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domingo, 11 de dezembro de 2011

O VAQUEIRO – PATATIVA DO ASSARÉ

Por: Rostand Medeiros

Vaqueiro da região de Serra Talhada, Pernambuco - Foto - Araquém Alcântara - Fonte - http://www.abi.org.br/

Eu venho dêrne menino,
Dêrne munto pequenino,
Cumprindo o belo destino
Que me deu Nosso Senhô.
Eu nasci pra sê vaquêro,
Sou o mais feliz brasilêro,
Eu não invejo dinhêro,
Nem diproma de dotô.
Sei que o dotô tem riquêza,
É tratado com fineza,
Faz figura de grandeza,
Tem carta e tem anelão,
Tem casa branca jeitosa
E ôtas coisa preciosa;
Mas não goza o quanto goza
Um vaquêro do sertão.
Da minha vida eu me orgúio,
Levo a Jurema no embrúio
Gosto de ver o barúio
De barbatão a corrê,
Pedra nos casco rolando,
Gaios de pau estralando,
E o vaquêro atrás gritando,
Sem o perigo temê.
Criei-me neste serviço,
Gosto deste reboliço,
Boi pra mim não tem feitiço,
Mandinga nem catimbó.
Meu cavalo Capuêro,
Corredô, forte e ligêro,
Nunca respeita barsêro
De unha de gato ou cipó.
Tenho na vida um tesôro
Que vale mais de que ôro:
O meu liforme de côro,
Pernêra, chapéu, gibão.
Sou vaquêro destemido,
Dos fazendêro querido,
O meu grito é conhecido
Nos campo do meu sertão.
O pulo do meu cavalo
Nunca me causou abalo;
Eu nunca sofri um galo,
pois eu sei me desviá.
Travesso a grossa chapada,
Desço a medonha quebrada,
Na mais doida disparada,
Na pega do marruá.
Se o bicho brabo se acoa,
Não corro nem fico à tôa:
Comigo ninguém caçoa,
Não corro sem vê de quê.
É mêrmo por desaforo
Que eu dou de chapéu de côro
Na testa de quarqué tôro
Que não qué me obedecê.
Não dou carrêra perdida,
Conheço bem esta lida,
Eu vivo gozando a vida
Cheio de satisfação.
Já tou tão acostumado
Que trabaio e não me enfado,
Faço com gosto os mandado
Das fia do meu patrão.
Vivo do currá pro mato,
Sou correto e munto izato,
Por farta de zelo e trato
Nunca um bezerro morreu.
Se arguém me vê trabaiando,
A bezerrama curando,
Dá pra ficá maginando
Que o dono do gado é eu.
Eu não invejo riqueza
Nem posição, nem grandeza,
Nem a vida de fineza
Do povo da capitá.
Pra minha vida sê bela
Só basta não fartá nela
Bom cavalo, boa sela
E gado pr’eu campeá.
Somente uma coisa iziste,
Que ainda que teja triste
Meu coração não resiste
E pula de animação.
É uma viola magoada,
Bem chorosa e apaxonada,
Acompanhando a toada
Dum cantadô do sertão.
Tenho sagrado direito
De ficá bem satisfeito
Vendo a viola no peito
De quem toca e canta bem.
Dessas coisa sou herdêro,
Que o meu pai era vaquêro,
Foi um fino violêro
E era cantadô tombém.
Eu não sei tocá viola,
Mas seu toque me consola,
Verso de minha cachola
Nem que eu peleje não sai,
Nunca cantei um repente
Mas vivo munto contente,
Pois herdei perfeitamente
Um dos dote de meu pai.
O dote de sê vaquêro,
Resorvido marruêro,
Querido dos fazendêro
Do sertão do Ceará.
Não perciso maió gozo,
Sou sertanejo ditoso,
O meu aboio sodoso
Faz quem tem amô chorá.
Patativa do Assaré (1909 – 2002)
Vaqueiros em Icó, Ceará, na metade do século - Fonte - http://www.icoenoticia.com/

ESCRAVOS DE JÓ JOGAVAM CAXANGÁ?

