Seguidores

terça-feira, 5 de abril de 2011

A cangaceira Dadá - companheira de Corisco

Por: José Mendes Pereira
[untitled.bmp]

            O que eu tenho lido sobre os adjetivos de Sérgia Ribeiro da Silva, conhecida no mundo do cangaço por Dadá, foi sem dúvida, uma grande guerreira, uma verdadeira fera humana, que mesmo Corisco já com os braços debilitados, devido alguns balaços sofridos em combates nas caatingas, em nenhum momento ela deixou o seu companheiro para trás.

            E além de ter sido guerreira, era uma excelente companheira e amante do velho primo que a carregou para participar da mais perigosa vida que é: viver de correrias entre as estranhas matas, livrando-se dos estilhaços de balas e sem ter certeza de sair do meio do fogo com vida.

Alcindo Alves da Costa
  
            Diz o escritor Alcindo Alves da Costa em "Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angicos", que Corisco tinha sido alvejado por João Torquato, filho de um senhor chamado Torquato, morador lá da Pia nova, que por vingança da morte do cangaceiro Zepelim, os grupos de Zé Sereno e Mané Moreno assassinaram seu Torquato, e um senhor chamado Firmino.

 
O cangaceiro Corisco

O cangaceiro Zé Sereno
O cangaceiro Mané Moreno

            Mas o único culpado foi um senhor de nome Chico Geraldo, que enrascado com o grupo de Mané Moreno, temendo ser executado, enredou ao cangaceiro que tudo que Torquato e Firmino sabiam sobre eles, repassavam para Zé Rufino, um dos comandantes de volantes.
            Mas era mentira do Chico Geraldo, apenas ele queria envolver os outros para sair da mira do fogo, coisa que os cangaceiros não perdoavam covardia.
 
Tenente Zé Rufino ao lado direito

               Diz ainda Alcindo Alves que nesse combate Corisco saiu baleado. Dadá foi a grande defensora do marido, pois já ferido e sem condições de reagir contra a volante de policiais, que justamente participava o João Torquato, o vingador, e sem mais munição, Dadá deu início a uma guerra com pedras, jogando-as contra os seus inimigos. E assim foi conseguindo arrastar o marido para outro local, fazendo com que os policiais perdessem o roteiro dos perseguidos. Depois disso, Corisco ficou totalmente debilitado, sem condições de enfrentar qualquer combate, confiando apenas na companheira, a suçuarana Dadá.
             Mas diz ainda Alcindo que a glória de matar Corisco, coube ao policial José Rufino, que o perseguiu até a fazenda Cavaco, em Brotas de Macaúbas, na Bahia, onde o alcançou e com maior facilidade tirou-lhe a vida, no dia 25 de maio de 1940.
            Com a morte de Corisco que deu continuidade à Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia, do rei Lampião, praticamente ela foi enterrada com Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco.

             No combate que vitimou Corisco, a suçuarana Dadá foi alvejada na perna, tendo sido presa e posteriormente liberada pela justiça para participar novamente da sociedade. Dadá faleceu em fevereiro de 1994 no Estado da Bahia.

Fonte de pesquisa:
"Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angicos".
Autor: Alcindo Alves da Costa

As Mulheres e Divisor de Águas...

. Olho no Olho!
por Juliana Ischiara...

Juliana Ischiara em noite de Cariri Cangaço, ao lado de Kiko Monteiro,
Wescley Rodrigues e Narciso Dias

                Sem sobra de dúvida a entrada das mulheres no universo cangaceiro foi um divisor de águas, tanto para o cangaço, exclusivamente masculino, quanto para tudo o que diz respeito à mulher nordestina, que embora vista como uma mulher forte, guerreira e trabalhadora, era essencialmente do lar, uma mulher criada para casar e cuidar do marido e dos filhos, bem como dos afazeres domésticos.

                Sem querer forçar um anacronismo, pode se dizer que houve uma espécie de retrocesso em relação ao que se entende por salutar rotina familiar. Sabemos que nossos antepassados eram nômades e a fixação em um lugar para formar uma família, conforme os padrões sociais vigentes, foi uma grande conquista e um grande avanço, posto que o homem tornou-se gregário, iniciando-se uma vida social mais intensa.

                Viver no cangaço era deixar de ser gregário e passar a ser nômade e, se para um homem era difícil, imagine para mulheres que dependem ou têm necessidades maiores de uma intimidade especial como tomar banho, fazer asseios, trocar de roupas, dentre muitos outros momentos, que para mulher é mais complicado que para o homem, imagine fazer grandes caminhadas nos períodos menstruais, durante a gravidez e depois dos partos.

