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sexta-feira, 26 de junho de 2020
História do Rio de Janeiro
LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS
“O livro Lampião - a Raposa das Caatingas, do escritor José Bezerra Lima Irmão, nos leva à verdadeira essência do Cangaço no Nordeste Brasileiro, de linguagem fácil e compreensão, em sua pesquisa séria, e quando você começa a ler esse magnífico livro não quer mais para. Um livro desse é escrito a cada 100 anos, uma verdadeira obra-prima, para historiadores pesquisadores amantes do Cangaço. Eu recomendo essa grande obra do meu amigo José Bezerra Lima Irmão”.
A mensagem é de Giovane Macário Gomes de Sá. Conhecemo-nos em Floresta, no recente encontro em Floresta, organizado pelo incansável Manoel Severo Barbosa.
MINHA GENTE E O CANGAÇO
Confesso aos amigos, que no início tive receio de publicar esse vídeo, por ser um depoimento de testemunhas oculares do cangaço, que alheio ao que ocorre a este universo, o fizeram com o seu mais puro sentimento, sinceridade e verdade, do que viram do cangaço e seus personagens.
Nesta conversa, ouvir pela primeira vez, que havia sentinelas no coito de Angico, corroborado recentemente pelo pesquisador Frederico Pernambuco, como também, que um dos cangaceiros retirou um (bornal ou bornais) contendo joias de Lampião, confirmado com gravação inédita do Cel João Bezerra. Só então, depois desta constatação, resolvi compartilhar com os amigos.
Peço desculpas por meu pai, por ter, na época, pouca audição e ter feito algumas interrupções a outra testemunha.Recomendado Adauto Silva, Lampião, Maria Bonita, Corisco, Dadá, Cangaceiros, Cangaceiras, Angico, Piranhas, Rio São Francisco, Antônio Amaury, Zé Rufino, Ala...
E JURITY VOLTA AOS TRIBUNAIS
O interesse coletivo à formação e à informação por meio da base histórica se sobrepõe aos direitos individuais. O entendimento é da juíza Gardênia Carmelo Prado, da 2ª Vara Cível de Aracaju (SE), em decisão proferida no último dia 3 de junho.
Segundo o material, os cangaceiros foram mortos por uma tropa volante comandada pelo sargento Amâncio Ferreira da Luz, conhecido como sargento De Luz. As filhas do militar solicitaram que os vídeos fossem apagados e que os réus pagassem reparação por danos morais.
"O ponto atinente ao direito ao esquecimento, invocado pelas autoras como fundamento da lide e pedidos, quanto às ações laborais do pai envolvendo o cangaço, não pode ser aplicado nesta situação. Nas linhas de narrativa histórica de âmbito nacional ou local com relevância cultural, como foi a do cangaço e de outros movimentos destacados, não pode vigorar e ter seus efeitos ativados esse direito ao esquecimento, mecanismo de extirpação dos registros da história para certas pessoas e em certas situações", afirma a decisão.
Interesse público
A juíza argumentou que, em casos como o julgado, cabe ao magistrado analisar se existe interesse público atual na divulgação da informação. Caso ele exista, não é possível aplicar o direito ao esquecimento.
"Não há como apartar os fatos históricos dos personagens que os marcaram nesta situação em especial, justo porque a atribuição do fato se voltou para o grupo militar identificado pelo seu comandante — cujo nome e fama são emblemas da história do segmento — e extirpar tal dado da narrativa histórica feriria de morte a própria compreensão da história do cangaço, seu contexto, suas ambiências etc. Assim seria também se outros personagens fossem extirpados ou ocultados dessas narrativas", diz.
Sendo assim, prossegue a decisão, a publicação dos vídeos não possui nenhum ato ilícito, uma vez que o material apenas publiciza conteúdo histórico, informativo, fruto de extensa pesquisa, sem sequer trazer menção expressa ao pai das autoras.
