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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O CANGAÇO E A JUSTIÇA

Por: Rômulo José  F. de  Oliveira Júnior
PROCESSO 1928.02.22
Denúncia oferecida em 20/02/1928
“Ilmo. Senhor Dr. Juiz Municipal da Comarca de Flores.
O promotor publico desta comarca, no exercício de suas attribuições legaes e firmado no inquérito policial junto, vem perante Vossa Senhoria denunciar de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampeão, Heleno de Tal, conhecido por Moreno, Luiz Pedro, Felix Caboge, Antonio Sabiá, Jurema de Medeiros e os indivíduos conhecidos por Chumbinho, Chá Preto, Maçarico e Baraúna, como incursos nas penas do art. 294, §1º, combinado com os arts. 18, §1º e 66, §1º, tudo do Cód. Penal, pelo facto seguinte: --------Em dias de maio de 1925, em um dia de feira, às 10 horas mais ou menos, Lampeão e os demais d[e]nunciados assaltaram de surprê[sa] o povoado São Caetano deste mun[icipio] praticando mortes e depreda[ções].

RÔMULO JOSÉ F. DE OLIVEIRA JÚNIOR
FORMADO EM: HISTORIADOR MESTRE
EM HISTÓRIA E PROF° DA UFRPE

Extraído do blog: " O Cangaço e a Justiça
memorial/formacao/5_O_Cangaco_e_a_Justica_
Prof_Romulo_Oliveira_Jr.pdf

O CANGAÇO E A JUSTIÇA


Por: Rômulo José F. de Oliveira Júnior
Denúncia oferecida em 28/04/1928.
No dia 25 de janeiro do corrente anno, pelas 18 horas, chegando os denunciados acima referidos na casa de Simplicio Oleiro, sita no logar “Sitio Nunes” deste município, ahi encontraram hospedado o viajante Antonio Maninho, passageiro esse que, em companhia de dois filhos menores, se dirigia para Triumpho com procedência de Buique.
Entendendo que se tratava de uma força de policia, Antonio Maninho, inexperiente, em conversa com os denunciados, mostrou-se muito sympathico aos soldados e disse intencionava verificar praça logo que chegasse a Triumpho, a fim de perseguir cangaceiros e dar surra em ladrões.
Ouvindo isto, Sabino Gomes, sub-chefe do grupo scelerado, puxou de um revolver e detonou-o na bocca do infeliz.
Antonio Maninho, que poucos momentos teve de vida, isto também em conseqüência de outros disparos feitos contra elle pelos companheiros de Sabino.

RÔMULO JOSÉ F. DE OLIVEIRA JÚNIOR
FORMADO EM: HISTORIADOR MESTRE
EM HISTÓRIA E PROF° DA UFRPE

Extraído do blog: " O Cangaço e a Justiça
memorial/formacao/5_O_Cangaco_e_a_Justica_
Prof_Romulo_Oliveira_Jr.pdf



O CANGAÇO E A JUSTIÇA


Por: Rômulo José  F. de  Oliveira Júnior

Processo 1928.04.30
Delegacia de Policia do Município de Flores em 4 de Fevereiro de 1924.
Portaria Tendo sciencia esta Delegacia de que no dia 25 de Janeiro próximo passado, foi commetido um assassinato no lugar denominado Sitio Nunes, deste Município, pelo grupo de bandidos chefiado por Virgolino Ferreira da Silva, vulgo “Lampeão”,
e Sabino Gomes, mando ao escrivão desta
Delegacia de Policia, que intime a Joaquim Nunes de Lima, Simplicio de Tal, conhecido por Simplicio Oleiro, e José Meirinho, todos rezidentes naquelle lugar, os quaes deverão comparecer nesta Delegacia, no dia 7 do corrente a fim de deporem como testemunhas do facto acima alludido, sob pena de dezobediencia, e nas demaes em que possam incorrer. Cumpra-se.
João de Mello Netto
Delegado de Policia”

RÔMULO JOSÉ F. DE OLIVEIRA JÚNIOR
FORMADO: HISTORIADOR MESTRE
EM HISTÓRIA E PROF° DA UFRPE

Extraído do blog: " Cangaço e a Justiça
memorial/formacao/5_O_Cangaco_e_a_Justica_
Prof_Romulo_Oliveira_Jr.pdf

