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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

MARCHA DAS MARGARIDAS É LANÇADA EM ALAGOAS



A Marcha das Margaridas, mobilização nacional que reúne mulheres rurais, quilombolas e indígenas em Brasília/DF, a cada três anos, em prol de igualdade de direitos e combate a violência contra mulheres, foi lançada estadualmente nesta sexta-feira, 23, pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura de Alagoas (Fetag/AL).

Reunidas  na sede da Fetag/AL, em Mangabeiras,  agricultoras e base sindical abriram oficialmente a série de atividades pré-marcha com apresentação de eventos de formação e plenário estadual de mulheres marcados para o primeiro semestre de 2019.


De acordo com a secretária de Mulheres da Federação, Raquel Braz, serão enviados à Marcha cerca de vinte ônibus. Segundo ela,  o grupo alagoano fará participação histórica.

“O grito das Margaridas representa a mobilização pelo fim da violência contra a mulher, discussão sobre terras, água, agroecologia, reforma agrária e crédito fundiário. A Marcha simplesmente busca novos horizontes com mais respeito e igualdade. Neste ano queremos fazer uma participação marcante com quase 1500 pessoas”,   disse.


Além das margaridas de Alagoas, a cerimônia apresentou a pauta de por  autonomia, reivindicação das mobilização à representantes de entidades e governo do Estado, representando pelo presidente da Emater/AL, Elizeu Rego.

Resistência

Segundo Edjane Rodrigues, Secretária de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em 2019,  a Marcha das Margaridas representará a resitência diante dos cortes em programas sociais e extinção da Secretaria Nacional de Mulheres.

“Dado esse cenário de retrocesso, Margaridas vão em marcha por uma sociedade mais justa. Essa marcha já está nas ruas e protagoniza uma agenda estratégica pelo resgate de serviços públicos e direitos trabalhistas. Precisamos  debater liberdade, autonomie e justiça em todas as esferas sociais”, alertou  Edjane.

Em 2019, a Marcha  acontece nos dias  13 e 14 de agosto, sendo o primeiro dia de atividades com seminários e  o segundo com uma caminhada e audiência com  o presidente da República a ser empossado, Jair Bolsonaro. 

O movimento é organizado pela Contag e Sindicatos do Brasil. A Marcha é uma homenagem à Margarida Maria Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa Granda, na Paraíba, assassinada em 12 de agosto de 1983.
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COMO SE FAZ UM ROMANCISTA (IV)

Clerisvaldo B. Chagas22 de novembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.012

Contemplei em uma imensa plantação de algodão, a colheita do produto, comandada pelo meu tio. Cerca de 100 pessoas, entre homens e mulheres a quem eles chamavam de batalhão. Todos protegidos por chapéu de palha de aba grande ou pano à cabeça, bizaco a tiracolo. Uma senhora puxava cantiga em quadras improvisadas. Cada estrofe era ouvida por todos os que vinham atrás colhendo o algodão, embizacando e respondendo:

Mineiro pau...
Mineiro pau...
ILUSTRAÇÃO: ELIAS VITALINO

Hora do almoço, feijoada com charque para o batalhão, debaixo dos laranjais.
O algodão era pesado e ensacado nos armazéns. Os sacos/estopas eram pendurados ao teto com uma roda de pneu fino na boca. Um homem dentro do saco pilava o algodão com os pés. Outro cozia a boca da estopa com agulha de saco e novamente o colocava na balança de armazém. Dali o produto seguia em carros de boi para a vila de Olho d’Água das Flores onde era vendido às algodoeiras.

