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sábado, 4 de abril de 2020

O QUE A FAMA FEZ COM SUSAN BOYLE, A MULHER QUE REVOLUCIONOU A MÚSICA, A TELEVISÃO E AS REDES SOCIAIS



Há dez anos, uma total desconhecida tornou-se, da noite para o dia, a mulher mais famosa do mundo. É assim que ela vive hoje, depois de conhecer a glória e a riqueza, mas também a obscuridade.

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QUATRO SERTÕES

*Rangel Alves da Costa

Sou divinamente agraciado por haver nascido em solo sagrado de um sertão amado. Minha pátria é sertaneja, minha nação é sertaneja, meu país é o sertão. Ninguém mais noutro lugar nasce com história tão esplendorosa quanto a sertaneja. Nos caminhos que eu caminho um dia passou Antônio Conselheiro, Lampião, Frei Damião das Missões, Zé de Julião, Dona Zefa da Guia, Alcino de havaianas... Vou ao Alto de João Paulo, ao Poço de Cima, ao Curralinho, a Maranduba, a Areias, a Angico, a Queimadas, a Riacho Largo... E quanto mais caminho mais tenho vontade de caminhar, de viver, de sentir de perto e dentro da alma e do coração este sertão. A velha senhora me recebe com alegria, “Parece com Alcino, você é filho de Alcino, meu filho?”, ela indaga enquanto puxa o tamborete. O velho sertanejo já está à porteira quando da chegada. De início, com poucas palavras, mas depois passando na voz as contas de um rosário inteiro de causos, histórias e proseados... E pelos beirais da estrada, pertinho dos tufos de mato, eu vou encontrando e dialogando com mandacarus, xiquexiques, facheiros, jurubebas, pedras, espinhos e flores do campo... Há um mundo bem ali que precisa ser conhecido. A cidade, talvez, seja apenas para viver, mas o conhecimento maior está mesmo depois da curva da estrada, mais além do caminho. E que não me canso de procurar!
Sempre entristeço ante o silêncio melancólico das casas tristes nos beirais das estradas. Portas e janelas fechadas, sem cheiro de café torrado ou de tripa de porco torrando no fogão de lenha. Procuro pelo menino Zezim, procuro pela menina Joaninha. Mas nada. Nem um cachorro magro nem a voz de um papagaio falador. Murchou a bela flor que outrora era avistada no umbral da janela. Esturricou a planta que antes descia pelo caqueiro pendendo no pé de pau. Tenho vontade de ir até lá e bater à porta. Oi de casa, oi de casa! Chamar assim. Desisto, enfim. E sigo pelos meus sertões em busca de portas abertas e daquilo que me dê alegria. Zezim, onde tá você? Joaninha, onde tá você? É o que pergunto em meu pensamento. E entristeço e choro. E silencioso pranteio a dor de todas as ausências do mundo!
Dona Tibúrcia gostava de ouvir o sino da igrejinha tocar quando a boca da noite já estava aberta. A escuridão chegando com aquele badalar solene lhe fazia mais esperançosa e cheia de fé. Gostava daquele ecoar do sino, mas nem tanto assim. E tudo por causa da comoção que logo lhe tomava o peito com cada som que ouvia. Mais ainda quando, ajoelhada perante o velho oratório, rezava pelos seus vivos e seus mortos e a luz da vela lhe parecia sorrir ou chorar. “Pai Nosso que estais no céu...”, e então sua mente reencontrava o rosto de sua mãe como numa névoa de luz. “Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, criador do céu e da terra...”, e então sentia como se alguém partido tão jovem lhe chegasse passando a mão sobre seus cabelos. Após as orações, de cabeça baixa, contrita, mãos entrelaçadas na força da fé, simplesmente deixava que todos chegassem perto de si. Quanta saudade, quanta saudade, quanta saudade! Levantava o rosto envelhecido e encharcado de lágrimas e perante o luzir da chama, outra face parecia avistar: um sorriso lindo e perfeito de seu Deus de Fé. Suspirava, estava refeita, ou parecia. “Que nunca me falte meu Deus, que proteja os meus aqui na terra e nos céus. Amém!”, e então fazia o sinal da cruz para retornar aos seus ofícios no lar. O cuscuz estava pronto, os ovos na frigideira, o café no bule, bastava colocar sobre a mesa. Seguia até a porta para avistar o mundo e dizer: “Que a noite seja um manto iluminado pela paz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém Senhor da Lua. Amém!”.
O restante da noite chorou por causa de um sonho terrível e agonizante. Seu sertão não era mais sertão, aquele seu mundo era outro mundo. Ouvia apitos, gritos, buzinas, ribombos, os sons mais assustadores. Não ouviu, em nenhum momento sequer, o cachorro magro latindo, o gado berrante, o cavalo relinchando, muito menos o cantar do galo nem o chiado da fervura de banha de porco na estaladeira em riba do fogão de lenha. Correu à porta da frente e a escancarou para ter certeza de que não estava noutro lugar. Ainda era madrugada escurecida, silenciosa, com uma lua vaga entre os escondidos das nuvens. A brisa daquela hora lhe chegava como remédio bom. Respirava e suspirava seu sertão. Ainda bem, disse a si mesmo. De repente o galo cantou. E quando o galo canta é sinal de começo de tudo, ainda que o sertanejo comece a cantar sua luta bem antes do canto de qualquer galo. Lavou o resto na cuia, afastou de si todo o temor existente. Benzeu-se num ramo de catingueira, afagou o cachorro que logo chegou a seus pés. Estava feliz, contente. Seu mundo era aquele ali, era outro não. Caminhou em direção ao quintal, juntou lenha no fogão e logo as chamas faziam o café borbulhar. Procurou na despensa um naco de preá da noite passada, levou a carne magra e seca ao braseiro e depois jogou por cima de um punhado de farinha. Bebeu do café, mordeu a perna do preá, agradeceu a Deus. Lançou mão do cantil, trouxe para si o embornal, apanhou seu chapéu de couro, vestiu sua roupa surrada, calçou seu roló todo troncho e saiu para o lado de fora. A vaquinha pastava por ali, o jumento se escondia num canto, a malhada era um galinheiro só. Levantou as mãos para o alto e disse, quase num grito sem medo de ser ouvido: Meu Senhor Jesus Cristo, meu Padim Ciço e Frei Damião, que nada em mim seja vão na luta nesse sertão!

