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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

LAMPIÃO & CIA. PERAMBULAVAM PELOS SERTÕES, QUANDO UM DOS MAIORES CRONISTAS DO BRASIL, RUBEM BRAGA, ESCREVEU ESTA PÉROLA.


Material do acervo do pesquisador do cangaço Antônio Corrêa Sobrinho

CANGAÇO
Rubem Braga

Erguerei hoje minha débil voz para louvar o Sr. Getúlio Vargas. Aprovo de coração aberto o veto que ele deu a uma lei que mandava abrir um crédito de 1.200 contos para a campanha contra o cangaceirismo.

O presidente vetou porque não há recursos, isto é, por falta de dinheiro. 

Eu vetaria por amor ao cangaço.

Lampião, que exprime o cangaço, é um herói popular do Nordeste. Não creio que o povo o ame só porque ele é mau e bravo. O povo não ama à toa. O que ele faz corresponde a algum instinto do povo. Há algum pensamento certo atrás dos óculos de Lampião; suas alpercatas rudes pisam algum terreno sagrado.

Bárbaro, covarde ele é. Dizem que conseguiu ser tão bárbaro e covarde como a polícia – a polícia que o persegue em todas as fronteiras. Mas é preciso lembrar que ele está sempre em guerra: e na guerra como na guerra. Retirai de seu aconchego doce qualquer de nossos ilustres e luxuosos generais; colocai-o à frente de um bando, mandai-o lutar uma luta rude, dura, de morte, através dos dias, das semanas, dos meses, dos anos. Ele se tornará também bárbaro e covarde.

O cangaço não é um acidente. É uma profissão. Nasce, vive e morre gente dentro dessa profissão. O tempo corre. Filhos de cangaceiros são cangaceiros, serão pais de cangaceiros. Eles não estão organizados em sindicatos nem em associações recreativas: estão organizados em bandos.

Ora, a vida do cangaço não pode ser muito suave. É uma vida cansativa e dura de roer. Quando centenas de homens vivem essa vida, é preciso desconfiar que não o fazem por esporte nem por excesso de “maus instintos”.

O cangaceiro é um homem que luta contra a propriedade, é uma força que faz tremer os grandes senhores feudais do sertão. Se alguns desses senhores se aliam aos cangaceiros, é apenas por medo, para poderem lutar contra outros senhores, para garantirem a própria situação.

Ora, para as massas pobres e miseráveis da população do Nordeste, a ação dos cangaceiros não pode ser muito antipática. E é até interessante.

As atrocidades dos cangaceiros não foram inventadas por eles, nem constituem monopólio deles. Eles aprenderam ali mesmo, e em muitos casos, aprenderam à própria custa. De resto, a acreditar no que José Jobim, um rapaz jornalista, escreveu em “Hitler e Seus Comediantes”, agora em segunda edição, os cangaceiros são anjinhos ao lado dos nazistas.

Os métodos de Lampião são pouco elegantes e nada católicos. Que fazer? Ele não tem tempo de ler os artigos do Sr. Tristão de Athayde, nem as poesias do Sr. Murilo Mendes. É estúpido, ignorante. Mas se o povo o admira é que ele se move na direção de um instinto popular. Dentro de sua miséria moral, de sua inconsciência, de sua crueldade, ele é um herói – o único herói de verdade, sempre firme. A literatura popular, que o endeusa, é cretiníssima. Mas é uma literatura que nasce de uma raiz pura, que tem a sua legítima razão social e que só por isso emociona e vale.

Vi um velho engraxate mulato, que se babava de gozo lendo façanhas de Antônio Silvino. Eu percebi aquele gozo obscuro e senti que ele tinha alguma razão. Todos os homens pobres do Brasil são lampiãozinhos recalcados: todos os que vivem mal, comem mal, amam mal. Dar 1.200 contos para combater o herói seria uma tristeza. Eu, por mim (quem está falando e suspirando aqui é o rapazinho mais pacato do perímetro urbano), confesso que as sortidas de Lampião me interessam mais que as sortidas do ser Antônio Carlos.

Não sou cangaceiro por motivos geográficos e mesmo por causa de meu reumatismo. Mas dou àqueles bravos patrícios o meu inteiro apoio moral – ou imoral, se assim o preferis, minha ilustre senhora.

