Por: José Mendes Pereira
1 - Segundo o escritor e historiador Raimundo Nonato, em uma tarde, Jesuíno Brilhante hospedou-se em uma casa. O dono da residência não se encontrava no lar. Um bandido, de nome Montezuma, procurou se aproveitar da ausência do homem e começou a perseguir a dona da casa. Jesuíno revoltado com o desrespeito do bandido resolveu matá-lo.
2 - Outra vez assassinou um escravo de nome José, porque ele tentou violentar uma mulher.
3 - Jesuíno Brilhante foi um cangaceiro que assassinou algumas pessoas, mas seus crimes tinham motivos, porque a sua finalidade era combater a injustiça social, as violências contra as mulheres, a falta de respeito com a população mais humildes. Usou a sua estratégia defendendo os pobres.
4 - Recado de Lampião para Corisco, dirigido ao tenente João Bezerra, o homem que o perseguiu até matá-lo. “-Diga a ele qui eu num tenho medo de boi veaco, quanto mais de bezerra”.
5 - Frase de Lampião. “Premero de tudo, querendo Deus, Justiça! Juiz e delegado que não fizer justiça, só tem um jeito: passar ele na espingarda!”.
ANTONIO SILVINO
Antonio Silvino recebeu a quantia e partiu dali, dizendo: “-Eu não poderia atacar um homem tão bom para os pobres como o Senhor, Coronel”.
Conta-se ainda que certo dia, Antonio Silvino estava arranchado bem perto de uma estrada, e lá vinha um senhor montado em um jumento que carregava uns caçuás. E antes que o homem passasse, ele o interrompeu perguntando:
- Para onde o sinhô vai?
- Vou à feira senhor, fazer compras.
- E quanto leva im seu bôço?
- Levo vinte mil réis.- Poiz mi dê!
O homem já sabendo que estava diante do cangaceiro Antonio Silvino, não recusou, passou-lhe o dinheiro e puxando as rédeas do animal, dirigiu-se voltando para casa.
- O sinhô disse qui ia fazê feira. Pur qui vai vortá?
- Eu ia Senhor, mas o dinheiro o senhor me pediu?
Antonio Silvino enfiou a mão no bolso, tirou o que era do homem, mais outro do seu, e lhe deu dizendo:
-Agora vá à cidade e compri o dobro de alimentos pra seus fios...
PALAVRAS DE BALÃO - Segundo a Revista Realidade
“-Na madrugada do ataque ao nosso bando, Mergulhão levantou-se de um salto, mas caiu partido ao meio por rajada de balas. Quando me levantei, vi um soldado batendo na cabeça de Mergulhão. De repente ele estava com o cano de sua arma encostado à minha perna e eu apontando o meu mosquetão contra a sua barriga. Atiramos iguais. Ele caiu morto, mas eu não senti nada. (Com certeza foi o soldado Adrião Pedro de Sousa). Então vi Lampião caído de costas com uma bala na testa. Todos estavam mortos. Maria Bonita estava ferida e escondeu-se de baixo de algumas pedras, mas foi encontrada e degolada viva. Não havia tempo para chorar. As balas batiam nas pedras soltando faísca e lascas. Ouviam-se gritos por toda parte. Luiz Pedro ainda gritou: - “Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião” Não conseguiu. Caiu atingido por uma rajada de balas. Corri até ele, peguei seu mosquetão e com Zé Sereno conseguimos furar o cerco. A selvageria policial foi equivalente a (NÓS), bandidos. Era um inferno”.
SEGUNDO O DIÁRIO DE BORDO
Manoel Dantas Loyola, o cangaceiro Candeeiro, de Buíque-PE, sobreviveu a Angico, na época do cangaço. Entrou no bando de Lampião em 1937, mas disse que foi por acidente. Trabalhava em uma fazenda em Alagoas, quando Lampião e seu grupo chegaram ao local. Pouco tempo, a fazenda ficou cercada por policiais e o tiroteio foi tão intenso que ele para não morrer, preferiu seguir os bandidos.
No primeiro combate, ele foi ferido na coxa. A ferida foi fechada com farinha peneirada e pimenta. "Era muita bala no pé do ouvido", disse ele a um repórter do Diário de Bordo.
Candeeiro é aposentado na Vila São Domingos, distrito de sua cidade natal, e atende pelo nome Manoel Dantas Loyola, ou seu Né. Na época, ele garantiu que acreditava que alguns cangaceiros poderiam estar vivos, como: Vinte e Cinco Borboleta..., espalhados pelos Estados de Pernambuco, Alagoas e Bahia.
Quando o repórter perguntou sobre filhos de Maria Bonita, Candeeiro disse que conviveu os dois últimos anos de vida com Lampião, e confessa não ter visto Maria Bonita grávida neste período. “Ela teve dois abortos, mas todos antes de 1938.
O único mistério que ainda permanece na história de Lampião, é sobre sua morte. Mesmo traído por coiteiros como: Antonio da Piçarra Pedro Cândido e outros, aí é que surgem as perguntas: 1 - Por que Lampião, como bom estrategista que era, escolheu a Grota do Angico, um buraco sem saída para acampar durante 15 dias?
2 - Como é que pode um grupo de 34 cangaceiros, ter sido pego de surpresa por outro grupo de 48 policiais, que caminhou e rastejou morro acima por quase duas horas e ninguém viu?
3 – Por que os cães e os vigias do bando de Lampião não notaram nada?
