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domingo, 25 de agosto de 2019

PARA HOJE DOMINGO, 25 DE AGOSTO DE 2019.



Venho anunciar aos caros amigos leitores, o lançamento de mais um belo trabalho, sobre um tema tão acerrado, cômico, trágico, e fascinante que é o tema cangaço. 

Diante de tantos outros trabalhos que foram feitos, eu tenho a honra de trazer nesse trabalho, fatos inéditos que até então não foram publicados, e nenhum outro trabalho.


Como a dura busca, em meses em campo, para descobrir a verdadeira origem da cangaceira Neném de Luiz Pedro, e o sofrimento da família de Dadá, esposa de Corisco, na qual tenho a honra de narrar nesse trabalho, com fontes confiáveis.

Um trabalho diferenciado, que estará em breve em todas as livrarias do Brasil. 

Com total apoio da Academia de Letras da cidade de Paulo Afonso BA.


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O CANGAÇO EM BREJO DOS SANTOS NO REGIME MONÁRQUICO - PARTE I POR:MUNGANGA CULTURAL

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Sempre foi de notória agitação o clima na região sul cearense. No Cariri, região que de certa forma, lhe corresponde, desde seus primórdios, registraram-se disputas e conflitos, a partir mesmo do período da posse da terra, na época das Sesmarias. Muito mais conturbado, todavia, surgiu o século 19. A seca de 1877, com seu cortejo de miséria, arruinou a província do Ceará. Milhares de retirantes percorriam as estradas em demanda de vilas e cidades onde imploravam a esmola para matar a fome.

No Cariri, a despeito de ser região privilegiada, a fome fazia devastações. Morriam, diariamente, no Crato, de 12 a 16 pessoas. Os famintos não tinham força para mendigar. Às vezes, antes de recolher a esmola, caiam agonizantes, com as feições convulsas, no transe derradeiro. No meio dessa calamidade, surgiam bandos de cangaceiros que se apoderavam dos bens alheios. Os próprios retirantes invadiam as propriedades em busca de alimento. Furto, roubo, tomada de presos, assassinatos, prostituição e morte por falta de pão, eis as consequências desse flagelo.

Vários grupos de cangaceiros andavam sobre o chão do povoado de Brejo dos Santos. O flagelo começou nos fins de 1874, com o bando de Inocêncio Pereira da Silva, vulgo Inocêncio Vermelho, foragido da vila de Misericórdia (atual Itaporanga), na província da Paraíba, onde assassinara Andrelino Araújo. Perseguidos por Antônio Tomás de Araújo Aquino, irmão da vítima, passavam-se os criminosos para a Comarca confinante de Jardim. Residiam, ora no Salgadinho, do termo de Milagres, ora na povoação de Brejo dos Santos, do termo de Jardim. Gozando da proteção do Juiz Municipal de Jardim, Dr. Antônio Augusto de Araújo Lima, Inocêncio chegou a exercer funções policiais contra criminosos desvalidos, em toda zona banhada pelo riacho dos Porcos.

Logo depois, fugido da cadeia de Crato, juntou-se ao grupo de Inocêncio Vermelho, o criminoso João Calangro, natural de Milagres, onde era conhecido por João Senhorinha. Seu verdadeiro nome, porém, era João de Sousa Calangro. Ele era de estatura baixa, sardento e de cabelos cor de fogo, e não deve ser confundido com o negro João Calangro, perverso cangaceiro de Antônio Quelé, abatido no dia 27 de novembro de 1910 por companheiros seus, nas proximidades de Jati, entre a ladeira do Pacífico e a fazenda Oitis.

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Com isso, os salteadores, transformados em agentes policiais, mantinham a ordem nos povoados e prendiam os criminosos desvalidos. O banditismo político chegava ao ponto de uma autoridade regeneradora encarecer ante o Governo Provincial, os serviços que Inocêncio Vermelho tinha prestado, e pedir, ao mesmo tempo, para o bandido, remuneração por iguais serviços, ou promover a sua livrança.
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A Comarca de Jardim tornava-se um viveiro de criminosos, no qual José Ataíde Siqueira (Zuza Ataíde), Inocêncio Vermelho, João Calangro, Barbosas, Brilhantes, Viriatos, Agostinho Pereira, Pedro Simplício, Carneiro, Manuel Tomás e outros representam o papel de peixe-rei, cuja força estava na razão das façanhas. Em junho de 1876, Inocêncio foi morto na região do Poço, por Sebastião Pelado, que agia a mandado de Antônio Tomás de Araújo Aquino, irmão de Andrelino de Araújo. Morto Inocêncio, João Calangro assumiu a chefia do grupo, ao qual se incorporou Antônio Vermelho, irmão de Inocêncio, a fim de liquidar Sebastião Pelado, que, por sua vez, formava outro grupo. 

A luta entre esses bandos rivais, cuja zona de operações se estendia ao território paraibano, atingiu seu clímax quando Dinamarico e José Pombo Roxo, do grupo de Pelado, eram mortos por João Calangro e Gato Brabo, e Manuel de Barros, do séquito de Calangro, foi morto por Pelado. Naqueles velhos tempos, o Brejo era o lugar preferido pelos bandoleiros que infestavam o Cariri, por motivo de suas condições naturais. No meado de 1876, procedente da vila de Várzea Alegre, ali se encostou o facínora Luís de Góis, acompanhado de Zuza Ataíde.

