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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

“PAJEÚ EM CHAMAS: O CANGAÇO E OS PEREIRAS”


Recebi hoje do Francisco Pereira Lima (Professor Pereira) lá da cidade de Cajazeiras no Estado da Paraíba uma excelente obra com o título "PAJEÚ EM CHAMAS O CANGAÇO E OS PEREIRAS - Conversando com o Sinhô Pereira" de autoria do escritor Helvécio Neves Feitosa. Obrigado grande professor Pereira, estarei sempre a sua disposição.


O livro de sua autoria “Pajeú em Chamas: o Cangaço e os Pereiras”. A solenidade de lançamento aconteceu no Auditório da Escola Estadual de Educação profissional Joaquim Filomeno Noronha e contou com a participação de centenas de pessoas que ao final do evento adquiriram a publicação autografada. Na mesma ocasião, também foi lançado o livro “Sertões do Nordeste I”, obra de autoria do cratense Heitor Feitosa Macêdo, que é familiar de Helvécio Neves e tem profundas raízes com a família Feitosa de Parambu.

PAJEÚ EM CHAMAS 

Com 608 páginas, o trabalho literário conta a saga da família Pereira, cita importantes episódios da história do cangaço nordestino, desde as suas origens mais remotas, desvendando a vida de um mito deste mesmo cangaço, Sinhô Pereira e faz a genealogia de sua família a partir do seu avô, Crispim Pereira de Araújo ou Ioiô Maroto, primo e amigo do temível Sinhô Pereira.

A partir de uma encrenca surgida entre os Pereiras com uma outra família, os Carvalhos, foi então que o Pajeú entrou em chamas. Gerações sucessivas das duas famílias foram crescendo e pegando em armas.

Pajeú em Chamas: O Cangaço e os Pereiras põe a roda da história social do Nordeste brasileiro em movimento sobre homens rudes e valentes em meio às asperezas da caatinga, impondo uma justiça a seus modos, nos séculos XIX e XX.

Helvécio Neves Feitosa, autor dessa grande obra, nascido nos Inhamuns no Ceará, é médico, professor universitário e Doutor em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal), além de poeta, escritor e folclorista. É bisneto de Antônio Cassiano Pereira da Silva, prefeito de São José do Belmonte em 1893 e dono da fazenda Baixio.

Sertões do Nordeste I

É o primeiro volume de uma série que trata dos Sertões do Nordeste. Procura analisar fatos relacionados à sociedade alocada no espaço em que se desenvolveu o ciclo econômico do gado, a partir de novas fontes, na maioria, inéditas.

Não se trata da monumentalização da história de matutos e sertanejos, mas da utilização de uma ótica sustentada em elementos esclarecedores capaz de descontrair algumas das versões oficiais acerca de determinados episódios perpassados nos rincões nordestinos.
Tentando se afastar do maniqueísmo e do preconceito para com o regional, o autor inicia seus estudos a partir de dois desses sertões, os Inhmauns e os Cariris Novos, no estado do Ceará, sendo que, ao longo de nove artigos, reunidos à feição de uma miscelânea, desenvolve importantes temas, tentando esclarecer alguns pontos intrincados da história dessa gente interiorana.

É ressaltado a importância da visão do sertão pelo sertanejo, sem a superficialidade e generalidade com que esta parte do território vem sendo freqüentemente interpretada pelos olhares alheios, tanto de suas próprias capitais quanto dos grandes centros econômicos do País.

Após a apresentação das obras literárias, a palavra foi facultada aos presentes, em seguida, houve a sessão de autógrafos dos autores.

Quem interessar adquirir esta obra é só entrar em contato com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br
Tudo é muito rápido, e ele entregará em qualquer parte do Brasil.