Escritor
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PADRE JOSÉ ANTÔNIO MARIA IBIAPINA. SOBRAL - CE 05/08/1806. SOLÂNEA/ARARA - PB 19/02/1883.



Nos cóleras, ou "cola" como o povo dizia, de 1856 e especialmente no de 1862 em que morreram só na Paraíba mais de 30.000 pessoas, ele não se intimidou. Depois de passar pelo judiciário e pelo legislativo dedicou o resto da sua vida a construir Hospitais, Abrigos, Casas de Caridade. Fundou núcleos urbanos/rurais/religiosos que viriam a se tornar cidades como Soledade na Paraíba e Pio X no Piauí. Os hospitais construídos por ele em tempo recorde com o auxílio da população salvaram muitas vidas, ou ajudaram a um fim de existência mais confortável para muitos. Salvou milhares de meninas da venda das suas virgindades pelos pais desesperados alfabetizando-as, dotando-as de profissões. Andou pelo Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Sempre a pé. Incansável até ficar privado de movimentos. 

Nasceu em Sobral no Ceará e hoje está sepultado em Santa Fé, sua mais querida Casa de Caridade, em Solânea, Paraíba e com fortes interligações com Arara, Paraíba. Já é Servo de Deus. Encontra-se em demorado processo de Canonização. Pode ser considerado o Apostolo do Nordeste no dizer de Celso Mariz. Principalmente do Nordeste Semiárido. Do Nordeste dos desvalidos. Pela sua luta na salvação dos empesteados pelo cólera e outras doenças. Pela sua luta pelas órfãs. Pela sua luta pela água. Por tantas outra lutas roguemos a ele que interceda por nós neste COVID-19. 



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BRASIL CHAPÉU DE COURO


Por Kydelmir Dantas

Mais uma leitura na quarentena... BRASIL DE CHAPÉU DE COURO (edição de 1958), do pernambucano Luís Cristóvão dos Santos... Uma relíquia! Devido alguns comentários e dúvidas, adianto que, fora a imagem da capa, o miolo é composto de reminiscências do autor quando ainda muito jovem na então Villa de Custódia, no estado de Pernambuco. 


Esta capa e algumas ilustrações são da lavra do Poty; a editora foi a Civilização Brasileira, que então tinha gráficas próprias no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. No texto sob o título MUIÉ RENDEIRA, ele conta da entrada de Lampião e seu bando em Custódia e da admiração do menino para com o Rei do Cangaço, que coloca a mão sobre sua cabeça e disse-lhe: "- Menino, cresça pra pegar no rifle!"


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EM TEMPO DE ISOLAMENTO SOCIAL

Por Kydelmir Dantas

Em tempo de isolamento social, prisão domiciliar em prol da saúde coletiva, um pouco da verve do Poeta ANTÔNIO FRANCISCO de Mossoró:


O CORONA VÍRUS VEIO
DA CAIXA-PREGO PRA CÁ.
PERSEGUINDO OS MAIS IDOSOS
DO JAPÃO AO CEARÁ.
E JÁ TEM VELHO DIZENDO:
“VÁ GOSTAR DE VÉI PRA LÁ!”

Foto feita por Teresa Aniely irmã do poeta Thiago Camilo, no aniversário de 70 anos de AF em outubro de 2019. Sentada, dona Pedrinha (mãe do Poeta-mor), de pé: Nerizangela Silva, AF e eu.



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AS CARTAS DOS SERTÕES DO SERIDÓ DE PAULO DE BALÁ


Por Kydelmir Dantas

Conheci PAULO BALÁ exatamente pelas suas correspondências com o Woden Madruga, quando publicadas na coluna deste jornalista, Nas páginas da Tribuna do Norte, Natal. Assim que soube que as mesmas foram compiladas num livro, corri ao seu encalço e consegui o primeiro volume das CARTAS DOS SERTÕES DO SERIDÓ (2000) - ainda quentinho da gráfica, com o autógrafo assim feito: “Ao Kildemir com um afetuoso abraço. 11.08.00.” junto ao ferro de Paulo Balá. Este primeiro livro vem com o prefácio do amigo comum, Woden Coutinho Madruga e as orelhas literárias do Luís Carlos Guimarães.