Também contemplei em outro roçado, a colheita da mandioca, raiz que gosta de terras especiais. Em lombo de jegue e em carros de boi, o produto chegava a casa-de-farinha.  Formava-se a deliciosa festa da farinhada. Mulheres sentadas no piso de barro tagarelavam e rapavam mandioca em redor do monte, sempre abastecido. Aqui, acolá aparecia uma macaxeira (macaxeira não é mandioca) que logo era comida crua pelas participantes.
No caititu, a cevadeira triturava o produto colocado no cocho. Dois homens fortes rodavam a roda de veio ligada por barbante, ao caititu. A massa triturada ia para a prensa manobrada por um sujeito forte. Depois era peneirada, colocada ao forno de barro, onde um habilidoso cidadão mexia a massa, com um rodo de madeira produzindo a farinha. O forno era alimentado por lenha bruta. O cheiro gostoso invadia toda a casa-de-farinha. Eu ficava no pé do forno catando “grolado” para comer. Lá fora, no oitão, um cabra gritava em referência ao caldo da prensa jogado fora: “Deixe a vaca longe, Ciço, manipueira mata!”.
(CONTINUA).


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CHARLES, ALINHADOR TAMBÉM DE VIDA

*Rangel Alves da Costa

De vez em quando Charles posta retratos e mensagens reafirmando seu prazer e principalmente o agradecimento pelas vitórias alcançadas em cada passo de sua profissão de alinhador de veículos. Mostra fotos de seu local de trabalho, dos serviços realizados, de mais uma tarefa cumprida.
O que isso significa? Nada mais que a demonstração de que sua luta, sua peleja contínua, está sendo recompensada. Bem assim mesmo, amigo Charles, pois as vitórias surgem assim na dedicação e no prazer pelo que faz. Do outro lado, no ser pessoal e humano de Charles, tem-se também a certeza de uma personalidade honrada e decente, e que já remonta às suas raízes familiares.
Poço-redondense de raiz e flor, sertanejo gestado na luta e tenacidade de seus pais, a verdade é que seu caminho foi sendo construído a partir de tais exemplos. Ora, quem não se recorda de bom grado e prazer na memória do pai de Charles?
Quem não se recorda daquele vaqueiro, daquele carreiro, daquele homem do mato e da cidade, daquele amigo de todos chamado Francisco Xavier Nunes Filho, o saudoso e tão querido Chico de Celina? Pois é, Charles é filho de Chico de Celina, de Chico e Dona Genivalda Bomfim. Batizado como Charles Bomfim Xavier, até os dezesseis anos viveu e conviveu com a terra, com o chão sertanejo e suas lides.
Nos passos do pai, foi vaqueiro, amassador de bicho brabo, amigo do curral, do cheiro do estrume e do rangido da porteira. Mas os tempos tornaram-se difíceis demais. As secas não só castigavam como espantavam pessoas e bichos, as estiagens não só espanavam sonhos como esvoaçavam as esperanças.
Então um dia, chorando mesmo choro do bicho, Charles foi além da porteira da fazenda e seguiu caminho. A cidade o chamava na esperança de outros afazeres. Assim se tornou carpinteiro antes mesmo de completar a maioridade. Mas o filho de Chico e Dona Genivalda queria dar voos maiores, e neste intento rumou a São Paulo.
Foi nestas distâncias que começou a aprimorar e a se firmar no ofício de alinhamento de veículos, na parte mecânica de automóveis. Mas a saudade era grande, o desejo de retornar mais ainda. E foi assim que depois de dez anos ele retornou ao seu berço amado, ao seu sertão.
Trazendo na bagagem todo o seu aprendizado, seu objetivo maior era chegar a Poço Redondo e conseguir o espaço que fosse possível para exercer a profissão e, enfim, poder colocar uma placa dizendo “Charles Alinhamento, Balanceamento, Cambagem e Suspensão”. Ou apenas “Charles Alinhador”.
E conseguiu. Graças a Deus conseguiu. Hoje Charles é um dos profissionais mais requisitados na região sertaneja, prestando serviços com qualidade e garantia. Contudo, importa mesmo revelar a moldura comportamental que o envolve e o caracteriza.
Charles é um persistente trabalhador, é profissional ético e respeitado, mas principalmente um ser humano afável, sempre amigo, acolhedor, digno de carregar sobre si o orgulho de sertanejo e de orgulhar sua terra. Um moço generoso e bom, na mais pura expressão da palavra.
Mas, como dito, também reflexo de suas raízes e de suas extensões familiares, pois também irmão de Gisélia, de Teinha, de Chiquinho, de Evaldo e Dinarte (estes filhos de Chico com Dona Noélia). E meu amigo. E por isso mesmo, abraço-te Charles.

