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terça-feira, 8 de maio de 2018

"BRASILIS" - TELA TRIPLA - FRANCI DANTAS (ACRÍLICO SOBRE TELAS) DOAÇÃO AO MUSEU DO SERTÃO


"BRASILIS" - Tela Tripla - FRANCI DANTAS
(Acrílico sobre telas)
Doação ao MUSEU DO SERTÃO
- Prof. Benedito Vasconcelos Mendes
(Fundador - Mantenedor - Curador)
- Susana Goretti Lima Leite (esposa)
(Prof. Coordenadora Pedagógica)




Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.
franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: 

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 - 

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OS CAMINHOS DA SANTANA LITERÁRIA

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.896
 
Para os planos terrenos os caminhos são muitos e diversos. Entre eles têm os que procuram riqueza na política, os que deliram com o ouro das minas, os que vibram com o fuzil diante dos cofres bancários e os que se realizam através das esmeraldas literárias. Dentro do último padrão, regionalizando para o nosso pequeno mundo santanense, temos também as cortinas grenás dos que almejam decifrar o além dos cortináveis. E assim vamos encontrando tesouros sagrados imperceptíveis ao humano comum e dadivosos aos pesquisadores natos. E o pesquisador autêntico e perspicaz não é o da fartura disponível, mas sim das invisíveis entrelinhas que alinhavadas com paciência e intelecto, edificam o todo, o resultado da exaustiva busca com a coroação e os lauréis.
MATA VERDE, EM SANTANA. FOTO: (B. CHAGAS).
Para os planos terrenos os caminhos são muitos e diversos. Entre eles têm os que procuram riqueza na política, os que deliram com o ouro das minas, os que vibram com o fuzil diante dos cofres bancários e os que se realizam através das esmeraldas literárias. Dentro do último padrão, regionalizando para o nosso pequeno mundo santanense, temos também as cortinas grenás dos que almejam decifrar o além dos cortináveis. E assim vamos encontrando tesouros sagrados imperceptíveis ao humano comum e dadivosos aos pesquisadores natos. E o pesquisador autêntico e perspicaz não é o da fartura disponível, mas sim das invisíveis entrelinhas que alinhavadas com paciência e intelecto, edificam o todo, o resultado da exaustiva busca com a coroação e os lauréis.
Assim apontamos as trilhas para os que procuram a história e a literatura da terra. Escritos como hieróglifos que nos transportam para o último período de Vila em que nasceram os nossos primeiros escritores, muito embora os seus frutos em livros tenham brotados somente a partir da Santana cidade da década 1940. E na busca das esmeraldas acima, estão “Fruta de palma”, “Modernismo e realismo”, “Santana do Ipanema conta sua história” ou mesmo “Vim para ficar”, leituras imprescindíveis aos momentos de compreensão dos nossos primeiros 40 anos como cidade.  Seus autores, pela ordem, são Oscar Silva, Tadeu Rocha, Floro e Darci Araújo e Floro Araújo.
Em “Fruta de palma”, livro de crônicas rudes e sertanejas, o autor fala sobre fatos e pessoas de Santana. É um bom auxiliar variado para se encontrar o que se procura no geral de cada crônica ou em frases soltas que servem de pistas importantes. “Modernismo e Realismo” é profundo sobre literatura nordestina, alagoana e santanense. Professor de história e português não pode ignorá-lo. “Santana do Ipanema conta sua história”, puxa mais para a parte sociológica. Apesar de alguns erros como datas e alguns fatos, não compromete o todo, visto pela ótica dos autores. Não deixa de ser uma obra relevante para a história local. E “Vim para ficar”, narrativa pessoal do autor – talvez seja a melhor das suas obras – onde se acha algumas rápidas informações embutidas sobre a cidade que auxilia bem as pesquisas.
Melhores informações pelo contato: clerisvaldodaschagas@gmail.com.


