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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A ÚLTIMA VIAGEM DE UM MAQUINISTA DO TRANSPORTE FÉRREO DE PASSAGEIROS

Por José Romero Araújo Cardoso

Parecia estar vivendo um pesadelo quando acionou o mecanismo que impulsionou velocidade à velha locomotiva, pois aquela seria sua última viagem conduzindo a composição férrea transportando passageiros, a qual, em verdade, passou a ser nos últimos vinte e três anos como um membro da família.
          
Não era a aposentadoria que estava chegando e sim a desativação do ramal ferroviário que estava acontecendo, algo que considerava inamissível em um país dito civilizado, cuja economia dependia diretamente da viabilidade dos meios de transportes a fim de escoar a produção e as pessoas.


Entre tantos problemas enfrentados, agora aparecia mais um, pois a incorporação em outro setor era uma incógnita que o acompanharia na última viagem como maquinista da velha estrada de ferro. Falavam em contenção de despesas, em dispensa de pessoal, etc. 
          
O trem começou a ganhar velocidade, fazendo tremer trilhos e dormentes envelhecidos pelo tempo. O descaso com o meio de transporte estava tão visível que a manutenção não vinha sendo feita há muito tempo.
          
Reflexões começaram a ser feitas pelo velho maquinista, sobre as razões de tamanha irresponsabilidade para com a coletividade. Inteligente, leitor ávido quando tinha tempo, lembrou-se que o modelo de substituição de importações adotado pelo governo federal a partir de 1956 priorizou a indústria automobilística em detrimento de transportes de massas.
          
Seria impossível conceber que no ensejo da concretização de uma nova ordem econômica pautada na individualidade houvesse espaço livre para o transporte férreo. As ferrovias, mais dia menos dia, seriam desativadas para viabilizar a acumulação extraordinária das grandes empresas que se instalaram no país devido tantas vantagens oferecidas.

          
Quantas famílias são alimentadas como o trabalho na estrada de ferro? Inúmeras. Incontáveis. Se contarmos empregos diretos e indiretos os números subirão ás alturas. É uma verdadeira falta de humanismo cometer tamanha atrocidade com tanta gente. Será que esse povo que tem o poder nas mãos não possui coração? Refletia o velho maquinista com suspiros no peito.
          
Cada estação na qual o trem parava era milimetricamente observada pelo maquinista. Colegas de trabalho com olhares tristes, realizando dentro e fora da estação os últimos trabalhos. Pobres viúvas vendendo pastéis, cocadas, tapiocas e outras iguarias da culinária local, cujos semblantes refletiam as incertezas sobre o que fariam depois que a linha férrea fosse desativada. Como apurariam um dinheirinho para os medicamentos dos filhos e netos, já que o sistema de saúde no pais é tão precário? Vendedores de fitas cassetes com os sistemas de sons a toda altura, visando atrair fregueses para comprar seus produtos, foram notados pelo velho maquinista. A tristeza também estava presente naqueles beneficiados pela estrada de ferro.


Esses trilhos por onde o trem passa vai ter qual destino? Será que vão vender como ferro pesado em algum lugar distante? Lógico que vão aproveitar de alguma forma isso tudo, fruto de um luta imensa que começou no século XIX.         

Para esses trilhos chegarem no Estado vizinho foi uma luta imensa. Somente na segunda metade da década de 1950 foi que alcançou o ramal que pode interligar-nos com o resto do país. Tudo vai ser destruído, acho que quase nada vai ficar de lembrança. O povo tem memória curta. Logo, logo nem vai se lembrar que essa estrada de ferro existiu, bem como quantas pessoas beneficiou, quanta gente transportou.


E o transporte de carga? Será que vão ter a coragem de desativar também? Se tiverem, como vai ser para fazer o escoamento da nossa produção? Claro, caminhões. Muitos veículos de grande porte começarão a chegar em nossa região para fazer o transporte das cargas que o trem fazia. Com as estradas esburacadas e mal conservadas, penso no que passará a acontecer. Acidentes, óbitos, dor das famílias desses profissionais e das pessoas que eles acidentarão. 
          
Penso que se desativarem também o transporte férreo de cargas e os caminhões começarem a se responsabilizar pelo transporte da produção, haverá aumento no índice de prostituição, entre outros inúmeros problemas que surgirão.
          