Escritor
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O CANGAÇO ESCRITO PELOS AMERICANOS:



(((Nessa história de amor e traição de Bonnie e Clyde, um bando de foras-da-lei luta pelo controle do brutal outback brasileiro.)))

Situado nos assentamentos de fronteira esparsa do nordeste do Brasil - uma região seca, proibidora e selvagem do tamanho do Texas, conhecida localmente como o Sertão - Backlands conta a história real de um grupo de foras da lei nômades que reinou sobre a região de 1922 a 1938. Tirando dos ricos, admirados - e temidos - pelos pobres, eles foram conduzidos pelo famoso bandido carismático Lampião. A gangue manteve sua influência lutando contra toda a polícia e soldados que a região poderia reunir.

Um fazendeiro de caprinos de um olho que primeiro partiu para vingar o assassinato de seu pai em uma terra sem lei, Lampião provou ser um bom líder, lutador e estrategista para voltar para casa novamente. Em 1925, ele comandou a maior gangue de foras da lei no Brasil. Conhecido até hoje como um "príncipe", Lampião tinha tudo: cérebro, dinheiro, poder, carisma e sorte. Tudo menos amor, até conhecer Maria Bonita.

"Você me ensina a fazer renda, e eu vou te ensinar a fazer amor" - essa era a música que os bandidos marcharam, através dos vastos campos abertos de seus sertanejos lindamente lindos, e foi Maria Bonita quem tornou realidade. Ela estava presa em um casamento sem amor quando conheceu Lampião, mas partiu com ele, tornando-se "Rainha dos Bandidos". Juntos, o casal - ainda celebrando heróis folclóricos - se tornaria as figuras mais procuradas do país, protegendo sua extraordinária liberdade através da astúcia.

A impressionante estréia literária de Victoria Shorr conta a história de Maria, sua narrativa das intensas liberdades, terrores e tristezas desta vida escolhida, cujo fim é claro para ela o tempo todo. Com o governo federal no Rio mobilizando-se contra os bandidos, Backlands descreve os épicos dias finais do "mês fatal" de Lampião, July on the River of Disorder, enquanto a gangue luta para convocar sua boa estrela para salvá-los mais uma vez.

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...NA ESTRADA TORTUOSA DO CANGAÇO! EM BUSCA DA VERDADE, SEMPRE.


Por Sálvio Siqueira

A história do Fenômeno Social Cangaço, do cangaço brasileiro, por incrível que pareça é muito complexa e polêmica devido, desde seu início, não haverem tido a preocupação de um arquivamento da “passagem” da mesma. O período mais estudado é o lampiônico, que sendo o último, encontrou-se ‘provas vivas’, remanescentes de todos os lados participativos: cangaceiros, volantes, coiteiros e etc.. Mesmo assim, há um desencontro no encontro das narrativas dos fatos, tanto relatados por ex-cangaceiros quanto por ex-volantes e ex-coiteiros. Não batem as narrativas devido aos mesmos puxarem a ‘sardinha para sua brasa’ todas as vezes que relatavam o mesmo passado.

Ou seja, a mesma personagem histórica conta de variadas formas um ato ocorrido em que esteve presente. De todos os fatos polêmicos, o que chamou, sempre, mais atenção foram à maneira, modos, da morte do seu maior símbolo, Lampião. 


Virgolino Ferreira, o chefe cangaceiro Lampião, destaca-se na historiografia devido a sua longevidade atuante, 20 anos de cangaço, sendo o maior tempo em que um chefe cangaceiro comandou um bando de bandoleiros em toda a história do Fenômeno Social que se inicia por volta de 1756, com o cangaceiro “Cabeleira”, até seu fim no primeiro meado de 1940, com a morte do cangaceiro “Corisco”.