Dentro da povoação de Porteiras, os dois grupos se defrontavam e travavam forte tiroteio, morrendo na luta José Roberto, que ali se reunira com Pelado. O morto, famoso sicário, vivia sob a proteção do capitão José Mateus Pereira da Silva, morador na comarca de Vila Bela, da província de Pernambuco. O capitão José Mateus exigia de Sebastião Pelado a orelha de João Calangro, ameaçando-o de morte caso não se desincumbisse logo a tarefa. Para agravar ainda mais a situação dos habitantes da região, forças irregulares do capitão José Mateus chegaram ao Brejo, em perseguição ao grupo de Calangro. Num encontro entre os dois grupos, Sebastião Pelado recebia mortal ferimento, enquanto João Calangro, sabendo do estado do capitão José Mateus em Porteiras, ia até a povoação, no dia 02 de agosto de 1877, e lá diria-lhe toda sorte de impropérios e ameaças por espaço de dez horas.

O capitão José Mateus seguia com destino ao Pajeú, região baluarte dos Pereiras, e de lá trazia mais de cem homens, encontrando-se entre eles grande número de delinquentes. O 2° suplente de Juiz Municipal de Jardim, capitão Juvenal Simplício Pereira da Silva, sobrinho legítimo de José Mateus, assumia o exercício e autorizava a Força de Mateus a capturar João Calangro. A Força era divida em três grupos. Seguia um para Brejo dos Santos, outro para Missão Velha, e outro, comandado por Mateus e seus genros Galdino Alves de Araújo Maroto e Manuel Pereira da Silva, para Milagres.

Em 15 de agosto de 1877, o grupo comandado por Mateus assassinava a Manuel Valentim e espancava barbaramente a Trajano de tal, pelo simples fato de agasalharem o grupo de Calangro. A Força pernambucana, a pretexto de perseguir Calangro, praticava uma série de delitos. O tenente Alfredo da Costa Weyne, que se achava em Milagres, deliberava por cobrança a tais atrocidades. Aceitava, porém, a sugestão do Dr. Antônio Augusto de Araújo Lima, que julgava mais acertado enviar Balduíno Leão, amigo de Galdino Maroto, a fim de encontrar uma solução honrosa.

Balduíno, amigavelmente, conseguia que dez homens de Mateus se incorporassem à Força de Weyne, o que ocorria no sítio Bela Vista, distante meia légua de Milagres. De volta de sua excursão, os Mateus chegavam a Milagres no dia 23 de agosto, em número de 40, depois de serem cometido as maiores violências contra sertanejos indefesos. A permissão dada ao capitão Mateus, para, com Força irregular, perseguir os Calangros, criava péssimo precedente e aumentava a insegurança individual na região. Os grupos de Mateus preocupavam sobremaneira as autoridades cearenses. Um dos grupos tinha por comandante a José Rodrigues e o outro a Vila Nova, ambos conhecidos assassinos. 
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No dia 29 de agosto, o tenente Weyne recebia requisição dos Juízes de Direito de Barbalha e Crato, cujas cidades estavam ameaçadas de ser assaltadas por mencionados grupos. A exemplo dos bandos de Mateus formavam-se outros grupos que se diziam gente do aludido Capitão, mas que visavam ao roubo e ao furto. O sul cearense vivia dias incertos. Além dos Calangros, operavam os Viriatos na Boa Esperança e os Barbosas no Salgadinho. 

À parte, mas sob os comandos de João Calangro, havia surgido, em Milagres, o grupo dos Quirinos, chefiados por três irmãos, o mais velho dos quais se chamava Quirino. Agiam também, sob a proteção de Calangro, Jesuíno Brilhante (Jesuíno Brilhante de Melo Calado) e Gato Brabo, os dois últimos também no comando de grupos. Por conveniência, esses bandos agiam separadamente. Havia, entre eles, porém, um “tratado de aliança defensiva e ofensiva de sorte que, quando receavam alguma conspiração, reuniam-se imediatamente, tomando João Calangro o comando gera”. João Calangro acabara por expulsar os Mateus do Ceará. As populações caririenses responsabilizaram o capitão Mateus pela quase extinção de gados. E com isso, passavam a confiar em João Calangro.

Essa confiança “subiu ao ponto de desejar-se pelos povoados, sobretudo em dias de feira, a presença de João Calangro para garantia daquilo que cada um trazia ao mercado publico. Ultimamente povoados, senhores de engenhos e fazendeiros disputavam, como ainda disputam, à porfia, a sua presença sempre que sabem que se aproxima algum grupo de malfazejos, ou temem qualquer assalto. Por isso ele foi obrigado a aumentar o número de seus policiais... E desse modo nulificou-se entre nós completamente a autoridade publica que foi substituída por João Calangro, que entende que a ele e tão somente a ele, o Cariri deve não ter sofrido maiores desgraças” (em “Cearense”, edição de 11 de outubro de 1877). 
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Entrada da "Gruta de João Calango"
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Correspondências de Barbalha publicadas em Cearense diziam que a cidade estava "sendo garantida pelo grupo do célebre João Calangro, protegido pelas autoridades". Compunha-se o grupo de 22 homens "que trajava a casimira, notando que quase todos os outros são subordinados, pelo fará 100 homens a qualquer hora". Um dos correspondentes concluía: "Hoje é perigoso ser rico, pois o povo pobre (os bandidos) lhes hão declarado guerra de extermínio" (em Cearense, 24.02 e 17.03.1878). No Cariri, os particulares garantiam o direito de propriedade com armas nas mãos. Em Barbalha, as casas Sampaio, Santiago e outras estavam convertidas em quartéis.  