Rio, fevereiro de 1935.
"Diário de Pernambuco" - 02/02/1935

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ENTRELINHAS (COMPLETO)

Por Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=T4QGJq9aIPo&feature=share&fbclid=IwAR2kptXyLTPuuUEosjlE_ESOJddftzIgJGR8EcKLU0PyDzNOczl-i0DHFYM

Publicado em 6 de dez de 2018
Participação minha no programa Entrelinhas juntamente com o amigo historiador Beto sousa. Pauta do programa foi o Combate de Angico.
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ANTÔNIO MACHADO E FLORO NOVAIS

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2041

Permita-me caro leitor, este rasgo de minha intimidade, o que mais gosto de receber como presente são livros, e neste fim de ano recebi logo três livros do renomado escritor sertanejo, Prof. Clerisvaldo B. Chagas, santanense de sete costadas. Sou leitor e admirados desse insigne homem das letras, antes de conhecer fomos fundadores da ACALA. Esse talentoso escritor não para, está sempre presenteando a sociedade com novos trabalhos literários, que alguns têm provocado impactos em seus leitores, porque o escritor não deve só escrever o que o povo quer, mas o que o povo precisa saber.

Adquira este com Francisco Pereira Lima - franpelima@bol.com.br

Abrindo espaço para o escritor olhodaguense, Antônio Machado:
FLORO NOVAIS, HERÓI OU BANDIDO?

Antonio Machado
16/01/2019
     
     Neste ensaio modesto, atenho-me no romance documentário Floro Novais, herói ou bandido? Publicado em primeira edição em 1985, há 33 anos, e eis que em boa hora o escritor atendendo a tantas solicitações do público leitor, relançou a obra numa 2ª edição carregada de mais informações, perpetuando assim na história àqueles que fizeram história com sua valentia e palavras empenhadas. A convite do próprio escritor, participei de algumas incursões na busca de fatos verdadeiros para o enfeixo da obra, dado nosso círculo de amizade. Surpreendeu-me, pois, quando após a obra pronta (1ª edição) o autor me incumbiu do honroso trabalho de prefaciar seu livro. Ainda lhe disse que talvez não fosse a pessoa indicada para àquela tarefa, porém o bom amigo, persistiu, e eu aquiesci. E o livro saiu com meu prefácio, sendo uma obra escrita a quatro mãos, Clerisvaldo B. Chagas e o estreante França Filho e saiu com meu prefácio o autor lançou a obra na época em várias cidades sertanejas onde participei de alguns eventos, sendo hoje edição esgotada. E agora, vem a 2ª edição mais aprimorada e meu prefácio continua, obrigado caro confrade por suas gentilezas.
     Conheci Floro Gomes Novais, de perto visto ser ele amigo de meu pai, que também se chamava Floro. Floro Novais nasceu no dia 18 de janeiro de 1932, sendo filho do casal Ulisses Gomes Novais e Guiomar Guedes de Aragão, residentes no sitio Lagoa dos Bois ou Quixaba município de Olivença (antigo Capim), em Alagoas. Floro Novais dada suas peripécias no mundo do cangaço, veio a falecer no dia 24 de fevereiro de 1971, com menos de 40 anos de idade. Era homem fleumático, sangue quente, mas amigo de seus amigos, se dizia não ser pistoleiro de aluguel, só matava por vingança, pela honra de seu pai que fora barbaramente assassinado por uma rede de pessoas que ele conhecia. Filho de um casal pacato da roça Ulisses Gomes Novais e Guiomar residiam naquele sitio numa vida de casal da roça, mas encontrou a morte fatídica no dia 05 de outubro 1952, foi o estopim para que Floro Novais entrasse num mundo tenebroso do cangaço. Toda essa odisseia foi pesquisada pela argúcia e a perspicácia desse romancista pesquisador com seriedade e profundidade para escrever e publicar a vida desse bandoleiro, Floro Novais que se não ganhou dinheiro com os crimes que perpetrou, mas entrou para história como criminoso, o livro em apreço vale a pena ser lido por estudantes e pesquisadores como obra antológica do cangaço.