                Em sendo assim, entrar para o cangaço, com certeza, era uma decisão bem mais difícil para a mulher que para o homem. Os motivos foram os mais diversos e cada uma tinha seu motivo particular. Moviam-se por amor, por encanto, pela aventura, pela força, enfim, eram inúmeros. O fato é que não se pode dizer que a mulher era uma figura descartada nas fases anteriores à sua entrada no cangaço e, tanto é verdade, que muitos homens que entraram para essa vida, tinham mulheres e filhos, mas por pensarem na proteção e comodidade deles não os levavam junto. Evidente que a presença das mulheres e de crianças dificultaria a vida bandoleira, pois nos momentos de combates, além de terem que se preocupar com sua própria segurança, teriam que se preocupar, também, com a segurança de sua família, o que lhes deixariam em desvantagem em relação à força coercitiva do Estado.

Mulher Cangaço, de Marcus Plech

                 Acredito que a entrada das mulheres para o cangaço é fruto da necessidade humana de querer viver em família, antes de serem embrutecidos e ferozes, acostumados com as incertezas entre a vida e a morte. Eram homens que sentiam a necessidade de ter uma família, de viverem em um núcleo familiar, mesmo em meio à caatinga e aos perigos comuns de suas rotinas.

                 Para alguns cangaceiros, a entrada das mulheres significava a decadência, a desgraça e a fraqueza do cangaço, enquanto para outros, a entrada destas mulheres seria uma forma de humanizar mais o bando, uma forma de diminuir os muitos acessos libidinosos e desenfreados que alguns tinham, diminuindo a grande ocorrência de estupros. Para ser mais precisa, quero falar de duas mulheres em particular, mulheres estas que tiveram entradas distintas, uma por amor, outra pela força.

                 A primeira mulher, Maria Gomes de Oliveira, então Maria de Déa, entrou para o cangaço por livre e espontânea vontade, embora tenha se enamorado do mais temido dos cangaceiros, Lampião. Este segundo consta na literatura cangaceira, não a forçou, mas sim, convidou-a. Maria, que vivera um casamento mal sucedido, era inquieta e sentia falta de uma vida mais emocionante, onde a paixão fosse condutora de seu destino. Em sendo assim, ao se apaixonar por Lampião e ser correspondida, não teve dúvidas ao se entregar e optar pela vida no cangaço. A Maria de Déa se entregou ao amor e à vida que seu amado lhe oferecera. Uma vida de perigos, dificuldades, aventuras, emoções e paixão, morreu como uma rainha ao lado de seu rei.
Maria Bonita
                
                 Já Dadá, embora tenha se apaixonado por Curisco, acredito que ela tenha sido vítima da Síndrome de Estocolmo, um estado psicológico desenvolvido por pessoas que são vítimas de sequestros, raptos. Este estado se desenvolve a partir de tentativas da vítima de se identificar com seu captor ou de conquistar a simpatia do sequestrador. 
                As vítimas começam por identificar-se emocionalmente com os sequestradores, a princípio como mecanismo de defesa, por medo de retaliação e/ou violência. Esta relação de amor e ódio em relação ao seu algoz é considerado uma estratégia de sobrevivência por parte das vítimas. A identificação afetiva e emocional com o sequestrador acontece para proporcionar afastamento emocional da realidade perigosa e violenta a qual a pessoa está sendo submetida. Entretanto, a vítima não se torna totalmente alheia à sua própria situação, pois parte de sua mente conserva-se alerta ao perigo e é isso que faz com que a maioria das vítimas tente escapar do sequestrador em algum momento, mesmo em casos de cativeiro prolongado.

                 Porém, Dadá ao que parece, tomou gosto pela vida cangaceira e, depois de se apaixonar por seu raptor, a vida não lhe parecia mais difícil, não havia mais uma violência imposta, mas um intenso prazer em viver ao lado de seu amado, aquele que já fora um monstro impiedoso. Assim como Dadá, outras mulheres que entraram para o cangaço por imposição, se apaixonaram e seguiram seus companheiros até o fim, sendo-lhes cúmplices, não só nos momentos ruins, mas, também, nos momentos de prazer.
              
                Eu me pergunto o que podemos pensar sobre essas mulheres, que largaram suas vidas pacatas e tranquilas, embora muitas destinadas à miséria?

                Para mim, são mulheres dignas de admiração, pois a valentia não estava apenas em saber empunhar uma arma, mas na atitude corajosa de seguir seus homens pelas veredas perigosas e cheias de abismos.
 