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MINHA AVÓ NA CALÇADA

*Rangel Alves da Costa

Os anos correm com o fôlego do tempo e quando olhamos para trás quase já não nos avistamos mais. Sentimos nosso envelhecimento pelos outros que nascem e que crescem e não pelas marcas e rugas que passamos a carregar. Nossas marcas de tempo ficam como ocultas e sequer percebemos o quanto já caminhamos na estrada.
De repente olhamos para um rapazinho ou uma mocinha e nos espantamos de que aquela vida é filho ou filha de um amigo de infância. Um jovem que passa, uma moça que passa, então a surpresa de sua filiação. Já? Então nos perguntamos. Mas ali também a nossa idade, pois enquanto eles nascem, crescem e se tornam adultos, em nós apenas os passos do envelhecimento.
E outros e mais outros vão surgindo e em nós o envelhecimento ainda maior. Contudo, ainda sem atentarmos o quanto os espelhos tentam a todo instante nos dizer e nos alertar. Mas não há outra verdade. Um percurso aonde a flor viçosa e bela vai perdendo seu viço e perfume até pender de vez no jardim da existência.
Mas será que nunca nos reconhecemos envelhecendo senão pelos outros? Será que nunca ouvimos nem sentimos as verdades refletidas no espelho? Através da memória há esse forçoso reconhecimento. Através da memória a chegada de um calendário que não nos nega o tempo de existência.
Quanto mais coisas antigas nós recordamos mais dizemos dos nossos anos vividos. Quanto mais os velhos álbuns da memória vão passando suas páginas amareladas mais nós temos a certeza de que já não somos de ontem. Quanto mais nos lembramos de coisas velhas, antigas, de outros tempos, mais aproximados desse tempo também estaremos.
Então responda: Você se lembra de minha avó Marieta na calçada? Sim, naquela calçada da casa bela de esquina, na Praça da Matriz de Poço Redondo, de arquitetura majestosa, sobressaindo-se perante as demais construções? Talvez a casa mais conhecida e mais recordada da cidade sertaneja.
Conhecida não só pela arquitetura como pela história. Deveras, ali mesmo o Capitão Lampião um dia chegou acompanhado de seu bando e logo ficou sabendo da presença do Padre Arthur Passos num dos quartos. E agora, o que fazer, ante a cruz e o mosquetão? Acabaram dividindo o mesmo regabofe sortido de buchada e carne de bode. Mas isso coisa de outros tempos.


Mas voltando à minha avó na calçada, quem tem por volta de vinte anos ou até mais certamente não vai recordar. Minha avó Marieta, por todos conhecida como Mãeta, já miudinha pelo envelhecimento, sentando ao entardecer em sua calçada para abençoar todo poço-redondense que por ali passasse. Ela simbolizava a própria maternidade sertaneja.
“Bença, Mãeta”. “Deus abençoe, meu filho”. “Bença, Mãeta”. “Que Deus lhe acompanhe, meu filho”. Com todo mundo era assim, desde o mais novo ao mais velho. E tudo mundo pedia sua benção ao passar por ali. Mas já desde muito que aquela calçada não existe mais, que aquela casa não existe mais, que Mãeta não está entre nós.
O mundo de Mãeta era aquele depois do envelhecimento, estar apenas na calçada depois do entardecer, vez que já não frequentava a igreja com a assiduidade de quanto mais nova e com forças para caminhar. E quem sabe ali na sua cadeira ela não ficasse relembrando outros passados, coisas muito mais envelhecidas?
Não sei se em sua mente a idade surgia como um distanciamento daqueles tempos idos, mas tenho certeza que ela sabia que somente havia chegado àquela fase da vida por ter ultrapassado muitas curvas do caminho. Ela estava velha por que havia vivido muito. Mas a maioria das pessoas se reconhece envelhecida pelo tempo da caminhada?
Muitas pessoas fogem do tempo, dos anos, da caminhada, chegando até a negar a idade. Muita gente quer passar a ideia de uma eterna juventude em um corpo carcomido de tempo. Mas vale a pena querer ser outra pessoa quando o seu íntimo, sua biologia e sua compleição física, não atendem tal desejo?
Minha avó Marieta era teimosa, arrelienta, mas nunca negou a idade. Foi se reconhecendo sábia pelos frutos colhidos pela estrada. Por isso mesmo o reconhecimento com uma mãe de todos, uma parenta de todos, uma avó de todos. Nela certamente avistava o respeitoso envelhecimento. Mas qual o reconhecimento na idade própria daqueles que ali passavam pedindo a benção?
A maioria dava a benção e seguia adiante. Não imagino que alguém se imaginasse em envelhecimento sentado ao entardecer numa calçada. Ninguém pensava em velhice, tudo como se o tempo fosse somente o momento. E hoje muito tempo já passou.
Muita gente ainda a recorda como se tudo ainda fosse um retrato guardado na memória. E se há essa viva recordação, é por que os anos já deixaram marcas muito além da memória. E o envelhecimento vai, inexoravelmente, chegando.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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URGENTE - AUDIÊNCIA PÚBLICA EM NATAL AMANHÃ (17)


Convidamos todos os professores e professoras a participar das atividades de mobilização da ADUERN, na luta contra os atrasos salariais e a retirada de direitos. 

