Por Geraldo Maia do Nascimento
Fevereiro
chegando e o povo começa a se programar para o carnaval, mesmo numa cidade onde
não há carnaval. Praias, serras e outras cidades onde haverá “festa de Momo”
estão na programação dos mossoroenses: uns em busca de carnaval; outros, fugindo
do mesmo.
Podemos
dizer que o carnaval é uma das festas mais antigas da humanidade. Dez mil anos
antes de Cristo, homens, mulheres e crianças se reuniam no verão com os rostos
mascarados e os corpos pintados para espantar os demônios da má colheita. As
origens do carnaval têm sido buscadas nas mais antigas celebrações da
humanidade, tais como as Festas Egípcias que homenageavam a deusa Isis e ao
Touro Apis. Os gregos festejavam com grandiosidade nas Festas Lupercais e
Saturnais a celebração da volta da primavera, que simbolizava o Renascer da
Natureza.
O
carnaval, tal como conhecemos no Brasil, tem sua origem no entrudo português,
onde, no passado as pessoas jogavam umas nas outras, água, ovos e farinha. O
entrudo acontecia num período anterior à quaresma e, portanto, tinha um
significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no
Carnaval.
O
entrudo foi trazido para o Brasil por volta do século XVII, por influência dos
portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. Era uma brincadeira de
loucas correrias, mela-mela de farinha, água com limão, colorau, etc. Em meios
mais nobres, esses produtos eram substituídos por confetes e serpentinas. Esse
formato primitivo do entrudo permanece até hoje em algumas regiões do Brasil,
principalmente no Nordeste. Damos como exemplo a vizinha cidade de Aracati, no
Ceará, onde essa prática ainda é usada. Em países como Itália e França, o
carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam
máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo
também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem
europeia.
E
dessa forma foi sendo formado o carnaval brasileiro. Uma mistura do entrudo português,
com os mascarados da Itália e França, apimentado com o ritmo alucinante dos
tambores africanos e o requebrado de nossas mulatas. Vieram depois as
marchinhas que deram um novo ritmo ao carnaval brasileiro, tornando-o mais
animado e com características únicas.
No
final do século XIX, começaram a aparecer os primeiros blocos carnavalescos,
cordões e os famosos \"corsos\". Estes últimos, tornaram-se mais
populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus
carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está aí a origem dos
carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais. A folia continuou
crescendo até tornar-se a maior festa popular brasileira.
Em
nosso país é festejado tradicionalmente no sábado, domingo, segunda e
terça-feira anteriores aos quarentas dias que vão da quarta-feira de cinzas ao
domingo de Páscoa. Na Bahia é comemorado também na quinta-feira da terceira
semana da Quaresma, mudando de nome para Micareta. Esta festa deu origem a
várias outras em estados do Nordeste, todas com características baiana, e com a
presença indispensável dos Trios Elétricos. Com esse formato são realizadas no
decorrer do ano; em Fortaleza realiza-se o Fortal; em Natal, o Carnatal; em
João Pessoa, a Micaroa; em Campina Grande, a Micarande; em Maceió, o Carnaval
Fest; em Caruaru, o Micarú; em Recife, o Recifolia, etc.
As
primeiras notícias que temos da festa de momo em Mossoró é de 1913, quando “um
pequeno grupo de cavalheiros e pouco maior número de crianças” saíram
fantasiados pelas ruas da cidade no domingo de carnaval. Naquele mesmo dia
houve uma festa no Cinema Almeida Castro, onde “a fina flor mossoroense” travou
uma verdadeira batalha de confete, serpentina e lança-perfumes. Na
segunda-feira outros bailes se realizaram. O jornal “O Mossoroense” registrava
“uma soirée (festa) familiar na casa do diretor desta folha e, outro ainda no
Polytheama (cinema que existia em Mossoró, naquela época) como remate à festa
anual tão cheia de atrativos. ”
No
ano seguinte, 1914, apareceu um grupo de senhoras, “virtuosas esposas e mães
dos proprietários do Polytheama”, promovendo festivo assalto de confetes, em
intervalos de danças, durante a soirré. A assim, ano após ano, foram surgindo
os blocos carnavalescos, os clubes, os grupos folclóricos e até os tradicionais
ursos compondo nossa festa de Momo.
Hoje
já não há carnaval em Mossoró. Algumas iniciativas individuais tentam, sem
sucesso, reergue o evento na cidade. Mas o certo mesmo é que nessa época a
cidade se esvazia, com grande prejuízo para a economia local.
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Fonte:
http://www.blogdogemaia.com
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Autor:
Geraldo Maia do Nascimento
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