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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

LAMPIÃO COM CINCO ADVOGADOS E MIL TESTEMUNHAS

Material do acervo do pesquisador José João Souza
Foto da praça grande de Serra Talhada

Quando Virgulino nasceu, era um menino doente, os pais com medo que a criança morresse pagã, tomaram Nossa Senhora da Penha a padroeira de Vila Bela, como madrinha da criança. No dia 05 de setembro de 1898 o menino foi batizado na Igreja de São Francisco, um vilarejo do mesmo nome, hoje, um distrito de Serra Talhada com o nome de Vila Pajeú.


Lampião foi batizado com o nome de VIRGULINO LOPES DE OLIVEIRA, conforme consta no livro de registro do batismo, que ainda hoje se encontra na paróquia da cidade de Floresta. Na época, a paróquia de Floresta atendia a freguesia da Vila de São Francisco. Diz o livro que, Virgulino Lopes de Oliveira, nasceu no dia 04 de julho de 1898, na Fazenda Passagens das Pedras, no município de Vila Bela, registraram como pais, José Ferreira da Silva e D. Maria Lopes Ferreira. Mediante o nome do pai, o menino ficou conhecido na ribeira, como Virgulino Ferreira. A ligação do nome ficou tão forte que, quando o menino ficou maior, registrou-se no Cartório Civil, com o nome de Virgulino Ferreira da Silva.

O PROCESSO CONTRA LAMPIÃO

Os desentendimentos entre Virgulino e José Saturnino já vinha ocorrendo desde o ano de 1914, causados por furtos de animais e a questão dos chocalhos. No inicio de dezembro de 1916, José Saturnino mandou brocar e cercar uma porção de terra da fazenda Maniçoba. Virgulino e os irmãos tentaram impedir, exigindo que os trabalhadores abandonassem a destoca da roça. Virgulino Ferreira não conseguiu afastar totalmente os homens do trabalho, porque Zé Saturnino, junto com Zé Caboclo e mais alguns trabalhadores, tomaram as providências e, à base de muita bala, os Ferreiras correram. Naquele mesmo dia, em horas logo após, Zé Saturnino e Zé Caboclo botaram um corte nos Ferreiras e se encontraram na aba da Serra da Ingazeira. Trocaram tiros, desaforos de uma parte e de outra. Naquele tiroteio, Antônio Ferreira saiu gravemente ferido.

Quando Antônio Ferreira ficou bom, deu parte do ocorrido na delegacia de Vila Bela. Por esse acontecimento, Zé Saturnino e Zé Caboclo foram presos e tiraram juntos três meses de cadeias. E, por causa do coronelismo de patente, Lampião foi processado, ainda com o nome de Virgulino Lopes de Oliveira, no Primeiro Cartório da Comarca de Serra Talhada. 

Virgulino foi intimado pelo Juiz da cidade, a comparecer ao fórum para prestar depoimento, ele apresentou-se no fórum e o Juiz mandou que o mesmo procurasse um advogado para fazer a defesa. Virgulino andou a cidade inteira à procura de um advogado que quisesse defender seu processo, mas não houve ninguém, que aceitasse a causa.

Virgulino ficou aborrecido e decidiu, dizendo: “Eles estão brincando comigo. Espere lá que vocês vão ver”. Desceu a praça grande, entrou na casa do comerciante Pedro Martins, comprou cinco rifles e mil balas. Distribuiu as armas e balas entre Antônio Ferreira, Livino Ferreira, Ezequiel Ferreira e João Gameleira. Disse Virgulino: Agora, arranjei cinco advogados e mil testemunhas para defender minha causa. 

Adendo: http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A informação que Ezequiel recebeu armas de Virgolino no anos 20 não bate. Nesse período ele só tinha 9 anos.

Fonte: Lampião e Zé Saturnino - 16 anos de luta
De: José Alves Sobrinho
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CONSELHEIRO CC! GRATIDÃO.



