Por: José Roberto de Sá
No momento,
meteorologicamente falando, tudo está turvo, disse o profeta! Contudo, o mesmo
profeta diz: nada impede de em segundos ocorrer as necessárias mudanças de
tempo. As condições presentes, em breve, podem ser transformadas... Folhas
secas, vistas caídas ao solo, na presença da água da chuva, podem se decompor e
devolver ao solo os nutrientes essenciais às plantas e promover toda condição
de estresse ao total desenvolvimento delas.
O profeta
sempre acredita que a tristeza pode ser convertida em alegria. O profeta se
distancia do meio do povo e firma o seu olhar ao céu, inclinando o pescoço,
sente o prazer de observar as formações das nuvens e o tocar do vento em suas
pernas, ascendendo todo seu corpo, em todos os orifícios da epiderme. O profeta
observa o sol, a lua, as estrelas, a aflição dos animais, levando todas essas
observações para o seu cérebro e, daí, meditando e tirando suas conclusões
meteorológicas.
O profeta do
sertão sempre amanhece com aquela necessidade de renovar suas esperanças e seus
estudos meteorológicos. O profeta acredita na construção da casa da joana de
barro, acredita no castigo e no milagre também. Segundo o profeta, o castigo
não é nada de rancor de Deus com o homem, mas apenas um corretivo. O profeta é,
antes de tudo, um analista do sistema solo-planta-atmosfera e todo tipo de vida
em sua volta. O profeta analisa e se encanta com os estudiosos científicos da
meteorologia e até classificou as explicações de um estudioso no rádio sobre a
média da temperatura dos oceanos, como a dança da manivela dos oceanos, dizendo
que o pacífico está quente e o atlântico está “frio”, abaixo da média,
implicando na estiagem recente. O profeta fica tão entusiasmado, contente e encantado
com o homem do rádio ao cantar o refrão da música: "A Triste
Partida", sublime composição poética de Patativa do Assaré, interpretada
pelo nosso profeta maior LUIZ GONZAGA.
Hoje um
profeta local correu em trajeto leste-oeste, sentindo a força do vento e a
formação de calor no seu próprio corpo e chegando no leito do assoreado Rio
morto trapiá, abriu as pernas e os braços no sentido norte-sul, sem
roupa, com apenas um saco de estopa sobre sua cintura pélvica, com seus membros
inferiores e superiores se distanciando da parte central do seu corpo. O
profeta, psicologicamente retirou o seu pescoço do corpo e desligou seu cérebro
da cabeça e do mundo e se ligou aos raios solares e às nuvens que se
encontravam parcialmente no céu nublado. Em total desligamento de si e do
mundo, o profeta falou e, profeticamente, explicou com poucas palavras: o
homem! Eh, homem! Oh, homem, deixa de ser perverso por apenas um instante...
Oh, homem, o sertão do semiárido do Nordeste brasileiro depende das tuas
ações...
Em total
dormência e inconsciência no leito do rio, o profeta emitiu sobre o saco
de estopa usado como suas vestes as seguintes interrogações: cadê a vegetação?
Cadê todos os abraços químicos das águas descendo o rio abaixo com seus belos
barulhos debaixo das árvores, conduzindo frutos, flores e restos de vegetais,
onde todos mergulhavam no remanso ou vórtex? Todas essas interrogações o
profeta faz um elo com as ações do homem (ação antrópica). Essas observações
encantam a vida do profeta, pois tais observações para o profeta geram vida e
alegria nos corações de cada sertanejo. Daí o profeta respirou e voltou os
abraços e pernas e o pescoço e o cérebro à normalidade da constituição do seu
corpo e disse: apesar da esperança que não morre em mim, Eh! Eh! Eh! Homem tudo
pode mudar, porém, tudo só depende de Deus.
Seguindo
outras profecias, o profeta, o poeta perguntou: cadê o chocalho? Cadê o berro?
Cadê os bichos de caça? Cadê os cânticos dos pássaros? Ao sentar as nádegas
sobre uma rocha de granito super aquecida em uma curva do morto Rio trapiá, com
apenas um saco de estopa sobre sua cintura pélvica, o mesmo de antes, e,
ao observar o movimento das borboletas de diversos tamanhos e cores o profeta
disse: os homens não merecem, mas por outras razões, as conversões meteorológicas
vão acontecer e vai chover no sertão.
José Roberto
de Sá. Natural de São José da Lagoa Tapada (PB). Engenheiro Agrônomo (UFPB).
Doutor em Nutrição de Solos (ESAL). Poeta e Escritor. Autor do livro “A
Química do Pensar”, publicado pela Fundação Vingt-un Rosado/Coleção
Mossoroense.
Enviado pelo professor José Romero Araújo Cardoso
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