Amanhã (17/10) a ADUERN participará de audiência pública na ALERN, em Natal. O sindicato disponibilizará transporte e alimentação para os/as interessados em participar. O ônibus sairá da ADUERN às 7h.

Pedimos que os/as interessados/as que enviem seu nome para a Secretaria do sindicato até hoje (16) às 17h, através do email aduern@gmail.com ou dos telefones 3312-2324 e 988703983. 

Restam poucas vagas para lotarmos um ônibus saindo de Mossoró. Lembramos que a mobilização também acontece nos campi, de onde sairão outros veículos conforme a demanda de cada unidade. 


Jornalista

Cláudio Palheta Jr.

Telefones Pessoais :

(84) 96147935
(84) 88703982 (preferencial) 

Telefones da ADUERN: 



ADUERN
Av. Prof. Antonio Campos, 06 - Costa e Silva
Fone: (84) 3312 2324 / Fax: (84) 3312 2324
E-mail: aduern@uol.com.br / aduern@gmail.com
Site: http://www.aduern.org.br
Cep: 59.625-620
Mossoró / RN
Seção Sindical do Andes-SN
Presidenta da ADUERN
Rivânia Moura

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero de Araújo Cardoso

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LAMPIÃO E OUTRAS CELEBRIDADES DO CANGAÇO DESTACADOS EM ABORDAGENS CORDELÍSTICAS ENFATIZADAS PELO GRANDE E NOTÁVEL POETA POPULAR GONÇALO FERREIRA DA SILVA

Por José Romero Araújo Cardoso

O fenômeno do cangaço no Nordeste Brasileiro é tão antigo quanto a colonização da região, principalmente na área sertaneja submetida aos rigores dão malfadado quadro natural, onde periodicamente imperam estiagens que deixaram tristes lembranças e que marcaram o aparecimento de grupos bandoleiros, a exemplo dos Viriatos, dos Calangros, dos Brilhantes, etc.

Foram registradas ainda ações de cangaceiros precursores de Lampião e Antônio Silvino, tanto nos séculos XVIII como no XIX, exemplificadas através do anti-heroísmo do Cabeleira e Lucas da Feira, não esquecendo a atuação do célebre Rio Preto, cuja imitação de relinchos de jumento fazia tremer toda população ordeira da ribeira do Piranhas, na então Província da Parahyba.

Leandro Gomes de Barros, paraibano nascido em Pombal no dia 19 de novembro de 1865 e falecido no dia 4 de março de 1918, no Recife, capital pernambucana, considerado o Pai do Cordel Brasileiro, a quem, com muita justiça Carlos Drummond de Andrade agraciou com o título de “O Verdadeiro Príncipe dos Poetas Brasileiros”, honraria antes concedida ao poeta Olavo Bilac, imortalizou em versos de grande aceitação popular em seu tempo a saga cangaceira de Antônio Silvino, o Rifle de Ouro, em produções cordelísticas antológicas, a exemplo de Antônio Silvino: O Rei dos Cangaceiros e Confissões de Antônio Silvino.

Tendência semelhante em esforçar-se para fazer com que o público compreendesse e, não raro, enaltecesse personalidades bandoleiras de época, encontra-se ainda em Francisco das Chagas Batista, cuja obra, talvez a mais importante, com relação ao cultivado cangaceiro pernambucano, tem o título Antônio Silvino: Vida, crimes e julgamento.
Lampião, sucessor de Antônio Silvino e Sinhô Pereira nas lutas cangaceiras, foi alvo de duas biografias eruditas ainda em vida. A primeira, publicada no Estado da Paraíba, no ano de 1926, de autoria do jornalista Érico Gomes de Almeida, tem o título de Lampeão, sua história, enquanto a segunda, publicada no ano de 1933 em Sergipe, de autoria do médico Ranulpho Parta, traz o singelo título de Lampeão.