Não seria diferente, que a correspondência se transformasse no volume 2, com prefácio de Oswaldo Lamartine (em carta escrita, aqui em fac-símile), sob o título: OUTRAS CARTAS DOS SERTÕES DO SERIDÓ (2004); no volume 3, NOVAS CARTAS DOS SERTÕES DO SERIDÓ (2009), com prefácio do jornalista Vicente Serejo e orelhas assinaladas pelo meu amigo, e parceiro em cordel, poeta Jessier Quirino, já peguei no lançamento em Natal e com o afago do autor nos termos... “Para Kydelmir, o homem do cangaço. 2.12.09”; depois vieram as CARTAS DOS SERTÕES DO SERIDÓ – 4º Livro (2013), com prefácio do memorialista Sanderson Negreiros e orelhas do Carlos Newton Júnior; e, finalmente, as ÚLTIMAS CARTAS DOS SERTÕES DO SERIDÓ (2018), publicado sob a regência de dona Zélia (sua esposa) e família, pois, partindo antes do combinado, Paulo de Balá ‘deixou tudo pronto’ para esta edição, com prefácio do Padre João Medeiros Filho, seu confrade na Academia Norteriograndense de Letras, conterrâneo das terras do Seridó, e orelhas furadas a ponta de lápis pelo historiador Frederico Pernambucano de Mello, meu confrade da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.

Este último livro de reminiscências, e sentimentos comuns, li-o em ambiente propício em rede armada na sala da casa grande do sítio Chã da Bulandeira – onde Seu Né de Joca e dona Angelita colocaram 7 filhos (4 homens e 3 mulheres) para darem seus primeiros passos – município de Jaçanã-RN, com a última página virada neste dia dois de abril do ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de dois mil e vinte, neste Século XXI. E que nem todos que se fizeram presentes ao chamado da escrita e da leitura, grito em alto e bom som... VIVA PAULO BALÁ!







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INFORMAÇÃO DO ESCRITOR ANTÔNIO CORRÊA SOBRINHO



Amigos, no site www.antoniocorreasobrinho.com estão disponíveis, em PDF, gratuitamente, os seguintes trabalhos de minha autoria:

BERLIET JÚNIOR ENTREVISTA VOLTA SECA, TRAGÉDIA DE RIACHUELO, ANTONIO MATILDE E OS IRMÃOS PORCINO, NAUFRÁGIO NO RIO DO SAL, TRAGÉDIA DO RIO DO SAL, CANGAÇO E CANGACEIROS, LAMPIÃO, MARIA BONITA E O CANGAÇO, SERGIPE DE OUTRORA, NOTICIÁRIO JORNALÍSTICO DA ATUAÇÃO, PRISÃO E JULGAMENTO DO CANGACEIRO ANTONIO SILVINO, O REPÓRTER VICTOR DO ESPÍRITO SANTO NO ESTADO LIVRE DE PRINCESA, NA PARAÍBA, COM O CORONEL JOSÉ PEREIRA, E NA CAMPANHA MILITAR NA BAHIA CONTRA LAMPIÃO, VISITA DO IMPERADOR DOM PEDRO II À CACHOEIRA DE PAULO AFONSO, MERAS IMPRESSÕES, GABINETE DE RISO, SEBRÃO SOBRINHO NAS CRÔNICAS DE ZOZIMO LIMA, SUAS MAJESTADES IMPERIAIS D. PEDRO II E SRA. TERESA CRISTINA EM SERGIPE, “COMO SE FORJA UM CANGACEIRO”, PALAVRAS QUE EDIFICAM E SALVAM, O QUE DISSERAM OS JORNAIS “DIÁRIO DE PERNAMBUCO”, “A NOITE” E O "JORNAL DO BRASIL” SOBRE OS CANGACEIROS SEBASTIÃO (SINHÔ) PEREIRA E LUIZ PADRE.


QUEM SOU EU


SOU ANTONIO CORRÊA SOBRINHO, TENHO 60 ANOS DE IDADE, BRASILEIRO, SERGIPANO DE ARACAJU, FILHO DE FELINTO CORRÊA E GILDA DE SANTANA CORRÊA; PAI DE SAULO, THOMÁS E THIAGO E AVÔ DE THIELLY, NICOLE E SOFIA. SOU DIPLOMADO EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (UFS), E FAÇO PARTE, DESDE MARÇO DE 1985, NO SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL, DA CARREIRA  AUDITORIA-FISCAL DO TRABALHO, ONDE OCUPEI OS CARGOS E CHEFE DA FISCALIZAÇÃO, DIRETOR DE RELAÇÕES DO TRABALHO E O HONROSO CARGO DE DELEGADO REGIONAL DO TRABALHO. DE 1977 a 1981, LECIONEI GEOGRAFIA, NO GINÁSIO MUNICIPAL PROF. EMILIANO NUNES DE MOURA, NA CIDADE DE JAPARATUBA/SE, E, DE 1989 A 1991, NA UNIVERSIDADE TIRADENTES (UNIT), EM ARACAJU, A DISCIPLINA LEGISLAÇÃO SOCIAL, NOS CURSOS DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ECONOMIA.