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NO SERTÃO, CHUVA E BENÇÃO

*Rangel Alves da Costa

Não se pode dizer de um todo a partir de uma especificidade, mas ao menos na cidade de Poço Redondo, no Alto Sertão Sergipano do São Francisco, o domingo amanheceu já molhado e depois se lavou ainda mais com a chuva que foi caindo em compasso. Compasso por que entre repousos e chuviscamentos, ora mais volumosos ora mais serenados.
Mas desde ontem que o tempo se preparou para chover, e até choveu num instante ou noutro. Ao sertanejo não importa que seja logo chuva muita, graúda, de o pingo bater no chão e se espalhar pelos ares. Não. Ao sertanejo importa que chova, que depois do tempo nublado, fechado, a chuva realmente chegue. E que sabe, depois disso, a molhação de encharcar chão e transbordar riachos e fontes.
No ano passado, neste mesmo período, as chuvas já eram muitas, constantes, graciosas e dadivosas demais. Muitas foram as plantações e quem plantou colheu, principalmente o milho. As fogueiras juninas não deixaram de ter uma espiguinha por riba. Não foi muita coisa, até bem menos do que o esperado, mas ainda assim bem diferente do que sempre costuma acontecer, quando se trata de sertão quase sempre seco e esturricado.
Agora, mesmo não sendo muitas as chuvas, o sertanejo já alonga sua esperança. Verdade que o tempo de plantar já passou, pois a semeadura deve ser feita lá pelo mês de março, pelos arredores do Dia de São José, mas ainda assim há gente que se arrisque em jogue semente sobre a terra. Quem sabe se não, brota e floresce o legume que tanto deseja e precisa para sobreviver.
É uma vida que sempre depende das chuvas. Quando passa ano e mais ano sem chover é como se o mundo sertanejo fosse definhando dia após dia. Tanque seco, pastagem nua e esturricada, bicho faminto, famílias com fome, mesas e pratos sem nada, bichos agonizando debaixo dos sóis, um sofrimento indescritível.


Por isso mesmo, principalmente pelo medo de a chuva não chegar, que o sertanejo joga toda sua esperança na barra do alvorecer. Mira o tempo, estuda os horizontes, analisa o comportamento da natureza ao redor, para depois mostrar uma face de esperança ou entristecer ainda mais o semblante. A vida depende de cima, da nuvem, do que possa cair como graça sagrada.
Sua esperança parece agora recompensada, pois as chuvas, mesmo poucas, estão caindo nas noites e auroras sertanejas. E com a terra molhada tudo melhora, tudo ganha mais vida, tudo parece em renascimento. O calor diminui, o verde retoma seu lugar nas paisagens, as poeiras somem pelas estradas, os pássaros trinam seus madrigais mais felizes.
Causa imenso prazer caminhar pelas estradas e veredas matutas depois de dias chuvosos. Não há mais o espectro assustador da ossada do bicho ou do bicho quase caindo pela fraqueza. Não há mais a desolação nas léguas e mais léguas avistadas pelo olhar. As casinhas, perante as manhãs chuvosas, abrem suas portas como se estivessem tomadas por pessoas que já não temem o que possam encontrar do lado de fora. Que tristeza danada ao abrir a porta e só encontrar a secura tomando conta de tudo!
Talvez mais tarde o sol retome sua força. Sempre acontece assim no sertão. E quando o sol se abre em flor, mais parece uma fornalha despejando seu lume. O que alenta é que os dias estão sendo marcados pelo sol e pela chuva, numa disputa tão comemorada pelo sertanejo. O sol se levanta, assusta, mas logo as nuvens recobrem tudo e as chuvas começam a cair.
Assim neste sertão onde agora estou. Sertão onde nasci e que tão bem conheço nos seus quadrantes. E mesmo não tendo roçado ou pastagem, rebanho ou qualquer bicho de cria, cada pingo caído, sentido no olhar e na alma, será sempre benção ao meu coração sertanejo.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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LAMPIÃO PAGANDO A UM COITEIRO PELOS SEUS SERVIÇOS PRESTADOS



LAMPIÃO PAGANDO A UM COITEIRO PELOS SERVIÇOS PRESTADOS. AO FUNDO, VEMOS O CANGACEIRO JURITI, E SENTADO, O CANGACEIRO SABONETE.