4 - Por que duraram 15 minutos para eliminar o bando de cangaceiros que nem resistiu, já que a volante policial tinha metralhadoras para eliminá-lo em cinco minutos, no máximo?
5 – Por que o cangaceiro Amoroso, não foi metralhado na hora que foi fazer XIXI, pois o mesmo ficou cara a cara com um policial? (Segundo reportagem que eu li).
Eu admito que alguém diga que não, mas eu acho que tinha boi na linha. Esta é a minha opinião.
LAMPIÃO TINHA RESPEITO E CONSIDERAÇÃO AOS VELHOS E POBRES
Conta-se que certa noite, os cangaceiros pararam para pernoitar e jantar num pequeno sítio, Um dos homens do bando, queria comer carne e a dona da casa, uma senhora de mais de 80 anos, tinha preparado um ensopado de galinha. O sujeito saiu e voltou com uma cabra morta nos braços.
-Tá aqui. Matei essa cabra. Agora, a senhora pode cozinhar pra mim?
A velhinha, chorando, contou que só tinha aquela cabra, e que era dela que tirava o leite para alimentar os seus três netinhos, já que não tinha outro alimento.
Sem tirar os olhos do prato, Lampião ordenou:
-Paga a cabra da mulher.
O cangaceiro, contrariado, jogou algumas moedas na mesa, dizendo:
- Isso pra mim é esmola.
- Agora paga a cabra, sujeito! – Disse Lampião.
- Mas capitão, eu já paguei!
E o sujeito pagou a cabra duas vezes.
POR QUE O APELIDO "LAMPIÃO?"
Palavras do Sinhô Pereira: "Num combate à noite, na fazenda Quixaba, o nosso companheiro Dé Araújo comentou que a boca do rifle de Virgulino mais parecia um lampião. Eu reclamei, dizendo que munição era adquirida a duras penas. Desse episódio resultou o Lampião que aterrorizou o Nordeste”.
HOMEM SUJEITO A PASSAR PELAS MÃOS VINGATIVAS DE LAMPIÃO
Certa vez, Lampião e seu bando, iam de estrada a fora nas terras de Pernambuco. Como Lampião era fumante, e não tinha mais fumo na sua algibeira, viu um senhor lá dentro do roçado cultivando.
Quando o homem viu Lampião se aproximando, imaginou correr, mas temeu e resolveu esperar o facínora.
-É Lampião! Meu Deus! O que eu faço agora? Se eu correr, ele me alcança na pontaria do seu rifle.
Ao chegar perto do homem, Lampião perguntou-lhe:
-Ocê fuma cabra?
O homem apoderado de medo respondeu-lhe:
-Nem fumo e nem masco capitão! Mas se o senhor quiser, eu faço os dois agora!
Lampião sentindo que o homem estava com medo, batendo no seu ombro disse-lhe:
-Num tenha medo não, cabra! Um cangaceiro que se preza, não mexe cum home. Mexe cum cabra safado! O sinhô fique calmo, que o Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Capitão Lampião, que sou eu, jamaiz faiz covardia cum um home como o sinhô. Trabaiadô!
E em seguida retornou ao encontro do bando, pulou a cerca e foi-se embora.Quando Lampião saiu do local, o homem se benzeu agradecendo a Deus pela proteção recebida.
POR QUE LAMPIÃO COMEÇOU A USAR ÓCULOS?
Em agosto de 1925, quando ele fez uma invasão pelo sertão de Pernambuco, Lampião e seu grupo foram surpreendidos pela polícia da região, e esse tiroteio, deixou uma marca para toda sua vida. Livino Ferreira, o seu irmão mais novo, foi atingido pelos policiais e morreu. Lampião foi ferido no olho direito, por um espinho de cacto, que o policial o atingiu com uma escopeta.
Ele foi levado a um médico numa cidade próxima ao acidente, chamada Triunfo, onde retiraram o espinho do seu olho, mas o médico não conseguiu evitar a sua cegueira.
Lampião proseou dizendo que precisava apenas de um olho para atirar, dois eram luxos, já que mesmo tendo dois, tinha que fechar um, e não se importou com o ocorrido. A partir daí, tornou-se canhoto na hora de atirar, e usava óculos para esconder a cegueira daqueles que não o conheciam, e para proteger o outro olho do sol sertanejo.
LAMPIÃO E O CANGACEIRO VOLTA SECA QUASE SE ENFRENTARAM
Segundo o escritor Joel Silveira, o cangaceiro Volta Seca reafirmou uma briga que teve com Lampião em 1931, por querer socorrer Bananeira, ferido em combate. Lampião achava que o socorro poderia ocasionar problemas sérios de confrontos com a polícia. Volta Seca agia solidariamente, sem querer deixar para trás o companheiro atingido por tiros. O ambiente ficou tenso, e por pouco as duas feras (suçuaranas) não se enfrentaram.
A fama de valentia, contudo, ampliou-se dentro e fora do grupo, e por Volta Seca ter fama de compositor e de cantor, tendo ele salvado parte do repertório dos grupos de cangaceiros.
O disco da Todamérica é um bom exemplo, e foi reproduzido em parte, décadas depois, por um álbum, long-play, dos Estúdios Eldorado, de São Paulo, com o título de A Música do Cangaço. Nele, além das canções cantadas por Volta Seca, figuram artistas como Luiz Gonzaga, Sérgio Ricardo, Teca Calasans e Antonio Carlos Nóbrega.