No ponto terminal da viagem, os lamentos não estavam sendo os mesmos por que a linha férrea não estava ameaçada em sua interligação para o resto do país, mas devido ao vínculo cultural formado ao longo dos anos, era notado o sentimento que todos demonstravam em razão da desativação do transporte de passageiros que unia os dois estados. 


Crônica laureada com Menção Honrosa no Resultado final do Terceiro Concurso de Crônicas, Contos e Poesias "João Batista Cascudo Rodrigues" - Versão 2016 - Promoção: Academia Mossoroense de Letras – AMOL

José Romero Araújo Cardoso (Mini Currículo):

Geógrafo (UFPB). Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB-1996) e em Organização de Arquivos (UFPB - 1997). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2002). Atualmente é professor adjunto IV do Departamento de Geografia/DGE da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais/FAFIC da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN. Tem experiência na área de Geografia Humana, com ênfase à Geografia Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: ambientalismo, nordeste, temas regionais. Espeleologia é tema presente em pesquisas. Escritor e articulista cultural. Escreve para diversos jornais, sites e blogs. Sócio da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP). Membro da Associação Mossoroense de Escritores (ASCRIM).
Endereço residencial:

Rua Raimundo Guilherme, 117 – Quadra 34 – Lote 32 – Conjunto Vingt Rosado – Mossoró – RN – CEP: 59.626-630 – Fones: (84) 9-8738-0646 – (84) 9-9702-3596 – E-mail:romero.cardoso@gmail.com

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BATENDO FEIJÃO

*Rangel Alves da Costa

Navegando pela internet, eis que numa rede social encontrei um vídeo de uma comunidade batendo feijão à moda antiga. Talvez a filmagem fosse antiga mesmo, porém agora recuperada para mostrar esse ofício tradicional do mundo interiorano. E juro que me bateu uma saudade danada. E também tristeza. 

Logo me veio à memória as malhadas, calçadas e quintais sertanejos, cobertas de feijão para secar ao sol, com aquelas vagens devidamente espalhadas, para depois serem juntados e batidos. Como os feijões chegavam das roças ainda em cascas úmidas e amolecidas, necessário que fossem colocados para secar, durante dois ou mais dias, até estarem em ponto de saírem da casca no sacolejo do bate-bate.

No vídeo, várias pessoas de uma comunidade estão ao redor de um amontoado de feijão em casca e, com pedaços de paus às mãos e panos sobre a boca e nariz, batem numa cadência tal que mais parece um ritual produzido de geração a geração. E é mesmo, pois desde as mais velhas raízes familiares que o feijão era batido da mesma forma. Bate-se por cima, segue-se adiante para que outro venha na mesma batida.

A cada batida a poeira da casca vai se espalhando, subindo em nuvem empoeirada, lançando-se pelos arredores. Enquanto as cascas se separam dos grãos, aquelas ficam por cima enquanto estes vão descendo e se amontoando abaixo. Quando o serviço é dado por feito, afastam-se de cima as cascas esmigalhadas, como separando a bagaceira do caldo, e o que se avista por baixo é o feijão novo e graúdo.
Contudo, o serviço não acaba aí, pois após a batida ainda muita sujeira das cascas fica acumulada entre os grãos. Então se inicia outro processo tão antigo quanto a própria batida: a peneiragem. E esta consiste apenas em separar os grãos das impurezas e restos das cascas batidas. Mas nem sempre tal procedimento se dá logo após a batida, pois é comum que as comunidades prefiram realizar a peneiragem nos quintais ou em ambientes onde o pó não avance sobre pessoas ou residências.

Numa peneira grande, na largura dos braços abertos, os grãos são colocados e sacolejados. Sacudidelas estas que exigem maestria, cuidado, ofício de aprendizado, de modo que ao subir pelo ar o feijão não desande a outro destino. Enquanto as sujeiras e o pó vão descendo pelos furos e se acumulando ao chão, os grãos vão ficando limpos e prontos para a ensacagem. E assim o ato vai se repetindo pelas mãos de muitas pessoas, às vezes da família inteira, bastando o cuidado de se proteger contra o pó que faz festa pelo ar.