Em Constituição, de 17 de fevereiro de 1878, publicava carta de Missão Velha, na qual o correspondente afirmava que os ladrões de gado aumentavam dia a dia, e que a cadeia estava cheia deles. Carta de Barbalha, publicada na mesma edição, comunicava que o gado, a cana e a mandioca não podiam mais produzir, "porque o furto é por demais". E finalizava: "A seca é a causa de tudo".

Aliás, por toda a Província flagelada pela seca, o direito de propriedade recebia tremendos impactos. O gado, retirado para o Piauí, ao voltar para o Ceará, na Serra Grande, não conseguia atravessar a linha de salteadores. No centro da Província, outros bandos de salteadores "acometem a propriedade com a maior ostentação, dir-se-á que se proclamou entre nós o comunismo". Na vila de União, o célebre José Rodrigues, à frente de um bando, assaltava os carros nas estradas, tomava os víveres e os distribuía "como se fosse coisa sua" (em Cearense, de 22 e 27.02 e 01.03.1878).

Continua...

Fonte:https://amunganga.blogspot.com

http://cariricangaco.blogspot.com

POLÊMICA SOBRE EZEQUIEL FERREIRA! VAI LÁ NO NOSSO CANAL SERTÃO CANGAÇO E CONFERE ESSE VÍDEO.


Publicado a 24/08/2019

Acervo Aderbal Nogueira
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Pessoas e blogues

Amigo leitor, veja como são diferentes o Ezequiel falso e o Ezequiel verdadeiro.


Ezequiel falso e Ezequiel verdadeiro

O Ezequiel falso tem a orelha à altura da boca. Já o Ezequiel verdadeiro tem a orelha à altura do nariz. Lógico que orelha cresce na proporção que o sujeito vai envelhecendo.


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PRISÃO DA FAMÍLIA FERREIRA

Por José João Souza

Quando Estácio Coimbra assumiu o governo de Pernambuco tinha como plataforma eleitoral, exterminar Lampião e o cangaço. Para isso, colocou à frente da Secretária de Segurança Pública o bacharel Eurico de Souza de Leão, nesse período, começou uma grande perseguição à família Ferreira. 

Em 20 de janeiro de 1927, diversos membros da família foram presos em Juazeiro do Norte e levados para Vila Bela debaixo de uma forte escolta policial. Os presos foram interrogados pelo Major Teofánes Torres e todos foram soltos, com exceção de João Ferreira, irmão de Lampião. João foi enviado para Água Branca, em Alagoas, onde foi absolvido pelo júri, João estava sendo acusado de participar do ataque a Periconha em 1921. Ao todo, ficou preso durante um ano e meio. 

Um dos resultados da perseguição à família Ferreira foi a entrada para o cangaço de Ezequel, o irmão mais moço de Lampião e de Virgínio, cunhado de Lampião. Outros membros da família foram presos no Piauí, onde moravam, e foram levados para Pernambuco, onde o Major Teófanes Torres os submeteu a trabalhos forçados, na construção da igreja de Vila Bela (atual Serra Talhada). Nenhum dos parentes de Lampião foi condenado por qualquer delito.

FOTO DA FAMILIA DE LAMPIÃO:
1- Zé Paulo, primo; 2 -Venâncio Ferreira (tio); 3 - Sebastião Paulo, primo; 4 - Ezequiel, irmão; 5 João Ferreira, irmão; 6 -Pedro Queiroz, cunhado (casado com Maria Mocinha, que está à sua frente, sentada); 7- Francisco Paulo, primo; 8- Virgínio Fortunato da Silva, cunhado (casado com Angélica); 9 - Zé Dandão, (agregado da família); 10 - Antônio Ferreira, irmão; 11-Anália, irmã; 12 - Joaninha, cunhada (casadacom João Ferreira); 13 -Maria Mocinha, ou Maria Queiroz, irmã; 14-Angélica, irmã e 15 - Lampião.


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A ENTRADA DE CORISCO NO CANGAÇO


Publicado a 24/08/2019

A entrada de Corisco no cangaço e o surgimento do apelido que levou durante anos o medo e a intranquilidade aos sertões do Nordeste. Por: Marcos Antônio de Sá. Filmagem: José Francisco Gomes de Lima.

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PRAZER EM CONHECER: LAMPIÃO ACESO ENTREVISTOU PAULO GASTÃO

Por Kiko Monteiro

Quem é Paulo Medeiros Gastão? Eu vos digo que é um ilustre pernambucano de Triunfo da Baixa Verde. Nasceu naquele histórico 1938, quatro meses depois do desaparecimento daquele seu vizinho de cidade, cuja existência viria a ser uma de suas obsessões. 