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ESCRITOR E HISTORIADOR JOÃO DE SOUSA LIMA TOMA POSSE EM ARACAJU NA ABLAC - ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS E ARTES DO CANGAÇO

Por João de Sousa Lima

Foi realizado em Aracaju na última sexta feira, dia 13 de março de 2020, no auditório da Universidade |Tiradentes – UNIT, a solenidade de posse dos Integrantes da ABLAC - Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço.

A Cerimônia contou com a participação de numerosa assistência entre autoridades civis e militares, estudantes, pesquisadores, escritores e público em geral. Foram empossados 41 acadêmicos todos escolhidos a partir de criteriosa pesquisa em razão de seus trabalhos na análise do fenômeno cangaço. Sete estados do Nordeste foram representados entre os escolhidos, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte.

A Bahia teve três representantes da cidade de Paulo Afonso, nas pessoas dos escritores João de Sousa Lima, hoje presidente do IGH-PA – Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso, Gilmar Teixeira e Luis Ruben.

A ABLAC busca agregar o conhecimento disperso nos vários territórios da região, de maneira a afunilar os estudos e propor novos entendimentos, ampliando esses olhares para as coisas do sertão.

A cerimônia repercutiu intensamente nos meios culturais pela pluridade dos acadêmicos e pela proposta inovadora da entidade.

    João de Sousa Lima que tem como patrono o poeta e conterrâneo Rogaciano Leite, falou da importância e da honra em tomar posse na ABLAC, salientando que seus longos anos de pesquisas no tema cangaço agregam agora um valor inestimável em sua extensa trajetória de análises das histórias orais e do resgate dos fatos que tão densamente marcou um período do povo Nordestino no mais profundo Sertão.




João de Sousa Lima e o ex governador e Senador Albano Franco



três representantes de Paulo Afonso Luis Ruben, João de Sousa Lima e Gilmar Teixeira



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NO FOGO DO SERROTE PRETO POR:VALDIR JOSÉ NOGUEIRA

Corria o ano de 1925, em fins do mês de março daquele ano, a cidade de Vila Bela, no sertão de Pernambuco, presenciava um intenso movimento de forças volantes, sob o comando do coronel João Nunes, que havia chegado aquela cidade do Pajeú no dia 23, com numerosa força policial deste Estado, incluindo mais dois Estados, da Paraíba e Alagoas, num total de 200 homens, cujo objetivo era proceder combate ostensivo ao terror impetrado na zona sertaneja pelo banditismo.
No dia seguinte da sua chegada, o coronel João Nunes distribuiu essa numerosa força em vários contingentes que seguiram no encalço de Lampião, sob o comando dos capitães José Caetano, José Lucena, tenentes, Muniz de Andrade, Pedro Malta, Hygino e Clementino. O coronel João Nunes ficou com os tenentes João Gomes e o belmontense Sinhozinho Alencar, este como seu secretário e aquele por se achar doente.
Durante a sua estadia em Vila Bela, foi o coronel João Nunes muito visitado no Paço do Conselho Municipal, onde ficou hospedado. A notícia da sua chegada ao Pajeú deixou a princípio a população local muito esperançosa, e muito confiante nas medidas que haviam sido tomadas pelos governos dos três Estados nordestinos, ora coligados para o extermínio do bando de Lampião. Entretanto, a chegada da força policial à Vila Bela gerou comentários nas rodas de amigos, nas calçadas, nas budegas, na feira...diziam alguns sertanejos, com suas astutas experiências que não seria ainda daquela vez que Lampião, seria pilhado.
Manoel Severo, Valdir Nogueira, Manoel Serafim, Gurgel Feitosa e De Assis, em dia de caatinga no Cariri Cangaço 10 Anos

Cangaceiro dos mais terríveis que já deu o sertão de Pernambuco, o “dito-cujo” era de uma audácia sem nome. Prova-o a última façanha ocorrida em fevereiro de 1925 no “Serrote Preto”. Sabendo da aproximação de uma força policial composta de 75 homens sob o comando de três bravos oficiais, 2 da Paraíba, e 1 de Pernambuco, tenentes Francisco Oliveira, Joaquim Adauto e João Gomes; em vez de fugirem, os cangaceiros os esperou, apesar da inferioridade numérica de seus 24 comparsas. E os esperou com uma sorte tal, que além de deixar o campo juncado de cadáveres inimigos, ainda conseguiu fazer o devido saque.
Assim é que, dias depois, de rota batida para o Pajeú passou o cangaceiro por Vila Bela conduzindo grande quantidade de armas e munições, apanhadas no conflito do “Serrote Preto”. Como nas coisas mais sérias da vida, há sempre um lado cômico e engraçado até, dizem que Lampião prometeu não mais matar soldados, mas sim, somente oficiais, isto por ter encontrado no bolso do oficial morto 2 contos de réis, enquanto que, no bolso de um soldado, apenas 300 réis.
Lampião tinha no seu cangaço dois irmãos: Levino e Antônio Ferreira, e que nos encontros com a polícia formavam sempre três grupos, com retaguardas etc. No combate do “Serrote Preto”, foi a retaguarda de Levino que desbaratou a polícia, causando-lhe 12 mortes, inclusive dois oficiais e vários feridos.
Valdir José Nogueira de Moura, Conselheiro Cariri Cangaço
São José de Belmonte


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MUITO IMPORTANTE PARA TODOS NÓS


Por Laila Ahmadi da China

Olá, sou Laila Ahmadi da China estudante da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Zanjan.

