*Rangel Alves da Costa
A pobreza sempre foi utilizada como escada política, como caminho ao poder. Os discursos de resolução de problemas, ainda que jamais cumpridos, sempre provocam bons resultados eleitorais. Aí é onde entra a ideologia da pobreza: abraçar ideários políticos daqueles que mais se aproximam de suas realidades, mesmo que as intenções sejam de puro proveito pessoal e partidário.
A feição esquerdista que a pobreza possui vem desse poder de manipulação: as pessoas mais carentes, nem sempre atentas aos objetivos dos discursos e das promessas, acabam abraçando causas que dizem respeito ao seu universo, porém não atendem suas necessidades mais urgentes. Quer dizer, passam a defender bandeiras que nem sempre se revelam úteis na solução dos problemas que mais lhes afetam.
É como se a pobreza fosse levada a um partidarismo de pura cegueira. São partidários sem saber de que, são militantes apenas pela ilusão das causas defendidas, são bandeiras de luta em nome do alcance de poder daqueles que depois se distanciam de suas realidades e problemas. Há também o discurso do pobre defendendo a política partidária daqueles que forjam uma maior identificação das classes mais desfavorecidas economicamente.
O pobre se torna comunista sem ter a mínima noção do que seja comunismo. O pobre se torna esquerdista sem saber o que seja esquerda ou direita, e, muitas vezes, sem conhecer o que seja oposição ou situação. O pobre levanta bandeira, afirma lutar por uma causa, grita palavras de ordem, mas sem conhecer o que está por trás de sua politização e coragem. Acaso tivesse noções maiores da realidade, logo perceberia que muitas vezes está sendo usado para fins partidários e pessoas, e estes com objetivos que sequer priorizem o trato dos problemas da pobreza.
O PT, por exemplo, sempre enganou o pobre. Procurou adentrar no cerne de seu mundo, conhecer sua realidade e seus clamores, para depois agir perante as fraquezas. Fez da pobreza massa de manobra e iludiu classes inteiras com os seus discursos de salvadores da pátria. E o pior, sempre procurando armar os espíritos da pobreza para confrontar determinadas bandeiras políticas, partidos e candidatos. Afirmando que o petismo seria a única solução para os seus males, passou a incutir ideologias de salvação através da sublevação. Como resultado, a maquiagem de um país onde o PT acabou com a miséria, quando esta vive presente e ameaçadora por todo lugar.
Os movimentos sociais do campo também se esmeraram em formar militâncias pela ideologia partidária. Os líderes do movimento jamais se preocuparam em melhorar as condições sociais dos carentes nem lutar dignamente pela terra, pois sempre incutindo partidarismos políticos e, com isto, a defesa dos interesses partidários. Desse modo, a questão da terra e da reforma agrária, ainda que trouxesse alguns frutos positivos, sempre foi utilizada como bandeira política e de alcance de poder. No movimento agrário, sempre a bandeira vermelha e o discurso de ódio contra todo aquele que não interesse ao esquerdismo.
Não que se falar, contudo, em total falta de consciência da pobreza que se deixa levar ou iludir. Grande parte dos carentes sabe muito bem o motivo de levantar uma bandeira ou fazer ecoar seu grito. O problema é a falta de noção da manipulação que está sendo vítima. Ainda que seja uma luta imaginada como justa, nem sempre consegue conhecer o que está por trás disso tudo: a ideologia do poder pelo poder, numa missão que busca a todo instante escravizar mentes para que se tornem submisso à cegueira partidarista.
Infelizmente, assim acontece. Uma pobreza que se deixa seduzir pelos falsos discursos e que vai empobrecendo ainda mais ante as promessas jamais concretizadas. Como diz o outro, e ainda tem gente que acredita em história pra boi dormir.
Escritor
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