Cabo Pereira - 24 de Janeiro de 2010

Por: Geraldo Maia do Nascimento

 Há pessoas que entram para a história de uma cidade pela bravura demonstrada em momentos difíceis; são os heróis da cidade. Outras entra para a história pelo trabalho que desempenharam em prol da cidade; esses são os benfeitores. Outros ainda entram para a história pela dedicação demonstrada nos serviços que executam, destacando-se dos demais, tornando-se, por assim dizer, lembrado pelas gerações futuras. Esse foi o caso do cabo Pereira, um cidadão comum, que abraçando a carreira militar fez dela sua vida. E por sua luta tornou-se parte de nossa história. 
Antônio Pereira da Silva, o Cabo Pereira, nasceu no dia 20 de janeiro de 1919, na cidade de Jucurutu, no Rio Grande do Norte. Em 1944, com a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial, apresentou-se como voluntário no 16º Regimento de Infantaria, que tinha sede em Natal, sendo incorporado com o nome de guerra de “Pereira”. Tempos difíceis aqueles. Embora não tendo embarcado para os campos de batalha, vivia em constante treinamento esperando o chamamento da pátria. Eram dias e mais dias de prontidões dentro dos quartéis, sem poder sair para nada. O soldado pereira não se importava com o sacrifício de suas horas de lazer, esforçando-se o máximo para cumprir suas obrigações administrativas.
Com esforço e dedicação, conseguiu fazer um curso interno de corneteiro, onde pode mostrar sua versatilidade, aprendendo com esmero todos os toques regulamentares do exército. Mas, com o fim da guerra, o exército brasileiro passa a dispensar o efetivo incorporado no esforço de guerra. E o soldado Pereira “deu baixa” no dia 22 de março de 1952, oito anos após sua entrada no serviço militar. 
Saindo de Natal foi morar na cidade de Augusto Severo/RN, mudando-se, logo depois, para Mossoró onde passou a trabalhar como mecânico operador na Estrada de Ferro. Foi por essa época que conheceu o sargento Hemetério, Chefe do Tiro de Guerra, com que fez amizade. E através dessa amizade, passou a morar nos fundos do TG que ficava no local onde hoje existe o prédio do “Medical Center”, na rua Juvenal Lamartine. Como voluntário, assumiu o treinamento da Banda de Música do Tiro de Guerra, juntando com isso suas duas paixões: a farda verde-oliva e a música. 
Como ao dar baixa do exército ficou apto a ser promovido a graduação de cabo, ficou sendo assim conhecido. Era para todos o Cabo Pereira do Tiro de Guerra, instituição a qual dedicou 38 anos de sua vida. Em todas as solenidades daquela instituição, estava o Cabo Pereira sempre a frete da Banda, ostentando com galhardia a farda verde-oliva. Sua dedicação foi além dos portões do Tiro de Guerra. Treinou também a Banda de Música do Colégio Sagrado Coração de Maria, do Colégio Dom Bosco, do Colégio Diocesano Santa Luzia e do Centro Educacional “Jerônimo Rosado”. 
Numa solenidade ocorrida em 7 de novembro de 2003, quando o Tiro de Guerra de Mossoró comemorava 94 anos de fundação, o Sub Tenente Rinaldo Schultz, Chefe de instrução do TG, fez uma homenagem ao Cabo Pereira, tendo assim descrito sua morte: 
“No dia 25 de fevereiro de 1990, ouviu-se então o “Toque de Silêncio”. Calava-se o clarim que alegrara as formaturas do Tiro de Guerra com sua música imponente. Silenciava um guerreiro, deixando vasta lacuna na história deste Tiro de Guerra. Partiu para o acampamento celestial, levando consigo notas e acordes musicais. “ 
Foi uma bela homenagem prestada pelo Tiro de Guerra de Mossoró ao Sr. Antônio Pereira da Silva, ou Cabo Pereira como ficou conhecido. Um entre tantos trabalhadores dedicados dessa cidade, que ao morrer deixa seu nome na história. Passou a integrar a galeria dos benfeitores do TG 07-10, ao lado de tantos outros que como ele dedicaram a vida aquela instituição.
               

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Um pouco mais de Luis Pedro

Por: Alfredo Bonessi
Alfredo Bonessi, Edilson e Comendador Mariano, em um dos encontros Cariri Cangaço-GECC

Apelidado de Catitu por Maria Bonita, que apelidava todos os componentes do Grupo de Cangaceiros, Luis Pedro ficou comprometido em morrer ao lado de Lampião após o acidente de tiro que vitimou Antonio Ferreira, irmão desse. Era estimado e respeitado por todos os cangaceiros e tido como um homem de coragem. Segundo Sila, a sua mulher Nenê morrera logo após apanha-la e ao pular uma cerca foi alvejada, sendo escudado o baque do seu corpo de encontro ao solo por aqueles que iam a sua frente. Luis Pedro foge da luta, mas depois tenta resgatar o corpo dela, sendo impedido a força pelos demais companheiros.