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AINDA O CASO PINHEIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.040

Volta à evidência o caso do Bairro Pinheiro que não é apenas um negócio de brincadeira. Alguém já disse que o subsolo de Maceió é como se fosse um tabuleiro de xadrez, segundo a minha interpretação. A proximidade do mar e de duas lagunas, mais explorações de petróleo em terra, salgema e água mineral, deixam um vasto campo para os pesquisadores profissionais. Além disso, fala-se também que antigamente na região do Pinheiro havia uma lagoa que foi aterrada e posteriormente loteada e as construções dos casarios. Sabemos ainda que Maceió já teve regiões de alagadiço transformadas em aterro, com muito sacrifício. Não se espera meia sola diante de equipe nacional de geólogos, diante da seriedade do fenômeno. Qualquer que seja o diagnóstico da causa imediata, não satisfaz, uma vez que o povo quer resposta para todos os casos citados acima.
FOTO: PEI FOM/SECOM/MACEIÓ.
    
     Sobre o caso da existência de uma antiga lagoa, não foi dito nada sobre a sua extensão e profundidade. Entretanto, são fortes as evidências de causas por exploração mineral. O vácuo que se deixa com a retirada de sais, água mineral ou petróleo, pode afundar o terreno, muito embora falem em preenchimento das cavidades com água. A realidade é que a população não fica bem informada com as explorações de minerais. E quando se informa alguma coisa, é sempre pela metade com parte mascarada. Portanto, as informações dos técnicos do governo não poderão ser apenas evasivas e teóricas. Espera-se uma verdade ampla sobre o caso, pois se trata de centenas de vidas humanas no Bairro Pinheiro.
     Por outro lado, estão aí as oportunidades para acadêmicos e profissionais de Alagoas participar de estudos nas áreas da Geografia, Geologia e mesmo da Sociologia que envolve o drama daqueles moradores. Aliás, excelente oportunidade para exercitar o faro investigativo dos estudiosos. Pelo que sabemos, a Defesa Civil está tomando todas as medidas cautelares, mesmo assim é preciso dormir com um “olho fechado e outro aberto”.
O Bairro Pinheiro fica na parte alta de Maceió e se encontra densamente povoado.
Aguardemos as conclusões dos estudos.


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A QUASE MORTE E O RENASCIMENTO DE UMA IGREJA

*Rangel Alves da Costa

Serei logo direto. O que não é reparado vai sendo destruído aos poucos. O que não é preservado possui muito menos tempo de existência. O que é simplesmente abandonado ainda mais, pois morre mais rapidamente nas suas entranhas.
Assim com a vida humana, material, histórica e cultural. A foto abaixo exemplifica bem tudo isso. A Capela de Santo Antônio do Poço de Cima, mesmo sendo a primeira igreja construída nos primórdios da história de Poço Redondo, continua preservada e ainda mais bela pela iniciativa popular.
Por quê? Simplesmente pelo fato de que pessoas da comunidade, jovens como Enoque Correia e João Vitor, dentre outros, abençoados e impulsionados pelo Padre Mário, chamaram para si a incumbência de não deixá-la morrer.
Não faz muito tempo que a igrejinha do Poço de Cima estava praticamente em ruínas, a todo tempo sob o risco de desabar de vez e tornar-se apenas escombros. O mato, o tempo e o abandono, iam tramando seu fim.
Ao longe, ao invés da fachada, avistava-se apenas a mataria tomando conta de tudo. O povo tinha até medo de se aproximar. Até mesmo as sepulturas ao redor viviam ao esquecimento.
Por que toda essa transformação? Por que hoje em dia se constitui em paisagem bonita e até prazerosa de visitação? Por que a comunidade retornou ao seu meio e aos ofícios de devoção e fé? Por que as celebrações na igrejinha se tornaram constantes e concorridas? Por que atualmente há missas, novenas, procissões e festejos religiosos, se o seu tempo de existência já estava com dias contados?


Simplesmente pelo já relatado. Acaso não existisse a sensibilidade, a preocupação e a ação humana, certamente que somente as cinzas da história restariam na igrejinha. Ela renasceu da quase morte e tão bela está por que naqueles jovens aflorou o idealismo tão corajoso: “Não podemos deixar morrer parte de nossa História!”.
E não deixaram mesmo. A semente lançada e que tão belamente frutificou, deveria, isto sim, servir de motivação para que o poder público municipal o mesmo fizesse com outras feições da história de Poço Redondo que estão morrendo.
Será que a administração municipal nada pode fazer para evitar que outra parte da história do Poço de Cima desabe de vez com as últimas casinhas ainda existentes? Seria tão difícil assim firmar parceria com seus proprietários para que uma “mão de barro” lançada pudesse salvar o que resta naquelas antigas moradias? E as construções primorosas e seculares de Curralinho, Bonsucesso e outras povoações?
Já perdemos a Gruta do Angico para Piranhas e os empresários. Já perdemos Cajueiro para os forasteiros. Já perdemos Curralinho para o abandono. E quanto Poço Redondo ainda tem que perder para que nossas riquezas comecem, enfim, a serem preservadas?