O vírus Corona ou COVD-19 chegará a qualquer país mais cedo ou mais tarde, e não há dúvida de que muitos países não possuem nenhum kit ou equipamento de diagnóstico sofisticado.

Por favor, use o máximo de * vitamina C natural possível * para fortalecer seu sistema imunológico. Atualmente, o vírus não contém vacina nem tratamento específico Infelizmente, devido à mutação genética que o tornou muito perigosa Esta doença parece ser causada pela fusão do gene entre uma cobra e um morcego, e adquiriu a capacidade de infectar mamíferos, incluindo humanos.

É importante ter maior conhecimento da doença: o professor Chen Horin, CEO do Hospital Militar de Pequim, disse: "Fatias de limão em um copo de água morna podem salvar sua vida".

Portanto indecentemente do que estiverem fazendo dê uma olhada nesta mensagem e passe para outras pessoas!

Limão quente pode matar células cancerígenas! Corte o limão em três partes e colocado em um copo, depois despeje água quente e transforme-a em (água alcalina), beba todos os dias, definitivamente beneficiará a todos. O tratamento com esse extrato destrói apenas células malignas e não afeta células saudáveis.

Segundo: o ácido carboxílico do suco de limão podem regular a pressão alta, proteger artérias estreitas, regular a circulação sanguínea e reduzir a coagulação do sangue.

Depois de ler a mensagem transfira-a para a pessoa que você ama e cuide da sua saúde pessoal.

Conselho: O professor Chen Horin observa que quem recebe essa mensagem tem pelo menos a garantia de salvar a vida de alguém ... Eu fiz o meu trabalho e espero que você possa me ajudar a desenvolvê-lo também.

Deus abençoe-nos.


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CANGAÇO CAMPINA - "AS MULHERES NO CANGAÇO"

Por João de Sousa Lima


Palestra de João de Sousa Lima durante o evento Cangaço Campina 2019.
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UM CIVILIZADOR NO CARIRI - PARTE I


Por Bruno Yacub Sampaio Cabral

Para lembrarmos dos 80 anos de falecimento do primeiro chefe político e o gestor municipal de maior duração na história de Brejo Santo, A Munganga Promoção Cultural disponibiliza para os leitores, o texto "Um Civilizador no Cariri", de autoria do Padre Antônio Gomes de Araújo e publicado na revista A Província; Ano 3; N° 3; em 7 de julho de 1955; Crato - Ceará; págs. 127 a 146. O texto será dividido em três partes.

CORONEL BASÍLIO GOMES DA SILVA
80 ANOS DE FALECIMENTO

08.04.1940
08.04.2020

UM CIVILIZADOR NO CARIRI
PARTE UM

(À memória de Victor José Modesto cofundador da cidade pernambucana de Araripina)

Por Padre Antônio Gomes de Araújo

…a vida conspícua de um varão sintetiza tudo quanto há de mais grandioso e edificante, através da história da humanidade. Mário Linhares (In Rev. da Academia Cearense de Letras, fls. 31 – 1954).

Cel. Basílio, que por muitos anos ocupou ali (em Brejo dos Santos) o mesmo cargo (de prefeito municipal) na quadra mais terrível por que tem passado o sul do Estado nas suas frequentes mutações políticas, imprimindo tão honesta, pacífica e segura orientação, que conquistou para aquela localidade o título de “Seio de Abraão”. O Araripe, 11-10-1919 (Crato, Ceará), de José Alves de Figueiredo, jornalista e poeta.


O venerando coronel Basílio Gomes da Silva, foi uma das figuras de mais relevo, de mais larga projeção, de atuação mais acentuada, na vida pública desta região, mormente em seus períodos mais agitados. Brejo dos Santos isolava-se em meio às tormentas que batiam de todos os lados, como um oásis de paz, de bem estar e segurança, graças à ação prudente e pacifica de seu ilustre chefe que era, com justiça, tido naquela cidade como o patriarca da terra. Padre Leopoldo Fernandes, "Basílio Gomes da Silva", pgs. 1 e 2, Tip. Mainha, Crato-Ceará, 1940.

O CENÁRIO

O brejo, em cuja orla ergue-se a atual cidade cearense de Brejo Santo, sede do município caririense de idêntico nome, foi, em seus primórdios e ao longo de muitos anos, o coração da fazenda "Brejo", e, ao que parece, o núcleo social, primeiro, daquela comuna, á qual deu o seu nome, depois acrescido de "Santos" apelativo de antigos donos da fazenda "Nascença”, limítrofe de sua congênere, mencionada.

Embora uma tradição de 240 anos, oral e escrita, atribua á viúva baiana, Maria Barbosa, o título de pioneira do senhorio das citadas fazendas, recebidas em datas de sesmaria; apesar de o alagoano, tenente coronel Antônio Mendes Lobato e Lira, haver conseguido em 28.01.1714, terras na região, no "'Brejo da Barbosa", não obstante estes fatos ponderáveis, em verdade o véu de certa obscuridade envolve, ainda, os cinquenta primeiros anos da vida histórica das mesmas fazendas, células matrizes da cidade brejo-santense.