Não raro que a batida envolva verdadeira festança, acaso seja muito o feijão a ser batido. Os amigos se achegam dispostos a ajudar, mas também saborear uma panelada, um mexido, uma feijoada, tudo feito em fogão de lenha e em quantidade de batalhão. Tudo mundo ajuda, todo mundo colabora com um tiquinho disso e daquilo. Também não pode faltar a pinga, a cachaça, a legítima casca de pau. Ora, o trabalho é duro, exigindo muito esforço, e por isso mesmo o queimor do sol e o cansaço são amenizados com uma boa relepada.

As mulheres também bebem e se afogueiam ainda mais, e são elas que começam a puxar os cantos da batida do feijão e logo são acompanhadas por todos, como num coral ofegante, suado, cheio de exasperação. A cada levantada do porrete uma voz, a cada descida outra, e assim continuamente a cada canto. E cantos enraizados, hereditários, nascidos de outros e velhos tempos perante o mesmo ofício. Também só cantados quando o povo reunido na batição.

Euflosina, com a cabeça quase toda enrolada por causa das fuligens, ainda assim entoa com voz alta e bonita: “Quando o trovão trovejou e o pingo grosso pingou, a terra gole d’água tomou e logo nasceu o que se plantou. Bate que bate o feijão, bate sem parar meu irmão, é feijão pra panela vazia, é feijão pra botar no fogão...”. E não demora muito e surge outro canto de batição: “Pode bater que não dói não, assim diz a casca do feijão. Pode bater que não sofro não, assim diz a casca do feijão. Mas bata devagar, que não quero avoar quando deixo o grão e solto o feijão...”.

Nos sertões antigos, de repente as ruas de chão amanheciam tomadas de feijões pelas calçadas e mais adiante. Tudo ainda como retirado da terra, com folhagens e cascas, ali espalhadas para a secagem debaixo do sol. Bonito demais de se avistar aqueles frutos da terra e logo ao lado, sempre espantando animais, o sertanejo de olhos brilhosos pela colheita. Certamente não a esperada, mas aquela que garantia o alimento por muito tempo. 

Nos dias de hoje, somente nas propriedades mais afastadas há continuidade no ofício da batida do feijão. Não há mais feijão em folhagem e casca espalhado pelas ruas de cimento e asfalto. Também quase não há mais plantação pelos sertões. Somente a roça do mercadinho ao lado.

Escritor
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OS JARARACAS

Por Volta Seca

A LITERATURA CANGACEIRA, APENAS EM UMA OBRA SEGUNDO PESQUISEI, FALA DA EXISTÊNCIA DE 03 "JARARACAS "...

O Primeiro - JARARACA I -integrou o Bando de Lampião e foi morto pelas volantes comandadas pelos Tenentes Manoel Benício/PB e Optato Gueiros, no ano de 1922, no município de Vila Bela/PE.

O Segundo -JARARACA II -José Leite de Santana, era natural de Buíque/PE. Foi soldado do exército, tendo participado de Revolta em SP. Foi morto, em junho/1927, após o Ataque a Mossoró/RN.

O Terceiro - JARARACA III - era baiano, e entrou para o bando de Lampião, quando esse entrou para a Bahia. Estava no grupo em 24/abr/1932, na Faz. Umbuzeiro do Touro/BA, quando morreu "PONTO FINO", irmão de Lampião.

SERÁ O JARARACA IV, (desconhecido da bibliografia cangaceira), o SR. ARISTIDES, descoberto pela Sra. MARILENE?


https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/permalink/554775804731368/

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MEMÓRIA À MEMÓRIA DE UM GUERREIRO


O Tenente João Gomes de Lira, natural do Distrito de Nazaré, Fazenda Jenipapo, município de Floresta, PE, veio ao mundo no dia 3 de julho de 1913, verve do casal Sr. Antônio Gomes Jurubeba e dona Luciana Maria da Conceição. Falecendo no dia 3 de agosto de 2011, com 98 anos de idade.