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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LAMPIÃO NA BAHIA.

https://www.youtube.com/watch?v=5MEVMAXRMMQ&t=7s&fbclid=IwAR0etsp8A5Jn-EF9GQ1hd-TxQuu5oStNAZzAOz1cXvabwPXTVq_K8Pnem20

Combate da Lagoa do Mel.

Conheçam o local onde ocorreu um dos grandes combates entre cangaceiros e Forças Volantes de toda a história do cangaço.

A Lagoa do Mel serviu como cenário de um massacre promovido por Lampião e seus Cabras contra soldados baianos.

A Força Policial Volante baiana que vinha no encalço do bando é surpreendida por um forte ataque-surpresa por parte dos cangaceiros e vários soldados são eliminados sem chances de defesa.

Nesse combate Lampião perde o irmão caçula Ezequiel Ferreira da Silva "Ponto Fino II" o último irmão cangaceiro e o terceiro na lida do cangaço.

Nesse documentário o pesquisador Sandro Leite Cavalcanti "Sandro Lee" (Paulo Afonso/BA) nos mostra o local do combate e fala um pouco a respeito do assunto.

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/

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FICA POR DENTRO - INTERNADA, BETH CARVALHO CANTA EM CAMA DE HOSPITAL E EMOCIONA FÃS


Cantora foi levada ao hospital às pressas em 8 de janeiro. Apesar de ter sido internada às pressas no dia 8 de janeiro e estar no hospital até agora, Beth Carvalho foi incentivada por companheiros a cantar.

https://www.metropoles.com/entretenimento/musica/internada-beth-carvalho-canta-em-cama-de-hospital-e-emociona-fas?utm_source=push&utm_medium=push&utm_campaign=push

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PRODUÇÃO DE FRUTOS DE OITICICA NA FAZENDA ARACATI.

Benedito Vasconcelos Mendes

Na segunda metade do Século XIX, cinco espécies de plantas nativas da região semiárida nordestina começaram a ser exploradas economicamente, pelos habitantes da região e deram grandes contribuições para a melhoria da economia regional. O extrativismo da carnaubeira (Copernicia prunifera), produtora de cera; do algodão mocó (Gossypium hirsutum var. Marie-Galante), produtor de algodão fibra longa; da oiticica (Licania rigida), produtora de óleo; da maniçoba (Manihot piauhyensis e Manihot glaziovii), produtoras de borracha e do caroá (Neoglaziovia variegara), produtor de fibra, foi de grande importância para o desenvolvimento do Polígono das Secas. Estas plantas nativas da Caatinga foram destacadas fontes de divisas para o Nordeste. Foi a partir do final do Século XIX que ocorreu a expansão da cultura e da exportação do algodão mocó no Nordeste e o aproveitamento extrativista da carnaubeira, maniçoba, oiticica e, por último, do caroá. Ainda no Século XIX, a maioria destas plantas industriais começaram a ser exploradas em larga escala. Até então as atividades econômicas tradicionais no sertão nordestino eram a criação de gado e a produção de goma e farinha de mandioca e de rapadura e cachaça. Estas atividades extrativistas vegetais foram muito importantes para o Nordeste brasileiro porque, com exceção da fibra do caroá, os outros novos produtos foram destinados ao mercado externo. 

A oiticica, cujos frutos são ricos em óleo secativo, de largo emprego industrial, ocorre de maneira espontânea nas margens aluviais dos rios e riachos intermitentes da região semiárida nordestina. É nativa das matas ciliares dos rios secos do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. É uma planta xerófila, oleaginosa, de folhas perenes, de copa gigantesca, esgalhada, de tronco ramificado, de folhas coriáceas, quebradiças e de nervuras salientes, que produz fruto com semente em forma de amêndoa, riquíssima em óleo. Os frutos quando amadurecem se desprendem dos ramos e caem no solo. Embora seja de crescimento lento, ela é usada como Árvore ornamental, pois sua folhagem sempre verde e densa, de folhas pouco caidiças, conferem a esta planta uma beleza singular, além de produzir uma sombra ampla e refrescante. 