Lampião, em seu reinado sangrento, usou de estratégias de Guerra de Movimentos, Guerrilha, como ninguém jamais as havia usado, usou de táticas de espionagem e contra espionagem, cativou peregrinos, roceiros, vaqueiros e outros com doações formando assim uma imensa malha de proteção e colaboradores. Essa malha é enriquecida com a participação direta de grandes latifundiários da época, ‘coronéis’, políticos, militares e comerciantes, os quais cuidavam do abastecimento das necessidades do bando tais como equipamento bélico, roupas, alimentação e etc.. A principal fonte de colaboração eram as informações recebidas e a contra informação repassada, dando tempo de uma retirada estratégica sem sofrer baixas. Claro que ocorreram ocasiões em que a coisa não saiu como o planejado e o ‘caldo’ engrossou, tendo de haver um embate não programado.

Nos combates contra a Força Pública planejados, programados, Lampião sempre se saiu vitorioso. Sendo destacados três desses confrontos como os maiores, respectivamente, temos “O Combate da Serra Grande”, “O Fogo da Maranduba” e o “O Fogo do Serrote Preto”. O primeiro é considerado como a maior derrota da PMPE em todos os tempos. O segundo, segundo participantes, onde se deu o maior volume de tiros e o terceiro, uma das maiores emboscadas aonde o próprio Lampião se colocou como ‘isca’. 


Pois bem, Lampião, na manhã do dia 28 de julho de 1938, estando com seu bando acampado no leito do Riacho Angico, e arredores, margens, na fazenda Forquilha, hoje Poço Redondo, SE, é atacado por uma volante alagoana comandada pelo Tenente João Bezerra da Silva, natural de Carnaíba, PE. O tenente dividiu sua tropa em três frentes, uma ficou com ele, outra com o sargento Aniceto e outra com o Aspirante Ferreira de Mello. De onde estavam, Alto das Perdidas, em relação ao acampamento, citaremos aqui com exclusividade a tolda de Lampião, distanciava uns 200 metros, O comandante teria que percorrer o menor percurso, seguiria diretamente para o alvo. O sargento Aniceto faria o maior, pois teria que segui em linha reta e, mais adiante, fazer uma conversão para a esquerda, atravessa o leito do riacho e desce no sentido das águas tentando barra uma via de fuga. O Aspirante Ferreira de Mello divido seu grupo em dois.

Sendo ao todo cerca de 15 homens, ele e mais quatro entram no leito do riacho e seguem em direção contrária a descida das águas. O restante dos seus homens, sob o comando do cabo Bertoldo, senguem no mesmo sentido só que por cima da barreira direita dando cobertura aos homens embaixo.


Na sequência, Aniceto topa com o subgrupo de Zé Sereno que, estando há uns 70 metros do leito do riacho, na margem esquerda, entram em combate. O comandante, nesse momento está entre dois fogos, dos cangaceiros que estavam acampados na margem direita do riacho, Alto das Umburanas, e os próprios que estavam no leito junto ao chefe mor, ainda teriam que se preocuparem com os cabras de Zé Sereno que estavam mais a direta da sua posição respondendo aos tiros da tropa de Aniceto. Por fim, o Aspirante com seus homens, tomam o caminho mais adequado para se pegar à ‘presa’. As vezes estavam na margem direita e as vezes no próprio leito do riacho, eles vão subindo o morro com cautela e dedos nos gatilhos.


A maior aproximação de todos os três grupos foi do Aspirante Ferreira de Mello que na ocasião portava uma metralhadora Bergmann que havia tomado emprestado ao comandante de volante Odilon Flor no dia anterior em Pedra de Delmiro, AL. 


Nós, em pesquisa de campo, fizemos duas expedições, em 2016 e em 2018, na Grota do Riacho Angico, onde passamos de um dia para o outro. A primeira expedição foi devido os dias serem os mesmo, as datas se coincidirem, o dia 27 ser numa quarta-feira e, evidentemente, a quinta-feira cair no dia 28 de julho. A última foi devido à comemoração dos 80 anos da morte do “Rei dos Cangaceiros”. Encontramos vestígios, cápsulas, bolotas e estilhaços de chumbo no leito do riacho e em suas margens, direita e esquerda. O detalhe maior vem a ser a prova do uso da metralhadora Bergmann no leito do riacho.
O tempo de combate, entre o primeiro e último tiro não pode ter sido de vinte minutos, pois teria feito mais vítimas, inclusive da Força Pública, onde só ocorreram três militares feridos, dentre esses um soldado morto, o soldado Adrião e, entre os cangaceiros, pereceram 11 baixas fatais.