Segundo registros, a policia pôs um cachorro para violentar o cadáver de Nene. Talvez essa morte tenha sido o maior golpe da vida desse cangaceiro. Depois disso não temos registros dos seus feitos na vida cangaceira, mas episódios apenas, como daquela vez que após as brigas dos cachorros, de sua propriedade com o do Lampião, o chefe puxa a pistola para atirar no cachorro vencedor de Luis Pedro e esse arma o fuzil para atirar no chefe.
 
Um lance para ser questionado: a vida do leal amigo por um cão ? – que amizade é essa?
 
Nenê e Luis Pedro
 
Outro que disse que puxou arma para Lampião foi Volta Seca – o que Sila contesta: se alguém fizesse isso Lampião matava na hora !. Outro que disse que também engatilhou arma para Lampião foi Labareda e se cuidava dele quando estava “danado da vida”. Já falamos que o grupo de Lampião não era comandado de uma maneira militar, com rigidez e disciplina como eram as volantes do Exército e da Policia. Havia respeito e consideração pelo chefe, que possuía uma intuição privilegiada, sabia mais, mas não na base do temor em relação a ele. Todos se respeitavam e seguiam Lampião como um líder carismático. Ele mesmo se cuidava de sua segurança interna, pois tinha sempre um homem de confiança a sua retaguarda, ora Juriti, ora Amoroso, ora Quinta-Feira, ora Luis Pedro. A noite, ao dormir, armava a sua rede, depois pegava as suas cobertas e ia dormir em outro lugar, no chão a maioria das vezes e durante a madrugada se acordava várias vezes, espreitava ao redor e depois voltava a dormir novamente.
 
Não se pode negar que Luis Pedro era íntimo de Lampião e de Maria Bonita...
 
... muito próximo a eles, a ponto de dar uma palmada nas nádegas de Maria Bonita e os três, após isso, darem sonoras gargalhadas. Pergunto: você possui um amigo tão sincero assim e de confiança a ponto de poder dar uma palmada na traseira de sua mulher e você achar graça ?

O fato que quando nos lembramos de Luis Pedro construímos uma imagem de homem leal, de amigo, de homem bom- predicados impróprios para foras da lei - e mesmo para soldados volantes daqueles tempos, muitos deles mais criminosos que os próprios cangaceiros. A grande diferença era que os militares estavam a serviço da Lei e os cangaceiros eram perseguidos em nome da Lei.

Não temos noticias que o viúvo Luis Pedro, em dois anos restantes da sua vida cangaceira, tenha se aproximado de outra mulher dentro do bando ou fora do bando. Uma mulher acusou-o de te-lo visto aos amassos com Maria Bonita dentro de uma canoa – coisa que não acreditamos – Maria era uma mulher de vergonha e de caráter - não iria macular a união fruto de um amor sincero com o homem que amou até na hora da morte, além do mais essas coisas quando acontecem na vida das pessoas, se espalham mais que fogo em macega seca – mais hoje, mais amanhã, ele saberia e o mundo viraria de cabeça para abaixo.
 
 
Para falarmos mais de Luis Pedro, era dele a ideia de executar as cangaceiras que, viúvas e sem maridos, optavam para retornar para a casa dos familiares, com a desculpa de se fossem presas poderiam denunciar a rotina dos cangaceiros. Foi assim com Cristina, que já na estrada rumo ao seio de seus familiares, foi perseguida por Luis Pedro, Juriti e Candeeiro, e assassinada a punhal por eles, a mando de Lampião e com o consentimento de Maria Bonita, aproximadamente em junho de 1938 - fato esse que originou a desavença de Corisco e Dada para com Lampião e Maria. Corisco, ouvindo o gado mugindo triste, quase como um lamento, vaticinou: que é isso, parece que tá tudo se acabano !!!!!! – De fato, um mês depois foi a vez de Lampião e de Maria e dois anos depois, dele mesmo passar por essa experiência derradeira de dizer adeus a vida e dormir para sempre nos braços da morte.

Com relação ao fim da vida de Luis Pedro, testemunhas declararam que, iniciado o tiroteio, ele já estava fora do cerco quando retornou. Segundo Balão era na tentativa, entre muitas já realizadas, para apanhar o ouro que estava no interior das latas de óleo, na barraca de Lampião, bem de frente aos fuzis da volante que cuspiam fogo sem cessar. Outros afirmaram que era para cumprir o juramento feito ao chefe, de que morreria no dia que este morreria - não acreditamos nisso. Foi apanhado em cheio pelo fuzil de Mané Véio, soldado volante do Pelotão do tenente João Bezerra, que vinha em sentido contrario, descendo rumo a gruta de Angicos - foi um tiro só e tudo se acabou para aquele cangaceiro rico e tido como boa gente.