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PAUSA NA ENTREGA

Clerisvaldo B. Chagas,1/2 de agosto de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.155

          “Corre, Maria, bote a roupa no varal, mulher! Aproveite o Sol que o tempo não está de confiança”. De fato o tempo não estava de confiança. Após chover o mês inteiro no sertão alagoano – recordando os velhos tempos – julho entregou agosto com um breve estio para estender roupa. O menino brinca de bola, os animais selvagens desentocam, o vaqueiro aboia pelas quebradas. A luz solar reluz nas folhagens muito verdes e o gado engorda por dentro do capinzal. No alpendre da fazenda o campesino aguarda com certa ansiedade o resultado do plantio. Vibra o comércio sertanejo aguardando o circular do dinheiro na safra que se aproxima. Nos riachos que cortam a zona rural, trabalhador arregaça as calças abençoando a terra.
PAUSA DA  CHUVA EM MARIBONDO. (FOTO: B. CHAGAS).
            
          As noites continuam geladas e todos os panos da casa servem de cobertor. E no dia primeiro vamos aproveitando o estio para uma rodada pela BR-316, mas nas proximidades de Maribondo, vira o tempo e as nuvens vão encorpando pelas montanhas da redondeza. Muita chuva em Maceió. Tão diferente daquela chuvarada toda do sertão, porém, moderadamente. E lá vai o rolo d’água descendo para as bandas do comércio, deixando alagadas as imediações das Casas Americanas. Imaginem a situação dos Bairros Pinheiro e Mutange com tantas previsões sinistras. E o maceioense vai enfrentando o constrangimento dos torós constantes que reflete no trânsito perigoso. Coragem em sair de casa cedo com esse tempo.
          Endoidaram os climas do mundo com tanto desmatamento e tanta poluição. Mas as próprias previsões sobre pluviosidade no semiárido brasileiro, nem sempre coincidem com a realidade. Se não endoidaram também, pelo menos dão opiniões. Tradicionalmente em Alagoas, tínhamos chuvas até os meados de agosto, sendo estes quinze dias os de frio mais intenso. Ora, algumas vezes as chuvas chegam até setembro e já alcançaram, incrivelmente, outubro, o mês que nunca chovia no sertão. Você quer saber? Climatologia já avançou muito, mas ainda continua perdendo feio para a Natureza.
          Não duvidamos mais de nada.
          Deixa chover, comadre, vamos colher algodão.


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OS TABUS LAMPIÔNICOS


Por Verluce Ferraz

O espaço me permite tratar dos tabus que permeavam a vida dos cangaceiros, em especial de Lampião e da Maria Bonita. Relatos existem em livros que, os mesmos se abstinham de fazer sexo nos dias de sextas-feiras, e quando partiam para uma relação sexual, retiravam as orações e patuás de cima do corpo; deixando-os a certa distância. Que depois de praticarem sexo, se limpavam (não era o asseio corporal) para afastar desgraça de cima de suas vidas. Pelas descrições de manias não pode-se esses associar esses rituais à religiosidade, tampouco a dignidade, visto que cangaceiro não observava tais preceitos, além de matarem pessoas para apropriarem-se de bens materiais. Não havia remorso pelas vidas cerceadas, pelas famílias viúvas e órfãos. Todos os cangaceiros viviam infringindo às leis Naturais e leis Estatais. Matar gente ou animais era tão mais comum que se possam avaliar. Era costume a pratica de saques, assaltos, e estupros, entre outros crimes. Vamos então aqui registrar o papel desempenhado pelos tabus e seus efeitos conservadores de velhos usos no trato que tais pessoas supersticiosas, desde a antiguidade, acreditavam em um grande número de tabus:

- O flamen dialis, o sumo sacerdote de Júpiter, tinha que observar um número enorme de tabus. Ele

“não podia montar ou mesmo tocar um cavalo, nem ver um exército em armas, nem usar um anel que não fosse partido, nem vestir uma roupa que tivesse algum nó; [...] não podia tocar farinha de trigo nem pão fermentado; não podia tocar ou mencionar um cão, uma cabra, carne crua,, feijão e hera [...] seu cabelo podia ser cortado apenas por um homem livre, com uma faca de bronze, e, quando cortados, o cabelo e as unhas tinham de ser enterrados sob uma árvore auspiciosa; [...]; ele não podia tocar num cadáver [...];não podia ficar descoberto ao ar livre”.