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CARIRI CANGAÇO POÇO REDONDO DE 14 a 17 DE JUNHO 2018


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BRIGA DOS FERREIRAS NO TEMPO DE TROPEIROS


Por Charles Bezerra Cabral

Contenda entre os Ferreira e os Bezerras de São José de Princesa

Segundo depoimentos do saudoso JOAQUIM BEZERRA LEITE (Joaquim de santo Bezerra), *10/05/1910 – +05/12/2005, pegos pelo autor desse blog, seu neto, o mesmo contava que os Bezerras e os Ferreiras, Virgulino Ferreira da Silva (lampião) e seus irmãos, eram almocreves tangendo tropas de burros nas mesmas rotas comerciais no início do século 20. Viajavam com frequência para as cidades de Campina Grande na paraíba, Rio Branco, hoje Arcoverde em Pernambuco, Araripina no Pernambuco, Juazeiro no Ceará, entre outras cidades desses mesmos estados. Numa dessas viagens entre 1915 e 1918, ele não sabia precisar o ano, num acampamento de estrada para tropeiros que existiam as margens das estradas dessas rotas, houve uma contenda entre os Bezerras, ANTONIO BEZERRA LEITE o Patriarca e seus filhos com os Ferreiras, VIRGULINO FERREIRA DA SILVA (Lampião) e seus irmãos. No calor da contenda um dos irmãos de Virgulino ameaçou puxar da cintura uma pistola semi automática da época de fabricação americana que davam o nome de “FN”. Entretanto os Bezerras não se amedrontaram e da mesma forma os filhos do Patriarca ANTONIO BEZERRA LEITE, e seus funcionários que também andavam armados com pistolas semelhantes, também foram aos cabos das suas respectivas pistolas. Mas com a interveniência do Patriarca ANTONIO BEZERRA LEITE e de VIRGULINO FERREIRA DA SILVA, os ânimos foram acalmados e a contenda que poderia ter tido um final sangrento teve um final ameno. Algum tempo depois, VIRGULINO FERREIRA DA SILVA por razões que todos conhecem entrou para o cangaço em 1918, e os Bezerras por essa razão, sempre que sabiam que Lampião se encontrava numa determinada rota, evitavam viajar naquela direção, a fim de não dar de encontro com aquele que havia se tornado o terror do nordeste.

Anos mais tarde no final da década de 20, numa determinada festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição em 08 de dezembro, ao final da tarde com os festejos acontecendo em frente da igreja de São José, o velho Patriarca ANTONIO BEZERRA, se encontrava na sua residência no alto dos Bezerras. Quando de repente chegaram Lampião e doze homens fortemente armados, na sua porta. Não tendo nada mais a dizer ou fazer, o velho Patriarca os cumprimentou e os convidou a entrar na sua casa. Lampião entrou sozinho e deixou os cabras no terreiro em frente a casa. Dentro de casa e acomodados, o velho Patriarca temeroso, indagou a Lampião o motivo da sua visita e ainda, se o fosse acertar aquela contenda de então que ocorrera no acampamento de almocreve, ele nada podia fazer, a não ser dizer a ele que os seus filhos se encontravam nos festejos em frente da igreja e se o seu intento fosse esse, poderia descer aos festejos e ali concretizar o que ele havia ido fazer ali. Pois o velho Patriarca achava que Lampião havia ido a São José para matar os seus filhos. Lampião imediatamente tratou de desfazer essa ideia na cabeça do velho Patriarca e finalizou que aquilo que havia acontecido tinha ficado no passado e que o motivo da sua estada ali era pra fazer uma visita a um velho amigo das estradas empoeiradas. Assim sendo, naquele dia acabou o temor do velho Patriarca e seus filhos em relação a VIRGULINO FERREIRA DA SILVA, vulgo “Lampião”

Por: Charles Bezerra Cabral
francisco.charles@ipa.br
87-9921.1000
Do blog: Charles Cabral
Foto da antiga Rio Branco, Atual Cidade de Arcoverde Pernambuco, Década de 1920, Vendo-se Os Almocreves que desempenharam importante papel para o desenvolvimento de (Rio Branco) atual Arcoverde.

http://patativadoassare.com/historiografia-do-cangaco/

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ANTÔNIO SILVINO MATA MENINA DE 13 ANOS



No mês de outubro de 1899 a ‘sociedade’, na Capital pernambucana, vivia de tititis sobre um caso envolvendo uma família da alta sociedade. A esposa do Dr. José Tavares de Melo, dona Tereza Tavares de Melo, entra com pedido de desquite alegando ter sido agredida pelo esposo. Inconformado, o esposo tenta de várias maneiras fazer com que ela retire o pedido de ‘Desquite Judicial’ diante as autoridades. A luta travada nos tribunais vaza para a imprensa e essa, como sempre, dá um jeitinho de ‘fantasiar’ o caso, chamando a atenção da população para tal.

