Por Jaozin Jaaozinn
Fotografia em melhor qualidade dos cangaceiros (da esquerda para a direita) Ricardo Telles (Barra de Aço), Pedro Luiz de França (Gavião) e José Alves de Lima (Penêdo), 1936.
❖ Publiquei a alguns meses essa mesma fotografia, que se encontra no Jornal O Pequeno/PE, com pouca informação sobre estes bandoleiros. Acabei encontrando algumas novidades sobre o caso destes no Jornal Diário da Noite/RJ, relatando um pouco mais sobre a vida de um dos bandidos e de como foi a captura.
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No dia 07 de agosto de 1936, em Palmeira dos Índios/AL, foram capturados cinco indivíduos, sendo três cangaceiros e dois coiteiros, pela força volante do Tenente Porfírio, que na época era Aspirante. Os meliantes eram Gavião, Penêdo, Barra de Aço e os coiteiros José de Lero e Virgínio dos Anjos.
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O seu nome é Pedro Luiz de França, tem sessenta anos, viveu na região de Água Branca/AL, teve trezes filhos e foi coiteiro, depois, virou cangaceiro do grupo de Português. Por já ter conhecido pessoalmente o chefe cangaceiro citado anteriormente, sendo também o seu informante, acabou optando a segui-lo pois era constantemente perseguido pelas forças policiais por ajudar bandoleiros, permanecendo apenas três ou quatro meses no bando.
Cita aos jornalistas que já haviam três membros de sua família nas fileiras do cangaço, sendo um filho, uma filha e um genro. Seu filho tinha o alcunha de Lavandeira, seguia com Português, e sua filha fora levada a pulso pelo seu genro, o bandoleiro Mergulhão. Aponta que o grupo era composto por 13 pessoas, 11 homens e duas mulheres (sendo a sua filha e a companheira de Português, Cristina). Alega que as moças eram encarregadas de preparar a comida e remendar as roupas de mescla dos companheiros.
Revelou que tomou parte de um assalto no Estado de Pernambuco junto com Português. Atacaram uma senhora, espancando-a, onde encontraram em posse cerca de 100$000. Confirma também que o mais aplicado pelos cangaceiros e chefes de sub-grupos era os bilhetes destinados aos proprietários de fazendas ou pequenos lugarejos, exigindo dinheiro dos mesmos.
Para o repórter, conta que estavam acampados no lugar por nome Água Salgada, município de Pão de Assucar/AL. O chefe notou uma vaca que corria em disparada. Em alerta, ordena para um de seus comandados que averiguasse a região. O bandoleiro avisa para Francelino da presença da força do Aspirante Porfírio.
Gavião afirma que fugiu no tiroteio, se juntando, depois de algumas horas, com o grupo. Faltando apenas os cangaceiros Peitica e Catingueira, que não foram mais vistos depois do confronto.
Depois disso, o velho Pedro Luiz acabou saindo do grupo, entregou suas armas, munições, bornais e tudo mais para Português. Voltou para sua terra natal, onde foi preso e levado para a cadeia de Mata Grande/AL, depois para Santana do Ipanema-AL e, por fim, Maceió/AL.
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Na vez de José Alves de Lima, o Penêdo, jovem de 22 anos, conta que Gavião era um velho mentiroso; disse que Pedro já pertencia ao cangaço por muito tempo, conhecendo até mesmo Lampião, Luiz Pedro e tantos outros.
Afirma que foi carregado contra a vontade dele e andava como se fosse um preso, permanecendo apenas sete dias no bando. Seu pai se chamava Pedro Alves e mora na localidade por nome Lage Grande/PE.
Para os demais, Penêdo começa a apresentar os outros três presos:
“— 𝘌𝘴𝘵𝘦 𝘢𝘲𝘶𝘪 –𝘥𝘪𝘴𝘴𝘦 𝘱𝘰𝘯𝘥𝘰 𝘢 𝘮𝘢̃𝘰 𝘯𝘰 𝘩𝘰𝘮𝘣𝘳𝘰 𝘥𝘦 𝘶𝘮 𝘤𝘢𝘣𝘭𝘰𝘤𝘰 𝘥𝘦 𝘮𝘦𝘪𝘢 𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦– 𝘦́ 𝘙𝘪𝘤𝘢𝘳𝘥𝘰 𝘛𝘦𝘭𝘭𝘦𝘴, 𝘤𝘰𝘯𝘩𝘦𝘤𝘪𝘥𝘰 𝘱𝘰𝘳 𝘉𝘢𝘳𝘳𝘢 𝘥𝘦 𝘈𝘤̧𝘰. 𝘌’ 𝘤𝘰𝘪𝘵𝘦𝘪𝘳𝘰 𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘷𝘢 𝘵𝘳𝘢𝘵𝘢𝘥𝘰 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘦𝘯𝘵𝘳𝘢𝘳 𝘯𝘰 𝘣𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘥𝘦 𝘗𝘰𝘳𝘵𝘶𝘨𝘶𝘦̂𝘻.
— 𝘌𝘴𝘴𝘦𝘴 𝘰𝘶𝘵𝘳𝘰𝘴 𝘥𝘰𝘪𝘴 –𝘤𝘰𝘯𝘵𝘪𝘯𝘶𝘰𝘶 𝘗𝘦𝘯𝘦𝘥𝘰– 𝘴𝘢̃𝘰 𝘵𝘢𝘮𝘣𝘦𝘮 𝘤𝘰𝘪𝘵𝘦𝘪𝘳𝘰𝘴. 𝘜𝘮 𝘤𝘩𝘢𝘮𝘢-𝘴𝘦 𝘑𝘰𝘴𝘦́ 𝘥𝘦 𝘓𝘦𝘳𝘰 𝘦 𝘰 𝘰𝘶𝘵𝘳𝘰 𝘝𝘪𝘳𝘨𝘪𝘯𝘪𝘰 𝘥𝘰𝘴 𝘈𝘯𝘫𝘰𝘴.
𝘌𝘴𝘵𝘦𝘴 𝘤𝘰𝘯𝘧𝘦𝘴𝘴𝘢𝘳𝘢𝘮 𝘲𝘶𝘦 𝘱𝘰𝘳 𝘥𝘪𝘷𝘦𝘳𝘴𝘢𝘴 𝘷𝘦𝘻𝘦𝘴 𝘧𝘪𝘻𝘦𝘳𝘢𝘮 𝘮𝘢𝘯𝘥𝘢𝘥𝘰𝘴 𝘦 𝘤𝘰𝘮𝘱𝘳𝘢𝘴 𝘥𝘰𝘴 𝘣𝘢𝘯𝘥𝘪𝘥𝘰𝘴.”
Depois de apresentá-los, Penêdo disse que fugiu do grupo e entregou-se para a polícia, alertando ao Aspirante Porfírio sobre o bando, onde foi a persiga com sua tropa, ocorrendo o confronto que Gavião estava presente.
𝐅𝐎𝐍𝐓𝐄: 𝐉𝐨𝐫𝐧𝐚𝐥 𝐃𝐢𝐚́𝐫𝐢𝐨 𝐝𝐚 𝐍𝐨𝐢𝐭𝐞/𝐑𝐉 - 1936.
.𝑪𝑨𝑵𝑮𝑨𝑪̧𝑶 𝑩𝑹𝑨𝑺𝑰𝑳𝑬𝑰𝑹𝑶.
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