Juliana Ischiara
Historiadora e pesquisadora
Quixadá-Ceará .

Figuras de Linguagem - Bom para alunos

Por José Mendes Pereira
Photobucket - Video and Image Hosting
Foto da Universidade de Coimbra
             Para dar mais vida, beleza, força e colorido à expressão oral ou escrita, dispomos de vários recursos (meios) chamados figuras de linguagem.
           Vou apresentar algumas dessas figuras, que poderão auxiliá-lo a enriquecer sua capacidade de expressão.

            a - Metáfora - é uma comparação abreviada.

            Observe:

            Maria é uma flor

            Na frase acima, Maria é comparada a uma flor. O elemento comum entre Maria e a flor é a beleza.

            b - Metonímia -  É o emprego de uma palavra por outra, baseando-se numa relação constante entre as duas.

            Respeitemos os seus cabelos brancos.
            Isto é, o efeito pela causa.

            Leio Castro Alves.
            O autor pela obra.

            c - Catacrese - Consiste em dar a palavra uma significação que ela não tem, por falta de termo próprio.

            Exemplos:

            Asa do bule, folha de papel, pé da mesa, braço da cadeira, boca da noite...

           d - Elipse - É a omissão de palavra ou expressão facilmente subentendida. É frequente nos provérbios.

            Exemplos:

            Sabemos o que queremos (Nós)
            Quanta gente na praça! (há, está)

            e - Pleonasmo - É palavra ou expressão redundante, repetição da mesma ideia, com a finalidade de reforçar e avivar a expressão e o pensamento.

            Exemplos:

            Viver uma vida longa
            Ver com os próprios olhos.

            f - Silepse  - É a concordância com a ideia e não com a palavra expressa. É uma concordância de acordo com o sentido, por isso também chamada concordância ideológica. 

            Exemplos:

            Esta criança...ninguém pode com ele! (Está se falando de um menino).
            A grandiosa São Paulo não para. (Concordância com a ideia de cidade).

            g - Onomatopéia - É a imitação de ruído sons, ou vozes naturais dos seres por meio de palavras.

             Exemplos:
           
             E lá ia o cavalo pela estrada, toc, toc, toc...
            Trim, trim, insistia o telefone.

            h - Prosopopeia - Prosopopeia ou personificação - é um recurso pelo qual fazemos as coisas e os animais agirem cmo se fossem pessoas: as coisas e os animais tomam vida, agem, falam, pensam, sentem, etc.

             Exemplos:

             As ondas castigam o rochedo.
             A passarada conversava na copa da mangueira
             A lua beijava a face do lado adormecido.

            i - Ironia - Consiste em dizer o contrário do que pensamos, geralmente num tom de zombaria. A ironia depende do contexto, da expressão, dos gestos, da voz.

             Exemplos:

             Que letra bonita! (Para dizer que a letra é muito feia).
             Ele se mata de tanto trabalhar! (Para dizer que é preguiçoso).

             j - Eufemismo - Consiste em disfarçar, suavisar, expressões rudes, chocantes, desagradáveis.

             Exemplos:

             Entregou a alma a Deus. (morreu)
             Funcionário da limpeza pública. (lixeiro)
             Não alcançou média suficiente. (foi reprovado)

            l - Perífrase ou circunlocução - Consiste no emprego de muitas palavras para indicar o ser através de alguma das suas qualidade ou atributos.

            Exemplos:

            O rei das selvas. (o leão)
            O navio do deserto. (camelo)
            A águia de Haia. (Rui Barbosa)

            m - Hipérbole - Figura que aumenta ou diminui exageradamente a verdade. É um exagero para destacar a ideia e chamar a atenção.

            Exemplos:

            Ganhou rios de dinheiro!
            Há um século que te espero!
            Já lhe falei mil vezes.

Vícios de linguagem

           A gramática é um conjunto de regras que estabelecem um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas pelo falante.
           Quando o falante se desvia do padrão para alcançar uma maior expressividade, ocorrem as figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não-conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.

            a) barbarismo: - Consiste em gravar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.

             Exemplos:

             Pesquiza (em vez de pesquisa)
             Prototipo (em vez de protótipo)

            b) solecismo: - Consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática. 

            Exemplos:

            Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de faz; desvio na sintaxe de concordância)

            c) ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.

            Exemplo: 
           O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)

           d) cacófato: -  Consiste no mau som produzido pela junção de palavras.