Lira fez parte da tropa volante considerada à “tropa de elite” no combate ao cangaço. Gomes de Lira entra para essa volante aos 18 anos de idade, no dia 16 de julho de 1931. Travou vários combates contra bandos de cangaceiros, inclusive contra o bando de Lampião. Modesto em suas memórias, João nos fala sobre essa fase em sua vida em seu livro “Lampião – Memórias de um Soldado de Volante”, lançado sua 1ª edição pela FUNDARPE e CEPE, no Recife em 1990.


Sobre o lançamento das suas memórias em livro, ocorre um empecilho inesperado, relatado pelo pesquisador/historiador do tema cangaço Rostand Medeiros, em seu blog tokdehistoria.com, vejamos o que o escritor nos diz:

“(...)E olhe que este fantástico livro quase não sai!

Ele narrou a mim (e está gravado), que após concluir o calhamaço de papéis que iria gerar “Lampião – Memórias de um Soldado de Volante”, Lira foi a Recife procurar uma instituição pública, onde um iluminar, um sábio, que possui todas as titularidades acadêmicas, todo o conhecimento sobre o cangaço, havia anteriormente lhe oferecido apoio na publicação de sua obra.


Ocorre que o gênio, o mestre do cangaço, ficou com o material e simplesmente se “esqueceu” de devolver e nem satisfação deu.

Mas Lira, “Que não tinha medo de cara feia e nem de perna cabeluda”, como dizia o saudoso Chico Science, foi procurar ninguém menos que Roberto Magalhães, o governador do estado de Pernambuco na época. No palácio do governo foi bem recebido e tratado com todo respeito e honra que merecia.


Daí a ordem veio de cima para baixo (no caso bem lá embaixo) e o “Dotô” botou o rabinho no meio das pernas e devolveu tudo. Então “Lampião – Memórias de um Soldado de Volante” surgiu para deleite da massa(...)”. (tokdehistoria.com)

João Gomes de Lira, em um dos combates que participou, estava com seus companheiros e comandante próximo a uma ‘vagem’, baixa onde, normalmente há fruteiras, quando alguns do soldados resolvem ir ver se tem manga madura para comerem. Chegando próximo a mangueira eles notam que há algo de anormal acontecendo, pois, de repente a passarada cala o bico e não se escuta mais som algum na mata. Experientes, sabem que tem cangaceiros por perto.


Dão meia volta em cima dos calcanhares e pernas pra que te quero, correm em direção ao restante da tropa. Um deles, provavelmente o mais atrasado, tem uma ideia na medida em que corre. Sabedor de que logo que colocasse as mãos na cerca, para pular, os cangaceiros, provavelmente, atiraram nele. Pois bem, narra o Tenente que seu amigo coloca as mãos na cerca, porém, de imediato salta para um lado. Onde ele teria que pular a cerca de princípio, ocorreu uma saraivada de balas e, sem ter ido para um lado, teria sido crivado por elas.


Nesse mesmo sítio, após o primeiro embate, o comandante Manoel Neto segue por uma trilha rastejando vestígios. De repente sente uma pancada nas costas, é um de seus homens mostrando um cangaceiro a frente, do outro lado do riacho. O soldado atira no cangaceiro por sobre o ombro de Manoel Neto. O cangaceiro responde com tiros e palavrões indagando com quem brigava e dizendo ser Corisco. Manoel Neto responde dizendo não ser ninguém não, eram os meninos de Pernambuco. Que Corisco ficasse que iriam continuar lutando.

Corisco detona vários palavrões contra o comandante. O comandante salta a cerca e segue em direção ao cangaceiro, atravessando a areia do riacho seco, dizendo que ele não fugisse. A cada passo um tiro, e avançando sempre. Corisco viu que não dava pra ele e deu no pé.

Durante o tiroteio que aconteceu, o soldado João Gomes de Lira relata que seu fuzil teve um problema. Não conseguindo consertá-lo, pede auxilio ao cabo, no que o mesmo, após saber do problema, diz não ter como consertar a arma ali. Que ele se protegesse no pé da cerca que estava ‘chovendo bala’.

O corpo do homem desaparece, mas, suas obras ficam para posteridade. O Tenente João Gomes de Lira transpôs a barreira da vida, desencarnando, nos deixa suas memórias em um maravilhoso livro. Foi o primeiro livro que li sobre o Fenômeno Social Cangaço.