É historicamente certo, entretanto, que, em 1769, a fazenda “Brejo” era propriedade do casal baiano-caririense, aí, domiciliado, Francisco Pereira Lima - Teodora Maria da Conceição, sendo, ela, filha legítima dos baianos, alferes Gonçalo Coelho de Sampaio e s. m. Lourença Barbosa de Melo, troncos, neste Cariri, dos Sampaio, dos Coelho, e dos Correia, de Barbalha e Jardim, e ascendentes dos descendentes de Basílio Gomes da Silva, de Brejo Santo, entre os quais sou numerado.

Falecidos em datas diferentes, Francisco Pereira Lima e Teodora Maria da Conceição legaram a fazenda "Brejo", inteiriça, a seus filhos, cuja descendência a vendeu, retalhadamente, no curso de todo o século passado, acontecendo que uma parte coube ao alvo deste trabalho, Basílio Gomes da Silva, pelo casamento contraído, 1869, com Maria da Conceição de Jesus, trineta daquele casal patriarcal.

Configurando dentro na região nordestina em que surgiu e medrou uma civilização curraleira, e projeção dela no Cariri - o território atual do município de Brejo Santo constituiu-se numa vasta paisagem pastoril de extensas fazendas de gado vacum, durante os séculos 18 e 19, restringindo-se, a agricultura, ao consumo local.

Na sexta década do último século, referido, resumiam a aristocracia local, entre outros: os Pereira Lima, ramos do citado Francisco Pereira Lima; os Pereira de Lucena e os Alves de Moura, originários da Paraíba; os Martins, procedentes de Portugal na pessoa de seu tronco, Bartolomeu Martins de Morais; os Cardoso, de Barbalha, Ceará; os Sá Batinga, vindos de Cabrobó, Pernambuco; os Gomes da Silva, alguns portando o sobrenome – Bezerra - mas todos pertencentes ao mesmo clã parental, fundado pelo português Manuel Gomes da Silva, emigrados do município pernambucano de Águas Belas.

Nos poucos, pouquíssimos latifúndios pastoris, que cobriam a região, agitava-se uma população rarefeita, constituída de assalariados, meieiros e rendeiros, gente humilde, mas heroica.

Nenhuma instrução havia, nem aglomerado humano ou urbano. O centro religioso e civil estava em Jardim, de cujo município e paróquia dependia esse rincão caririense.

O brejo do sitio "Brejo" destinava-se, logicamente para o centro urbano, religioso e político da terra, consideradas suas aguadas perenes, as quais ofereciam pouso obrigatório, ponto de cruzamento, que era, e é, das estradas que, do sertão pernambucano e de Jardim, conduziam às zonas dos rios Salgado e Jaguaribe, e S. João do Rio do Peixe na Paraíba. A Transnordestina incide sobre a 1ª, estrada.

Pelo curso do ano de 1858, na área da atual cidade de Brejo Santo, recortavam-se os perfis de duas casas apenas, o prédio - logradouro dum curral de gado bovino, de propriedade do coronel Aristides Cardoso dos Santos, e a vivenda de Antonio José de Sousa e sua esposa Senhorinha Pereira Lima, bisneta do aludido patriarca do sítio "Brejo", Francisco Pereira Lima. Antonio e Senhorinha casariam sua filha, Maria da Conceição de Jesus, com Basílio Gomes da Silva, conforme já escrevi.

NO SÍTIO "BREJO"

Nesse cenário e naquele ano, Basílio Gomes da Silva, aos 12 de idade - nascera, 14 de julho de 1846, na vila pernambucana de Águas Belas, surgiu na companhia de seus pais, os pernambucanos José Francisco da Silva, de Buíque, Ana Gomes da Silva, também de Águas Belas, Ana foi filha do casal luso-baiano, Manuel Gomes da Silva - Cândida da Rocha Pita, filha, por sua vez, de outro casal luso-baiano, capitão-mor João da Rocha Pita - Cândida da Rocha Pita, senhores na segunda metade do século 18, de extenso latifúndio pastoril em Baixa-Verde, atualmente Triunfo, no Estado de Pernambuco.

Ana Gomes da Silva, mãe de Basílio Gomes, faleceu em 08.06.1859, como mostra o Livro de Registro de Óbitos da paróquia de Missão Velha, 1851 - 1859, fls. 171 verso. A mãe de Basílio Gomes da Silva está sepultada na Matriz de Milagres - CE. — em Brejo Santo.

Ana Gomes da Silva, mãe de Basílio Gomes, faleceu em 08.06.1859, como mostra o Livro de Registro de Óbitos da paróquia de Missão Velha, 1851 - 1859, fls. 171 verso. A mãe de Basílio Gomes da Silva está sepultada na Matriz de Milagres - CE.