O óleo da oiticica é secativo e muito usado na indústria de tintas automotiva, tintas para impressora jato de tinta, vernizes, cosméticos, sabão, biodiesel e outros produtos. 

Meu avô, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro (meses da queda dos frutos) encarregava à Dona Lourdes, mulher do vaqueiro Sales, para organizar a coleta dos frutos de oiticica, nas árvores localizadas nas aluviões do Rio Aracatiaçu. Dona Lourdes, toda manhã, após a ordenha das cabras, saía com um grande grupo, formado pelas mulheres dos vaqueiros e seus filhos adolescentes, para às margens do rio, para coletar frutos de oiticica. Cada coletor levava uma grande cuia de cabaça e alguns sacos de juta vazios. A apanha de frutos de oiticica na Fazenda Aracati era um evento singular, por proporcionar um ambiente descontraído e alegre. Era considerado pelos participantes mais um momento de distração e entretenimento do que de execução de um trabalho. As mocinhas criavam coragem e tiravam brincadeiras e flertavam com os meninos de suas idades, com quem conviviam diariamente, na mesma fazenda. As mulheres adultas alcovitavam os namoros das jovens, cantavam modinhas sertanejas e mangavam uma da outra. Os meninotes disputavam quem apanhava mais amêndoas de oiticica. Este trabalho de coleta era um momento de brincadeiras e divertimento. Às nove horas era o momento da merenda. Todos sentavam nos galhos baixos das oiticicas e comiam queijo de coalho com rapadura, feita no Sítio Frecheiras da Serra da Meruoca. O alimento era levado em um bornal por Dona Lourdes. O momento da merenda também era divertido. As mocinhas, com as cabaças d’água de beber, escolhiam a quem oferecer a primeira caneca de água. O oferecimento da água era considerado um sinal de simpatia e, a partir daí, todos ficavam sabendo quem a moça pretendia namorar e a descoberta desta novidade era motivo para muitas piadas e brincadeiras. Todos cantavam “Com quem será, com quem será, com quem será que (fulana) vai casar ?...Vai depender, vai depender, vai depender se (sicrano) vai querer”. 

Ao término do período de coleta, a grande quantidade de frutos de oiticica coletada era ensacada, pesada e depois levada à Sobral, para ser vendida na CIDAO - Companhia Industrial de Algodão e Óleo S/A. A CIDAO de Sobral e a Brasil Oiticica, localizada em Fortaleza, constituíam as duas maiores indústrias produtoras de óleo de oiticica do Ceará. O sabão preto, sabão caseiro ou sabão da terra, de uso doméstico, usado para lavar louças, roupa ou para higiene pessoal, às vezes, era feito com óleo de oiticica. Minha avó preparava uma mistura de cinza vegeta com água (água de cinza) e colocava dentro de uma grande panela de barro, adicionava óleo de oiticica e deixava ferver por duas horas, para formar o sabão. Para preparar o sabão caseiro, minha avó também usava óleo de babaçu e óleo de mamona. O sabão feito com óleo de oiticica e com óleo de mamona tinha cheiro desagradável, diferentemente, de quando se usava óleo de babaçu, que dava um sabão de odor agradável.

Enviado pelo professor e escritor Benedito Vasconcelos Mendes

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TENENTE JOÃO BEZERRA E FAMÍLIA.


Por Geraldo Antônio de Souza Júnior

Antes de identificar os personagens constantes na fotografia abaixo eu quero agradecer ao amigo Paulo Britto filho do Tenente João Bezerra comandante da Força Volante alagoana que em 28 de julho de 1938, atacou e matou Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros na Grota do Angico (Porto da Folha/SE). Agradecer pela consideração, apoio e pela concessão do direito de publicar imagens como essa que pertencem ao acervo da família.

Vamos lá...

Na extrema esquerda da fotografia está uma amiga da família (Babá), Dona Cyra Brito esposa do Tenente João Bezerra e uma das defensoras da cidade de Piranhas/AL na ocasião do ataque do cangaceiro Gato (Santílio Barros) à cidade (1936), Dona Valdeci Britto filha do casal Cyra Brito e João Bezerra com sua filha Rosângela nos braços e o célebre Tenente João Bezerra que como disse anteriormente, foi o responsável por dar cabo de Lampião e parte de seu bando em 28 de julho de 1938 na Grota do Angico na época pertencente ao município sergipano de Porto da Folha e atualmente integrado ao município de Poço Redondo/SE.