Nos objetos recolhidos de Lampião existem provas contundentes de que ele foi atingido no tórax e abdome com projéteis de calibre menor do que o usado no mosquetão. Porém, em sua fonte direita aparecem resquícios de um tiro desse fuzil. Nas cartucheiras, de ombro da cintura, aparecem perfuração que não levam a crer que sejam de um projétil de grosso calibre, pelo contrário. Na bainha de seu punhal, e lâmina, aparecem em vários registros fotográficos e que era usado única e exclusivamente para sangrar, uma marca provável de uma bolota de chumbo. Se prestarmos atenção nos estragos feitos pela bala, notaremos que não pode ter sido da bala de um fuzil e sim de um calibre menor. Em um dos ‘pentes’, carregadores, do mosquetão Mauser 1922, usado por Lampião, também encontramos ‘rastros’ de projéteis que atingiram o mesmo. Das cinco cápsulas, existentes no pente, todas são atingidas causando marcas, porém, de projéteis de menor calibre. 


Quando se dispara uma metralhadora não se tem a mira plena, segura, no alvo. A rajada sequencial leva as balas para a direita, para a esquerda, para cima e para baixo sem deixar o atirador ter os disparos num único sentido.


O pesquisador, escritor, sociólogo Frederico Pernambucano de Mello, em uma entrevista num programa televisivo relatou sobre saber quem teria sido o ‘verdadeiro matador de Lampião’. A narrativa do pesquisador não se encaixa com os fatos apresentados nas provas contundentes apresentadas sobre os ferimentos balísticos em que sofreu o corpo de Lampião naquele ataque. Não há razão, tão pouco sustentação alguma, para crer-se que o soldado Santo tenha atirado primeiro e em Lampião, tão pouco está com o coiteiro Pedro de Cândido amarrado a si. O soldado Santo se destacou na degola dos cangaceiros, ou seja, na separação das cabeças dos cangaceiros mortos de seus corpos.


Depois tem a prova maio do tiro no crânio de Lampião, que foi “a queima roupa”, bem próximo. A distância quanto maior mais o estrago da bala de um fuzil é maior. Prova disso, a maneira como ficou o crânio da cangaceira Enedina. O pesquisado Geraldo Antônio De Souza Júnior refere em matéria do seu grupo de estudos “Cangaçologia”: “Na cabeça “mumificada” de Lampião, que na ocasião do registro fotográfico, encontrava-se exposta no Museu do Instituto Médico-Legal doutor Nina Rodrigues em Salvador/BA, podemos ver claramente duas marcas, sendo uma na face direita (Mandíbula) provocada por um tiro disparado à queima-roupa pelo soldado Volante José Panta de Godoy, durante o ataque da Força Policial Volante alagoana ao coito de Angico no dia 28 de julho de 1938 e uma segunda marca na região temporal que foi provavelmente provocada por coronhadas ou por algum objeto contundente (Laudo) utilizado pela soldadesca movida pela cólera.”


As balas na altura do coração e no abdômen do bandoleiro líder, assim como no pente das balas do mosquetão, provão o contrário do que narrou o pesquisador citando serem as palavras do soldado Santo. Santo, com certeza, depois de não haver mais ninguém para contestar suas palavras, ‘resolveu’ falar. Mas, o que ele falou não é a verdade, tão pouco próximo a ela. Pelo simples motivo do soldado pertencer ao grupo que ficou com o tenente comandante da ação. Sendo que esse só consegue aproximar-se depois de vários cangaceiros já encontrarem-se abatidos no vão da grota do riacho, inclusive Lampião. Quem abateu a maioria dos cangaceiros foi à tropa comandada pelo Aspirante Ferreira de Mello, que ao avançarem pelo leito do mesmo, chegaram encima daqueles que estavam com suas toldas junto a tolda de Lampião. A nosso ver, o pesquisador, escritor e sociólogo, já em seu final de carreira, não deveria afirmar, confirmando, o que disse o soldado Santo, pois, acreditamos que o mesmo saiba das inúmeras versões do acontecido. Afirmar tal citação é muita responsabilidade histórica, se é que a história vale de alguma coisa para alguns pesquisadores/escritores.