Por: Rostand Medeiros
Fonte - http://nossamatutez.blogspot.com
A cantiga popular todo mundo conhece:
“Escravos de Jó, jogavam caxangá
Tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar…
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá…“
Mas você sabe quem era Jó? Por que ele tinha escravos? Que jogo caxangá é esse?
Jó é um personagem bíblico do antigo testamento que possuía uma grande paciência. Daí a expressão “Paciência de Jó”. Segundo a Bíblia, Deus apostou com o Diabo que Jó, mesmo perdendo as coisas mais preciosas que possuía (filhos e fortuna) não perderia a fé.
Nada indica que Jó tinha escravos e muito menos que jogavam o tal caxangá. Acredita-se que a cultura negra tenha se apropriado da figura para simbolizar o homem rico da cantiga de roda. Os guerreiros que faziam o zigue zigue zá, seriam os escravos fugitivos que corriam em ziguezague para despistar o capitão-do-mato.
O mais difícil de entender é o que seria o caxangá. Segundo o dicionárioTupi-Guarani-Português, a palavra vem de caá-çangá, que significa “mata extensa”. Para o Dicionário do Folclore Brasileiro, é um adereço muito usado pelas mulheres do estado de Alagoas. A verdade é que a cantiga vem sofrendo e ainda sofre modificações em seus versos de estado para estado. Afinal de contas, o correto seria deixarmos o Zambelê ou o Zé Pereira ficar?
FONTES 

Mossoró e a Coluna Prestes - 01 de Abril de 2009

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Em 29 de Janeiro de 1926, num dia de sexta-feira, Mossoró amanhecia em estado de alerta, pois notícias davam conta de que a coluna revolucionária chefiada por
Luiz Carlos Prestes havia entrado em território potiguar e invadido a cidade de São Miguel, distante 240 km de Mossoró. 
Apesar da distância entre uma cidade e outra, foi grande a confusão gerada com a notícia, resultando num verdadeiro êxodo dos mossoroenses, pois as notícias de maior divulgação diziam dos propósitos dos revolucionários em destruir propriedades privadas, trazendo terror às populações nordestinas. Desse modo a cidade ficou parcialmente deserta com a retirada de autoridades, comerciantes e famílias para Natal e outras localidades distantes. 
A frente da Intendência mossoroense estava Rodolfo Fernandes, que havia tomado posse em 01 de janeiro daquele mesmo ano. Pelo impacto da notícia, a Intendência reunida tomou medidas e providências acauteladoras em defesa da cidade. Tudo, porém, não foi além do susto e do tumulto causado pelas notícias, já que os revoltosos, que além da Vila de São Miguel de Pau dos Ferros atacaram também a de Luís Gomes, retiraram-se logo após a invasão, penetrando no vizinho Estado da Paraíba.  
A “Coluna Preste\" que, de 1925 a 1927 andou por todo o Brasil, cerca de 25.000 quilômetros, foi o ponto culminante de um movimento militar denominado de Tenentismo. Esse movimento armado visava derrubar as oligarquias que dominavam o país e, posterirormente, desenvolver um conjunto de reformas institucionais, com o intuito de eliminar os vícios da República Velha. Não conseguiu, no entanto, atrair a simpatia da opinião pública; apenas em algumas ocasiões cidades ou grupos de homens apoiaram o movimento e até mesmo passaram a integra-lo. A idéia de que o movimento cresceria em número e em força ao longo da marcha foi se desfazendo durante o trajeto na região nordeste. Num meio físico hostil, ilhada pelo latifúndio, não achou nas massas do interior o apoio necessário e alentador. Ao contrário, passou a ser o terror do sertanejo que via na passagem da Coluna apenas prejuízo e desgraça, pior ainda do que os inúmeros grupos de cangaceiros que assolavam o nordeste, pois a Coluna era composta por centenas de guerreiros bem treinados em batalhas e sob o comando de um mestre em guerrilha. 