E tudo tinha significado de consequências que conduziam aos perigos. Lampião, nas suas superstições (portador de TOC) escolhia o dia da sexta-feira para não ter conjunção carnal. Aconselhava também os seus bandos a seguir seus pensamentos, usando orações e símbolos que, exerciam poderes mais para fetiches; isso é confundido por alguns, como obediência espiritual, para livramento do mal. Pelos modos vividos, as contradições serão expressas porque o homem após ser civilizado e religioso, jamais praticaria atos de crueldade quanto praticaram os grupos cangaceiros.

Referencias bibliográficas: Totem e tabu, de Sigmund Freud)
_________Outros Trabalhos, de Sigmund Freud. Vol. IX - 1906-1908). Ed. IMAGO.


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O PARANÁ NA ROTA DO IMPERADOR

Diego Antonelli

Dom Pedro II enfrentou lama, cocheiros perdidos e cavalos mortos durante os 20 dias em que visitou a Província do Paraná em 1880.

"Com Pedro II e a família real: viagens cansativas pelo Paraná| Foto: Wikicommons.


Cronologia

Por onde Dom Pedro II passou em sua visita ao Paraná em 1880:

17 de maio – saída do Rio de Janeiro

18 de maio – chegada a Paranaguá

20 de maio – segue para Antonina

21 de maio – chega a Curitiba

24 de maio – visita Campo Largo

25 de maio – visita Palmeira

26 de maio – ruma para Ponta Grossa

28 de maio – chega a Castro

1 de junho – visita Lapa

2 de junho – passa por Araucária (na época, Tindiquera)

7 de junho – retorna para a Corte

Fonte: Universidade Federal do Rio de Janeiro

Curiosidades

A passagem de Dom Pedro II pela Província provocou um alvoroço na população, que se mobilizou para receber bem o imperador:

Visitas

O pesquisador Arnoldo Monteiro Bach relata que por onde a comitiva imperial passava causava comoção popular. Dom Pedro II fazia questão de visitar escolas, comerciantes, ervateiras e artesões. "Naquela época não havia indústrias, então os artesões e os ferreiros, eram de extrema importância", destaca. Ele diz ainda que boa parte dos locais onde o imperador pernoitou está preservada até hoje.

Ponte

Ao longo da BR-277, pouco antes da entrada da cidade de Palmeira, há uma ponte sobre o Rio dos Papagaios que foi construída justamente para a vinda do imperador.

Santa Casa

Durante a estadia de Dom Pedro II em Curitiba, o imperador inaugurou no dia 22 de maio de 1880 a Santa Casa de Misericórdia. Com 160 leitos, a Santa Casa era considerada um hospital de grande porte, e foi por muitos anos, o único da cidade.

Deslocamento

Para se deslocar dentro da província do Paraná, muitas carruagens foram emprestadas ao imperador pela nobreza local. A Baronesa de Tibagi emprestou seu elegante e luxuoso carro para Dom Pedro II seguir de Ponta Grossa a Castro, por exemplo. Estima-se que parte da comitiva seguia o trajeto usando diligências, que não possuíam os requintes de uma carruagem.

Demorou 27 anos para Dom Pedro II conhecer a província que havia criado em 1853. A saga do imperador em terras paranaenses começou no dia 17 de maio de 1880 com o embarque no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. No dia seguinte, ele já estava em Paranaguá. Durante 20 dias, Pedro e sua comitiva fizeram cansativas viagens para conhecer as principais cidades paranaenses.

Muita lama, chuva e frio marcou a visita, que teve ainda acidentes com carruagens, uma travessia entre Lapa e Curitiba que durou 17 horas, cavalos mortos e cocheiros que se perdiam pelo caminho. Naquela época, a Província do Paraná tinha cerca de 150 mil habitantes.

Como detalha o historiador Arnoldo Monteiro Bach, em Paranaguá Dom Pedro II visitou a Câmara Municipal, a Igreja Matriz, escolas, o Hospital de Misericórdia e até a cadeia. E o imperador fez questão de narrar toda a jornada em diário. Pelos relatos, percebe-se que a falta de estrutura chegou a assustar tanto ele quanto a esposa, Thereza Christina. "Não há carruagem em Paranaguá. A pé por péssimas calçadas até a casa espaçosa do Barão de Nácar", escreveu. "Era um Paraná primitivo, uma província em construção", explica Bach.