Iniciado o tiroteio na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angicos, Maria Bonita leva um tiro na altura do ombro que saiu na frente, Lampião já está caído e se contorce, com um tiro que levara no lado esquerdo do umbigo. Maria leva um segundo tiro por detrás que lhe rasga o frente, ainda corre e vai cair junto a Lampião. Cessado o tiroteio, quando a volante invade o reduto, Lampião ainda se mexe e Maria, ainda viva, balbucia palavras intelegíveis – com certeza assistiu a tudo o que aconteceu naquele buraco. Quando o Tenente João Bezerra chega lá embaixo, Lampião está acabando de morrer e o Aspirante Ferreira de Melo já está com duas cabeças cortadas de cangaceiros dependuradas em ambas as mãos. Mais tarde afirma que Maria não foi degolada viva. As últimas palavras escritas nas páginas da História pertencem sempre aos vencedores, aos vivos que restaram para contar as suas versões sobre os fatos. Não há literato que consiga expressar e substituir a visão e a experiência de quem realmente participou daquele cerco, bem sucedido, naquela histórica e invernosa manhã ao lado do Rio São Francisco, quando o estado-maior do cangaço deixou de existir para sempre.
 
 
Não se pode negar que metade da população nordestina comemorou o feito policial de Angicos...

...outros tantos guardaram silencio não acreditando e não retiraram o rifle detrás da porta por longos anos, como foi o caso de Zé Saturnino; outros se lamentaram e ficaram entristecidos porque a alegria do Sertão tinha se acabado com Lampião e os seus leais companheiros.
Alfredo Bonessi – Professor –Pesquisador – Estudante
Membro Fundador do GECC - Membro da SBEC
 
Extraído do Cariri Cangaço
 

Bandoleiros Vermelhos - 20 de Agosto de 2009

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Esse foi o nome dado a uma célula comunista organizada em Mossoró por Manuel Torquato, em maio de 1935. 
Lauro, atrás, Duarte Filho, Padre Américo e Aluízio Alves
Segundo Lauro da Escóssia, essa célula comunista agregava elementos influentes junto à classe operária das salinas, que em sua maior parte vivia oprimida, lutando pela sobrevivência. Seu chefe principal foi Manuel Torquato, embora se atribuísse a tutela intelectual do movimento a Miguel Moreira, seu companheiro de luta, dada a sua condição de rábula (advogado sem diploma), egresso do foro de Lages/RN, onde forjou suas idéias comunistas. Na célula, Manuel Torquato era conhecido como o “general” da revolução, enquanto Miguel Moreira era conhecido como o intelectual, e a ele cabia a elaboração das cartas que eram enviadas aos chefes nacionais da rebeldia e dos diversos manifestos. 
Sobre esse movimento, diz o Des. João Maria Furtado em seu livro “Vertentes”:
 “- Muitos meses após a derrocada da revolução extremista, surge nos municípios de Macau e Mossoró a primeira guerrilha vermelha da América, a antecessora de Che Guevara. Elementos operários das salinas, entre eles Manuel Torquato nem gesto evidentemente suicida sob o comando do advogado provisionado Miguel Moreira, penetraram na caatinga desses dois municípios e chegaram a assaltar propriedades e até ônibus das carreiras regulares para Mossoró, travando diversos choques com a Polícia. Morto Manuel Torquato, traiçoeiramente por um dos componentes da guerrilha, os demais foram presos, sendo que Miguel Moreira perdeu um olho na permanência de alguns meses em contínua movimentação nessa louca aventura”. 
Falando desse episódio das lutas mossoroenses, diz Brasília Carlos Ferreira em seu livro “O Sindicado do Garrancho”: 
“- Desde o início, a guerrilha teve um caráter puramente defensivo. Não foi elaborado qualquer plano de ataque. O objetivo era manter o grupo, que estava na clandestinidade, coeso preparando-se para intervir na “revolução” que estava prestes a eclodir. Enquanto esse momento não chegasse, caberia a eles alargar a base de sustentação do movimento, trabalhando a adesão dos camponeses.” 
O primeiro confronto que os “bandoleiros vermelhos” tiveram com a polícia, aconteceu numa localidade chamada três Vinténs, na saída de Mossoró, próximo ao Hotel Thermas, como nos informa Brasília Carlos Ferreira na obra já citada. “Era uma região de vegetação rala, sem árvores grandes e muito plana, com uma lagoa chamada Três Vinténs. Naqueles arredores, moravam dois integrantes do grupo que eram Feliciano e Marcelino. Era um lugar seguro, sendo as únicas casas existentes no local habitadas por familiares deles, que apoiavam o movimento. Feliciano, que até então não era visado, indo até a cidade em busca de mantimentos, envolveu-se num conflito com um soldado de polícia. A polícia, que desconhecia suas ligações com o grupo, ficou sabendo durante a perseguição que os homens estariam naquelas imediações e cercou o grupo. Eles conseguiram furar o cerco depois de intenso tiroteio que durou mais de uma hora.”
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Autor:
Geraldo Maia do Nascimento