As duas crianças menores são Rosinete e Alípio Júnior filhos de D. Valdecy Britto.

Fotografia registrada na cidade de Garanhuns/PE entre os anos de 1965 e 1970.

Pessoas que fazem parte da história do Nordeste e que merecem todo o nosso respeito.
Meus agradecimentos.

Geraldo Antônio de Souza Júnior

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MEU PRÓXIMO LIVRO. SERÁ LANÇADO NO CARIRI CANGAÇO. 250 P. ILUSTRADO, TAMANHO 16X23 CM. AGUARDEM.


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FICA POR DENTRO - TIROTEIO EM HOSPITAL PÚBLICO DO DF ACABA COM TRÊS BANDIDOS BALEADOS

Por Mirelle Pinheiro

Segundo informações preliminares, os ladrões tentaram roubar a arma de um segurança que trabalha no local.

KAKÁ MILANI/DIVULGAÇÃO

Três homens foram baleados na tarde desta quinta-feira (17/1), no Hospital Regional do Gama (HRG). De acordo com informações preliminares da Polícia Militar, eles tentaram roubar a arma de um vigilante. O trabalhador foi esfaqueado na mão, mas reagiu.

Um outro segurança presenciou o crime e ajudou o colega. Um suspeito foi atingido de raspão por um disparo de arma de fogo e os outros dois foram baleados no tórax. O Corpo de Bombeiros foi acionado e está no local.

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MUSEU - CASA DE PADRE CÍCERO - JUAZEIRO-CE

Por Voltaseca

Belíssimo registro do Casarão do Padre Cícero, na década de 80. Localizado na Rua São José, foi a última morada do ilustre patrício. 

Hoje sedia um dos mais visitados museus do Nordeste, com peças que pertenceram ao levita, e outros elementos que nos transportam a décadas passadas, realmente vale a visita.


Visite nosso canal no YouTube:http://bit.ly/21mu3yL

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VÍDEO - ARTESÃO..VITALINO - LAMPIÃO - GERALDO SARNO - 1969.


v=Sy9QQbASIjc&index=17&list=PL8H3-PmFAnTgNT24VW9HwI5CoI4gIME25

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SEU GALDINO E OS VELHINHOS

Por José Mendes Pereira

Seu Galdino andava pela manhã de mata adentro sem destino, e até invadindo terras alheias, quando se deparou com um velhinho com mais de 110 anos de idade. Seu Galdino quis saber para onde ele estava indo, vez que a sua idade e seu porte físico ofereciam bastante perigos por ele estar no meio daquela mata totalmente desacompanhado.

O velhinho disse-lhe que não se preocupasse. Aquele seu caminhar já era de longos anos, uma obrigação que tinha, todos os dias, naquele horário, pela manhã,  ele saía da sua residência para visitar em sua casa o pai e a sua mãe.

- Mas quantos anos o senhor tem? – Perguntou-lhe seu Galdino.

- Eu tenho 110 anos já vividos com muita saúde diante do “Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Seu Galdino duvidou, porque ele com aquela idade toda, era muito difícil ainda ter pai e mãe vivos. E perguntou-lhe o seguinte:

- O senhor me deixa ir à sua companhia até à casa dos seus pais para que eu os conheça?

- Mas não seja só por isso, senhor! Desejar conhecer os meus pais para mim é uma grande honra. Eles estão bem velhinhos, mas tudo que se dizem eles ouvem com atenção e entendem muito bem.

E se abalaram os dois em busca da casa dos pais do velhinho. Ele sempre à frente do seu Galdino. E assim que chegarem lá, estava a velhinha de cócoras ao chão. Seu Galdino a cumprimentou e ela sem se levantar do chão o recebeu muito bem, esboçando um sorriso de alegria, até fantasiado, agradecendo a Deus os anos já vividos. A velhinha ainda andava, mas com um pouco de dificuldades. Ali, conversaram um bom tempo. Ele fez uma porção de perguntas em relação de tantos anos vividos. Ela só o respondendo.

Terminou com esta pergunta:

- Quanto ano a senhora tem?