Hoje um cidadão Mossoroense. Fundador da SBEC - Sociedade brasileira de estudos do cangaço; enviado especial da Laser Vídeo a diversos cenários da saga lampiônica.Membro fundador da Fundação Vingt- un Rosado, da Academia Mossoroense de Letras. Sócio do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP), ex- professor da Universidade Regional do Rio Grande do Norte e da Escola de Agricultura de Mossoró (RN). 

Desfila pelo Brasil profundo mesmo agora com o charme dos seus 72 anos (Há quem diga que seja um tiquinho a mais, talvez emparelhado com o próprio Lampa) mas conservando um corpinho de 50.

Daqui pra frente ele mesmo se encarrega. Eu não considero o termo entrevista... Apresentamos o "Método Paulo Gastão do cangaceirólogo moderno" 

Como se dá sua entrada no cangaço?

- Comecei a conhecer a ambientação em companhia do meu pai, que vendia seus produtos em caminhão próprio. Suas atividades estavam resumidas aos sertões de Pernambuco, Paraíba e sul do Ceará. Assim fui sendo apresentado a inúmeras pessoas que na década de 50 (século XX), que participaram direta e/ou indiretamente do movimento cangaceiro. Conheci muitas vilas que hoje são cidades com seus respectivos nomes de outrora. Ex.: Rio Branco = Arcoverde; Alagoa de Baixo = Sertânia: Vila Bela = Serra Talhada; Queixada = Mirandiba; Patos de Princesa = Irerê; Patos de Espinhara = Patos; Pajeú de Flores = Flores; Placas = Cruzeiro do Nordeste e muitas outras localidades. E assim começaram meus estudos da geografia nordestina e cangaceira.

Do ponto de vista da leitura, consegui numa livraria da Rua da Aurora com Rua da Imperatriz na cidade do Recife ‘O mundo estranho dos cangaceiros’ de Estácio de Lima. Isto foi lá pelos idos de 1970. Em período anterior sob orientação dos meus professores, todos de origem européia, minhas leituras eram dirigidas para escritores do velho mundo, e na qualidade de religiosos, procuravam afastar os autores da União Soviética, não sabendo eles da força, vigor dos contistas e romancistas russos. Hoje, concluo que cheguei atrasado para pegar a Maria Fumaça que me levaria aos sertões, mas, ainda cheguei a tempo. Todo e qualquer tempo para se degustar uma boa leitura, é tempo ideal, independente inclusive da faixa etária. O crescimento em busca de novos relatos ocorreu em progressão geométrica, me tornando verdadeira ‘traça’ de livros. Mas, tive como ponto de partida a Zona da Mata ou litoral onde tomei conhecimento da obra de José Lins do Rego com Menino de Engenho, Moleque Ricardo, Banguê e Usina que compõem o ciclo da cana de açúcar. Depois vieram outras obras deste e de outros autores.

Então apresente suas crias.

- As lançadas são: Contribuição a uma Bibliografia do Cangaço – 1845-1996. 1996; Carta a Almeida Barreto (notas e comentários), 1999; Quem é Quem no Cangaço – Dicionário dos escritores do cangaço, 2002; Na Rota dos Coronéis, Cangaceiros e Beatos, 2005; Viagem ao São Francisco – do Litoral ao Sertão, 2006; Seriema – Ave em extinção, 2010.



Qual o Filho predileto?

- O que me levou a trabalhar com bibliografia sobre o cangaço foi o fato de os pesquisadores não tinham onde buscar as referências necessárias ao bom andamento das suas pesquisas. Surgiu então o título – Contribuição a uma bibliografia do cangaço – 1845 – 1996. Espero que a cooperação tenha sido de real utilidade.


Livro de outro autor. Por que?

- Pergunta muito delicada e que merece uma análise, mesmo que sucinta. Temos que levar em consideração a época em que viveu o escritor; das nuances descritas, se de caráter geral ou trabalho referente à sua região de origem; no que diz respeito ao conteúdo, se retrata a parte civil ou militar; se simples entrevista ou analítico propriamente dito; se específico ou complementar de outro assunto correlato; se por experiência vivida ou por ocasião de pesquisa de campo; tese de mestrado ou doutorado; etc. Afinal minha escolha recai para Aglae Lima de Oliveira e seu memorável ‘Lampião, Cangaço e Nordeste’.


Seu trabalho é feito numa época onde cangaço não tinha nenhum valor cultural, educacional e poucos livros tinham sido escritos. Ela levantou uma bandeira e segurou, indo mostrar o nosso valor nas telas da TV no Rio de Janeiro. Um grande feito para a época. Éramos nós nordestinos muito provincianos em matéria de leitura, exceto nas grandes cidades e com poucos adeptos. Sertaneja conhecia as veredas do sertão e assim soube fazer um relato reconhecido até os dias atuais. Como mulher buscou se colocar ao lado de Raquel de Queiroz, desde que raras mulheres se apresentavam como escritoras, principalmente, em se tratando de assuntos vivenciados por este mundo nordestino que muitos ainda tratavam como os do ‘norte’.

Porém, não posso perder a feliz oportunidade de percorrer nas largas estradas construídas pelo Lampião aceso, sob o magistral comando de Kiko Monteiro e não mencionar um épico do cangaço, principalmente por ter conhecido e convivido com pessoas ligadas ‘Vingança – Não, obra sobre Chico Pereira.



Qual é o primeiro título recomendado para um calouro?