"Sem desonrar os sentimentos por ambas [as autoras] experimentados e a veracidade com que devem ser considerados, os vídeos que trazem o conteúdo desse sofrimento não são senão mais uma menção histórica que envolve o nome de parente próprio das mesmas, como um registro inevitável da história da qual aquele participou — nesse caso, emprestando o nome ao agrupamento que comandava. E mesmo que, por hipótese, houvesse a imputação expressa e direta dos fatos ali narrados ao pai das autoras, a imputação em si, numa fiel e desapaixonada narrativa histórica, não seria capaz de ensejar uma indenização, justo por se tratar de conteúdo histórico elaborado e apresentado, em tese, sem intuito algum de ofender, mas tão somente de informar e formar", conclui.
Clique AQUI para ler a decisão
0044386-18.2018.8.25.0001
RIO DO FOGO, 1941: CHEGAM AS PRIMEIRAS VÍTIMAS
A EMBLEMÁTICA FOTO DE LAMPIÃO EM LIMOEIRO
JOSÉ SATURNINO PARTE I
ZÉ SATURNINO - PRIMEIRO INIMIGO DE LAMPIÃO
AS MARGENS DO QUATARVO PIAS DAS PANELAS: DE CEMITÉRIO INDÍGENA A CEMITÉRIO DO CANGAÇO
As Pias das Panelas ficam as margens do Riacho do Quatarvo, um afluente do Riacho Jacaré, em Poço Redondo, Sertão sergipano. Na época do Cangaço, aquelas terras pertenciam à Fazenda Paus Pretos de propriedade do coronel Antônio Caixeiro.
Nos tempos mais antigos, todo aquele mundão 'caatingueiro' era habitado pelos povos indígenas, que ocupavam esta região e, segundo relatos dos mais velhos, os índios enterravam os seus mortos ali, nas proximidades das Pias das Panelas.
as margens do Riacho Quatarvo.
E, ainda contavam, que antes das pastagens e das terras serem aradas para plantio, havia bastante indício de sepulturas indígenas por ali, no entorno das Pias e nas margens do Quartavo. Mas esse assunto do cemitério indígena, requer um pouco mais de investigação, e sem dúvida, num próximo texto trataremos exclusivamente sobre o mesmo.
Além dos indígenas que foram sepultados nas Pias da Panelas, estão enterrados em covas rasas e precárias, os corpos de três mulheres e dois homens, todos barbaramente assassinados no tempo do Cangaço.
1 - Rosinha Soares, a cangaceira Rosinha, companheira do cangaceiro Mariano, assassinada pelos cangaceiros, sob a ordem de Lampião. Depois da morte do companheiro, juntamente com Pai Veio, Zepelim e o coiteiro João do Pão, naquele combate do Cangaleixo, em 10 de outubro de 1937, Rosinha sentiu vontade de abandonar a vida cangaceira e voltar a morar com a sua família. Lampião achou a ideia arriscada demais. Luiz Pedro, determinou que os cangaceiros Pó corante, Juriti, Balão e Vila Nova levassem a moça pra casa a sentença. Matar Rosinha. E aí a sentença foi cumprida com um tiro de pistola mauser no ouvido da cangaceira as margens do Quartavo, nas Pias das Panelas. O corpo de Rosinha ficou ali estirado. E, dias depois, os seus parentes que moravam ali próximo, na Fazenda Santo Antônio, cuidaram de enterrar o corpo da inocente moça ali mesmo, numa sepultura. Até pouco tempo, avistava-se a Cruz de Rosinha ali perto das pedras das Pias das Panelas.
2 - Zé Vaqueiro, empregado da Fazenda Paus Pretos de Antonio Caixeiro. Quando o cangaceiro Novo Tempo, depois de escapar do Fogo da Crauá, combate que o deixou ferido gravemente, foi para na Fazenda Paus Pretos, num estado de quase morte, o Zé Vaqueiro avistou aquele moribundo, ferido, 'emulambado', mas com os embornais com bastante dinheiro. Resolveu matar o cangaceiro ali mesmo na margem do caminho, pertinho das Pias das Panelas. E assim o fez dando um tiro no cabeça do ouvido do cabra que já estava quase morto. Mas logo após o disparo tiro, ele ouve uma barulho. Eram os companheiros de Novo Tempo que estavam chegando ali à procura do cangaceiro desaparecido. Agoniado, Zé Vaqueiro nem consegue levar o dinheiro de Novo Tempo, vai embora. Novo Tempo é encontrado ainda com vida e socorrido pelos companheiros. Depois de recuperado o cangaceiro conta tudo o que aconteceu e a traição do vaqueiro dos Paus Pretos. Os cangaceiros não perdoam a traição do Zé Vaqueiro. Retornam à Fazenda Paus Pretos e levam o infeliz Zé Vaqueiro exatamente para as Pias das Panelas e matam o cabra. Seu corpo é jogado e fica ali estendido. Depois os vaqueiros da região encontram o corpo já em estado avançado de decomposição e o enterram-no ali mesmo nas proximidades das Pias das Panelas.