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Limões X Jesuino - Achados do Cangaço da Família Limão

Por: Epitácio de Andrade

“José Rodrigues de Barros ficou considerado como o patriarca dos Limões, porque se casou com Maria Rosalina da Conceição, irmã de Preto Limão”, assim afirmou José Alves Rodrigues, conhecido como “Zé Limão”, neto do “patriarca”, em entrevista a Epitácio de Andrade Filho, autor de “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, no último dia 15 de dezembro, em sua residência no Bairro Paulo VI, na cidade de Caicó, na região do Seridó do Rio Grande do Norte.
No final do Século XIX, o Cearense José Rodrigues de Barros assumiu a liderança do Grupo étnico representado pela família Limão, principal algoz dos “Brilhantes”, ao se casar com uma irmã de Preto Limão, único sobrevivente masculino da família remanescente do conflito cangaceiro e comandante da emboscada fatal contra Jesuíno Brilhante, na Comunidade Santo Antônio, na zona rural de São José de Brejo do Cruz, na fronteira paraibana, em dezembro de 1879.
O Patriarca aos 100 anos. Reprodução: Epitácio Andrade
A primeira imagem do “Patriarca dos Limões” foi resgatada pelos pesquisadores Emanoel Amaral e Alcides Bezerra de Sales, em 1981, quando levantavam dados para a elaboração da Revista “Jesuíno Brilhante em História de Quadrinhos”, na Comunidade Saco dos Limões, na zona rural do município de Patu/RN, terra natal do Cangaceiro Jesuíno Brilhante (1844). A fotografia é datada do início do século passado e foi apresentada pelo neto José Alves Rodrigues, 60 anos, o mesmo membro da família Limão, que trinta anos depois, apresentou a fotografia do avô aos 100 anos (1963), para ser reproduzida pelo Escritor Epitácio de Andrade Filho.
Festa dos 100 anos do “Patriarca dos Limões” Reprodução: Epitácio de Andrade
No ano de 1963, a família Limão comemorou festivamente o centenário do Patriarca José Rodrigues de Barros, que nunca participou de atividades cangaceiras, mas teve a tarefa de proteger a família das possíveis recidivas do conflito, depois da morte de Jesuíno Brilhante, organizando inclusive, um esconderijo inexpugnável e recôndito, o “Saco dos Limões”. Na festa do centenário, o grande líder já não contava com sua companheira Maria Rosalina da Conceição, a Limão genuína, que faleceu com cerca de 50 anos, provavelmente no final da década de 20 para início dos anos 30 do século passado, e se encontra sepultada no cemitério de Catolé do Rocha, no vizinho estado da Paraíba.
Do casamento de Seu José Rodrigues Barros com Rosalina Limão, que moravam no Sítio Coroatá, na zona rural entre Patu e Almino Afonso, saíram vários filhos, entre homens e mulheres. O mais velho Antônio Limão migrou para o norte do país e lá permaneceu até a morte. Em 1888, nasceu Zé Limão, que foi fotografado por Emanoel Amaral aos 93 anos, no ano de 1981.
Zé Limão aos 93 anos  Foto: Emanoel Amaral - 1981
Em 1898, nasceu Luiz Limão ou Luiz Catonho que se casou com Anelita Alves Rodrigues, afilhada de Valdivino Lobo, o mais abastado dos fazendeiros inimigos de Jesuíno Brilhante e coiteiro dos Limões na região do Catolé do Rocha e Brejo do Cruz, na fronteira paraibana. Em 1981, o pesquisador Emanoel Cândido do Amaral também fotografou Luiz Limão.
Luiz Limão aos 83 anos Foto: Amanoel Amaral - 1981
José Alves Rodrigues, Zé Limão, é filho de Luiz Catonho com Anelita Alves Rodrigues, e em 1981, acolheu Emanoel Amaral e Alcides Sales para prestar informações sobre a família Limão e posar para uma fotografia nas adjacências do “Saco dos Limões”, com seus filhos Ângelo Márcio e Marcélio Alves, que na época tinham sete e três anos, respectivamente.
Zé Limão com filhos Marcélio e Ângelo Foto: Emanoel Amaral - 1981
Coincidentemente, no dia 15 de dezembro de 2011, data da visita a residência de José Alves Rodrigues, em Caicó, estava completando 28 anos da morte de Seu Luiz Limão, que faleceu em 1983, e se encontra sepultado, juntamente com seu pai, o “Patriarca dos Limões”, no cemitério velho do antigo povoado da Caiera, hoje Almino Afonso, no Rio Grande do Norte.
Luiz Limão aos 75 anos Reprodução: Epitácio de Andrade