- Vários autores se dedicaram a um determinado personagem; a uma região (estado); a pequenos relatos, etc. Para se ter uma visão mais ampla do mundo cangaceiro, recomendo a obra do padre Frederico Bezerra Maciel, intitulada – Lampião, seu tempo e seu reinado, em 6 (seis) volumes (1985-1988); além de Carnaíba a Pérola do Pajeú - 1992. O autor se esmerou em situar o leitor ao meio ambiente da matéria descrita, quando elabora mapas elucidativos, sendo o único escritor que assim se portou. Leitura objetiva sem a condição acadêmica.

Com quantos e quais personagens desta história você teve contato?

- Não tenho número fixo que venha a determinar quantos personagens mantive contato. Tudo começou na minha infância/juventude pelo fato da ambientação em que nasci. Convivi com comerciantes, professores, médicos, militares, gente do povo que conheceram inúmeros cangaceiros, volantes, coiteiros e outros personagens significativos para com a história do cangaço. Aos nove anos de idade já conhecia a terra de Virgolino, de Antônio Silvino, de Félix da Mata Redonda onde eu ia caçar passarinho de baladeira, de Luiz Pedro do Retiro aonde ia aos engenhos daquela localidade tomar garapa ou adquirir a melhor porção de farinha fabricada no Nordeste.

Em segundo plano, já possuidor de conhecimentos históricos, fui registrando no meu caderno de anotações Senhor da Beleza, dona Especiosa (costureira de Lampião), Sila, Candeeiro, Maria de Juriti, Adília, Tenente João Gomes de Lira, Auricéia, Artur Ferreira (primo de Lampeão), Neco de Pautila, dona Mocinha (irmã de Lampeão), o coiteiro Pedro de Tercila e osargento Elias que residiam em Olho d’Água do Casado, Estado de Alagoas, Vinte e Cinco, o comerciante Chiquinho Rodrigues, familiares de Jararaca – os irmãos FélixQuitéria e outros; Silvio Bulhões, (filho de Corisco e Dadá) Dona ErmelindaTenente Pompeu, aos familiares de Luiz do Triangulo, Jardilina Pereira Nóbrega – Jarda (esposa de Chico Pereira e seus dois filhos Raimundo (engenheiro) e Pereira da Nóbrega (religioso), que escreveu o livro – Vingança, Não), e muitos outros personagens ligados direta ou indiretamente ao cangaço.





É uma lista rica em nomes e muito, muito extensa, trabalho de mais de 30 anos na estrada. E haja memória. Todos espalhados, inicialmente, pelas vilas de outrora, e na atualidade por uma geografia modificada pelo atrevimento dos políticos.




Sinto-me feliz em ter palmilhado os sertões de todos os estados nordestinos, onde o cangaço se fez presente, uns mais, outros menos, mas a todos visitei em busca de conhecer a história e em seguida informar o que havia tomado conhecimento. Conheci Paulo Afonso em 1955, tendo pousada oferecida pela CHESF aos seus visitantes, na famosa Casa de Hospedes. Até então era um conglomerado de casas para hoje se tornar uma cidade extremamente aconchegante e progressista. 


A Paulo Afonso dos anos 50/60

Qual destes contatos foi, ou foram, os mais difíceis?

- Não existem contatos fáceis ou difíceis. O que na realidade existe é o pesquisador saber dar inicio a uma amizade e conservá-la indefinidamente. Por onde andei a conversa era sempre a mesma, em que o candidato a escritor ou jornalista prometia céus e terra e depois sucumbia e ninguém sabia do seu paradeiro.

É necessário saber chegar a essas pessoas e mais, saber que um dia se terá o caminho da volta. Na maioria das vezes as portas estão fechadas. Porém, tentei durante várias vezes, que representam vários anos, conhecer, que é diferente de entrevistar ou manter contato e que agora recordo da situação vivida frente ao amigo Vinte e Cinco. Foram muitos os caminhos para se chegar a esta figura séria, objetiva e sabedora do que deseja na vida. Duro, esclarecedor e exigente. Sincero e receptivo. Uma grande figura humana. Valeu a pena conhecê-lo. Poderia citar outros nomes, mas, este já me chega. 


José Alves de Matos, o "Vinte e cinco".

Qual o contato que não foi possível e lhe deixou de certo modo frustrado?

- No querer descobrir novos nomes que participaram do cangaço sempre estava atento. A escassez aumentava a cada um que ia surgindo. Qualquer sinal de um novo personagem acionava meus amigos na busca do desejado. Mestre Alcino Costa é o responsável por descobrir, já no fim da vida, Maria de Juriti. Residia a mesma com a família em boa casa, numa rua afastada do centro da cidade ribeirinha de Canindé do São Francisco no estado de Sergipe. Tentei durante uma manhã arrancar uma palavra dessa senhora e tudo foi em vão. Ela me olhava de olho duro, me ouvindo pedir uma oportunidade de uma pequena conversa, desde que eu apresentava uma série de argumentos para convencê-la e terminei rodando meus 1.000 quilômetros para chegar em casa sem ter conseguido uma só palavra. Poderia ter conseguido um grande depoimento, mas, infelizmente a chance foi se dissipando a cada minuto. Morreu Maria de Juriti e as minhas esperanças.



Com qual remanescente gostaria de ter conversado?