Acompanharam Basílio Gomes, seus irmãos, dos quais era o benjamim: Antônio Gomes da Silva Bastos, Lourenço Gomes da Silva, Luzia Gomes da Silva, Víctor José Modesto e Inácio Gomes da Silva. Exclusão feita dos dois últimos, tendo, Inácio, voltado a Águas Belas, onde fundou numerosa descendência, e Victor, se retirado para Pernambuco, e, no sítio São Gonçalo de Sanhem, lançado uma das raizes sociais da atual Araripina, exclusão feita, dos dois últimos, repito, Basílio Gomes, e os outros imigrados, seus irmãos, fixaram-se definitivamente á margem do brejo da fazenda “Brejo”, sob a direção do pai.

A Basílio Gomes e irmãos, logo se vieram juntar, vindos igualmente de Águas Belas, donde eram naturais, alguns primos, filhos de sua tia materna, Joana Maria Gomes Cavalcante, casada com o pernambucano Inácio Gonçalves Bezerra, o “Inacinho”, que acompanhou os filhos, todos adultos. Foram eles: João Gomes da Silva, bisavô meu e do deputado José Napoleão de Araújo; Manuel Inácio Bezerra; Joaquim Gomes da Silva Torres; Carlota Maria Gomes; Félix Inácio Bezerra e Antonio Inácio Bezerra. Deixaram em, Pernambuco quatro irmãos casados. Alguns de seus descendentes vieram, em seguida, estabelecer-se, por igual, no então Brejo dos Santos. Designo, nominalmente, os quatro: Cândida Gomes Silva, c. c. João de Barros Cavalcante; Maria Francisca Gomes da Silva, c. c. o alferes José Pereira Nunes, avós do farmacêutico pioneiro de Brejo Santo, João Anselmo e Silva, pai do tenente Otacílio Anselmo; Luzia Inácio Bezerra, c. c. em primeiras núpcias com Antônio Nunes Barreto; Ponciana Maria Bezerra, que foi casada e deixou prole.

Basílio Gomes, seus irmãos e primos constituíram famílias numerosas em Brejo Santo, de que são co-construtores respeitáveis,

Dessa maneira, os descendentes de Manuel Gomes da Silva e Cândida da Rocha Pita, em breve se converteriam num poderoso clã parental na nova terra que adotaram por pátria, clã sempre reforçado pela inclusão de novas famílias através de uniões matrimoniais. Por exemplo: com os Lucena, os Alves de Moura, os Araújo Lima e os Leite Rabelo.

O clã de consanguíneos e afins, assim estruturado no campo social, assumiria o caráter de incontrastável força política local, se surgisse uma têmpera de chefe que lhe imprimisse unidade sólida e direção segura.

Basílio Gomes da Silva seria o chefe social e político desse clã, posição que lhe conquistou, com justiça, o título de Patriarca de Brejo dos Santos, na expressão do padre Leopoldo Fernandes.

INICIAÇÃO POLÍTICA

Como já foi escrito, Basílio Gomes matrimoniou-se no ano de 1869 com a jovem Maria da Conceição de Jesus, filha, neta, bisneta, tataraneta respectivamente de Antônio José de Sousa, Antônio Pereira Lima, tenente João José Moreira Guimarães, Francisco Pereira Lima e alferes Gonçalo Coelho de Sampaio. Maria da Conceição, ou dona Conceição, como era conhecida, seria a companheira ideal de Basílio Gomes, até 1919, quando faleceu, depois de lhe dar 11 filhos dos quais formaram-se por seu turno, troncos de famílias numerosas.

Já, então, Basílio Gomes começava a impor-se ao meio pela circunspecção, a palavra sóbria, o juízo exato, a mentalidade aberta, o empreendimento e realização largos, a energia temperada, o ímpeto progressista, a iniciativa fecunda, a inflexibilidade de caráter, o faro da realidade, a perspicácia, a maleabilidade no trato com os homens, o poder catalizador, a bondade nata, a decisão ponderada, o poder de direção, a aversão à violência e o apego intransigente ás soluções pacíficas.

Em 1864, os principais da terra constituíram-no seu representante junto aos políticos de Jardim, e estes, a ele, seu cabo eleitoral, no sítio “Brejo”.

Nessa ocasião, ele inscreveu-se no Partido Conservador, fato decisivo em sua vida de homem público, pois, desde então, foi o chefe político de Brejo Santo até 1920, 16 anos á frente do poder executivo municipal.

TEMPLO E POVOAÇÃO

Basílio Gomes da Silva criou o complexo da grandeza de seu rincão adotivo. Afora o sentimento religioso, que ele possuía, profundo, a experiência lhe falava da influência social dos templos na gênese das povoações. Por motivo religioso e político, conseguiu, á frente de um grupo de amigos, do então vigário de Jardim, padre Joaquim de Sá Barreto, parente de sua esposa, a presença do padre Ibiapina na fazenda Brejo, quando esse Apóstolo do Nordeste missionava em Porteiras e Goianinha (Jamacarú).

No curso das pregações Ibiapina traçou os limites e lançou a pedra fundamental dum templo dedicado ao Coração de Jesus, templo em torno do qual se formaria a futura cidade.

Basílio Gomes inspirou atividades e estimulou esforços, dirigidos no sentido da construção da modesta capela, fadada a converter-se em ampla matriz, cujo patrimônio foi oferecido por Francisco Alves de Moura, que Basílio Gomes fizera sogro de seu irmão, o citado Lourenço Gomes. E foi além. Criou a mentalidade da construção de residências em derredor do templo, mentalidade urbanista. Orientou alinhamentos. Diante de seu dinamismo e olhos progressistas, começou a surgir o casario. Era a povoação.