Seu Zé Limão, aos 60 anos, está na terceira geração posterior ao cangaço da segunda metade do século XIX. O seu pai, Luiz Limão com os irmãos, compõem a segunda geração pós-cangaço jesuínico, e o casamento do “Patriarca” com Rosalina Limão é o representante da primeira geração, imediatamente posterior ao cangaço dos Brilhantes com os Limões. Esta seqüência geracional pode ser observada no álbum familiar, exposto na sala principal da casa de Seu José Limão, em Caicó/RN.
A família Limão tem uma consciência pela preservação da memória muito acurada. Mantem sob sua guarda um acervo de fotografias, apetrechos, moedas, cédulas e armas, que segundo José Limão “pertencia aos antigos”. Em 1981, quando foi fotografado por Emanoel Amaral mostrava uma espingarda de caça, que preserva até hoje. Mesmo informando que é um objeto de 40 a 50 anos, a preservação é, por ele, justificada como lembrança do momento da pesquisa e como símbolo de que “os Limões faziam suas próprias armas”.
Espingarda fotografada em 1981 no Saco dos Limões – Patu/RN  Foto: Epitácio Andrade
Contemporânea do período do Cangaço dos Brilhantes com os Limões (1870-1880), Seu Zé Limão apresentou uma faca, cujo cabo de madeira se desgastou ao longo de mais de uma centena de anos, sendo substituído por uma haste de aço, porém a grande lâmina de ferro fundido foi preservada.
Lâmina de uma faca do cangaço dos Limões Foto: Epitácio Andrade
Seu Zé Limão preserva uma cédula antiga, “do tempo do cruzeiro”, com a imagem de Duque de Caxias, para preservar a memória de que “os Limões resistiram ao recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai”.
Cédula de Cruzeiro com imagem de Duque de Caxias Foto: Epitácio Andrade
O acervo de moedas cunhadas em 1870 preserva a memória da proteção dos comboios do comércio primitivo do sertão, que era promovida pelos membros da família Limão, depois da aliança com os Lobos e os Lobatos, controladores da economia loco - regional. Não seria desnecessário afirmar que os Limões foram agentes pró-ativos de importantes lutas sociais, e como afirma Alicio Barreto em “Solos de Avena”, “é possível que voltaram ricos do quebra-quilos”. 
Moedas do período do Cangaço jesuínico Foto: Epitácio Andrade
Com muita cordialidade e presteza o Aposentado José Alves Rodrigues (Zé Limão) e sua esposa Maria Emília Cordeiro Alves, que é da descendência de Jesuíno Brilhante, prestaram as informações solicitadas pelo pesquisador Epitácio Andrade e serviram café num bule datado do início do século passado.
Bule do início do séc. XX Foto: Epitácio Andrade
Igualmente gentil foi o filho de Seu Zé Limão, Ângelo Márcio, que tem total lembrança da visita feita por Emanoel Amaral e Alcides Sales no início dos anos 80 do século passado, ao “Saco dos Limões”.
Ângelo Márcio, Zé Limão e o Autor de “A Saga dos Limões” Foto: Josivaldo Araújo
Os próximos passos serão uma visita ao “Saco dos Limões”, na zona rural do Patu, ao Sítio São Francisco, no Catolé do Rocha, e uma entrevista com Manoel Catonho, para consolidar informações para a segunda edição ampliada de “A Saga dos Limões”.

*Epitácio de Andrade Filho é autor do livro "A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, Médico Psiquiatra e Pesquisador Social.
 Extraído do blog: "Lampião Aceso"

Gato, o mais cruel cangaceiro

Por: João de Sousa Lima


Postado por João de Sousa Lima

Divulgação Urgente.... Certificados CC 2011 Aurora

Por: José Cícero da Silva
José Cícero Silva

Caro Severo,
Peço-lhe por gentileza, ver a possibilidade de divulgar (postar) esta Nota/Informe no site do CC, posto que toda comunidade dos que participaram do seminário de Aurora acessam este veículo com regularidade. A referida trata do envio dos Certificados do seminário 2011 e restantes do de 2010 - visto que algumas pessoas não deixaram o endereço e, vez por outra me enviam pedido via e-mail. A saber:

Atenção Participantes do Seminário ‘Cariri Cangaço’ 2011 edição de Aurora-CE:
Senhores e Senhoras participantes do Seminário  Cariri Cangaço seção de Aurora-CE edição 2011.
Vimos informá-los que os CERTIFICADOS de participação no referido evento  já lhes foram enviados esta semana via Correios.
 