- O melhor personagem para o momento teria sido aquele que não deu nenhuma entrevista ou a menor informação sobre o assunto. Este personagem elucidaria e muito os momentos mais críticos que hoje vivemos e não temos uma solução plausível. Não necessita ser homem ou mulher, soldado ou coronel, deputado ou cabeceiro, professor ou boiadeiro. A conversação que eu desejaria estaria atrelada aos subsídios que até hoje tem passado despercebidos. Foi criada uma sistemática de registro e a grande maioria simplesmente fez como rebanho de carneiro – onde um passa ou pula os outros vão atrás, com raríssimas exceções. As mudanças têm que ser criadas e adotadas para que a história tenha continuidade. Estilo papel carbono não dou valor!

Qual é o seu capítulo preferido?

- A vida nas caatingas tem que ser tratada com carinho e objetividade. Ler sobre os acontecimentos ocorridos naquelas plagas é simples, mas, para quem já viveu nos chamados ‘matos’ a diferença é brutal, inacreditável. Tive muitas oportunidades de viver nos sertões, principalmente, de Princesa Isabel e Patos de Irerê na Paraíba e Flores estado de Pernambuco. O banho de cuia, a latrina no mato, a rede em substituição a cama, a ausência de alimentos comuns das cidades, tais como: pão aguado, (na cidade denominado de francês), pão doce, bolachas de vários tipos e sabores, refrigerantes, macarrão e outros.

O café era tomado na roça tomando-se os frutos próprios da região, tais como: melancia, melão caetano - que cheira mais que qualquer perfume francês-, pinha, laranja, banana, goiaba e muitos outros. No almoço feijão de corda e carne assada; no jantar, a noite, cuscuz com leite de gado puro, angu preparado do milho com caça obtida durante o dia quando se cuidava dos animais, queijo de coalho assado preferencialmente ou queijo de manteiga. A manteiga era a tradicional manteiga de gado, nas cidades chamada manteiga de garrafa. Na época do “imbu” (Umbu) a noite se fazia uso da imbuzada e como sobremesa do almoço a saborosa geléia de imbu, maravilhosa.

Não podia faltar os banhos nos rios, riachos, açudes e lagoas. Cuidar da vacaria, enchiqueirar as miuças e encaminhar os bichos de pena para os seus respectivos poleiros. O feijão verde era debulhado em conversas sobre vaquejadas, cangaço, caçadas, cantorias e outros assuntos que são próprios dos diálogos dos sertanejos.

A ausência de luz elétrica nos levava as redes até as 8:00 horas para acordarmos com o galo cantando lá por volta das 5:00 horas da manhã. Os mais velhos contavam histórias fantásticas sobre os cangaceiros. Tornavam seus relatos cheios de momentos apavorantes tanto quanto dos monstros que viviam nos oceanos. Ninguém cochilava ou adormecia vivendo com intensidade o próprio retrato dos habitantes das caatingas.

A leitura do folheto de cordel era uma constante, pois sempre era adquirido quando se chegava a cidade em dias de feira.


 Nada de TV nem de cinema. 
As primeiras viagens de Paulo eram a bordo das setilhas, sextilhas, decassílabos... etc.

Não faltavam as história do rei Ricardo Coração de Leão e os Doze Pares de França e ainda era lido o Lunário Perpetuo, obra editada em Portugal, onde se buscava leitura aprazível para se conseguir condutas lá vividas e aqui adaptadas. Épocas de preparar a terra, plantar e colher eram muito bem apresentadas. Mostrava-se com muita pujança o poder dos astros e isto se coadunava com a filosofia de vida do sertanejo e seu misticismo próprio e não lapidado. Todas as noites após a janta nos dirigíamos a uma dependência da casa, chamada de camarinha, onde se encontrava vários santos, de madeira, protegidos em oratório e ali contritos rezávamos juntos homens e mulheres o terço, todos compenetrados e não se falhava uma noite sequer. A religiosidade do sertanejo é tão forte quanto o mesmo.

Viver diretamente com as comunidades sertanejas é um grande aprendizado e uma feliz oportunidade. Nenhum autor se debruçou na janela da caatinga para observar e descrever em profundidade a vida do povo sofredor nas garras dos cangaceiros e volantes. Ai reside um capítulo virgem de pesquisa objetiva e descritiva que só enobreceria a comunidade nordestina. O maior erro tem sido em se enaltecer a figura de Lampião, deixando-se ao largo o capítulo principal de toda a historiografia do cangaço – o POVO sertanejo. O povo está seguindo sua caminhada e Lampião dentro em breve será esquecido ou as descrições a seu respeito não deverão ter nenhum valor. O lado comercial reveste o personagem e o mesmo já se encontra engessado.

O conceito não é a história e sim o vil metal. Necessário se faz registrar que o cangaço ainda vive com seus últimos representantes que continuam contando fatos ocorridos ou não. O que irá ocorrer daqui a 50 anos? 

Um cangaceiro (a)?

