escreveria sua saga no livro de historia do sertão... Às vezes fico pensando o que esse “Coronel Menino” assassinado aos 29 anos poderia ainda ter feito... Mas para responder essa pergunta nada melhor que adentrarmos no universo do “Vida e morte de Isaías Arruda- Sangue dos Paulinos, abrigo de Lampião”, capitaneado pelo brilhante pesquisador e escritor João Tavares Calixto Júnior; uma das mais gratas surpresas no campo da pesquisa do coronelismo sertanejo. 
Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço em texto "Orelha" do Livro Vida e Morte de Isaias Arruda - Sangue dos Paulinos, Abrigo de Lampião, autoria de João Tavares Calixto Junior, Conselheiro Cariri Cangaço.

Manoel Severo apresenta a Obra de Calixto Junior


Em sua fala Manoel Severo ressaltou "Calixto Júnior ; também Conselheiro do Cariri Cangaço; a partir de um trabalho de fôlego, espetacular; minucioso, dedicado e extremamente responsável; de muitos anos, nos apresenta não só os acontecimentos da época, anos 20 do seculo passado em nosso cariri cearense, mas e principalmente o perfil, a personalidade, as relações perigosas e principais fatos que tornariam Isaias Arruda, o conhecido "coronel menino", quase uma unanimidade: Um homem a frente de seu tempo." 

Calixto Junior apresenta seu mais novo livro
Calixto Junior e as boas vindas ao convidados
Célia Figueiredo; neta de Isaias Arruda; fala em nome da família de Isaias Arruda

"Algo depois de funestos episódios que lhe marcaram a curta vida, polêmica e tumultuada, ocorreu-lhe o assassinato aos 4 de agosto de 1928, na pedra da Estação de Trem de Aurora, vindo a falecer 4 dias depois. No Livro de Registros de Óbitos da Paróquia de São José de Missão Velha (1926-1930, p.136), deparamo-nos com o assento referente ao seu falecimento:"Aos oito dias do mês de agosto de mil novecentos e vinte e oito, na sede da Freguesia de Aurora, foi assassinado Isaias Arruda com vinte e oito anos de idade, casado com Estelita Arruda. Seu corpo foi sepultado nesta Villa. Para constar mandei lavrar este assento que assino. O Vigário Horácio Teixeira".
Da calçada, onde caíra baleado, Isaías foi transportado para a residência de Augusto Jucá. No dia seguinte foi assistido pelos médicos Antenor Cavalcante e Sérgio Banhos, mas estes pouco puderam fazer no sentido de salvar a vida de Isaías, que terminou falecendo no dia 8 de agosto, pelas 6 horas da manhã"...

Francisca, Herton Cabral e Manoel Severo
Noite de Festa para o Cariri Cangaço no lançamento do livro de João Tavares Calixto Junior

"Salienta-se que no dia 12 de agosto do mesmo ano, regressava de Aurora a Fortaleza, o Delegado Virgílio Gomes, que havia sido incumbido de instaurar inquérito sobre o assassinato de Isaías. A respeito, foi provocado por vingança à morte de João Paulino, o chefe dos irmãos Paulinos, família de espírito de luta aguerrido, que, por anos consecutivos, fizeram do município de Aurora, assim como de suas cercanias, aterrorizado. Era estrondosa a rixa entre os seus integrantes e os "Arrudas", de Isaías Arruda de Figueiredo."

 Antônio Teixeira Leite Neto, Eusébio Rocha, Manoel Severo e Iderval Teixeira; 
Filho e netos de Antônio da Piçarra
  Manoel Severo e Aderbal Nogueira
 Calixto Junior e o lançamento em Fortaleza
 Francisco Brasil e Manoel Severo
Afranio Gomes, Manoel Severo e Malvinier Macedo
Forró de Pé Serra no lançamento da noite




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