Fotos
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Cangaçologia
Revista o Cruzeiro
Revista A Noite
As demais citam a quem o acervo pertence.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/


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TEN. THEOFANES FERRAZ TORRES.


Foto: cortesia Mfrnovaes Fátima Rocha.

O grande policial volante, Ten. Theofanes Ferraz Torres..e a sua esposa Amélia..

Foi ele que capturou o cangaceiro ANTONIO SILVINO e, teve muitos combates com LAMPIÃO e, seu grupo, inclusive, ferindo o mesmo no pé direito, em combate na Lagoa do Vieira-PE.

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DOZE VIOLAS SEM DONOS



Severino Ferreira faleceu
Vítima dum acidente de transporte,
Uma, VAN capotou, deixando a morte
Gargalhar do adeus de quem morreu;
A imprensa em 97 deu
A notícia real da triste sina,
Do poeta que fez da oficina
Do repente, na vida o próprio norte,
Vou deixar de cantar antes que a morte
Cale a voz da viola nordestina.

Um maldito enfisema pulmonar
Fez calar Elizeu rei da canção;
Que no auge da sua criação
Fez o mundo parar pra lhe escutar,
Mas a morte lutando pra ganhar
O primeiro lugar como assassina,
Tirou dele, a real graça divina
De poder respirar sadio e forte.
Vou deixar de cantar antes que a morte
Cale a voz da viola nordestina.

Em seguida em 2001, partiu
O famoso poeta Onésimo Maia,
Que cantava sertão, agreste e praia,
Quando a terra chorou o céu sorriu,
Luiz Campos depois também caiu
Na rasteira da morte que domina
E apaga de vez a lamparina,
Que permite que a vida enxergue a sorte.
Vou deixar de cantar antes que a morte
Cale a voz da viola nordestina.

Disse adeus em 2009 o ano
Nosso bom cantador Luiz Antônio,
Foi a sua viola o patrimônio
Que o fez se tornar o veterano...
Que no alto sertão paraibano
Deixou luto que o tempo não termina,
Quando morre uma ave da campina
O sertão pede a Deus que lhe conforte,
Vou deixar de cantar antes que a morte
Cale a voz da viola nordestina.

Deu-se em 2010 a despedida
De Diniz o filósofo da viola,
Que cantando não deu o lombo à sola
Por ter tido uma verve bem sortida,
Quando a morte se choca com a vida
Seu impacto supera o do Catrina,
Ela vindo fazer uma chacina,
Sua foice não erra nenhum corte.
Vou deixar de cantar antes que a morte
Cale a voz da viola nordestina.

Em 2014 João Pereira
Conhecido por João Paraibano,
Num pequeno acidente, deste plano
Sem querer, para o outro fez partida.
O autor de Arco Íris da vida
Em seguida parou sua rotina
E num trem sem motor à gasolina
Ausentou-se dos braços da consorte.
Vou deixar de cantar antes que a morte
Cale a voz da viola nordestina.

Faleceu em dezoito de janeiro
De 2018 exatamente,
Louro Branco, o assombro do repente
Cearense da Via Feiticeiro,
Jaguaribe perdeu o violeiro
Mais famoso da terra alencarina,
Que cantou serra e amar, sol e neblina
Roedeira, sertão, guerra e esporte
Vou deixar de cantar antes que a morte
Cale a voz da viola nordestina.

Nos deixou em 2017
O senhor cantador Sílvio Granjeiro,
Em 2018 o companheiro
Chicó Gomes partiu sem dá manchete,
Quatro meses depois se compromete
A saúde nas mãos da medicina,
De Antônio de França, gente fina
Que da terra pro céu pegou transporte.
Vou deixar de cantar antes que a morte
Cale a voz da viola nordestina.