Vou preferir Sila para poder ter a oportunidade de fazer um pequeno, porém, importante relato. Sempre desconfiei que seu nome não era Hilda Ribeiro de Souza. Cheguei a dizer diretamente a ela – criatura, Hilda não é nome mulher que nasce nos brejos, nos sertões. Este nome é para as nascidas nas cidades. Combinando com o mestre Alcino Costa fomos desvendar o nome da cangaceira nascida no Poço Redondo. Após várias tentativas chegamos ao seu verdadeiro nome: Hermecilia Brás São Mateus. A terminação “cilia” nos leva a crer que ficou fácil ser a mesma identificada como Cila, que ela deixou em livro seu, escrito de próprio punho, como Sila. Grande figura humana e que terminou sendo a repórter responsável pelos fatos ocorridos no seu pouco tempo de cangaço. Mulher vitoriosa que conseguiu sobrepujar todas as adversidades. Figura impar no mundo cangaceiro. 

Um volante?

- Vários foram os volantes que conheci durante minhas viagens de pesquisa. Minha escolha recai na pessoa de João Gomes de Lira. Amizade que já nasceu em Carnaíba de Flores, quando distrito de Flores, uma das cidades mais antigas no Nordeste. Na companhia de Manoel Gastão Cardoso, meu pai, tive a felicidade de conhecer a figura simples e humana de João Gomes de Lira. Meu pai de nós se despediu e ficamos amigos até os dias atuais. A continuidade tem o elo de ligação construído pelos dois amigos de outrora. Na última visita que fiz em 22 de março de 2011 o mesmo estava gozando de boa saúde e com a mesma disposição em nos contar os momentos vividos no cangaço à caça de Lampião. Como bom Nazareno se manteve integro na sua posição de homem de bem, de boa índole e cumpridor dos seus deveres. Foram 60 anos de boa convivência e que cessou com sua morte. Nesta amizade fui recordista sem concorrente. Já tomava conhecimento das ocorrências cangaceiras nos idos de 1950. 


Amigo é coisa pra se guardar...  
Foto Kiko Monteiro 

Um coadjuvante?

Santo?
- Com o passar do tempo torna-se nome referencial José Leite de Santana – Jararaca. Cangaceiro que pouco tempo atuou nas veredas nordestinas, porém, deixou seu nome escrito a sangue a fogo em terras potiguares. De cangaceiro virou santo milagroso ou milagreiro. Tem sido estudado sob diversas ópticas, tais como: monografias, mestrados e doutorados. Mencionado em filmes e vídeos; peças de teatro; folhetos de cordel; na pintura e no artesanato. É um coadjuvante que classifico como o personagem mais importante que esteve em Mossoró no dia 13 de junho de 1927 e ainda hoje tem lugar de destaque, acima de tudo e de todos. Estou a estudar o personagem desde seu nascimento até os dias atuais.


 

Uma personagem secundária?

- Conheci um cidadão que fazia um relato e após anos até nas vírgulas, não mudava seu relato original. Viveu sua meninice com Virgolino e seus irmãos, caçando rolinhas, preás, mocós e habitando o mesmo chão de Vila Bela. Chamava-se Luiz de Cazuza. A ele só faltou uma coisa – ter enveredado pelo cangaço, pois, seus relatos sempre foram fiéis aos acontecimentos. Com o amigo Aderbal Nogueira fizemos várias visitas a sua casa na Fazenda São Miguel e numa das vezes fomos ofertados com uma entrevista, gravada em vídeo, com duração de 2 horas e 30 minutos.

Somente em duas outras oportunidades conseguimos depoimentos tão longos e importantes: uma vez com o Sr. Chiquinho Rodrigues em Piranhas, estado de Alagoas e a outra com o Sr. Durval Rosas (irmão de Pedro de Cândido) na cidade de Poço Redondo, estado de Sergipe. Luiz de Cazuza legou informe a todos que o procuram durante seus 100 anos de existência. Uma personagem de alto valor histórico. É de bom alvitre se pensar na sua biografia, pois, o capítulo relativo ao cangaço trará fatalmente novos conceitos sobre cangaceiros e volantes.


...No lado esquerdo do peito... mora o Saudoso Luiz
Foto Kiko Monteiro 


Geralmente, todo pesquisador é colecionador. Qual é o foco de sua coleção? 

- Fixando-me distante do foco onde circulava tudo que dizia respeito ao cangaço fiquei na saudade. Mas, não me perdi na estrada da viagem. Hoje meu acervo fotográfico é de boa qualidade e com elementos nunca publicados. Muita coisa ainda está para ser registrado pelas câmeras modernas, inclusive como o uso do zoom. A história do cangaço continuará sendo uma criança, somente a partir do próximo século, o XXII, haverá o novo norteamento. A iconografia fará parte desse novo mundo. Tenho sob forma encadernada jornais do Brasil desde o ano de 1934, em sua forma original. Representativo é o número de folhetos de cordel, principalmente, sobre a figura de fundamental importância para o cangaço em todos os tempos, Antônio Silvino.

Quanto aos livros se inicia a coleção com Carlos Fernandes e Gustavo Barroso, legítimos representante de uma época onde o sangue corria pelos carrascais. E estou em busca dos últimos lançamentos. A literatura complementar complementa de forma precisa e substancial o estudo desejado. Moedas do século XXIX e cédulas do tempo do réis que circulavam no país. Assim o caro leitor verifica que o foco solicitado é tamanho família ou tipo gigante. Tudo simples e em movimentação constante. Tenho para funcionar e não para dizer que tenho ou para encher prateleiras. 