O maior dos empecilhos que o Dr. Tavares encontrava pelo ‘caminho’ era a ‘autoridade’, o poder, do pai de dona Tereza, o usineiro ‘coronel’ Antônio dos Santos Dias, pois por mais que tentasse ver e falar com a, ainda, esposa, seu sogro não permitia. Então, como já se esperava, torna-se uma rixa particular entre os dois. Não podendo vencer o sogro numa ‘queda-de-braço’ direta e legal, Dr. Tavares apela para o extremo, contrata um bando de cangaceiros para ‘dar fim’ ao sogro e trazer dona Tereza de volta para a casa dele.


Antônio Silvino, naqueles dias encontrava-se acoitado nas terras do engenho de cana-de-açúcar chamado Arandu, no município de Canhotinho, PE. Dr. Tavares descobre sua localização, entra em contato e vai até ele. Lá chegando conta, a sua maneira, todo o ocorrido. Solicita do chefe cangaceiro seus serviços para ir buscar sua esposa que estava na mansão da usina Santa Filonila, de propriedade do coronel Antônio dos Santos Dias, para casa e, em contra partida, matar seu sogro. Preço estipulado pelo ‘Rifle de Ouro’ e aceito pelo contratante, selando o ‘acordo’ com um aperto de mão forte e olhos nos olhos um do outro, fazendo parte desse acordo tudo de valor que fosse encontrado na casa sede do engenho ficaria para os bandoleiros.

O sogro do Dr. Tavares era um dos mais importantes e fortes usineiros da na Zona Canavieira da província pernambucana naquela época. Pessoal e diretamente, e mesmo nos tribunais, jamais que ele ganharia uma batalha contra o poderoso ‘coronel Santos Dias’. Devido a isso, ele tomou a decisão de contratar um bando de foragidos para realizar aquela tarefa. O coronel Antônio dos Santos Dias havia levado sua filha mais velha para a casa sede nas terras da Usina Santa Filonila, de sua propriedade devido à mesma ter dito que havia virado uma constante seu marido a maltratar. Ele, o coronel Santo Dias, era pai de uma prole grande, com filhos e filhas. As filhas, que eram duas, tinha a mais velha, Tereza, e uma menina chamada Feliciana que contava apenas com treze anos de idade. As duas sempre estavam juntas, apoiando uma à outra, nos afazeres da casa. Seus irmãos estavam quase sempre fora, pelas terras da usina, tentando darem conta da lida diária.

Sem saber ao certo onde ficava a Usina Santa Filonila, Silvino, na manhã do dia 10 de outubro daquele ano, sequestra um ‘boia-fria’ para que servisse de guia até a casa sede da mesma. Avistada a casa principal, o refém fica com uma ‘guarda’ e o restante dos cabras cercam a casa. Após cercarem, abrem fogo cerrado e contínuo conta portas e janelas da casa do coronel Dias.

O coronel não se encontrava em casa, naquela madrugada tinha viajado para ir resolver alguns negócios. Os irmãos de Tereza já haviam ido para o campo trabalharem. Quando o fogo tem início, Feliciana corre procurando abrigar-se e leva um tiro. A menina, de apenas treze anos de idade, tomba e seu pequeno e frágil corpo estatela-se no assoalho da casa já sem vida. A sequência dos disparos durou mais um pouco, porém, tiveram que cessar por não haver sequer um tiro contra o bando. A caterva parte e invade a mansão da usina. Quando lá estavam, notam que dois corpos jazem no chão frio da moradia. O corpo de um homem, empregado caseiro do coronel e um corpo de uma menina.