No funeral do tenente João Gomes de Lira, ele foi homenageado pela então CIOSAC - Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área de Caatinga – justamente a companhia militar inspirada nas volantes da época do cangaço.

Essa homenagem foi comandada pelo então subtenente Elesbão, que, hoje aposentado, reside em São José do Egito, PE... No Pajeú das Flores.


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ENTENDENDO TRUMP

Por Rinaldo Barros (*)

O que explica a eleição de Donald Trump não é a política. É a economia.

Considerando os 120 milhões de eleitores que compareceram às urnas nas eleições presidenciais dos EUA, Donald Trump foi eleito, majoritariamente, por homens brancos da classe média baixa, maiores de 40 anos, com educação básica ou secundária, moradores em pequenas cidades, protestantes, com renda superior a 50 mil dólares anuais, mas também por grande parte dos nativos desempregados. 

Esse segmento majoritário do eleitorado de Tio Sam não age por ideologia, mas decide seu destino a partir do bolso. O apelo de Trump foi pela reconstrução da grande nação americana, com geração de muitos empregos.

Trump assumirá no dia 20 de janeiro, quando o atual presidente, Barack Obama, se despede de seu segundo mandato. O Partido Republicano, de Trump, também assegurou maioria no Senado e na Câmara, abrindo caminho para reformas profundas. 

Todavia, a questão é bem mais complexa. 

Considerando o poder real, o establishment, Trump foi apoiado a partir do discurso de recuperar e modernizar o poderio militar americano - representa os interesses poderosos das empresas direta e indiretamente ligadas ao “complexo industrial militar” (produtoras de armamentos, munições, bombas, mísseis, minas, navios, porta-aviões, submarinos, aviões de caça, helicópteros, tanques, veículos militares, fardamentos, alimentos processados, medicamentos, entre outros), e empresas produtoras e distribuidoras de carvão, gás e petróleo.

Trump deve frear a luta contra as mudanças climáticas, notadamente a cooperação internacional com potencial efeito dominó sobre as economias emergentes. Veremos uma postura de menos empenho estadunidense sobre o tema.

Trump deve rever compromissos assumidos por Obama em relação ao consumo de combustíveis fósseis, tomando como base suas declarações de descrédito em relação às causas do aquecimento global.

Ou seja, o mundo agora deve andar sem os Estados Unidos na estrada para a diminuição dos riscos climáticos e do crescimento da inovação das energias limpas (eólica e solar).

Trump se referiu, ao longo da campanha, à globalização como um fenômeno nocivo para a economia americana. Ele apelou para a classe média trabalhadora - sobretudo a desempregada - prometendo trazer de volta aos EUA os empregos que foram criados no exterior, no processo de internacionalização das empresas americanas.

Esse apelo à “desglobalização” não é exclusividade da campanha republicana. Também no Reino Unido, o discurso protecionista e nacionalista fez triunfar em plebiscito a proposta de retirar o país da União Europeia, num processo apelidado de Brexit, em junho deste ano.

Forças nacionalistas capitalizaram o descontentamento provocado pela fraca recuperação da crise econômica global. Até por aqui, no patropi, petistas culparam o comércio internacional e os estrangeiros pelo fracasso dos seus governos...

Por falar nisso, uma certeza sobre o governo Trump é que haverá um aumento significativo do protecionismo na economia dos EUA, devendo ficar muito mais difícil vender nossos produtos por lá.

Mais importante que a posição contrária de Trump à globalização, contudo, é o componente de incerteza, a imprevisibilidade do novo Presidente. 

Não se sabe ao certo o que o candidato republicano realmente será capaz de implementar. 

A imprevisibilidade faz com que os investidores tendam a concentrar seus investimentos em ativos de menor risco. Isso significa fuga de capitais de mercados mais arriscados, como o Brasil. Isso traz grandes consequências para a economia brasileira. Por um lado, o dólar mais caro beneficia a indústria e o setor exportador. O câmbio depreciado melhora a remuneração de quem exporta no Brasil. Por outro, prejudica quem importa e tem impactos negativos na inflação.

É um novo recomeço para todas as nações do planeta. E um risco a mais, aqui, em terras crioulas.