            Exemplo: 
            Paguei cinco mil reais por cada.

            e) pleonasmo: - Consiste na repetição desnecessária de uma ideia.

            Exemplo:

            A brisa matinal da manhã deixava-o satisfeito.

            f) neologismo: - É a criação desnecessária de palavras novas.

            Segundo Mário Prata, se adolescente é aquele que está entre a infância e a idade adulta, envelhescente é aquele que está entre a idade adulta e a velhice.

            g) arcaísmo: - Consiste na utilização de palavras que já caíram em desuso.
            Exemplo:

            Vossa Mercê me permite falar? (em vez de você)

           h) eco: - Trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.
           O menino repetente mente alegremente.

Fonte de pesquisa:
Siqueira Bertolin
Português Dinâmico 
       




            

            



            

           

          


               

           

           
            

Origem da Língua Portuguesa

Por: José Mendes Pereira

Museu da Língua Portuguesa em São Paulo

             A língua Portuguesa se originou do latim, idioma falado pelos romanos, a partir do século VII a.C.
            Os romanos invadiram a Península Ibérica no século III, a.C., sendo estas duas regiões nos dias de hoje, Portugal e Espanha, e impuseram sua língua, sua cultura e costumes aos povos que já habitavam essa Península (celtíberos).
            Para garantir sua denominação política, os romanos exigiram que o latim fosse de uso obrigatório nas transações comerciais, nos documentos, nos atos oficiais e no serviço militar.
            No entanto, não foi o latim clássico, literário usado pelos grandes escritores romanos (Cícero, Horácio, César, Virgílio, Ovídio, etc.), que foi imposto às populações dominadas. Foi o latim vulgar, falado pelos soldados romanos.
            Aos poucos, os povos dominados absorveram o falar dos romanos, que se misturou com os falares regionais, originando as línguas neolatinas, como: protuguês, espanhol, francês, italiano, romeno, galego e outras).
           Pelo século VIII, os árabes invadiram a Península Ibérica, permanecendo por sete séculos, sem conseguir impor a língua árabe.
           Umas mil palavras árabes passaram a fazer parte da nossa língua, como: algarismo, alface, álgebra, álcool, alcachofra, algodão, alfafa, etc.
          
FASES DA LÍNGUA PORTUGUESA 

                a - Fase-pré-histórica: vai do século V ao século IX (mistura do latim vulgar com falares locais).

             b - Fase proto-histórica: vai do século IX ao XII. Nessa fase, já se encontram documentos escritos em latim bastante transformado, misturado com palavras portuguesas.

             c - Fase histórica:

             Apresenta dois períodos

            1 - Período do português arcaico: vai até o século XVI. Aparecem os primeiros documentos inteiramente redigido em português. O primeiro texto escrito em nossa língua foi a poesia: "Cantiga da Ribeirinha", de Paio Soares de Taveirós, em 1189.

            2 - Período do português moderno: do século XVI até os nosso dias. Sob a influência dos autores humanistas e clássicos, houve um progresso linguístico muito grande, datando dessa época a obra-prima da Língua Portuguesa. Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões (que narra as aventuras dos portugueses nos descobrimentos).

Lugares onde a nossa língua é falada

a - Portugal
b - Ilha da Madeira e dos Açores
c - Brasil
d - Angola, Moçambique, Guiné, Zanzibar, Mombaça, Melinde e Quiloa (todos na África).
e - Algumas regiões da Ásia, como: Ceilão, Goa, Macau, Singapura, Java etc.

              Os descobridores portugueses trouxeram para o Brasil a cultura e a Língua Portuguesa. Esta foi sendo enriquecida com vocábulos de origem indígena e africana. Assim temos, de providência indígena, muitos nomes de lugares, utensílios, alimentos, flora e fauna, como: Curitiba, Paraná, tatu, saci, abacaxi, lambari, mandioca etc.
            De proveniência africana temos: macumba, cachaça, moleque, quindim, jiló, marimbondo, cochilo tanga, etc.
             A língua de um povo tende a se modificar (evoluir), através dos tempos, criando, conforme as necessidades, novas palavras e, às vezes deixando outras em desuso.
             As palavras que vão desaparecendo são chamadas de arcaísmo e as novas de neologismos.
             Assim são arcaísmos: leixar v(deixar), filhar (tomar, pegar); nato (nascido), etc.
             São neologismos: xérox, radar, para-quedista robô, etc.


Fonte de pesquisa:
Português Dinâmico
Siqueira Bertolin

Visite o Blog: 

Cangaço Nordestino, do amigo Neto