Por: Clerisvaldo B.
Chagas, 12 de junho de 2013 - Crônica Nº
1033
O padre Bulhões,
pai adotivo de Silvio, mandou recado para Corisco e Dadá aconselhando-os a se
casarem. Alegava o padre, vigário da Paróquia de Senhora Santa Ana, em Santana
do Ipanema, AL que se acontecesse alguma coisa grave aos pais de Silvio, mais
tarde, quando o menino crescesse, ninguém o iria respeitar chamando-o filho de
uma puta. É que só era considerada casada, a pessoa que tivesse o sacramento da
Igreja.
Os cangaceiros Corisco e Dadá
Corisco e Dadá resolveram,
então, mandar chamar o padre Bruno na cidade ribeirinha e sergipana de Gararu.
Um rapaz foi encarregado de convidar o padre para realizar a extrema-unção na
irmã enferma em uma fazenda à meia hora daquela cidade. O vigário preparou os
objetos necessários mais o livro das orações e água benta. Saíram os dois a
cavalo.
O economista Sílvio Bulhões - filho de Dadá e Corisco
Depois de muito galoparem, o padre Bruno, já impaciente, indagava do
rapaz que fazenda tão longe era aquela. O rapaz respondeu que faltavam apenas
uns quinze minutos de galopada. Mais à frente, porém, freou o cavalo e resolveu
contar a verdade. O padre se exasperou e quis voltar. O rapaz alegou que eles
haviam passados por seis cangaceiros escondidos. Caso viessem soldados com
eles, os bandidos teriam atirado. Aconselhou ao padre a não retornar sem ordem,
para não ser morto.
Corisco e Dadá - primeiros da esquerda
No mesmo momento saíram do mato Corisco e Dadá (bem
novinha), alegres e educadamente, cumprimentaram o vigário, estendendo a mão. O
padre Bruno tremia muito e foi preciso que Dadá catasse a sua mão para o
aperto. Dadá se divertia brincalhona, e Corisco passava-lhe o rabo do olho
recriminando as brincadeiras.
Após as
devidas declarações e o casamento, o padre estava de alma nova. Confessou que
pela fama de Corisco, preferia ver o cão à sua frente. E achando o casal cortês
e educado, prometeu jamais tremer diante do desconhecido. Disse Dadá que ”chegara
um homem tremendo e saíra um homem de verdade”. Era o dia dezesseis de
fevereiro de 1940.
Extraído
do livro “Lampião em Alagoas”, pág. 448-449.
Autobiografia
CLERISVALDO B.
CHAGAS – AUTOBIOGRAFIA
ROMANCISTA –
CRONISTA – HISTORIADOR - POETA
Clerisvaldo
Braga das Chagas nasceu no dia 2 de dezembro de 1946, à Rua Benedito Melo ( Rua
Nova) s/n, em Santana do Ipanema, Alagoas. Logo cedo se mudou para a Rua do
Sebo (depois Cleto Campelo) e atual Antonio Tavares, nº 238, onde passou toda a
sua vida de solteiro. Filho do comerciante Manoel Celestino das Chagas e da
professora Helena Braga das Chagas, foi o segundo de uma plêiade de mais nove
irmãos (eram cinco homens e cinco mulheres). Clerisvaldo fez o Fundamental
menor (antigo Primário), no Grupo Escolar Padre Francisco Correia e, o
Fundamental maior (antigo Ginasial), no Ginásio Santana, encerrando essa fase
em 1966.Prosseguindo seus estudos, Chagas mudou-se para Maceió onde estudou o
Curso Médio, então, Científico, no Colégio Guido de Fontgalland, terminando os
dois últimos anos no Colégio Moreira e Silva, ambos no Farol Concluído o Curso
Médio, Clerisvaldo retornou a Santana do Ipanema e foi tentar a vida na capital
paulista. Retornou novamente a sua terra onde foi pesquisador do IBGE –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Casou em 30 de março de 1974
com a professora Irene Ferreira da Costa, tendo nascido dessa união, duas
filhas: Clerine e Clerise. Chagas iniciou o curso de Geografia na Faculdade de
Formação de Professores de Arapiraca e concluiu sua Licenciatura Plena na AESA
- Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, em Pernambuco (1991). Fez
Especialização em Geo-História pelo CESMAC – Centro de Estudos Superiores de
Maceió (2003). Nesse período de estudos, além do IBGE, lecionou Ciências e
Geografia no Ginásio Santana, Colégio Santo Tomaz de Aquino e Colégio Instituto
Sagrada Família. Aprovado em 1º lugar em concurso público, deixou o IBGE e
passou a lecionar no, então, Colégio Estadual Deraldo Campos (atual Escola
Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva). Clerisvaldo ainda voltou a ser
aprovado também em mais dois concursos públicos em 1º e 2º lugares. Lecionou em
várias escolas tendo a Geografia como base. Também ensinou História,
Sociologia, Filosofia, Biologia, Arte e Ciências. Contribuiu com o seu saber em
vários outros estabelecimentos de ensino, além dos mencionados acima como as
escolas: Ormindo Barros, Lions, Aloísio Ernande Brandão, Helena Braga das
Chagas, São Cristóvão e Ismael Fernandes de Oliveira. Na cidade de Ouro Branco
lecionou na Escola Rui Palmeira — onde foi vice-diretor e membro fundador — e
ainda na cidade de Olho d’Água das Flores, no Colégio Mestre e Rei.
Sua vida
social tem sido intensa e fecunda. Foi membro fundador do 4º teatro de
Santana (Teatro de Amadores Augusto Almeida); membro fundador de escolas em
Santana, Carneiros, Dois Riachos e Ouro Branco. Foi cronista da Rádio Correio
do Sertão (Crônica do Meio-Dia); Venerável por duas vezes da Loja Maçônica Amor
à Verdade; 1º presidente regional do SINTEAL (antiga APAL), núcleo da região de
Santana; membro fundador da ACALA - Academia Arapiraquense de Letras e Artes;
criador do programa na Rádio Cidade: Santana, Terra da Gente; redator do
diário Jornal do Sertão (encarte do Jornal de Alagoas); 1º diretor
eleito da Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva; membro fundador da
Academia Interiorana de Letras de Alagoas – ACILAL.
Em sua
trajetória, Clerisvaldo Braga das Chagas, adotou o nome artístico Clerisvaldo
B. Chagas, em homenagem ao escritor de Palmeira dos Índios, Alagoas, Luís B.
Torres, o primeiro escritor a reconhecer o seu trabalho. Pela ordem, são obras
do autor que se caracteriza como romancista: Ribeira do Panema (romance -
1977); Geografia de Santana do Ipanema (didático – 1978); Carnaval do Lobisomem
(conto – 1979); Defunto Perfumado (romance – 1982); O Coice do Bode (humor
maçônico – 1983); Floro Novais, Herói ou Bandido? (documentário romanceado –
1985); A Igrejinha das Tocaias (episódio histórico em versos – 1992); Sertão
Brabo CD (10 poemas engraçados).
Até setembro
de 2009, o autor tentava publicar as seguintes obras inéditas: Ipanema, um
Rio Macho (paradidático);Deuses de Mandacaru (romance); Fazenda
Lajeado(romance); O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana
do Ipanema (história); Colibris do Camoxinga - poesia
selvagem (poesia).
Atualmente
(2009), o escritor romancista Clerisvaldo B. Chagas também escreve crônicas
diariamente para o seu Blog no portal sertanejo Santana Oxente,
onde estão detalhes biográficos e apresentações do seu trabalho.
(Clerisvaldo
B. Chagas – Autobiografia)
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com