Acontece que além da questão política, estava a sobrevivência da tropa. Afinal, era um batalhão que estava em marcha, necessitando de víveres para seus integrantes. A solução era adquirir de uma maneira ou de outra nos lugares por onde passava, muitas vezes destruindo lavouras e abatendo gado e criações que iam encontrando ao longo do percurso.
A história da passagem da Coluna dos Revoltosos pelos lugares citados está fielmente contada pelo historiador Raimundo Nonato em livro com o título de “Os Revoltosos de São Miguel.” Foi também fartamente divilgada pela imprensa local. Este centenário jornal, em sua edição de 16 de fevereiro de 1926, trazia uma matéria intitulada “A Incursão dos Revoltosos”, onde tratava de dois fatos: o primeiro, cujo subtítulo era “Um Prisioneiro”, referia-se ao Tenente Fragoso, “desertor das hostes rebeldes”, que havia procurado as autoridades de Pau dos Ferros para se entregar, pedindo garantia as autoridades. O segundo fato, que trazia o subtítulo de “Êxodo”, fazia referência ao despovoamento de Mossoró com a notícia da aproximação dos revoltosos. Segundo a matéria, mais da metade da população havia abandonado a cidade. O jornal “O Nordeste”, que circulava em Mossoró naquela época, trazia nas primeiras páginas de sua edição de 20 de fevereiro de 1926, os títulos: “Os Rebeldes no Nordeste – O Rio Grande do Norte invadido – Mossoró ameaçada”. Dizia a matéria: “Quem diria fosse a Região Nordeste do Brasil invadida pela onda de rebeldes que se avolumaram no Sul do País, indo acossada pelas forças legalistas, até as fonteiras dos Estados do Prata? Não se esperava por essa odisséia terrível mas ela aconteceu...”
               Não é nossa pretenção discutir aqui o projeto político que originou a Coluna Prestes nem o resultado obtido pela mesma em sua longa marcha. Queremos simplesmente retratar o fato histórico ocorrido aqui na região, mostrando que longe de atingir os seus objetivos, a “Coluna dos Revoltosos”, como ficou aqui conhecida, deixou um rastro de medo e destruição.
               Para a história, o fato é recente, existindo ainda pessoas nos lugares por onde passou a Coluna, lúcidas o suficiente para depor sobre o ocorrido.
 
Geraldo Maia do Nascimento
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Reminiscências de Tibau - 31 de Julho de 2011

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Nos terraços de Tibau, olhando o sol dourar o horizonte sobre o mar, o pensamento voa relembrando o passado, quando Tibau era apenas uma bucólica vila de pescadores com suas areias coloridas, que despertava a curiosidade de todos que por lá apareciam. Em uma dessas ocasiões eu estava conversando com o meu amigo Raimundo Fernandes Júnior, cardiologista dos bons, que freqüenta Tibau desde criança. Foi quando ele relatou as reminiscências que descrevo aqui, do jeito que me foram contadas. Disse-me ele: 
“Tibau sempre se revelou um paraíso. Quando aqui começamos a veranear, existiam poucas casas, umas bem distantes das outras. Papai adquiriu uma casa sobre um morro sustentado por uma cerca de arrimo. Logo percebeu que deveria fazer um paredão, mas transportar pedras naquela época a partir das pedreiras de Mossoró era praticamente impossível. Atravessar a estrada arenosa era uma coisa não muito fácil. Os caminhões quebravam com freqüência eixo e transmissão. Mas havia uma pedreira na praia das \\\"Emanoelas\\\". Era de lá que se retiravam as pedras para construção dos muros de Tibau. Pedras essas quebradas a picaretadas e transportadas em lombos de jumentos.”