No dia 20, a comitiva imperial – que não se sabe por quantas pessoas era formada – seguiu para Antonina. No mesmo dia, o comboio, composto de sete carros, iniciou o percurso da Estrada da Graciosa rumo a Curitiba. "Imagina naquela época a condição da estrada", comenta Bach. Além da lama, carruagens quebraram e cavalos morreram no percurso.

Depois de muitos percalços, eles chegaram à casa da viúva de Manoel Ramos, em Rio do Meio. Era uma casa de negócio onde seria o pouso de Dom Pedro II. O palácio imperial provisório ainda cheirava a tinta e não era muito confortável. "Não se sabe como as demais pessoas se arrumaram para dormir", diz o historiador.

Curitiba

A capital provincial foi ornamentada com 3 mil pinheirinhos para receber a comitiva. O foguetório correu solto quando o imperador, que tinha 55 anos na época, pisou na cidade. Em Curitiba, o casal imperial se hospedou no sobrado de Antonio Martins Franco, na Praça da Matriz (atual Tiradentes). Ao chegar à cidade, interessou-se pelo pinheiro e pela erva-mate. Visitou o Museu Paranaense e se encantou com a história natural da província. Foi para Campo Largo e depois seguiu uma jornada pela Região dos Campos Gerais, onde visitou, entre outros locais, as colônias de imigrantes alojadas na região. A rota imperial contemplou Palmeira, Ponta Grossa, Castro e Lapa.

O retorno da cidade de Lapa a Curitiba foi uma aventura que durou 17 horas. O condutor da carruagem se perdeu no meio do caminho e um dos carros chegou a tombar. Outro acidente desse tipo já havia ocorrido em Ponta Grossa. No dia 7 de junho, Dom Pedro II regressou à Corte com o sentimento de missão cumprida. "O Paraná é uma bela província de grande futuro", sentenciou em seu diário imperial.

Inauguração da estrada de ferro motivou a ilustre visita

O historiador Arnoldo Monteiro Bach explica que um dos principais objetivos da visita do monarca à Província do Paraná era inaugurar os trabalhos de construção da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba. "Desde 1865, por sugestão do então Ministro da Agricultura Jesuíno Marcondes, natural de Palmeira, falava-se na Corte sobre a importância dessa ferrovia ligando o Litoral com o centro da província", escreve o pesquisador.

Em 1871, por influência do Barão de Mauá, Dom Pedro II interessou-se pelo projeto e, em 1873 a obra entre Paranaguá e Morretes foi iniciada. "Em seguida, a Compagnie Génerale Chemins de Fér Brésilien, concessionária da Ferrovia, convenceu o Imperador a viajar ao Paraná para inaugurar os trabalhos de construção da Estrada de Ferro", conta Bach. O projeto da ferrovia foi de André Rebouças, elaborado em parceria com o seu irmão Antônio.

Com relação à inauguração dos trabalhos da construção da estrada de ferro, que deveria ocorrer na chegada de Dom Pedro II a Paranaguá, houve mudança na programação e a data foi transferida para cinco de junho, no retorno da viagem do imperador ao interior do Paraná. A obra solucionou o problema de escoamento dos produtos do planalto para os portos da província. A ferrovia foi inaugurada em 1885 com a presença da princesa Isabel, filha do imperador."

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/o-parana-na-rota-do-imperador-ebwex9sxcohc28yu65x1csq4u/
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LUIZ GONZAGA


Por Paulo Gondim

Há 30 anos, falecida Luiz Gonzaga o Rei do Baião, o maior representante da verdadeira música nordestina. Luiz Gonzaga filho de Januário e Santana, nascido em Exu, PE, em 12 de dezembro de 1912, logo cedo aprendeu a tocar acordeon, a “sanfona” como ele gostava de falar. 

Aprendeu com seu pai e começou a vida tocando em feiras e festas da região, até que entrou no Exército, onde ficou por nove anos, dando baixa em 1939, para dedicar-se somente à música, a grande arte que desenvolveu muito bem. 