Gonçalo Ferreira da Silva, honrando a tradição de antigos e imortais catalisadores da essência que embasa a autêntica literatura nordestina, destaca celebridades do cangaço que deixaram histórias de valentia inaudita, iniciando, como era de se esperar, com destaque biográfico àquele que se tornou o grande “rei do cangaço”, responsável pela ênfase a uma epopéia sertaneja sem paralelos nos anais da violência que assinalou mais de duas décadas de domínio quase absoluto pelas veredas da terra do sol, pois derrotas fragorosas, como a infringida em Mossoró, quando da heróica resistência de 13 de junho de 1927, abalaram domínio antes incontestáveis.

Em seguida, o destaque fica a cargo da atuação do célebre Corisco, a quem Sérgio Dantas destacou como verdadeira sombra de Lampião, sendo responsável pela tentativa de suceder Virgulino Ferreira da Silva após a tragédia ocorrida na grota de Angico em 28 de julho de 1938. Corisco não tinha o mesmo poder de liderança desfrutada pelo compadre e amigo perecido na companhia de dez cangaceiros, razão pela qual seu domínio foi finalizado em maio de 1940, atingido, na companhia de Dada, pela volante do então Tenente Zé Rufino na região de Brotas de Macaúbas, Chapada Diamantina, Estado da Bahia.

O terceiro cordel que integra a obra enfatiza Jesuíno Brilhante, a quem o mestre Gonçalo Ferreira da Silva reconhece como “O Braço Avançado da Justiça”, pois o bandoleiro norte-riograndense chegou a fazer o papel do Estado, principalmente quando da grande seca de 1877-1879, garantindo abastecimento de víveres à população flagelada, de forma humana, sem fazer distinção.

Antônio Silvino, “a justiça acima da lei”, é a quarta celebridade do cangaço abordada, considerado, em sua época, verdadeiro terror das veredas do sertão, cujos desafios chegaram a atingir a toda poderosa Great Western Company.

O quinto momento cordelístico a ter ênfase destaca o casal cangaceiro Lampião e Maria Bonita, primeiro a integrar as hostes do cangaço a ponto de surpreender o comandante Sinhô Pereira, quando de entrevista para o jornalista Nertan Macedo que o localizou em Patos de Minas. Sebastião Pereira e Silva, neto do Barão do Pajeú, vingador da família Pereira em luta interfamiliar secular contra os Carvalhos, revelou que nunca admitiria a presença de mulheres no ambiente cangaceiro. Lampião e Maria Bonita viveram romance tórrido, marcado por contradições inauditas, tendo como ponto principal a humanização do movimento sertanejo, antes assinalado pela absoluta ausência do perdão.

A sexta abordagem em cordel fica a cargo da brilhante composição, em sublimes versos sertanejos, enfocando o cangaceiro paraibano Asa Branca, “a inteligência a serviço do cangaço”. Antônio Luiz Tavares fez parte do bando de Lampião e participou da tentativa de ataque à cidade de Mossoró, escapando milagrosamente graças à intervenção involuntária de valente sertaneja de nome Maria Maia, esposa de Alcides Dias Fernandes, que o levou para fazer séricos domésticos em sua residência, a contra-gosto dos policiais que lhes faziam guarda, pois estava preste a ser executado como os demais capturados após o frustrado ataque de 13 de junho de 1927. Asa Branca foi funcionário da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, falecendo em Mossoró e sendo enterrado próximo ao túmulo de Jararaca, bem como do local onde está sepultado Colchete, no Cemitério Público São Sebastião.

A sétima celebridade a ser destacada é o Menino-Bandido Volta Seca, cuja atuação no cangaço foi tão marcante a ponto de ter despertado o interesse de Jorge Amado em inseri-lo no romance intitulado Capitães de Areia, um dos mais importante trabalho literário do filho de cacauilcultores baianos que abraçou a doutrina comunista. Volta Seca foi um dos mais cruéis cangaceiros na tragédia verificada na cidade baiana de Queimadas, quando o destacamento local, à exceção do Sargento Evaristo, foi dizimado covardemente.