(*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LIVROS DO ESCRITOR ANTONIO VILELA DE SOUZA


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ANTONIO SILVINO O REI DO CANGAÇO ANTES DE LAMPIÃO, FOI ENTERRADO COMO INDIGENTE EM CAMPINA GRANDE


Nascido no dia 02 de Setembro de 1875, em Afogados da Ingazeira-PE, filho de Francisco Batista de Morais e Balbina Pereira de Morais, Manoel Batista de Morais, mais conhecido como “Né Batista”, era irmão de Higino, Zeferino e Francisco Batista de Morais.

Foi a partir da morte do seu pai, conhecido como “Batistão do Pajeú” que, em companhia do irmão Zeferino, enveredou pelos caminhos do cangaço, no ano de 1896.

Movido pelo sentimento de vingança, mata Desidério, o assassino do seu pai, adota o nome de Antonio Silvino e se torna um dos mais temidos cangaceiros que precederam Lampião, liderando o bando do seu finado tio Silvino Ayres.

No auge da sua vida como bandoleiro, atuou em cidades do Compartimento da Borborema. Agiu em cidades como Fagundes, Esperança, Monteiro, Alagoa Grande e, tendo Campina Grande como centro das suas investidas, haja visto a presença de coiteiros na região e pela amizade que detinha com fazendeiros locais, dentre ele, o Coronel Eufrásio Câmara, adversário do prefeito Cristiano Lauritzen.

No ano de 1907, a sociedade de Campina Grande vivia a expectativa da chegada do trem da Great Western pela primeira vez, em meio a ansiedade gerada com a promessa de Antonio Silvino de tombar o trem no dia da sua inauguração. Silvino já havia arrancado trilhos, prendido funcionários e sequestrado engenheiros da compahia ao longo da implantação do sistema ferroviário no Estado da Paraíba. 

Segundo o ‘fac-simile‘ da reportagem da chegada do trem em Campina Grande, publicado no Diário de Pernambuco em 06 de Outubro de 1907, “[…]No dia da inauguração da estrada de Campina, Antonio Silvino, esteve no Alto Branco, onde soltou diversas girândolas, naturalmente festejando aquelle dia. Nesse logar declarou que o trem de Campina correria sómente três vezes, o numero necessário para as moças da referida cidade conhecerem-no. Ainda esteve no Geraldo e no Areial de Alagoa Nova, a 15 kilometros de Campina Grande, roubando, trucidando, matando animais e comettendo os maiores desatinos. Ante-hontem, à noite, chegou em Campina Grande uma força federal que anda em perseguição do bandido.”



Na Paraíba teve no Major Joaquim Henriques seu principal perseguidor. Porém, fora preso em Pernambuco no ano de 1914, pelo delegado do município de Taquaritinga, o Alferes Teófanes Ferraz Torres. Nesta época, o governador do vizinho estado era o General Dantas Barreto, ex-Ministro da Guerra do governo Hermes da Fonseca.

Levado para cumprir pena, era o preso 1122, ocupando a cela 35 da antiga Casa de Detenção do Recife.

Dotando-se de comportamento exemplar, após 22 anos de pena, foi libertado em 1937 após receber um indulto do então presidente Getúlio Vargas.

Como homem livre, adota a residência da prima Teodolina Aires Cavalcanti, localizada na esquina da Rua João Pessoa com a Arrojado Lisboa, onde hoje se localiza uma agência de veículos, em frente à Praça Félix Araújo.

Em Campina Grande viveu de 1937 a 1944, quando enterrou sua alcunha, e dividia a vida caseira com a frequência à Igreja Congregacional da Rua 13 de Maio; embaixo do braço, não mais o rifle e, sim, a Bíblia Sagrada.


Manoel Batista de Moraes, ou melhor, Antonio Silvino faleceu por volta das 19:00hs do dia 28 de Julho de 1944, na casinha de taipa que lhe acolheu em Campina Grande, sete anos após sua saída da prisão.

O cangaceiro teve oito filhos gerados com várias mulheres. Sua última esposa lhe deu quatro filhos.

Antônio Silvino (de chapéu), em frente a Casa de Detenção Foto: Antonio Silvino, o cangaceiro o homem o mito/Reprodução

Foi enterrado no Cemitério do Monte Santo, de onde, dois anos e meio depois, seus restos mortais foram transferidos para outro local desconhecido no campo santo, pelo fato de ninguém nunca ter reclamado os ossos do bandoleiro.