Autor: José Di Rosa Maria
Gente, este poema está no nosso Blog,
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PALEONTOLOGIA DESCOBERTO UM TIO-AVÔ DOS MAMÍFEROS QUE JÁ ERA GIGANTE

Por Filipa Almeida Mendes

Um fóssil encontrado na Polónia mostra que um antepassado indirecto dos mamíferos (do tempo do Triásico) chegou a atingir 4,5 metros de comprimento e nove toneladas – o tamanho de um elefante-africano.


Ao contrário do que se poderia pensar, os dinossauros não foram os únicos herbívoros gigantes a viver durante o período Triásico. Houve uma outra criatura herbívora gigante e quadrúpede, chamada Lisowicia bojani, a habitar o planeta durante o fim do Triásico Superior, há cerca de 237 milhões de anos.

https://www.publico.pt/2018/11/23/ciencia/noticia/criatura-tamanho-elefante-viveu-dinossauros-triasico-1852063?utm_source=notifications&utm_medium=web&utm_campaign=1852063

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GUERREIROS DO SOL


Por Lucena Brues

(Em 'Guerreiros do sol' o cangaço-meio-de-vida, o cangaço-vingança e o cangaço-refúgio são amplamente explorados, bem como tipos humanos em que se encarnou a violência desde os primeiros dias da colonização - o valentão, urbano ou rural, o cabra de bagaceira, o jagunço e o cangaceiro.)


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OS FESTEJOS DE SANTO ANTÔNIO NA FAZENDA ARACATI E NO DISTRITO DE CARACARÁ

Por Benedito Vasconcelos Mendes

Santo Antônio de Pádua é o Padroeiro da Vila de Caracará, localizada nas vizinhanças da Fazenda Aracati. Meu avô era devoto de São Raimundo Nonato, santo protetor dos vaqueiros, mas também tinha uma certa devoção ao santo padroeiro da Vila de Caracará. Na Fazenda Aracati, as festas juninas (Santo Antônio, São João e São Pedro) eram comemoradas todos os anos, com muita alegria e devoção. Meu avô mandava cortar a madeira da fogueira (jurema-preta, que produz pouca fumaça e o fogo mantém a chama por mais tempo) e ele mesmo ia montar a estrutura da fogueira com, no mínimo, um metro e meio de altura. Minha avó comandava a cozinha, preparando refresco de tamarindo, canjica, pamonha, cuscuz de milho, mugunzá, bolo de milho, pé de moleque e milho verde cozido. Cada participante da festa, assava a sua espiga de milho na grande fogueira acesa no terreiro. Para evitar queimaduras, usava-se espetos de madeira compridos, com cerca de 60 centímetros de comprimento, para espetar a espiga de milho e colocar na fogueira para assar. Grandes cestos de cipó, cheios de espigas de milho verde e longos e finos espetos de madeira ficavam à disposição dos presentes, no parapeito do alpendre. Às 9 horas da noite, na ponta da calçada do alpendre, minha avó rezava em voz alta, a Oração de Santo Antônio, um Padre Nosso e uma Ave Maria e anunciava o início da cerimônia de apadrinhamento e todos passavam a acompanhar o ritual com muita atenção. O Sales retirava um tição aceso da fogueira e colocava-o mais afastado do fogo, devido ao calor. Os pretensos padrinhos, madrinhas, afilhados e afilhadas ficavam em fila, esperando a vez de realizar o ritual do apadrinhamento, que em resumo era o que segue. O afilhado dizia “Santo Antônio disse, São João indicou e São Pedro confirmou que você fosse meu padrinho, porque Nosso Senhor Jesus Cristo mandou”. Padrinho e afilhado davam uma volta, de mãos dadas, ao redor do tição e, em seguida, o padrinho respondia: “Santo Antônio disse, São João indicou e São Pedro confirmou que eu aceitasse ser seu padrinho, porque Nosso Senhor Jesus Cristo mandou”. O padrinho e a madrinha de fogueira eram considerados padrinhos legítimos e eram muito respeitados, inclusive o afilhado pedia a bênção ao padrinho, quando se encontravam.