Silvino, ao deparar-se com o corpo da criança, sente-se ‘comovido’:

“(...) deparou-se com o corpo de Feliciana imerso em enorme poça de sangue. Sentou-se comovido ao lado da criança e ali se deteve alguns instantes (...).” (DANTAS,2012)

Logo se levanta e ordena que a cabroeira comece a procurar por dona Tereza, que era o principal objetivo da missão, e a trouxesse até ele. Ao partirem em busca dela os cangaceiros vão destruindo tudo que encontram pela frente e ficando com tudo que achavam ter valor. Dona Tereza sai do lugar em que estava escondida e entrega-se. Ao ser levada a presença do chefe cangaceiro suplica para que a deixe ficar para providenciar o velório e sepultamento da sua irmã Feliciana, prometendo depois retornar para sua casa. Talvez pela morte da criança, o chefe da turba permite que ela fique.

Ao sair da casa, ordena que executem o pobre “boia-fria”, que havia servido de guia até ali. A ordem é cumprida rapidamente. Logo somem por entre o balançar dos pés de cana-de-açúcar canavial adentro, deixando para trás um rastro de dor, lágrimas e sangue.

Aquele crime teve grande repercussão na Capital da Província, Recife. Todos sabem de imediato que o mandante seria o Dr Tavares. Grande contingente policial é removido para aquelas terras para caçarem ele, no entanto, todo esforço da Força Pública fora em vão. Parecia que o marido de dona Tereza havia evaporado.

No mesmo dia 10 de outubro, já quando a noite havia coberto a região com seu negro manto, os três corpos foram levados em caixões para a cidade do Recife em um trem. Na estação ferroviária a população se aglomerava em volta dos caixões, principalmente o menor onde estava o corpo da criança e pedem para que seja aberto. Então aquele pequeno ataúde que transportava o corpo da pequena Feliciana é aberto e a cena causa grande comoção nos presentes. Da estação, o cortejo fúnebre segue para a Igreja Matriz de Santo Antônio e na manhã do dia seguinte são sepultados no cemitério de Santo Amaro.


Investigações levam as autoridades saberem que o autor dos crimes havia sido Antônio Silvino e seu bando. Grande força policial é designada para irem à caça dos bandoleiros, a qual recebeu o reforço de vários jagunços do coronel. Quando se encontrava preso na Casa de Detenção da cidade do Recife, em seu primeiro interrogatório devido ao primeiro Processo Judicial ter sido aberto, no Fórum da cidade de Olinda, PE, em 5 de setembro de 1916, quando o Juiz refere sobre a morte da menina Feliciana filha do ‘coronel’ Antônio dos Santos Dias, na Mansão da usina Santa Filonila, o chefe cangaceiro diz ter sido aquela morte o único crime de que se arrependia.

A Volante estava sob o comando do “Subdelegado João Gonçalves”. Naqueles morros, cobertos por cana o trabalho do rastejador foi de primordial importância, pois, na manhã do dia 13, no município de Gravatá de Bezerros, PE, localizam, cercam e atacam o bando de cangaceiros. Pegos de surpresa, os bandoleiros são alvos fáceis, inclusive o chefe é atingido em um dos braços. Dois de seus homens são abatidos e sangrados pelos volantes. A morte da menina gerou feras humanas em busca de feras humanas.


Ferido, não há outro jeito, Silvino consegue furar o cerco e, junto com a cabroeira, se entocam para esperarem curar seus ferimentos. No entanto, as volantes não param e só se detém o necessário para um breve descanso e/ou reabastecimento, e seguem a sua cata.

Saradas as feridas, o “Rifle de Ouro”, já em princípios de 1900, surge roubando em um engenho no Distrito de Cabaças, em terras paraibanas. Em seguida ao crime, uma volante comandada pelo capitão da Polícia paraibana, José Augusto, pega o rastro dos bandoleiros e não largam mais. Conhecedor do terreno, o capitão Augusto antecipa-se a turba e prepara-lhe uma emboscada. Nem mesmo conseguiram sair das terras do engenho roubado, os cangaceiros comandados por Antônio Silvino, são atacados. Sob suas ordens, os cangaceiros respondem aos tiros da volante com uma cadência e ritmo assombroso. Pela quantidade de disparos, é formada uma nuvem de fumaça, coisa que os cangaceiros aproveitam e caem fora da arapuca. Nesse combate, não fora registrada baixas de nenhuma dos lados.