Ao tempo em que Solicitamos aos que porventura não deixaram  seus endereços residências e, que desejarem receber tal certificado por gentileza nos envie (vom brevidade) pelos seguintes e-mails: 
Inclusive, os que ainda não receberam o certificado da edição 2011 pelo mesmo motivo.
Mui grato,
José Cícero
Secretário de Cultura, Turismo e Desporto – Seculte
Aurora-CE.

Cariri Cangaço: Gato, o mais cruel cangaceiro

Por: João de Sousa
[Imagem+218.jpg]

Jackson, interprete de "Gato", filme de João de Sousa Lima Santílio Barros era o verdadeiro nome do cangaceiro Gato e não se tem na história.

Portado por: João de Sousa Lima

A boemia mossoroense, em 1947,

Segundo Seu Raibrito

O acesso a determinadas fotografias de época, as quais rapidamente as associei a um texto constante da obra Páginas Arrancadas (memórias), cujos dados acham-se descritos nas referências bibliográficas abaixo, motivaram-me a escrever esta postagem. Esta obra foi elaborada em 1976, e publicada em 2010. Gostaria de sugerir, sem compromissos, a todo mossoroense a leitura deste livro. O autor, Raimundo Soares de Brito, Raibrito, (91), natural de Caraúbas-RN, mas cidadão mossoroense. Nas diversas obras de sua autoria, priorizou a pesquisa e o resgate das memórias desta cidade, e o fêz de uma forma belíssima, com uma linguagem simples, até lúdica, sem rebusques e frescuras: escreveu com a alma. Transcrevo o texto constante da obra em referência, em sua página 51, como parte do conteúdo textual desta postagem.
"Naquele tempo a diversão principal aqui (Mossoró) era se fazer uma perninha pelos bares da cidade, tomar umas e outras e depois subir.
Imagem 01 - R. Nilo Peçanha, 1982. Mossoró-RN

Vamos subir? Todo mundo já sabia que o convite estava feito para se à zona - o ambiente noturno, alegre e único da cidade. Ali no Art Nouveau que a gente popularmente falando dizia Alto do Louvour, se encontrava de tudo para saciar os desejos da carne: música, jogo de baralho, roletas, bebidas e mulheres. Sobretudo mulheres ... 
Imagem 02 - Luzia Queiroz, 1959. Mossoró-RN

Afora o Bar Brahma, quase todas as outras pensões era conhecidas pelos nomes das suas proprietárias: Maria Florentina, Luizinha, Maria Cordeiro, Zeca de Manduca, além de outras casas alegres pelas imediações sem falar no Rasga ou Cai Pedaço onde funcionava o baixo meretrício. Ali pelas imediações uma série de carrocinhas e pequenos comerciantes fazia um comércio ambulante onde se encontravam o cigarro, confeitos, chicletes, pipocas e uma série de outras guloseimas. Cristino sobressaia-se com galhardia vendendo suas afamadas avoêtes e outros salgadinhos que iludiam os estômagos, quase sempre encharcados de bebidas, de todos nós.
Depois, vieram as pensões com nomes pomposos, algumas até hoje existentes: Las Vegas, de Núbia; Coimbra de Luzia Queiroz; Estrela de D. Laura; Casablanca e outras, dizem que agora sem a movimentação, a alegria e o encanto daqueles tempos. A concorrência dos Motéis e de casas clandestinas e a licenciosidade mataram aquele comércio pecaminoso, mas alegre de carne humana, dos nossos dias de juventude e mocidade .. "
 A imagem 01 mostra um dos trecho da Rua Nilo Peçanha, no antigo Alto do Louvor e a imagem 02, retrata aquela que foi a proprietária da boite Coimbra, Luzia Queiroz, in memorian, com seus filhos. Manuelito Pereira, (1910-1980), deva ser o provável autor das imagens.
Citarmos as fontes é respeitar quem pesquisou e dar credibilidade ao que escrevemos. Télescope.
Fontes: Origem do arquivo fotográfico - site Azougue.com, acessado em 29/12/2010.

Extraído do Blog Memória Fotográfica

Uma última prosa antes do ano novo...