O DISTRITO

Basílio Gomes, por si e pelos do Brejo dos Santos, agiu sobre os políticos de Jardim com o fim de obter, para terra, os foros de distrito. Satisfeita a pretensão, no mesmo ano ele assumiu a chefia politica da nova circunscrição municipal cabendo, as funções policiais, a um seu irmão o mencionado Víctor José Modesto.

A FREGUESIA

Basílio Gomes cooperou indireta e superiormente para a criação da freguesia de Brejo Santo.

No primeiro semestre daquele ano de 1875, d. Antonio Luiz dos Santos, primeiro bispo desta província, encontrava-se nesta cidade de Crato, empenhado na construção do prédio do seminário, que hoje branqueja a cavaleiro de nossa urbe, como um marco, quase secular, de superior civilização no Cariri. Basílio Gomes lançou a ideia da criação da paróquia, entre os brejo-santenses qualificados, e encabeçou o apelo escrito, que, neste sentido, e com a aprovação previa do vigário de Jardim, foi dirigido ao ilustre Antíste por intermédio do referido pároco, que se fez patrono dos peticionários. Entre outros, assinaram o documento: coronel Francisco Alves de Moura, Francisco de Sá Batinga, capitão Francisco Pereira de Lucena, João Gomes da Silva, Joaquim Gomes da Silva Torres, Antonio Gomes da Silva Bastos, Manuel Inácio Bezerra e Antônio Silião Bispo.

Resultado positivo, pois a Lei Provincial número 1708, de 25 de julho do ano de 1876, criou a freguesia e lhe traçou os limites, destacando-a das paróquias de Milagres e Jardim. E, dela, tomou posse, seu primeiro vigário, 02.09.1877, o padre Francisco Lopes Abath, de ilustre família cratense e tio materno do honrado Teopisto Abath, residente nesta cidade.

O vigário era pobre. A freguesia, pobre também, começava a sofrer os terríveis efeitos da que seca, que se prolongaria até 1879, acompanhada de incursões dos grupos dos bandidos dos Quirinos, dos Calangros e outros, frequentes na nova paróquia, cuja escrita acusou, no ano de 1878, 126 batizados e 16 casamentos.

Em 1884, escrevia o pároco padre Abath que aquela seca e os bandidos haviam despovoado bastante a freguesia, reduzindo o povoado de Porteiras a oito habitantes.

Durante os três anos secos, e o seguinte, 1880, Basílio Gomes organizou e dirigiu um bloco de pessoas generosas que mantiveram economicamente o vigário, ou melhor, auxiliaram-no.

Cinco anos depois da mencionada crise, o padre Belarmino Gomes de Sousa, achou-se em Brejo dos Santos, secretariando d. Joaquim José Vieira, sucessor do dito d. Luiz Antônio dos Santos, e, em quem, aquela paróquia contemplava. Pela vez primeira, um príncipe da Igreja, o qual permaneceu ali, dois dias, de 29 a 30 de julho de 1884. O secretário escreveu: "Chegamos nesta paróquia na manhã de 29 de julho. Aí encontramos uma população pobre, mas prendada dos melhores predicados, convicta e animada para as nobres conquistas do trabalho, de que vive na confiança de seus perseverantes esforços. Não obstante batida pelos bandos de sicários que no triênio da seca devastaram aquele e outros lugares, do que encontramos vestígios, a população de Brejo é bastante valorosa e resignada na história que conta de seus infortúnios.

A casa que nos deram, em falta de outra, para hospedagem, foi a que serviu de trincheira de um dos grupos facinorosos, que sustentaram um tiroteio com outro grupo; não menos insolente, que disputava a posse do lugar”.

VILA

Monarquista, Basílio Gomes dirigia, em Brejo Santo, a secção distrital do Partido Conservador, em nome dos chefes municipais de Jardim, como se disse. Como distintivo partidário, conservava a barba, que lhe era breve, uso com que transitou. Sem mais esse simbolismo, para o regime republicano, a manteve até a sepultura.

O trânsito para a nova ordem instaurada no País em 15 de novembro de 1889 fê-lo, Basílio Gomes, sobretudo ao influxo da nítida compreensão do fato consumado, e tocado de acentuado civismo e olhos postos na grandeza de sua gleba. Mas, surpreendida a oportunidade, não aderiu sem explorá-la superiormente em beneficio de seu distrito, exigindo em compensação, a sua elevação à categoria Vila. Já, então, Brejo Santo era parte do município de Porteiras, há pouco tempo, criado.

A aspiração e esforços do chefe político brejo-santense concretizaram-se nos termos do decreto número 49 de 26 de agosto de 1890, de autoria do Governador do Estado coronel Luiz Antônio Ferraz, que, nessa data e por esse decreto, criou a Vila de Brejo dos Santos.

Continua.

O Brejo é Isso!

Por Bruno Yacub Sampaio Cabral

A Munganga Promoção Cultural

Extraído do texto "Um Civilizador do Cariri"; do Padre Antônio Gomes de Araújo; publicado na revista A Província; Ano 3; N° 3; em 7 de julho de 1955; Crato - Ceará; págs. 127 a 146.

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