Mais uma vez, o bando do “Rifle de Ouro” some como que por encanto. Ninguém dar noticia exatas de onde estaria o bandoleiro e seus comandados. Ao faltar alguma iguaria necessária, Silvino reaparece e extorque, ou mesmo rouba, de pequenas propriedades, Vilas ou aglomerados de casas, voltando em seguida a sumir de vista. Nessa época, com o arrocho ao bando de Antônio Silvino, vários bandos de criminosos, ao praticarem seus crimes, aproveitam o ensejo e deixam todos ‘cientes’ que faziam parte do bando do “Rifle de Ouro”, com isso, os crimes do filho de Carnaíba, PE, vão aumentando.


Pernambuco e Paraíba fazem um pacto para que suas Forças Públicas atuem em conjunto em ambos os territórios no combate ao crime. Naquela época as divisas estaduais era o primeiro impedimento da Força Pública de um Estado, Província, prosseguir com a perseguição em outro(a) vizinho. Essa decisão arrocha mais ainda os movimentos do grupo cangaceiro. Entre os municípios de Itabaiana e Vila do Ingá, ambas na Paraíba, e a divisa com o Leão do Norte, havia uma espécie de ‘deserto’ na Mata Branca chamado Surrão. Essa área já fora escolhida pelo cangaceiro do vale do Pajeú das Flores, devido ser bastante difícil à locomoção e sobrevivência. Mesmo assim, estando os militares determinados, a coluna avança em busca dos inimigos.

Quase todos os movimentos dos militares estavam sendo observados pelo filho de Batistão, que esperava o momento certo para entrar em ação. Esse momento chega e a espoleta começa a ser cortada sem dó nem piedade. A tropa militar é formada por militares pernambucanos e paraibanos. Os primeiros, numa composição de mais ou menos noventa e cinco homens, estão sob as ordens do Capitão Angelim, os segundos, em torno de vinte e cinco praças, sob o comando do Alferes Paulino Pinto. Ao juntarem-se, em terras pernambucanas, logicamente o comando geral passou a ter as ordens do capital Angelim.


No momento do embate, o Alferes Paulino segue diretamente para onde se encontra os inimigos. Já a força do Capitão Angelim, recua um pouco e segue fazendo o ataque pelos flancos e tentando fechar o cerco para pegá-los, também, pela retaguarda. A gana de acabar com o bandoleiro pernambucano era tão forte, que o comandante paraibano não usa tática alguma. Ele mesmo sai de frente, de peito aberto bradando aos quatro cantos que acabará com Silvino naquele momento. De súbito seu rifle é arrancado das mãos por uma bala, é ferido em uma delas. Ele pouco se importa. Agachando-se junto às pedras, trincheira, onde estava um de seus homens, o soldado José Menino, pega a arma do mesmo e prossegue na direção dos bandoleiros. Está manobrando a alavanca da arma quanto é atingido novamente, dessa fez na altura do abdome. Mesmo sendo atingido pela segunda vez, o Alferes não recua. Faz menção de prosseguir com o ataque quando uma bala quebra-lhe os ossos da perna esquerda, fazendo desfalecer, no chão duro e seco do vale do Surrão, um dos homens mais valentes que a Paraíba já viu.


O fumarel da pólvora queimada, outra vez torna-se aliada dos bandoleiros. Aproveitando a quantidade de fumaça, Antônio Silvino passa a ordem de caírem fora daquela arapuca. Como que fosse um só, a turba evacua o local rapidamente, tanto que militares atiram a esmo. No entanto, aquela batalha foi esmagadora para os homens do “Rifle de Ouro”:

“(...) O resultado do entrave do Surrão foi desastroso para Antônio Silvino. Muitos dos seus asseclas caíram gravemente feridos e tornaram-se presas fáceis para os militares. As baixas estavam além do que poderia esperar o régulo dos sertões: seis mortos durante a resfrega e mais nove sangrados pela própria polícia após o tiroteio (...).” (ob. Ct.)


O periódico “A União”, em uma edição especial, fornece a população os nomes dos quinze cangaceiros abatidos no Surrão. O Jornal refere que todos os cangaceiros foram “mortos em combate”:

“Antônio Francisco da Silva; José Francisco da Silva, vulgo Criança; Joaquim Paulino (Marreca); Firmino Paulino (Fura Moita); Aprígio Gomes de Araújo; José Firmino da Costa; José Ribeiro Campos; Marcelino Pereira; Francisco Alexandre; Antônio Aurélio; José Bacalhau; Antônio Jovino; Caetano Labareda; José Guedes e José Guedes Faria”.