Foi no Rio de Janeiro, que depois de tocar nos cabarés da Lapa e participar de programas de calouros, conseguiu ser contratado pela Rádio Nacional, que lhe abriu caminhos para tornar-se o grande artista que foi. Gravou sua primeira música, como cantor, em 1945 e emplacou de vez em 1947, depois que conheceu o advogado cearense, Humberto Teixeira, com a música ASA BRANCA, fruto da pareceria dos dois. 

Mas rola uma “conversa” que seu pai, JANUÁRIO já solva os acordes dessa música, em seu fole de 8 baixos. Dizem até que “surrupiaram” a música de Januário, mas foram perdoados, porque a música tornou-se uma das mais belas do mundo!!! Ela é simples e só precisa de uma oitava no acordeon ou teclado, ou seja, a sequência das notas musicais que vai da nota DÓ a SI e pronto, mostrando que a beleza das coisa está na simplicidade de quem sabe fazer. 

Humberto Teixeira apareceu na vida de Luiz Gonzaga, por interesses das gravadoras, que vendo o potencial dele como músico e dono de uma voz diferente e muito melodiosa, precisava de um bom letrista. Pronto: foi um casamento perfeito! Fizeram muitas músicas bonitas de sucesso. Depois, apareceu Zé Dantas, médico de Serra Talhada, PE, que fazia música até enquanto consultava um paciente. 

Zé Dantas completou a carreira de Luiz Gonzaga, com composições como XOTE DAS MENINAS e VEM, MORENA, além de muitas outras. Luiz Gonzaga rompeu o preconceito que a música nordestina sofria nos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, com sua voz forte e seu jeito peculiar e nordestino de falar, que nuca deixou até o fim de sua vida. 

Não perdeu o sotaque. Ainda no Rio de janeiro, Luiz namorou uma cantora que fazia coro nas gravações, o Bak Vocal de hoje. O namoro começou, quando A moca já estava grávida e Luiz assumiu a paternidade, cujo filho foi batizado como Luiz Gonzaga Junior, conhecido por GONZAGUINHA, que se tornou um compositor e cantor de grande sucesso na MPB, também falecido muito moço, logo após a morte do pai. 

Luiz foi considerado o Rei do Baião, ritmo que soube muito bem difundir, num época em que só valiam as músicas estrangeiras, nos grandes centros como Rio e São Paulo. Naquela época, nem se falava no Nordeste. Luz Gonzaga sempre foi fiel à sua terra e à sua gente, cantando o lamento dos nordestinos, os horrores da seca e a beleza do Sertão. O Rei do Baião faleceu no dia 02 de agosto de 1989, deixando uma obra maravilhosa, além de ter representado o Nordeste de forma inquestionável. 

Durante toda sua vida artística, não se prostituiu com “porcarias” musicais, como acontece com muitos artistas de hoje, por imposição das gravadoras. Ainda bem que o Velho Lua teve essa coragem. Pelo fato de ter falecido em 1989, não correu o risco de gravar com esses cantores, ditos sertanejos, que certamente mancharia sua obra e sua carreira. Foi um artista de personalidade e merece o respeito de todos. 

Já pensou o grande Luiz Gonzaga gravando com Chitãozinho e Chororó? Ele não cometeria esse crime nunca... Zé ramalho caiu nessa armadilha, na música “Sinônimos” e quase acaba com a carreira. Luiz Gonzaga viveu e morreu defendendo sua cultura. Que sirva de exemplo.


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30 ANOS DA MORTE DO REI DO BAIÃO, UM DOS MAIORES REPRESENTANTES DO NORDESTE! SOU FANZAÇO DESSE CABRA DA PESTE!



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O DIA EM QUE LUIZ GONZAGA ESTEVE EM CAPOEIRAS

Por  Junior Almeida

Muito já se  falou sobre o rei do Baião, inclusive  aqui neste espaço. Em uma outra oportunidade,  por exemplo, postamos sobre fatos da sua juventude, mesmo antes de se tornar um artista famoso e sonhava em ser cangaceiro do bando de Lampião (aqui), mas dessa vez, publicamos um texto diferente, de uma passagem pouco conhecida para a maioria das pessoas. Para lembrar a data de hoje, onde se completa trinta anos da morte  do pernambucano do século XX, narro abaixo a sua passagem pela cidade de  Capoeiras. Foi assim:

*Crédito da foto:  Agostinho  Jessé.