Aqui abrimos um parêntese para uma explicação necessária: segundo nos informou Júnior, o termo correto para designar aquelas praias é “Manoelas” e não “Emanoelas”. Justificou dizendo que entre a pedreira e o mar morava um pescador com suas duas irmãs. Era um tipo alto e louro que se chamava Manoel, mas que todos o conheciam pela alcunha de Manelão. E as suas irmãs, chamavam de Manuelas. E sempre que alguém se referia aquela região, dava a casa das Manuelas como referência. Daí ter ficado aquele trecho de praia conhecida como Manuelas. 
“Continuando sobre as casas em Tibau, a de papai ficava na frente de um morro mais alto do que o pé direito da casa. No lado esquerdo da casa, um outro morro de areias coloridas. Nos fundos ficava uma duna que praticamente divida Tibau com o ceará. Na ponta da pedra ficava a primeira casa feita totalmente de madeira. Tinha sido a casa dos \\\"Delfinos\\\", que naquela época era habitada por uns herdeiros (Ancelmo o mais velho, Geraldo e Djalma, que se fizeram pescadores após perder a fortuna do pai, que tinha sido um comerciante abastado de Mossoró). 
Da frente da nossa casa, avistávamos a casa de Thieur Rocha e logo mais a frente à capela de Santa Terezinha. Outras casas só as que ficavam por trás da capela. O restante do espaço era ocupado por cacimbas, de onde as nativas tiravam água pra lavar roupa. Uma dessas casas que ficavam no fundo da capela tinha sido de seu Alfredo Fernandes, casa essa que, por algumas vezes, veraneamos. Avistávamos ainda, a direita da casa de papai, a casa de Deoclides Vieira. Era uma casa isolada, que fora construída sobre um morro. 
Existiam também, bem mais distante, as casas de Chico Marques, Huberto Mendes e Lauro Monte. Mais distante ainda existia uma casa sobre o morro que pertencera ao Dr. Paulo Fernandes, casa esta que também, por diversas vezes, ficamos veraneando. 
Na orla marítima algumas casas distantes pertencentes a Pedro Borges - hoje a casa dos herdeiros de Dix-neuf Rosado. Mais além existia uma \\\"furna\\\" feita pelas àguas do mar - na proximidade da casa de Laire Rosado. Em frente apenas praia e a casa de palha de Manelão. 
Era uma verdadeira maratona ir-se de Mossoró para Tibau. Em tempo de chuva a areia facilitava o acesso por ficar mais endurecida. Por outro lado, nos locais onde existiam o chamado massapé, os carros atolavam. Logo na saída de Mossoró, atolar o carro era freqüente. Depois, na passagem da gangorra, sítio localizado há 12 Km de Tibau, havia um corredor onde passava um riacho. Antes de passar nesses locais era necessário que todos descessem do carro para empurrá-lo através da lama. Logo em seguida tinha a casa de uma fazenda, onde todos iam limpar a lama e beber água, às vezes até água de coco. Depois da passagem da gangorra, começava a maratona que era rodar sobre areia solta, até chegar a Tibau. 
Depois papai comprou um jeep Willis, ano 1951, que já vinha com tração nas quatro rodas, o que facilitava muito o trajeto, por vencer sem muita dificuldade as estradas de areia.” 
Na próxima semana continuaremos com as reminiscências sobre Tibau, contadas por Raimundo Fernandes Júnior.
Geraldo Maia do Nascimento
 
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Luiz Guilherme Santos Neves



Luiz Guilherme Santos Neves nasceu em Vitória, em 24 de setembro de1933. Professor, historiador, escritor, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e do Centro Cultural de Estudos e Pesquisas do Espírito Santo.
Publicou, como ficcionista, entre outras obras, os romances “A Nau Decapitada” (1982), “As Chamas na Missa” (1986), “O Templo e a Forca” (2000), O Capitão do Fim” (2002), “Torre do Delírio” (contos, 1992), “Escrivão da Frota” (crônicas, 1997), “Crônicas da Insólita Fortuna” (crônicas históricas, 1998), “Memória das Cinzas – Encontro Póstumo com Fernão Ferreiro” (2009). Na literatura infantil: “História de Barbagato” (1996), “Eu Estava na Armada de Cabral” (2004) e “Eu Estava no Começo do Brasil” (2006).
Ele é autor, ainda, de várias obras didáticas e de pesquisa histórica, muitas delas em parceria com
Renato Pacheco e outros, entre as quais “Espírito Santo: Impressões” (1991), “Espírito Santo, Brasil (1994), Índice do Folclore Capixaba” (1994), “Dos Comes e Bebes do Espírito Santo” (1997), “Vila Velha da Senhora da Penha” (1997), “Mão e Obra: O Artesanato do Espírito Santo” (2001) e “Mar de Âncoras: O Comércio Exterior do Espírito Santo” (2003), além de cinco obras para o Projeto Memória Viva, da Prefeitura de Vitória. Na área do folclore publicou “Breviário do Folclore Capixaba” (2009) e participou da equipe que produziu o “Atlas do Folclore Capixaba”, no ano passado.
Trasladado do blog: "Paixão Capixaba"