- Completos eu tenho 130 anos. – Disse a velhinha com alegria de vida e com esperança de mais dias que iriam vir.

E virando-se para o velhinho seu Galdino perguntou-lhe:

- Agora onde está o seu pai que eu quero o cumprimentar?

- Ele está lá dentro do quarto...

E saiu levando seu Galdino para conhecer o seu pai. E ao entrar no quarto ele viu que o velhinho não estava mentindo. Dentro de uma rede o seu pai permanecia deitadinho, ali, só o caquinho de gente, mas lúcido, capaz de um só pulo se levantar da rede a qualquer momento. E logo perguntou:

- Quantos anos o senhor tem?

E se sentando à beira da rede, respondeu-lhe:

- Eu tenho 140 anos.

- E o que faz com que uma pessoa viva tantos anos assim?

- Para se viver bem meu filho, existem várias maneiras que levam o homem/mulher viver muitos anos.

- O senhor pode exemplificar alguns? – Perguntou-lhe seu Galdino.

- Não seja só por isso..., casar para ter um cônjuge que lhe dê carinho e amor, que cuide bem e que o zele. Digo, casar no sentido de casal, não casamento religioso e nem tão pouco diante da justiça. Dois amores que se gostem assim é que é o casamento. O ser humano se não for zelado pelo seu parceiro morrerá mais cedo. Olha sempre para o seu cônjuge com carinho e não discuta com ele. Se o cônjuge falecer não fica chorando por muito tempo. A vida não admite que se chore em exagero por quem se foi e não voltará mais. Cuida de arranjar outro cônjuge o quanto antes para substituir o que se foi. Ninguém é insubstituível. Na terra o único homem que é insubstituível é o Jesus Cristo.

- Sim senhor! - Seu Galdino ouvia o velhinho com atenção.

E continuou o velhinho: - Não ouvir o que o outro diz do indivíduo. A boca do ser humano é uma verdadeira navalha afiadíssima, e corta tudo o que ver pela frente. Não fumar, porque o tabaco, é a maior destruição no corpo humano, caso sejam ingeridas substâncias dele ao corpo. Não beber bebidas alcoólicas de forma alguma. Não perder noites de sono no trabalho e nem em farras. Para ter um corpo saudável tem que o deixar descansar muito. Ter fé em Deus e ajoelhar-se sempre diante dele para agradecer o que ele tem feito pelo indivíduo. Só compre se puder pagar, senão irá perder sono, e isto diminui dias de vida. Não comer alimentos enlatados ou congelados. Alimentos enlatados e congelados já estão vencidos e não se deve consumi-los. Neles contêm uma porção de bactérias invisível. Beber água potável. É bem melhor beber água de cacimba do que tratada. A água tratada e gelada não mata os germes do corpo do homem. Conserva os germes vivos, principalmente água mineral. Ter sempre alguns amigos sem exagero, isto é, regrados. O homem sem amigos é como um lobo solitário, estressado, triste e morrerá mais cedo.

- Estou entendendo bem, fez seu Galdino.

Continuou o velhinho: - Não deixar de comer pelo menos um ovo cozido, beber a água de um coco todos os dias, e beber leite de qualquer fêmea quadrúpede. Ver o nascer e o pôr do sol todos os dias da sua vida e admirá-lo. É a maior beleza da criação de Deus. Ao anoitecer, é bom observar a lua passeando no universo. Sempre que puder, faça uma visita ao mar para sentir o cheiro e o balé das águas salgadas, e veja que maravilha o Deus criou. Não usar armas como seja para se defender. A arma encoraja o homem e poderá ter um fim triste. Comer com farinha rapadura preta do Cariri. Comer carne de sol. Levantar cedo e receber o sereno da madrugada. Não duvidar e nem teimar com ninguém. A teimosia estressa, e se estressa, poderá causar mortes.

Em frente à casa dos velhinhos passava um rio e mantinha uma porção de água corrente. Seu Galdino querendo ver se o velhinho teimava, disse em voz alta:

- Interessante! Todos os rios que eu os conheço descem as água de ladeira para baixo. O seu rio senhor, aqui na sua propriedade, faz isto ao contrário, sobe de ladeira acima.

- Sim senhor, o daqui, da minha propriedade é assim como o senhor afirma.

O velhinho não teimou de jeito nenhum. Concordou a mentira que disse  seu Galdino.


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