Em seguida, Gonçalo Ferreira da Silva versifica a trajetória sanguinária e hedionda de Zé Baiano, “o ferrador de gente”, cangaceiro perverso que cismou em moralizar o sertão através de métodos violentos que puniam com arrojo o que considerava desvios de conduta, sobretudo manifestados pelo gênero feminino. A fama de perversos granjeada pelo cangaceiro Zé Baiano enfatizou o empenho de Estácio Lima a fim de provar vínculos desse sertanejo com teorias lombrosianas.

A nona celebridade do cangaço a ser enfocado em versos cordelisticos é o pernambucano de Quixaba de nome Ângelo Roque, o qual ficou conhecido pela alcunha de Labareda. Em Guerreiros do Sol: O Banditismo Rural no Nordeste do Brasil, Frederico Pernambucano de Mello, pesquisador e historiador de raros dotes, enquadrou-o no Cangaço-Vingança, seguindo a proposta que formulou e que a denominou de Teoria do Escudo Ético. Protegido do Dr. Estácio, Labareda, depois de se entregar com arte do bando, tendo recebido anistia de Vargas, foi enquadrado como funcionário público do Instituto Médico Legal em Salvador, capital baiana.

O décimo cangaceiro a ter sua vida destacada em cordel é o cunhado de Lampião, conhecido nas hostes do cangaço pelo apelido de Moderno, mas que não teve grande repercussão, pois Virgínio, seu nome de batismo, ficou imortalizado indelevelmente no movimento sertanejo. Virgínio era uma espécie de “juiz do grupo de Lampião”, tendo em vista ser ponderado e coerente, não apresentando “pendores voluntários” para a “profissão de cangaceiro”.

A décima primeira personalidade cangaceira a ter registro na obra literária que enriquece magistralmente a produção em cordel se refere ao cangaceiro-militar José Leite de Santana, o qual devido ao comportamento extremamente violento recebeu do próprio “Rei do Cangaço” o apelido de Jararaca. José Leite de Santana se encontrava em posição de vanguarda quando do ataque a Mossoró, sendo alvejado duplamente no ensejo dos combates travados em vias públicas da capital do oeste potiguar. A forma covarde e desumana como foi executado, pois estava preso e, em tese, deveria ter sua segurança garantida pelo Estado e seus aparelhos, despertou a fé popular, a qual o transformou em “santo milagreiro” na Terra de Santa Luzia do Mossoró.
As décima segunda, décima terceira e décima quarta celebridades do cangaço enfatizam o universo feminino e suas influencias, pois tanto Maria Bonita, “a eleita do Rei”, Dadá, “esposa e aliada de Corisco”, como Cila, “liderança feminina do cangaço”, ocuparam posições proeminentes e de respeito no Estado-Maior que estruturou uma das mais formidáveis manifestação de insurgência no sofrido Nordeste Brasileiro.

Maria Bonita, “a rainha do cangaço”, separou-se do esposo para seguir Lampião, assinalando capítulo inicial da inserção das mulheres no cangaço, enquanto Cila, esposa de Zé Sereno e Dadá, esposa de Corisco, sobretudo a última, deram provas inequívocas de engajamento completo, não obstantes dúvidas iniciais, mas que foram sendo dirimidas em razão de vínculos profundos com a organização do movimento e férreo atrelamento aos preceitos que definem, entre outras coisas, a moral sertaneja e suas implicações.

Estão de parabéns o renomado cordelista Gonçalo Ferreira da Silva, a Editora Queima-Bucha e o Nordeste Brasileiro, pois a importância do presente trabalho literário dignifica toda resistência que vem sendo empreendida por valorosos defensores das bases da autenticidade que caracteriza as verdadeiras expressões da originalidade nordestina.

José Romero Araújo Cardoso – Geógrafo (UFPB). Escritor. Professor-adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UERN). Membro do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP), da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e da Associação dos Escritores Mossoroenses (ASCRIM).

http://www.caldeiraodochico.com.br/lampiao-e-outras-celebridades-do-cangaco-destacados-em-abordagens-cordelisticas-enfatizadas-pelo-grande-e-notavel-poeta-popular-goncalo-ferreira-da-silva/

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AGRADECIMENTO

Por Junior Almeida

Venho de público agradecer a todos pela escolha do meu nome como conselheiro do Cariri Cangaço, junto com Rangel Alves da Costa, de Poço Redondo SE, Lili Neli, de Belo Horizonte MG, Elane Marques, de Aracaju SE, Emmanuel Arruda, de João Pessoa PB e Louro Teles de Calumbi PE, no último encontro de Floresta e Nazaré do Pico.