A coisa estava ficando desesperadora para Silvino. Com a perda de tantos homens, resolveu que dali por diante iria procurar diminuir seu bando. Aqueles em quem confiava mais como Serra Branca, Baliza, Ventania, Tempestade, Azulão e mais uns seis, permaneceram com ele, os outros, ele mandou que procurassem seus rumos. Após a derrota “no fogo do Surrão” Silvino dana-se de mata adentro e passa vários meses dentro de uma das tantas furnas que usava como esconderijo... nas quebradas do sertão.

Fonte “Antônio Silvino - O Cangaceiro, O Homem, O Mito” – DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. 2ª Edição. Cajazeiras, PB, 2012
Fotos meramente ilustrativas (as fontes dos registros fotográficos estão abaixo de cada imagem).

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HISTÓRIA DE SANTA MARGARIDA: UM GRANDE SUB-BAIRRO DE COSMOS


Por Adinalzir Pereira

Tudo começou com as terras do Barão

Fernando Vidal Leite Ribeiro era assim que se chamava o Barão de Santa Margarida. Nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, a 24 de julho de 1864. Era filho legítimo de Joaquim Vidal Leite Ribeiro e Alexina Amélia Caldeira de Andrada Fontoura, Barão e Baronesa de Itamarandiba.

Seu pai descendia da família de José Leite Ribeiro (avô do Barão de Santa Margarida) que muito contribuiu para a evolução cafeeira do Rio de Janeiro no século XIX. Daí surgiu todo um grupo de homens notáveis para a formação de uma nova ordem para a cidade do Rio de janeiro. O trabalho realizado por seu avô e logo depois por seu pai, deixaram seus nomes ligados à história e benfeitorias de várias cidades fluminenses, tais como: Vassouras, Barra do Piraí, Barra Mansa, entre outras.

Fernando Vidal Leite Ribeiro passou sua infância entre Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Petrópolis e Friburgo. Em 1882 fez uma longa viagem a Europa, só interrompida com a morte de seu pai em 1883. Apesar de não ter uma formação acadêmica, era dotado de excelente cultura e possuía uma vasta biblioteca que com o tempo e as mudanças acabou se dispersando.

Imagem cedida pelo amigo Hugo Caramuru, de São João Del Rei, Minas Gerais. Segundo ele de autor desconhecido.

Casou-se com Margarida de Castro, a 24 de julho de 1884, na Matriz de São João Batista da Lagoa, no Rio de Janeiro, com quem teve vários filhos, existindo ainda um grande número de descendentes diretos e indiretos. O Barão e a Baronesa casaram-se muito jovens, ele com 19 anos e ela com 18 anos completos. Dentre os inúmeros convidados presentes a cerimônia estava o Visconde de Santa Cruz e Antônio Furquim Werneck, médico obstetra da Princesa Isabel, membro da Academia Nacional de Medicina, deputado federal e prefeito do Rio de Janeiro, então Distrito Federal em 1897.

Foram seus filhos legítimos: Armando Vidal Leite Ribeiro; Zilda de Castro Vidal Leite Ribeiro; Raul Leitão da Cunha; Nair Vidal Leite Ribeiro; Joaquim Vidal Leite Ribeiro e Maria da Glória Vidal Leite Ribeiro.

Foi criado num ambiente de verdadeiros fazendeiros do interior. Ainda jovem, passou depois da República, a conviver com pessoas ligadas à administração pública, entre os quais o seu cunhado Sampaio Ferraz, então poderoso chefe de polícia do Rio de Janeiro. Foi agraciado com o título de Barão por decreto reconhecido pela Princesa Imperial Regente pelos serviços prestados ao Império. Sendo este título decretado por D. Pedro II, Imperador do Brasil, conforme decreto de 21-07-1887. Em 05 de dezembro de 1890, aos 25 anos de idade, foi nomeado Tenente-coronel da Guarda Nacional, comandante do 4º Batalhão de Infantaria da Capital Federal, tendo sua patente assinada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Foi um dos mais jovens barões do Império, tendo sido herdeiro de grandes recursos financeiros. Mais seus recursos já não eram tantos depois dos prejuízos que a família sofreu com a crise financeira do início da República, principalmente com a quebra do Banco do Brasil em 1901.