História oficial de Mossoró (uma obra Cascudiana) - 21 de Agosto de 2011

Por: Geraldo Maia do Nascimento
Geraldo Maia e o historiador Vingt-un Rosado

 Quando o professor
 
Luís da Câmara Cascudo escreveu a história de Mossoró com o título “Notas e documento para a história de Mossoró, fez na qualidade de “Historiador Oficial de Mossoró”, nomeado pelo prefeito Vingt Rosado.
Da esquerda para direita: Sandra, Vingt, Lavousier, Rosalba e Betinho
Essa história o próprio Cascudo nos conta na introdução do referido livro.
Diz o autor: 
“Em meados de setembro de 1953 estava no Rio de Janeiro quando fui procurado por
Dix-huit Rosado que me mostrou um telegrama de Vingt, pedindo que me convencesse a estar em Mossoró no último mês, inaugurando a série do curso de Antropologia Cultural. Em junho, Vingt-un estivera em nossa casa, conversando sobre o curso e tivera minha promessa de inaugurá-lo. Agora aparecia mesmo o título, “Sociologia da Abolição em Mossoró”. 
Tinha eu que fazer uma conferência na Faculdade de Filosofia de Vitória, no Espírito Santo, e um programa de coisas para ver, mostradas pelo etnógrafo capixaba e amigo velho, Guilherme Santos Neves.
 Sacrifiquei dois terços do programa e no dia seguinte à conferência, voei para Natal. Na noite de 29 de setembro estava em Mossoró. 
Antes do jantar, Vingt-un mostrou-me o convite oficial para escrever uma História de Mossoró. Havia convite anterior, mas fora impossível troca de correspondência. Quando fui fumar e olhar as estrelas na Praça Souza Machado, já estava nomeado historiador de Mossoró.” 
Dessa forma, o livro escrito por Cascudo em 1953, a pedido de Vingt Rosado, já em sua 5ª edição, é o livro de história oficial de Mossoró. Mas não foi o primeiro a ser escrito sobre esse tema; Mossoró, o livro que Vingt-un Rosado escreveu em 1940, teve esse privilégio. Já havia, mesmo antes de 1940, os trabalhos do pioneiro Francisco Fausto de Sousa. Mas esse só foi transformado em livro em 1979, pelo esforço de Vingt-un Rosado, com o título de História de Mossoró. 
Para escrever seu livro, Cascudo muniu-se da coleção do Boletim Bibliográfico e alguns quilos de atas da Câmara Municipal e da Intendência, datilografadas. O Boletim publicara as atas de abril de 1864 até dezembro de 1879. E ele tinha também as cópias de 1880 a 1949, além de ter também os termos de posse dos vinte prefeitos, de Rafael Fernandes a Vingt Rosado, de 1929 a 1923. Levou todo esse material para a sua casa e os leu cuidadosamente, fazendo anotações. Recorreu também aos arquivos do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Secretaria Geral do Estado, de onde retirou importantes informações sobre a criação da Freguesia e do Município de Mossoró. Nas palavras do autor, “das atas da Câmara Municipal e Intendência, do indispensável Boletim Bibliográfico, dos jornais, relatórios de Presidentes da Província e do governo municipal, do “Mossoró” de Vingt-un Rosado, de tão variada informação, de “Mossoró” de Nestor Lima, retirei pedras para este edifício em serviço de Mossoró.” 
Mas apesar de todo esse material de referência de que dispunha o autor, houve uma grande dificuldade para a sua elaboração, já que ele escreveu o livro em Natal, portanto longe de informações imediatas cujas necessidades surgiam no curso da sua elaboração. Carece, portanto, esse livro de maiores minúcias, fixando datas referentes às criações de instituições mais recentes, segundo o próprio autor. Por isso ele mesmo não considerou esse livro como obra completa. Preferiu considera-lo apenas como um conjunto de “notas e documentos para a história de Mossoró”, sendo esse o título que deu ao trabalho. Apesar de tudo, é o trabalho mais completo sobre a história de Mossoró. 
Acontece que essa obra foi publicada há 58 anos e as cinco edições que foram lançadas não trouxeram nenhuma atualização. E a cidade cresceu muito nesse período. Carece, portanto, de uma história mais recente, mais atualizada, para que as novas gerações possam nortear o presente e projetar o futuro da cidade sem o perigo de repetir os erros do passado.
Geraldo Maia do Nascimento
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Sobreviventes - Filhos da Guerra de Canudos