Luiz Gonzaga além de toda história musical maravilhosa que todos já conhecem, foi protagonista de fatos incríveis em sua vida pessoal, relatos que mostram o lado humano do Rei do Baião. Por exemplo, o cearense Raimundo Fagner contou certa vez numa entrevista na TV, que os dois viajavam numa turnê do show que faziam em parceria, de um disco, dos vários que gravaram juntos, quando passavam de carro por uma cidade no interior do Ceará, e Luiz Gonzaga avistou um pequeno circo às margens da estrada.

O circo era o chamado “tomara que não chova”, pois a lona de cobertura tinha mais buracos do que uma tábua de pirulitos. “Seu” Luiz mandou o motorista encostar o carro e falar com o dono do circo. Conversou com ele e, disse que ia fazer uma apresentação no local, com o cachê dividido meio a meio para os dois, e que ele mandasse o carro de som anunciar.

Claro que o dono do circo nem pestanejou. Depois dos anúncios na cidade, na hora do espetáculo o circo estava derramando de gente, e isso com o preço do ingresso majorado. Na hora da divisão do dinheiro, Gonzaga pegou a parte que lhe cabia e deu ao dono do circo, mandando que ele ajeitasse sua casa de espetáculos, principalmente as lonas. O homem foi ao céu com a atitude do Rei. Assim era Gonzaga.

Outro caso parecido se deu em Capoeiras, interior de Pernambuco. O ano era 1985 e o país estava na mão do primeiro civil depois de 20 anos de ditadura, José Sarney, o vice-presidente que assumiu depois da morte de Tancredo Neves. Pernambuco era governado pelo professor Roberto Magalhães e em Capoeiras o prefeito era Manoel Reino da Silva.

O colégio municipal de Capoeiras era dirigido pelo pulso forte Padre Geraldo Batista de Lima, tendo como vice-diretora a professora Maria Nazaré. Nesse ano já se desenhava a disputa do ano seguinte para governador e deputados federais e estaduais. Em 1986 venceria a eleição em Pernambuco o experiente Miguel Arraes, derrotando o jovem usineiro José Múcio Monteiro. No educandário a preocupação da turma de segundo ano do curso de magistério era outra, as moças se preocupavam com a festa de formatura no ano seguinte.

Algumas alunas da turma, dentre elas Célia Rodrigues, Jozelma Macedo, Maria Quitéria Nunes, Maria Valdete Silva, Maria Almeida, Vandinha Reino, Cleonilda Reino, Lúcia de Belizário e Vera de Ginaldo, debatiam para decidir quem convidar para padrinhos e paraninfos de sua turma. Certa frustração existia em meio o alunado, pois alguns convidados para padrinhos e paraninfos além de não virem para solenidade, não se davam ao trabalho de nem dar uma satisfação. Outra coisa que não agradava era a censura, pois o nome de Marcos Freire foi sugerido como paraninfo de uma turma, mas foi vetado pela direção, que sugeriu Nilson Gibson ou Cintra Galvão, os deputados da situação local. Resquícios da ditadura.

O corpo docente do colégio era enorme, e alguns dos professores do magistério eram Gesseraldo, Oliveira, professor de educação física e sargento do Exército, João Moura e Agostinho Jessé, sendo que esse último foi quem deu a ideia às alunas para que elas ao invés de convidar um político para ser paraninfo de sua turma, chamassem um artista.

Agostinho sugeriu três nomes: Alceu Valença, nascido na vizinha São Bento do Una, a qual Capoeiras pertenceu, Dominguinhos, da também vizinha Garanhuns e o mais distante e mais difícil artista, o Rei do Baião Luiz Gonzaga. As moças da turma redigiram um ofício/convite, dizendo local e data da formatura, e enviaram pra Exu, no endereço de Gonzaga. Foi um convite despretensioso, as alunas nunca receberam resposta de Luiz Gonzaga ou de sua assessoria, portanto não esperavam o “velho Lua” em sua festa. Seria o artista assim como os políticos, mais um a ignorar um convite de alunos do colégio de Capoeiras.