Entre as peças tem uma relíquia?

- Tenho apenas um pequeno punhal medindo 28 centímetros de comprimento e com bainha original. Peça que me foi presenteada por uma irmã já falecida e quando estive em visita a sua residência em São Luis do Maranhão, ela me dizia: vou lhe dar este punhal. Lembrança de nosso pai quando almocreve e que foi preso por um bando de cangaceiros. Sua soltura deva-se a um amigo dele, o coronel Manoel José, figura de alto conceito na vila de Carnaíba de Flores, estado de Pernambuco. Cidade hoje que reverência seu ilustre filho, médico, compositor, parceiro de Luiz Gonzaga, o sempre lembrado Zé Dantas. 


Nós que gostaríamos de ver um filme que retratasse um cangaço, fiel aos fatos, sem política primário enfiar com exagero da ficção lamentamos a eterna necessidade em se ter finalmente uma produção digna da saga, de preferência um épico ou uma trilogia, enquanto isto não for possível qual a película que mais lhe agradou? Por que?
- Para mim a história do cangaço tem nas artes uma dolorosa via Crúcis. O teatro quando em ambiente fechado com suas apresentações fica muito a desejar. Pouco se estuda o tema e se for numa região diferente do Nordeste é de gritar êpa!!! Se ao ar livre é um simples musical com invencionices dos diretores, fugindo da realidade histórica e ainda dizem que o teatro tudo pode. Lindo, não!É o espetáculo caça votos. A televisão tem se mostrado equivocada com suas pretensões.

Lembram-se da novela Mandacaru? No segundo bloco Lampião é morto no estado da Bahia. Pode? E no lançamento do trabalho do Valter Avancini lá estavam pessoas que se dizem familiares do cangaceiro e concordaram, pois, nada mudou no deserto de Saara. A voz dos atores tentando imitar o linguajar dos nordestinos é de dar pena e torna-se não um terremoto, mas sim, um tsunami falastrão? Existe isso?

E teimam em usar um personagem que em vida foi homem na pele de uma mulher. É o caso de "Açuçena", cangaceiro valente e que terminam lhe dando uma saia rendada e ninguém diz absolutamente nada. Se falar, contraria.

Tenho pena dos personagens da história vibrante do cangaço. Gente, tenham dó!!!!! A trilha sonora hoje não serve ao enredo e sim ao faturamento simultâneo. Tudo funciona em função do faturamento. O resto é o resto, Claro e evidente.

Finalmente o cinema. Este se mostrou capaz nos idos de 50 do século passado. Os senhores diretores não souberam ganhar muito dinheiro como fizeram os americanos e seus cowboys. Preferiram o futebol, a malandragem e um trio amoroso. Engendravam uma história qualquer e a pobre da Vera Cruz sucumbiu. Também pudera!!! Com o volume imenso de filmes e bons com assinatura dos mais gabaritados dramaturgos não poderia ser diferente. Filmes baseados nos melhores romances, dos melhores escritores do mundo e o cinema nacional cada vez mais desacreditado.

Quem tinha oportunidade de ver todos os anos um festival de cinema, onde assinavam os melhores da Alemanha, Rússia, México, França, Japão e outros países? Além do dia a dia com atores e atrizes com formação teatral, diferente de hoje, onde ninguém é de ninguém, ou seja, fez um determinado trabalhou e desaparece na primeira esquina. Os atores de hoje ficam muito a desejar.

Assim fui ficando com os importados e deixando o nacional ao largo. O cinema me induziu a música sempre instrumental e nunca uns sambas ou batucadas sem expressão. Melhor ficar com o documentário de José Humberto, companheiro de Salvador-BA, que na qualidade amigo de dada fez um trabalho maravilhoso, denominado a Musa do Cangaço. Pequeno ou curto, porém verdadeiro e expressivo.

E mais, gosto não se discute, por favor! Respeite para ser respeitado, esse é o lema!!!! 


Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião.

- Para ser breve existe um mundo de pérolas acima e abaixo do horizonte. Mas, devo ficar com uma que não vou perder para ninguém, "E assim falava Lampião". Sem comentários.

Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: “Ezequiel não morreu e reaparece anos mais tarde”, “João Peitudo, filho de Lampião”, “O Lampião de Buritis” e “a paternidade de Ananias”?

- A que mais tem sido motivo de análises e discussões é a "Grota do Angico". Pode ser o episódio considerado uma nova torre de Babel e todos falam e ninguém se entende ou simplesmente o famoso calcanhar de Aquiles. Fala-se em mortes; logística do lado militar; carnificina; chacina e grande universo de adjetivos. Angico bem estudado mudará a história cangaceira no Nordeste. Tomara que aconteça!!!!!!

Não precisa detalhar, mas em que assunto ou personagem está trabalhando ou qual gostaria de estudar para a publicação desta pesquisa. Enfim qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?

- No prelo estão: Lampeão de A a ZLampeão por ele mesmo e segundas edições da Bibliografia do cangaço e do Quem é Quem no Cangaço. Outros trabalhos estão em andamento.

Vamos terminar onde tudo começou... Ruínas da Fazenda Ingazeira - Povoado São Domingos - Serra Talhada, PE.



Contatos com o entrevistado: (84) 3316 -3940 / 9411 - 5100 Email: paulomgastao@hotmail.com


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