Seu local de sepultamento, hoje, possui um marco com uma placa de cimento, erguido pelo historiador João Dantas que junto ao pesquisador Olavo Rodrigues intentam a implantação de uma placa de bronze em referência ao cangaceiro.

 Prof. Mário Vinicius Carneiro ao lado do marco erguido sob o local onde fora sepultado Antônio Silvino o Cemitério do Monte Santo

“Antonio Silvino é um dos principais cangaceiros, morreu e está enterrado em Campina Grande, mas praticamente não existe referência de sua passagem por essa cidade” (pesquisador Olavo Rodrigues para o Diário da Borborema, em matéria do jornalista Severino Lopes)

(Retalhos Históricos de Campina Grande)
Postado por Tião Lucena, 09 de Novembro de 2016 às 08:15

http://blogdovavadaluz.com/sem-categoria/antonio-silvino-o-rei-do-cangaco-antes-de-lampiao-foi-enterrado-como-indigente-em-campina-grande

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DR. FREDERICO PERNAMBUCANO X MUSEU BRENNAND

https://www.youtube.com/watch?v=rgYvohXTlIw

Me parece que foi confirmada a venda das PEÇAS E OBJETOS DO CANGAÇO do Dr. Frederico que, futuramente, serão expostas nesse famoso museu...

Museu de Armas parte 01, Castelo de Brennand em Recife.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/555037954705153/?notif_t=group_activity&notif_id=1478771263174449

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LAMPIÃO PERSEGUIDO A CADA MOMENTO


Pesquisadores Antonio Oliveira, Dr. Archimedes Marques e Guilherme Machado

Grandes pesquisadores do cangaço Antonio José de Oliveira e Guilherme Machado lá de Serrinha no Estado da Bahia, notícias chegadas a pouco aqui em nossa página do http://blogdomendesemendes.blogspot.com, afirmam que Lampião foi atacado em Serra Negra pelo o tenente Liberato que o obrigou a fugir para a caatinga Cipó de Leite. Não se preocupem, Lampião não passará por Serrinha de forma alguma.


É apenas uma brincadeirinha com os famosos baianos pesquisadores do cangaço Antonio José de Oliveira e Guilherme Machado, e não há nada que desrespeite a família Ferreira do Virgolino Ferreira da Silva o Lampião. 


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A COLUNA PRESTES EM PIANCÓ: CORDEL DE JOÃO TRINDADE


A Coluna Prestes em Piancó

Agora eu vou contar 
Uma história verdadeira 
Que se deu em Piancó 
Uma cidade altaneira 
Do sertão da Paraíba 
Coisa séria, não foi besteira. 

Dia nove de fevereiro 
Do ano de vinte e seis 
Os fatos que lá se passaram 
Ficaram na nossa história 
Uma glória às avessas 
Do povo ficou na memória. 

Eram oito da manhã 
Quando Coluna entrou 
Pensando ser recebida 
Com respeito e sem ardor 
Mas determinado soldado 
Na coluna atirou.

Os homens de Carlos prestes 
Então malucos ficaram 
Disseram: vamos vingar 
A traição da cidade 
E do padre Aristides 
Só vai ficar a saudade. 

O padre era líder político 
Famoso na região 
Tinha enfrentado os Leite 
Com força e determinação 
Prometera receber a coluna 
Com respeito e consagração. 

Mas acontece que o padre 
Na verdade foi traído 
Disseram que a coluna 
Estava enfraquecida 
Para agradar ao governo 
O padre perdeu a vida. 

A coluna avançou 
Pela Nove de Fevereiro 
Então chamada Rua Grande 
Foi chumbo pra todo lado 
“Nego” correu assombrado
Sem rumo e sem roteiro.

Havia – essa é a verdade –
Dois piquetes na cidade
Um era da polícia
Outro dos homens do padre
Tudo gente bem valente
De nome e honestidade.

Mente quem diz que o padre
Com cangaceiro se juntou
Para enfrentar a coluna
Com muita gente se armou;
O contingente do padre:
Quarenta amigos de valor.

Em dado momento alguém
Levantou uma bandeira
Era branca da cor da paz
Mas foi mesmo uma besteira;
O tiroteio aumentou
Causando muita zoeira.