Dezembro de 1986, dia da festa de formatura e conclusão das oitavas séries na cidade. Desde cedo os salões de cabeleireiros e manicures estavam lotados. Toda mulher queria ficar bonita pra festa de logo mais. O que mais se via na cidade eram mulheres com bobs e papel alumínio na cabeça, parecia um desfile desses acessórios.


À noite a missa na igreja, solenidade no colégio e um baile no clube local faziam parte da programação. Já ao entardecer um carro estranho na cidade rodando a praça principal. Era Gonzaga, em corpo, alma, talento e simpatia que tinha vindo pra festa. Foi uma agonia danada das formandas, pois ninguém esperava o Rei do Baião na festa.

Célia Rodrigues, uma das novas professoras foi encarregada de receber o ilustre convidado, o levando para casa do seu irmão, o empresário José Carlos, que viria a ser vice-prefeito do município a partir de 1988. A casa de Zé Carlos ficou lotada de gente querendo ver Gonzaga. Não era todo dia que se tinha uma oportunidade de ver tão grande forrozeiro, o maior de todos, o célebre Rei do Baião.

No meio de tanto tiete, estava eu e meu amigo Josival Santana, o Treze, os dois com quatorze anos de idade. Queríamos conhecer Luiz Gonzaga, falar com ele, tocá-lo, se desse conseguir um autógrafo ou uma foto. Só tinha um pequeno problema: a vergonha de chegar ao Rei. A timidez da idade, misturado com a nossa matutisse e mais a imponência do nome Gonzaga, nos deixava sem coragem de fazer nada.

Treze mais afoito disse que enfrentaria. Do lado da casa existia um mercadinho, que era de Natércio Melo, e na fachada um cartaz de propaganda do Café Ouro Verde, o qual nós rasgamos para tentar a assinatura do Rei. Treze embocou na frente de casa adentro, e eu atrás dele. Já na sala de visitas o Rei estava. Sentado num sofá, de perna cruzada, vestido num conjunto de mescla claro e contrastando com a roupa sertaneja/cancaceira, um moderno tênis esportivo. Ele de costas para que estivesse entrando na casa, conversava com as muitas pessoas que foram lhe ver. Assim que entramos, falamos igual, eu e Treze:

- Seu Luiz...

Ele se virando no sofá, soltou aquele tradicional “ho ho”, e perguntou o que queríamos. Prontamente mostramos a caneta e o pedaço de papel, dizendo que queríamos um autógrafo. Com a maior simpatia do mundo ele nos atendeu, e conseguimos nossas relíquias. Ainda ficamos um tempo vendo e ouvindo Gonzaga conversar. O que prestei atenção nele, é que ele sempre usava o “ho ho”, se admirando ou respondendo algo.

Da residência em que se encontrava, Luiz Gonzaga seguiu para igreja matriz, onde no altar de São José, entôo apenas no gogó, algumas de suas poesias em forma de música. Foi inesquecível para cidade. A igreja que normalmente lotava em missas de formatura encheu mais ainda de gente querendo ver o Rei do Baião de perto.

O sanfoneiro de Exu ainda foi para o colégio municipal, onde como paraninfo da turma de magistério cortou o bolo da festa, fazendo com que aquela formatura de 1986 fosse inesquecível para a cidade e principalmente para as formandas, que ainda nos dias de hoje se gabam de serem afilhadas do pernambucano do século XX, o maior ícone da música nordestina, o Rei do Baião.


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O CANAL "CANGAÇOLOGIA" NOS PRESENTEIA COM ESSA SENSACIONAL ENTREVISTA SOBRE O CANGACEIRO "QUINTA-FEIRA" , ABATIDO NA GROTA DO ANGICO EM 28 DE JULHO DE 1938.



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O DIA EM QUE O JOÃO MALAMANHA SENTOU NO BANDO DOS RÉUS.


Por José Mendes Pereira

João Malamanha era um verdadeiro King Kong porque era todo fora dos padrões humano. Ninguém se atrevia ficar perto dele por muito tempo, porque àquele desajeitado homem poderia a qualquer momento se transformar num gigante, numa fera diante dos homens, aliás, ele já era por natureza agigantado.