Estou imensamente honrado com a escolha do meu nome como conselheiro do maior e mais respeitado movimento temático do Brasil e ciente da enorme responsabilidade que tenho pela frente, porém, pronto para os novos desafios que virão não só nos próximos encontros, bem como o estudo responsável do cangaço, messianismo, coronelismo e assuntos relacionados ao Nordeste.

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LAMPIÃO E CORISCO: UMA DURA PERSEGUIÇÃO A FAMÍLIA JUREMEIRA NO OLHO D’ÁGUA DOS COELHOS. “SANTO ANTONIO DA GLÓRIA DO CURRAL DO...

Escritor João de Sousa Lima e José Juremeira Filho

Curral dos Bois foi uma das primeiras povoações a acolher Lampião depois que ele atravessou de Pernambuco pra Bahia.

O Chefe Político de Glória, o coronel Petronilio de Alcântara Reis, acabou tendo seu nome ligado com o cangaço e Lampião em várias histórias, foi coiteiro famoso e também inimigo depois que traiu Lampião, traição que Lampião pagou incendiando várias fazendas do coronel dentro do Raso da Catarina.

Uma das mais importantes famílias de Glória, família de sobrenome Juremeira, que vivia no povoado Olho D’água dos Coelhos, sofreu grande perseguição de Lampião e Corisco.

Para entender um pouco da história dessa família e a ligação com o cangaço devemos tomar conhecimento que Pedro Juremeira foi delegado na fazenda Caibos (Caibros) e por isso ficou marcado pelo cangaço. Era também quem fazia a segurança do coronel Petro e era proprietário de um barco que fazia a travessia do Rio São Francisco entre Bahia e Pernambuco, entre Rodelas e Petrolândia. A fazenda Caibos hoje esta inundada e as pessoas estão residindo nas agrovilas II e III.

Lampião mandou um recado para Pedro para que em um dia marcado ele fizesse a travessia dos cangaceiros do lado pernambucano para o lado baiano e Pedro não atendendo a solicitação, convocou alguns policiais e quando da aproximação dos cangaceiros acabaram trocando tiros com o grupo de Lampião, começando ai uma grande “Rixa” entre os dois.

Manuel Juremeira e Hemernegilda de Araújo

Em uma das perseguições dos cangaceiros a Pedro Juremeira, Corisco, a mando de Lampião, pegou um primo de Pedro, chamado Leonídio (Lió), no povoado Olho D’água dos Coelhos, pra ele informar onde poderia encontrar Manuel Juremeira, pois não conseguiam encontrar Pedro e quem iria pagar a vingança dos cangaceiros era Mané Juremeira. Lió levou os cangaceiros até a roça “Pé da Serra” e chegando lá prenderam Manuel na roça e o trouxeram para sua residência, onde estava a esposa Hermenegilda “Miné” com os quatro filhos: Otacílio, Ananias, Lídia e Joana.

Na casa de Leonídio ficaram três cangaceiros vasculhando baús e armários em busca de jóias e dinheiro enquanto Corisco seguia com mais dois cangaceiros e o refém para a roça.

Chegando próximo de Mané Juremeira Corisco sentenciou o aflito rapaz de morte dizendo:

- Sabe com quem ta falando?

- Não!

- Corisco! Você vai morrer no lugar de seu irmão!

- Eu sou contra meu irmão! Morrerei inocente e sem culpa, mais maior que Deus, ninguém!

- Nada de Deus! Deus hoje aqui é a gente!

Os cangaceiros manobraram os fuzis e apontaram para os peitos e costelas de Manuel. Nesse momento dona Miné saiu de dentro da casa  e correu e se abraçou com o marido:

- Aqui você não mata não! Meu marido é inocente!

- Saia da frente que vim matar foi homem e não mulher!

Nesse momento foi chegando Filigeno Furtuoso, amigo de Manuel que era tropeiro e residia na Tapera da Boa Esperança, em Penedo, Alagoas. O amigo sempre que passava na região dormia na casa de Manuel pra no outro dia viajar até Jeremoabo, onde comprava uma carga de fumo para sair revendendo, em sua junta de cinco burros.