Até a década de 1970, existia no alto de uma colina na atual rua Coremas do sub-bairro Santa Margarida, uma grande casa de cor amarela, com portas azuis, estilo fazenda com vários cômodos, possuindo um amplo varandão, em cujo terreno existiam várias árvores de tamarindos espalhadas pelo quintal. Durante algum tempo esse grande casarão foi ocupado pelo Barão e pela Baronesa. Tempos depois, a casa serviu de escritório para o loteamento e venda dos lotes pela Cia Territorial Palmares.

Em 1912, passou a fazer parte do Conselho da Caixa Econômica do Rio de Janeiro. Nos últimos anos de sua vida dedicou-se a Santa Casa de Misericórdia, na qual foi Mordomo da Tesouraria do Hospital Geral durante um longo período. Também trabalhou com muito empenho na construção do Hospital São Zacharias, no bairro de Botafogo, pertencente à Santa Casa. Lá existe a Enfermaria Santa Margarida, onde ainda se vê um retrato da Baronesa, sua esposa, que foi uma grande benemérita do hospital.

Foto do Barão existente num quadro na secretaria da Escola Municipal Barão de Santa Margarida. Autor desconhecido.

O Barão Fernando Vidal Leite Ribeiro faleceu em 15 de junho de 1936 e a Baronesa Margarida de Castro a 25 de abril de 1938, ambos no Rio de Janeiro, sendo sepultados no Cemitério São João Batista, jazido perpétuo nº 5507.

O sub-bairro foi criado a mais de 79 anos, havendo documentos de promessa de compra e venda de lotes desde 1939, época que os grandes fazendeiros passavam por uma grave crise econômica, devido à crise da bolsa de valores de Nova Iorque, nos EUA.

Até a década de 1970, existia no alto de uma colina na atual Rua Coremas do sub-bairro Santa Margarida, uma grande casa de cor amarela, com portas azuis, estilo fazenda com vários cômodos, possuindo um amplo varandão, em cujo terreno existiam várias árvores de tamarindos espalhadas pelo quintal a gosto do Barão. Durante algum tempo esse grande casarão foi ocupado pelo Barão e pela Baronesa. Onde tempos depois, serviu de escritório para o loteamento e venda dos lotes pela Cia Territorial Palmares. Um de seus filhos, Armando Vidal Leite Ribeiro foi o administrador deste empreendimento, sob o comando do Barão, que tinha na época uma grande influência na administração pública.

Hoje, Santa Margarida possui 54 ruas, várias praças, seis escolas públicas municipais, um posto policial, um centro social urbano, um posto de saúde municipal, uma clínica da família, um centro de recuperação de dependentes químicos, um asilo e uma creche. Possui também iluminação pública nas ruas, um comércio local em expansão, uma Igreja Católica e várias igrejas protestantes. A Escola Municipal Barão de Santa Margarida, existente no sub-bairro ainda guarda o seu retrato na parede, como uma singela homenagem ao dono de suas terras.

O sub-bairro é considerado um grande núcleo populacional, possuindo uma grande população na sua maioria dependente das atividades econômicas do bairro de Campo Grande e do Centro da cidade do Rio de Janeiro. Hoje Santa Margarida é uma subdivisão do Bairro de Cosmos, área da AP-5, da XVIII Região Administrativa. Sendo que atualmente seus moradores lutam pela sua emancipação para que possa se tornar um bairro da cidade do Rio de Janeiro.

Pesquisa e texto de Adinalzir Pereira.

Bibliografia:

“Familia Vidal Leite Ribeiro”, Armando Vidal Leite Ribeiro. Ano 1960.
"Anuário Genealógico Brasileiro", pag. 350, ano III, 1941, IGB, São Paulo.
"O Barão de Santa Margarida". Jornal do Brasil. 24 jul 1965. Consultado em 10 dez. 2012.
Vasconcelos, José Smith, Vasconcelos, Rodolfo Smith de (1918). "Archivo Nobiliarchico Brasileiro". Imprimerie La Concorde.

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Publicado em 16 de out de 2016
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