Ótimo para ser visto nas escolas



Sinopse

José Wilker, Cláudia Abre, Paulo Betti, Marieta Severo, Selton Mello, José de Abreu, Tonico Pereira, Roberto Bontempo e mais de cinco mil figurantes formam o impressionante elenco reunido neste épico espetacular, que recria a fundação e destruição do Arraial de Canudos, nos sertão da Bahia, cem anos atrás.

O diretor Sérgio Rezende (de Lamarca) narra os acontecimentos através do drama de uma família sertaneja. Os pais, Zé Lucena (Betti) e Penha (Marieta Severo), entusiasmam-se com as palavras de Antonio Conselheiro (José Wilker) e resolvem acompanhá-lo. A filha mais velha Luiza (Claudia Abreu), rebela-se e foge de casa. Anos depois, em plena guerra, casada com um soldado (Tuca Andrada), mas atraída por um jovem oficial (Selton Mello), Luiza vai tentar salvar sua família, quando o Exército decide acabar de vez com a cidade de Conselheiro.

Informações Técnicas

Título no Brasil:  Guerra de Canudos
Título Original:  Guerra de Canudos
País de Origem:  Brasil
Gênero:  Drama
Tempo de Duração: 170 minutos
Ano de Lançamento:  1997
Site Oficial: 
Estúdio/Distrib.:  Sony Pictures
Direção: 
Sergio Rezende

A Reconstrução da Catedral de Santa Luzia - 04 de Abril de 2009

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Em 24 de março de 1858 dava-se o início da reconstrução da Igreja de Santa Luzia de Mossoró. Fazia-se necessária a reconstrução, pois a Capela existente era pequena e estava quase em ruínas, tendo sua última reforma acontecido a quase trinta anos. Foi uma longa reforma que se arrastou por anos a fio. Vamos conhecer um pouco da história da nossa Catedral de Santa Luzia.
               

Registra a história que a 5 de agosto de 1772, a Provisão das Dignidades do Cabido de Olinda concede a Antônio de Souza Machado, Sargento-Mor da ribeira do Mossoró e sua mulher Rosa Fernandes, autorização para construir uma capela na fazenda Santa Luzia, de sua propriedade, em cumprimento de promessa feita por sua intercessão. E a capela foi construída com os cruzados do Sargento-Mor e o auxílio dos devotos circunvizinhos, sendo o primeiro ato litúrgico celebrado em 25 de janeiro de 1773, quando foi batizada uma criança do sexo feminino, cerimônia essa oficiado pelo padre José dos Santos da Costa. A criança que havia nascido no dia 15 do mesmo mês, recebeu na pia batismal o nome de Maria, e era filha de Miguel soares de Lucena e de Páscoa Maria da Encarnação. 

Em 9 de maio de 1773 foi feito o primeiro sepultamento na Capela de Santa Luzia. Era de uma menina de 9 anos de idade, filha de Manuel Bezerra de Jesus e Maria Madalena Teixeira. Dessa data em diante, os mortos de Mossoró passaram a ser sepultados no interior da capela, visto que anteriormente as pessoas que morriam no povoado eram sepultadas na Capela de Mata Fresca, comunidade distante 72,0 Km de Mossoró, pois não havia campo santo na cidade. 