Uma vez o João Malamanha matou um domador de leões no circo com três cocorotes dados com o seu desconforme braço, só porque o infeliz batizou um dos seus leões de João Malamanha. Mas mera coincidência. O domador nem sabia a sua existência. Chegara em Mossoró no meio do Gran Circus. Como os seus restritos amigos assistiram a um dos espetáculos do circo posteriormente contaram para ele que lá existia um leão chamado João Malamanha.

E deixar aquela ofensa pra lá, de jeito nenhum! O desajeitado homem resolveu ser um dos pagantes daquele circo. E assim que o domador trouxe o leão para dentro da jaula no momento da sua apresentação, e começou a chamá-lo de João Malamanha, ele pulou a cerca de proteção, agarrou o homem e deu-lhe três cocorotes fortes em sua cabeça, deixando-o já pronto para o enterro.

O leão ao ver o seu domador morto partiu para cima do João Malamanha, tentando agarrá-lo pelo pescoço para sangrá-lo, e com a ligeireza do Malamanha, com toda a sua força, pegou o leão por baixo do vazio com um peso aproximadamente de 250 quilos, levou-o às alturas de 3 metros mais ou menos, e ao cair ao chão o felino ficou prontinho.

Agora o João Malamanha estava sentado no banco dos réus porque matara o domador por pura maldade. Ninguém fica sem passar por apuros. Se os outros que devem a justiça e têm que pagar pelos seus atos o João Malamanha é igual aos outros. Só porque tinha corpo e braços de marreta de 8 quilos quando batia em alguém, não podia se sentar no banco dos réus? Ora! Ora! E para surpresa, algemado pelos pés e mãos. O homem era um imundo e tinha que ficar algemado por completo. Ora sim senhor!

Diante daquela gente toda o réu se sentia humilhado. Todos com braços e pernas soltos. Por que só ele tinha direito a umas algemas, e ainda mais preso pelos quatro membros? Achava ele que era uma verdadeira humilhação.

Mesmo algemado de cima abaixo todos que ali estavam sentiam receio. Aquele homem não era flor que se cheirasse, a sua força era de gigante. Cada braceada que ele tentasse contra alguém seria prejudicial a todos.

Até mesmo o juiz já pensava em absorvê-lo temendo uma vingança do João contra ele. O promotor de acusação nem quis falar, porque segundo o comentário que saiu depois, ao ver o homenzarrão ali sentado, já estava com as calças todas com fedor de urina.

O promotor de defesa temendo ser banido pelo Malamanha isto é, se perdesse a guerra, sabia muito bem que o João Malamanha não o perdoaria, e além de levar uma boa surra do homem, talvez o mataria, e ciente disso, foi mais além, não aguentando mais, um mal cheiro de cocô entranhado nas suas calças. E mesmo quem estava distante dele, sentia.

O João Malamanha nem esperou para o final do júri. De um só soco soltou as algemas dos pés. As das mãos ele pôs a torá-las com os dentes, ficando livre para ele correr, poderia acontecer um possível ataque dos policiais.

Mas o João estava preparado. E assim que os policias (seguranças) partiram para cima dele tentando amarrá-lo foi inútil. Antes do início da cobrança judicial o João Malamanha havia passado um líquido deslizante em todo corpo e com isso nenhum policial conseguiu dominá-lo, porque quando eles tentavam segurá-lo na marra, seus braços escorregavam igual ao peixe mussum de água doce.

E assim o João Malamanha foi-se embora sem pagar nada à justiça. Quem perdeu a vida foi o domador de leões.

O João Malamanha foi morto pelo seu ajudante (mecânico) o anão de 1.30 centímetros. Ao tentar enforcá-lo Leandro retirou da sua cintura uma amolada e pontiaguda faca, enfiando-a no pescoço do homenzarrão. O João Malamanha só deu tempo para dar um assustador grito e o sangue jorrou sobre peças e carros que estavam dentro da oficina, caindo por cima de uns pneus encostados à parede. Vendo que tinha vencido o homenzarrão Leandro fez carreira sem destino certo. Nunca mais se viu o assassino do João Malamanha.

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