A alegria era contagiante e a festa prosseguia até às 10 horas da noite, quando meus avós se recolhiam para dormir. As festas juninas eram realizadas todos os anos de bons invernos, para comemorar os dias de Santo Antônio, São João e São Pedro. Nos anos de seca não tinha festa. No dia de Santo Antônio, além da festa preparada na fazenda, tinha a festa do Padroeiro da Vila de Caracará, feita dentro e no patamar da Igreja de Santo Antônio. À tardinha, meu avô vestia seu terno de casimira azul marinho, colocava sua gravata de seda vermelha, calçava seu sapato preto e montava no seu garboso cavalo Estrela, que o Sales tinha arreado. Minha avó, com seu vestido de linho azul de bolinhas brancas, com cabelos bem penteados e com uma bela marrafa de casco de tartaruga, montava de lado no cilhão da sua égua de estimação, de nome Lua, e o casal saía na frente rumo ao Caracará, para rezar na igreja de Santo Antônio e ter informações sobre o leilão do Padroeiro. O Sales ficava encarregado de levar a meninada, netos do meu avô e os filhos pequenos dos vaqueiros, que totalizavam 20 crianças, sendo necessários cinco burros com caçuás, para transportar a criançada. O Sales, montado no seu cavalo, vigiava de perto o comportamento das crianças. Os meninos eram colocados dentro dos caçuás de couro cru de boi, dois a dois, ou seja, dois meninos em cada caçuá e depois saíam para a Vila de Caracará, distante uns cinco quilômetros da fazenda. A viagem dentro dos caçuás era muito divertida. Eles achavam a viagem melhor do que brincar nos dois brinquedos do rústico Parque de Diversão montado ao lado da igreja, que eram as canoinhas de balanço e os cavalinhos, que rodavam subindo e descendo. Meu avô comprava, nas barraquinhas, bombons de hortelã (Piper) e caixinhas de chicletes para todos os 20 meninos. Após fazer suas orações no interior da igreja, meus avós procuraram o Chico Leiloeiro, encarregado de organizar o leilão do Padroeiro, que ia começar às 8 horas da noite, para se certificar se o carneiro que ele doou, como prenda do leilão, ia ser leiloado naquela noite, pois ele tinha interesse em saber quem arrematou o ovino reprodutor. 

Era emocionante assistir os sertanejos agradecendo à Santo Antônio, ajoelhados diante de sua imagem no interior da igreja. Tiravam o chapéu, erguiam os dois braços para o alto e, em voz alta, agradeciam as chuvas que receberam em seus roçados. Com voz embargada e lágrimas nos olhos, aquele povo simples demonstrava sua imensa gratidão e fé ao glorioso padroeiro. Antes de 7 horas da noite, a comitiva da Fazenda Aracati já estava de volta. Ao chegar em casa, cada um pegava seu prato de canjica de milho verde, feita com leite de vaca, colocava queijo de coalho seco ralado e ia comer ao redor da grande fogueira no pátio da casa grande. O jantar era complementado com cuscuz de milho com carne assada, mugunzá, pamonha, milho verde cozido, bolo de milho, pé de moleque e refresco de tamarindo. Grandes cuias de cabaça com milho cozido, pamonha e pé de moleque ficavam sobre uma mesa no alpendre, à disposição de todos. 

Quase sempre chegavam, da Vila de Santo Antônio do Aracatiaçu, o compadre do meu avô, Zé Sanfoneiro, acompanhado do Chico do Zabumba e Tonho do Triângulo, com seus instrumentos musicais, iniciando a festa dançante, no alpendre cimentado da casa grande, até às 10 horas da noite. Somente os meus tios com suas esposas, os vaqueiros casados e os meus avós dançavam os boleros, xotes, xaxados e baiões tocados pela rústica banda sertaneja. Não havia consumo de bebidas alcóolicas e às 10 horas da noite tudo já estava encerrado. O início e o encerramento da festa eram anunciados com tiros de foguetes, que meu avô mandava comprar, com muita antecedência, do Raimundo Fogueteiro, que morava na Rua das Pedrinhas, em Sobral (nas imediações da primeira ponte sobre o Rio Acaraú ).

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço benedito Vasconcelos Mendes

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