Em 6 de outubro de 1778 é realizado o primeiro casamento na Capela de Santa Luzia, sendo os nubentes Gregório da Rocha Marques Filho e Francisca Nunes de Jesus, tendo como testemunhas o português coronel regente Francisco Ferreira Souto e Antônio Afonso da Silva, o primeiro sendo morador de Mossoró e o outro do Panema. A solenidade foi realizada pelo carmelita Frei Antônio da Conceição. 

Em 13 de julho de 1801 dona Rosa Fernandes, viúva do Sargento-Mor Antônio de Souza Machado, faz doação do patrimônio da Capela de Santa Luzia. 

Em 30 de dezembro de 1830 é inaugurada a primeira reforma da Capela, reforma essa para a qual se mandou buscar no Assu o mestre pedreiro Manuel Fernandes que veio com um escravo e um mestre de obras. A imagem de Santa Luzia de Mossoró, pequena e de madeira, foi mandada buscar em Portugal. 

Em 27 de outubro de 1842, pela resolução número 87, a Capela de Santa Luzia era elevada à categoria de Matriz, desdobrada assim da freguesia do Apodi a que esteve ligada durante setenta anos. 

Mas a primitiva Capela já não era suficiente para atender as necessidades da população e é assim que em 24 de março de 1858 foi iniciada a reconstrução da Igreja, no mesmo local da anterior, tendo o vigário Antônio Joaquim Rodrigues aproveitado algumas paredes de pedra e cal da primeira construção. Foi uma longa reforma que durou dez anos, sendo utilizados auxílios dos paroquianos e verbas da província. Mesmo assim, as torres não foram concluídas nessa reforma. 

Em 1910 era vigário da Catedral o Padre Pedro Paulino Duarte da Silva. Esse Padre promoveu na época, uma meritória campanha em prol da conclusão das torres da Igreja. Para isso concitou os fiéis às romarias durante as tardes de Domingo, quando seriam transportados tijolos, pedras, areia e cal para o adro da Matriz, de forma a não pararem os serviços por deficiência de material. O povo atendeu ao chamado do Vigário e as torres foram concluídas. 

Em 28 de julho de 1934 foi criada a Diocese de Mossoró, com solene missa celebrada na Matriz de Santa Luzia pelo padre Luís da Mota, vigário da paróquia, quando o mesmo dá conhecimento aos fiéis, através da Bula PRO ECCLESIARUM OMMIUN, do Santo Padre Pio XI, criando a Diocese e elevando a Matriz de Mossoró à categoria de Catedral Diocesana.                

Geraldo Maia do Nascimento
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Virgulino Lampião, Deputado Federá

Por: Jessier Quirino


Clique duas vezes para assisti-lo no YouTub

Causo contato por Jessier Quirino que mostra o discurso inflamado de Lampião no Congresso Nacional.
Enviado pelo Dr. Archimedes Marques, delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe.

Link do vídeo
 
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Esse estranho amor (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

Esse estranho amor

O amor surgiu de repente
silenciosamente escondido
passo sinuoso igual serpente
no seu rumo incompreendido

e estava faminto e sedento
cansado de tantas noites e dias
repousando solitário ao relento
suportando o peso das agonias

apareceu ao desvão na estrada
perdido nas sombras da desilusão
querendo tudo só tendo o nada
prestes a desistir da missão

perguntou se conheciam o amor
tentando logo se identificar
esperançoso que o seu fervor
reacendesse a chama do amar

ninguém lhe deu atenção
semblantes e faces entristecidas
sem qualquer alegria no coração
pessoas tristemente desiludidas

então seguiu seu caminho
encontrando donzela à janela
e nela um olhar tão sozinho
mas de feição tão singela

depois de tanto sofrimento
a esperança surgir adiante
ela fez da dor rompimento
e sorriu por um breve instante

não sabia nada do amor
do inesperado passando em frente
mas no peito sentiu um ardor
e a vida logo se fez tão contente.


Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com