Diante dos olhares dos cangaceiros e da situação em que encontrou o amigo Manuel, o tropeiro falou:

- Taí esses cinco burros arreados e eu lhe dou em troca da vida desse homem!

- Negativo! O senhor tem dinheiro?

- Não tenho! O que eu tinha era 800 contos de réis mais os outros cangaceiros que estão na casa de Leonídio já pegaram.

- E daqui a 30 dias?

Nesse momento o próprio Manuel respondeu:

- Ai eu tenho!

- Então vou liberar você e se não pagar eu volto e mato todo mundo.

Manuel escapou nessa hora.

O sargento Zé Izídio ficou sabendo do acontecido e intimou Manuel a ir a delegacia. Quando Manuel chegou o sargento o acusou:

- É você que é Mané Juremeira protetor de bandido?

- Sou Mané Juremeira, mais protetor de bandido, não! Eu prometi pagar uma quantia para não morrer!

- Então agora você vai ter que vir morar em Glória!

Manuel foi obrigado a vir residir em Glória e nunca pagou a quantia estipulada por Corisco. Tempos depois os cangaceiros acabaram encontrando o tão procurado Pedro Juremeira em uma fazenda chamada Papagaio, em Pernambuco. Pedro estava dentro de uma casa e os cangaceiros o cercaram, prenderam o rapaz, amarraram em um mourão, perfuraram o corpo do rapaz todo com pontas de punhais e foram almoçar na residência. Depois do almoço os cangaceiros retornaram onde estava o corpo e descarregaram as pistolas na cabeça do já falecido jovem.

Depois de três dias da morte de Pedro, o pai do rapaz, Teodório Juremeira, mandou um recado para uns amigos descerem o corpo de Pedro em uma canoa até Santo Antônio da Glória, onde foi enterrado. Quando a família encontrou o corpo, já estava apodrecido e tiveram que derramar uma lata de creolina.

Trinta dias depois do sepultamento os cangaceiros mandaram o portador Martim Gabriel, primo de Manuel Juremeira, que residia nas Caraíbas, Brejo do Burgo, com uma carta, cobrando o dinheiro que Manuel prometeu.

- Diga a eles que não mando não! Eu já moro na cidade e se eles quiserem vim aqui incendiar minha casa pode vir!

Depois de três anos o governo armou toda a população de Santo Antônio da Glória. Mané. Otacílio e Ananias pegaram em armas para fazer essa defesa do local.

Otacílio Juremeira

Quando mataram Lampião a família Juremeira retornou para suas roças no Olho D’água dos Coelhos, porém, na época de Lampião e Corisco, quando eles eram os senhores das caatingas do Raso da Catarina, “Os Juremeiras” sofreram perseguições e mortes.

Paulo Afonso, 16 de outubro de 2017.
João de Sousa Lima
Historiador e Escritor
Membro e Vice-Presidente da Academia de Letras de Paulo Afonso. Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero de Araújo Cardoso

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BOA TARDE A TODOS

por Cristiano Ferraz

Ontem encerramos mais um Cariri Cangaço, o segundo em Floresta e Nazaré. Com uma grande participação de pesquisadores, estudiosos, escritores e pessoas da localidade, tivemos uma programação bastante diversificada com a distribuição de títulos e diplomas e homenagens a diversas pessoas (entre estas, o curador do Cariri Cangaço Manoel Severo Barbosa), visitas de campo (Fazenda Favela e Poço do Negro) e caminhadas pelo centro de Floresta e da Vila de Nazaré do Pico mostrando pontos de interesse cultural e ligados às histórias do cangaço. 


Com a sensação de dever cumprido e gratidão a todos os que se dispuseram a participar conosco na organização do evento e dos que nos visitaram no intuito de conhecer nossa história e cultura, esperamos ter correspondido às expectativas. Ficam também as desculpas pelas eventuais falhas, inerentes a qualquer evento de grande porte como o que acabamos de encerrar.

O sentimento que fica é o de satisfação, gratidão e saudades de todos. Até a próxima e um abraço a todos.

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ARTIGO SOBRE LAMPIÃO NA REVISTA O CRUZEIRO, DE 23 DE ABRIL DE 1932

Por Ruy Lima






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