Por Gilmar Teixeira
"No ano
de 2008 iniciei um projeto para realizar um documentário sobre a Usina
Hidroelétrica do Angiquinho, encomendado pela Fundação Delmiro Gouveia, que
administra o sítio histórico. Durante a organização do acervo histórico enviado
de várias partes do Brasil e do mundo, como objetos, jornais, cartas, livros,
vídeos e fotografias, tive acesso a algumas informações sobre o assassinato do
empresário Delmiro Gouveia, que ocorreu em 1917.
Como
historiador e pesquisador do cangaço deparei-me com algumas informações até
então desconhecida de todos as literaturas que havia tido acesso. Não que os
historiadores do cangaço e biógrafos de Delmiro Gouveia tenham se omitido aos
fatos, mas diga-se que os mesmos não tiveram em seu tempo a reunião destas
informações como foi a mim oportunizado. E foi destas revelações, obscurecidas
pela pouca preocupação no nosso país em preservar a história, que resolvi
escrever este livro, fruto da pesquisa e do amor pela cultura e memória do
sertanejo.
Pois bem. Ao
ler uma matéria do jornal carioca Última Hora que fez a cobertura da saída da
prisão do principal acusado e sentenciado pelo assassinato de Delmiro, o
pistoleiro Róseo, que concedeu entrevista ao impresso. Na entrevista destacou
que quando foi a Água Branca-AL fazer o acerto para assassinar Delmiro, já
estavam lá os cangaceiros Luiz Pedro e Sebastião Pereira na casa da baronesa
Dona Joana Vieira Sandes de Siqueira Torres, prontos para matar o empresário da
Pedra. Porém, antes do serviço os mesmos são mandados para Sergipe para fazer
um serviço para o Coronel Neco de Propriá, mas chegando lá o serviço é suspenso
e ficam por lá trabalhando na usina do coronel.
Como
pesquisador do cangaço imediatamente liguei os nomes dos dois cangaceiros
citados por Róseo, e através de uma foto tirada na cidade da Pedra, datada de
1917 (ano da morte de Delmiro)...
Continuando a
pesquisa, descubro que os dois cangaceiros são primos do Capitão Firmino, e
estiveram hospedados em sua fazenda na Pedra-AL, que havia sido vendida a
Delmiro. Não por coincidências os dois cangaceiros saem em fuga para o Estado
de Goiás na companhia de Zé Gomes, cunhado de Firmino, logo após o assassinato.
O compadre de Delmiro Cap. Firmino é então acusado de ser o mandante do
assassinato do amigo, visto a relação com Gomes e sua fuga, e foi preso. A sua
prisão e soltura rápida com a influência de Lionelo Iona, sócio de Delmiro, e
membros da família Torres, revelou um grande complô, que esse livro, através de
documentos, reportagens e fotos da época busca retratar quase um século depois,
as motivações, encenações e tramas para o assassinato de Delmiro Gouveia.
Os fatos
documentados apontam que membros da família Torres e Lionelo Iona orquestram
uma trama espetacular, fazendo com que vários desafetos de Delmiro Gouveia se
interessassem após uma reunião, por assassiná-lo, criando diversos álibis para
os interesses escusos envolvidos neste crime. Partindo do princípio de que,
realmente os assassinos foram os cangaceiros Luiz Pedro e Sebastião Pereira, a
sequência dos fatos a seguir permitirão ao leitor identificar em meio aos
fatos, o desenrolar deste mistério secular, tornando cada um dos leitores
investigadores e, certamente, novos elementos serão revelados a cada leitura.
Nesta investigação histórica deve ser observado pelos leitores as seguintes
condições:
1. Lionelo
Iona, sócio e administrador das empresas de Delmiro, que antes de sua morte
deixa testamento, onde Iona seria o tutor da herança deixada para os filhos de
Delmiro até completar a maioridade, além de um seguro onde eras beneficiários.
Essa fortuna seria administrada por ele. Veja que os filhos de Delmiro eram
crianças na época, então imagine quanto tempo o mesmo teria até passar o
controle aos herdeiros. Quando finalmente os filhos assumem os bens, depois de
anos, Iona volta rico para Itália.
2. A família
Torres tem seu poder político na região ameaçado pela presença forte de Delmiro
que detém grande poder econômico e influência política. Os Torres participam e
influem no julgamento dos acusados, o Juiz era membro da família e facilita
para os interessados a condenação dos réus.
3. O Capitão
Firmino, amigo e compadre de Delmiro tem sua filha difamada na cidade por conta
da sedução de sua filha por Delmiro, e fica responsável pela contratação dos
cangaceiros já famosos no Pajéu, Sinhô Pereira que vem a ser chefe de Lampião
depois dessa morte junto com seu primo Luiz Padre (pai do deputado federal
Hagaus de Tocantins). Seu futuro genro falava para todo mundo que só voltava
para casar com sua filha, se ele matasse Delmiro, após a morte ele retorna e se
casa. O Cap. Firmino estava na hora do crime com Delmiro e usava uma camisa
escura, pois Delmiro só usava branco isso facilitou o alvo, só Firmino viu os
três assassinos. Por que três? Era a quantidade que interessava, mas foram
cinco, pois dois davam cobertura aos executores.
4. Herculano
Soares (fazendeiro) apanhou de Delmiro no meio da rua e prometeu vingança, foi
ele juntamente com seu cunhado Luiz dos Anjos que deram cobertura aos
criminosos a mando do Cap. Firmino, pois eram amigos e o capitão já havia
morado por muitos anos em Água Branca, terra de Herculano.
5. Zé Gomes
(cunhado do Cap. Firmino), além de adversário político de Delmiro, tinha uma
grande rixa com o empresário que apoiava em Jatobá (hoje Petrolândia) seu
inimigo político Lero, que veio a derrotá-lo em eleição para prefeito. Após o
crime foge para Goiás na mesma data que os cangaceiros e, passa a morar na
mesma cidade.
A partir dos
fatos aqui relatados, onde muitas coincidências se tornam suspeitas, toda a
relação entre estas famílias e a acusação recaindo sobre Rósea é possível
perceber que caso esta história revelada hoje, houvesse sido na época do
assassinato muitos interesses políticos econômicos, que perduram até hoje,
teriam os rumos alterados. Outros nomes ainda podem ser incorporados à trama,
mas ao fim se revela que Rósea não foi o único executor, nem tão pouco o Cap.
Firmino o único interessado nessa morte."
Adquira este através deste e-mail: gilmar.ts@hotmail.com
Gilmar
Teixeira (Coronel
Delmiro Gouveia)
Pesquisador, escritor e documentarista
Paulo Afonso.
Pesquisador, escritor e documentarista
Paulo Afonso.
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