3 - Preta de Maria das Virgens, cruelmente assassinada pelo seu namorado, Zé Paulo. Preta era filha adotiva de Dona Maria das Virgens do Alto Bonito. Zé Paulo, depois de ter relações sexuais com a namorada várias vezes às escondidas, descobre que engravidara a moça. Todavia, para não se comprometer e ser obrigado a casar com a pobre sertaneja resolve a questão com uma pedra, esmagando a sua cabeça e deixando ali nas Pias das Panelas o seu corpo nu e estirado. Teve a frieza de avisar a seus familiares dias depois que poderia ter sido os cangaceiros que mataram-na. Espalha para os quatro cantos da região que um grupo de cangaceiros havia os encontrado e assassinou a namorada. Zé Baiano soube da boato de que o Zé Paulo e Dona Maria das Virgens do Alto Bonito estavam colocando na conta dos cangaceiros aquela morte da mocinha Preta. Ficou indignado e tomou as providencias. Foi até o Alto Bonito, e ferrou nos rosto Dona Maria das Virgens e os seus dois filhos, um rapaz e uma mocinha. Só não fez o mesmo com o verdadeiro assassino porque Zé Paulo não estava na casa naquele momento.
4 - Cangaceiro Coqueiro. Lídia, segundo cangaceiros e cangaceiras remanescentes, era a mais bela das cabrochas, e ironicamente a companheira de um dos cabras mais feios das hostes lampiôncas, o Zé Baiano. Mas acontece que a moça tinha uma paixão de infância que, tempos depois, ingressara no Cangaço. Era o cangaceiro Bem-te-vi. E Lídia não resistiu.
Mesmo convivendo com Zé Baiano, ela se entregou ao risco dos encontros extraconjugais com o Bem-te-vi.
Outro cangaceiro que também tinha atração por Lídia era 'Coqueiro', mas sem nenhuma chance. A paixão mesmo de Lídia era o seu amor de infância, o Bem-te-vi.
Coqueiro, frustrado e sabendo daqueles encontros nas moitas, às escondidas, resolveu delatar tudo.
Zé Baiano estava viajando para a região de Alagadiço, Frei Paulo, SE há alguns dias, e quando retornou, para as Pias das Panelas, na boca da noite, todos estavam reunidos para a janta, Coqueiro inconformado com as recusas de Lídia relatou toda a traição. Conta a Zé Baiano tudo sobre a sua companheira e o caso com o Bem-te-vi. Todos silenciam.
Aquela conversa de Coqueiro é grave demais. Lampião levanta-se. Fica agoniado, mas não diz uma só palavra. Zé Baiano fica paralisado. Olha pra Lampião e pergunta o que fazer. E Lampião sentencia:
- "Zé cuida de Lídia. Afiná, Lídia é dele. Os dois cabras, o entregador e o traidor, nós arresolve."
Zé Baiano amarrara Lídia e, na madrugada, antes de o dia clarear, mata a a golpes de cacete de pau-pereira a cangaceira mais linda do bando de Lampião. Cava uma sepultura e a enterra. E com o mesmo cacete que usara para tirar a vida de Lídia, improvisa uma cruz e finca sobre a 5ª cova.
Finda o cangaço, anos depois dessas mortes, alguns caçadores da região evitavam passar pelas proximidades das Pias das Panelas à noite, principalmente nos locais onde estão as covas dos mortos. Alguns afirmavam ter ouvido coisas estranhas, como vozes, gemidos ou gritos macabros.
ALVÍSSARAS, VAI SAIR O MEMORIAL RIO IPANEMA
RIO IPANEMA CHEGANDO À CIDADE (FOTO: ÃNGELO RODRIGUES |