Por: Manoel Severo
Pedro Luis, Manoel Severo e Aderbal Nogueira
Mesmo em dias de intensas atividades; compromissos naturais de final de ano; ainda conseguimos tirar um tempinho para um último "dedinho" de prosa com os confrades do Cariri Cangaço-GECC em Fortaleza. Na noite desta quarta-feira, dia 21, no restaurante Vignoli, os companheiros Aderbal Nogueira, Pedro Luis, Afranio Mesquita e Heldemar Garcia juntamente conosco, tivemos a oportunidade de "esmiuçar" os úlitmos capítulos do universo do tema cangaço, notadamente os assuntos da "hora": Sila, Pedro Moraes, Luis Pedro, enfim.
Nada como uma boa mesa, boas companhias, para proporcionar um bate papo sem igual, e quando o tema é cangaço, certamente uma noite só sempre será pouco. Os temas além de Sila, Luis Pedro, Mata Sete e Cariri Cangaço 2012, versaram também sobre vários aspectos periféricos do mundo do cangaço, sob o ponto de vista de nossos protagonistas da noite.
Jornalista Heldemar Garcia
"...mesmo como leigo; não sou pesquisador, nem escritor;  acho que não se pode tentar entender ou explicar o cangaço, a partir de uma visão simplista, sem considerar o ambiente e todas as condições sócio-econômicas da época, os conceitos e padrões éticos que regiam aquelas pessoas..."
Promotor de Justiça Pedro Luis
"...sob o ponto de vista jurídico, vamos encontrar muito "pano para as mangas" e muitos pontos para a polêmica, como por exemplo: a forma como se davam as abordagens das volantes ou ainda o destino de algumas jóias, de reconhecida origem e pertencimento, logo depois da morte de Lampião..."
Um dos pontos ressaltados pelos confrades foi justamente a importância de instrumentos de integração entre aqueles que pesquisam e discutem o tema, como por exemplo; os blogs, os sites e os próprios encontros entre os pesquisadores da cidade, como é o caso do Cariri Cangaço-GECC com suas reuniões mensais e de várias regiões, como é o caso do encontro que também já se configura como mensal, entre o Cariri Cangaço-GECC e o Grupo de Natal, além naturalmente, dos Congressos e Seminários pelo Brasil afora, promovidos e ou apoiados pela nossa SBEC - Sociedade Brasielria de Estudos do Cangaço. Momentos importantes para aprofundamento, novos conhecimentos e acima de tudo o congraçamento entre a grande família que nos acostumamos a chamar: Família Cariri Cangaço.
Documentarista Aderbal Nogueira
"...quem conheceu a Sila, sabe que ela não ia falar aquelas barbaridades... o livro que mostra Sila com mais fidelidade é o livro do Daniel Lins, que foi feito sem pressa, na calma..."
Afrânio e Heldemar Garcia
No mais foi à celebração de mais um encontro dos amantes das coisas de nosso chão, de nosso nordeste, nossas origens e tradições e a certeza de um ano de 2012 cheio, intenso mesmo, de realizações; encontros, seminários, lançamentos de livros, filmes, documentários, enfim.
E começaremos com a grande
Caravana Cariri Cangaço-GECC no Carnaval, serão mais de 140 horas de aventura, mais de 3.000 km de chão, e muita emoção, fique atento e saiba tudo através de seu blog:

Manoel Severo
Extraído do blog: Cariri Cangaço

VÍDEO SOBRE A SAGA DOS LIMÕES


“José Rodrigues de Barros ficou considerado como o patriarca dos Limões, porque se casou com Maria Rosalina da Conceição, irmã de Preto Limão”, assim afirmou José Alves Rodrigues, conhecido como “Zé Limão”, neto do “patriarca”, em entrevista a Epitácio de Andrade Filho, autor de “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, no último dia 15 de dezembro, em sua residência no Bairro Paulo VI, na cidade de Caicó, na região do Seridó do Rio Grande do Norte.

A primeira imagem do “Patriarca dos Limões” foi resgatada pelos pesquisadores Emanoel Amaral e Aucides Bezerra de Sales, em 1981, quando levantavam dados para a elaboração da Revista “Jesuíno Brilhante em História de Quadrinhos”, na Comunidade Saco dos Limões, na zona rural do município de Patu/RN, terra natal do Cangaceiro Jesuíno Brilhante (1844).
A fotografia é datada do início do século passado e foi apresentada pelo neto José Alves Rodrigues, 60 anos, o mesmo membro da família Limão, que trinta anos depois, apresentou a fotografia do avô aos 100 anos (1963), para ser reproduzida pelo Escritor Epitácio de Andrade Filho.
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