Existe muita versão
Acerca dessa bandeira
Umas com lógica, outras não;
Vamos dizer quais são
Para que o leitor conheça
A história verdadeira.

Uns dizem que foi um detento
Preso naquele dia
Mas o padre Otaviano
Despreza essa “aresia”
Diz que foi Manuel Cândido
Chefe da coletoria.

O padre fala a verdade
Porque com Manuel conversou;
Os homens o revistaram
Nenhuma arma encontraram
Segundo o pobre de Cristo
Tomado pelo terror.

Não houve muitas bandeiras
Como enganado falou
Um certo Domingos Meireles
Que disse muitas asneiras 
Sendo um homem de TV
Se mete a historiador.

Também a respeito mentiu
O livro de Anita Prestes
Que em nome do pai assumiu
uma bobagem falando
Como certo afirmando
Aquilo que o pai não viu.

Prestes naquele dia
Em Piancó não estava
Tinha ficado em Coremas,
De Piancó bem perto
A verdade é que ao certo
Ele de nada sabia.

O fogo maior se deu
Perto da praça principal
Bem ao lado da cadeia
Foi uma batalha campal
Agora eram só os do padre
Combatendo aquele mal.

A coluna se não era
Sanguinária se tornou
Tocaram fogo na casa
Do padre e o fogo provocou
A corrida de Inácio
E de outro morador.

Inácio disse ao padre:
- Vamos fugir do lugar
O padre disse: - não fujo
Morro, mas vou ficar
A morte não me amedronta
O meu dever é lutar.

Inventaram sobre o padre
Algo que não tem perdão
Dizem que ele ofereceu
Mil votos pela salvação
O padre sabia que votos
À coluna não interessava não!

Seguiu-se então a maior
Chacina da região
Os homens arrancaram o padre
Da casa, sem compaixão
Nem deixaram o pobre rezar
A reza da extrema unção.

A verdade é que há suspeita
E a versão é corrente
De que inimigos do padre
Da ocasião se aproveitaram
Juntaram-se, então, à Coluna
E do homem de Deus se vingaram.

Um livro de Glauco Carneiro,
Historiador verdadeiro
Fala dessa versão
Que o povo consagrou
O inimigo seriam os Leite
E essa historia se abafou.

Há também uma história
De uma máscara caída no chão
Alguém teria se juntado
À coluna no Piauí
Levara uma surra do padre
E da vingança viera agir. 

A versão não é provada,
Mas a máscara existiu
Joanita, a filha do padre
Comprovou a existência
E falou a esse poeta
Com bastante coerência.

A verdade é que a chacina
O nome da coluna manchou
A passagem por Piancó
Pra ela não trouxe valor
Somente a fortaleza
Do sertanejo comprovou.

O padre errou porque quis
Ao governo agradar
A coluna porque exagerou
Para uma “traição” vingar
E os Leite porque – diz o povo! – 
Quiseram se aproveitar.

Julgue você, leitor,
Os fatos que aqui contei
As coisas que têm fervor
O peso delas não sei.

Tire sua conclusão
Razão procure usar
Interesse na verdade
Não vá se atrapalhar
Da cidade filho sou
Ah, mas tenho valor
De saber reconhecer
E só o que é certo dizer.

Com critério e sem partido
A verdade procurei
Vasculhando, destemido,
As versões que encontrei
Leia também, amigo,
Cada livro que encontrar
Acerca desse episódio
Na história singular
TRINDADE agora se despede
E o cordel vai terminar.


João TRINDADE é advogado, poeta, professor e radialista. Nasceu em Piancó – PB, em 1957, mas se transferiu para Patos aos 5 anos e, aos 14, para João Pessoa, onde vive até hoje. Atualmente, exerce o magistério no Centro universitário de João pessoa, Unipê, onde leciona a disciplina Introdução ao Direito, há 20 anos. É colunista do Correio da Paraíba; do Jornal o Comércio, de Brotas, SP; e do jornal da Associação dos Magistrados da Paraíba. É autor, entre outros, de “A Língua no Bolso”, obra que é sucesso nacional e do livro de poemas “Um Pouco Além do Sonho”.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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